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Português, Portugal

Lendas

Por Juvenal Carvalho
29 Out, 2020

A variedade das nossas lendas é a prova provada não só da grandiosidade do Sporting CP, como da diversidade em forma de eclectismo

A cada edição daquele que é o mais antigo jornal de clubes da Europa, é sempre com especial gula que leio a muito bem conseguida e sempre interessante, no sentido histórico, temática sobre as Lendas do Sporting Clube de Portugal.

Sim, poucos clubes se podem orgulhar de ter tantas lendas, referências, ídolos, aquilo que cada um de nós lhes quisermos chamar, que fazem com que o símbolo do Leão rampante se orgulhe das suas figuras míticas, que fizeram com esforço, dedicação e devoção, a glória da história mais bela do desporto português.

A variedade das nossas lendas é a prova provada não só da grandiosidade do Sporting CP, como da diversidade em forma de eclectismo.

As lendas são obrigatoriamente atletas ou dirigentes com um passado que nos faz curvar perante eles. Nisto de escolher nomes é sempre difícil, pese o consenso que só o nome lenda acarreta.

Sei pela História do SCP, que sempre a devorei a cada passo, de quase tudo, modalidade por modalidade. De nome por nome. Até por ordem cronológica. Sou mesmo um consumidor compulsivo de tudo o que diga respeito aos 114 anos de uma História sem paralelo.

As minhas lendas maiores serão para a eternidade os fundadores. Sim, aqueles que parecia arrojado, mas foi superiormente concretizado, nos quiseram grandes, tão grandes como os maiores da Europa. Foram eles – obrigado por tudo – que estiveram na génese de toda esta História. Uma História com inúmeras lendas de um Clube que tem um Museu de conquistas que orgulha e comove qualquer Sportinguista.

Somos mesmo, como ouvi em tempos um Leão já entrado na idade dizer, um clube grande demais para um país tão pequeno.

A mim, em criança, marcado pela geração de Vítor Damas, Manuel Fernandes, Rui Jordão, Carlos Lopes, Fernando Mamede, Joaquim Agostinho, António Livramento, eram sobretudo estes que me “forravam” as paredes do quarto. Eram eles as minhas referências, ídolos, lendas, o que for que lhes quisermos chamar.

Esta semana, no nosso jornal, a lenda é Salazar Carreira. E que Leão imenso ele foi. Daqueles que ler o que representou é simplesmente arrebatador.

Anteriormente foram outras. Tantas outras irão ainda ser referidas doravante nestas páginas.

Adaptando uma música de Fausto: Atrás das lendas vêm lendas... e outras lendas hão-de vir.

Somos enormes. Somos o Sporting Clube de Portugal!

Um amor interminável

Por Juvenal Carvalho
22 Out, 2020

Se formos todos ‘Paulinhos’ no abraçar da causa, tudo será mais fácil. Ah, e já agora, obrigado Paulinho. Também por seres meu amigo, mas sobretudo por seres uma referência do Sporting CP

Falar do Paulo Gama não requer inspiração. Ela surge naturalmente. Mas vi uma campanha muito bem conseguida do Sporting Clube de Portugal, com o título “Uma História de Amor Interminável”, acabei por me reter nela, e por decidir ‘plagiá-la’ e escrever sobre um amigo de quase quatro décadas, o meu amigo Paulinho.

Sim, o Paulinho. O ‘Paulinho do Sporting’. Com uma história de vida que emociona qualquer um. Com um amor ao Sporting CP de fazer chorar de emoção o menos sensível dos humanos. O Paulinho, que coleccionava no Lar da Santa Casa da Misericórdia onde residia, tudo o que era póster ou fotografia do nosso Clube. Que se passeava pelas ruas de Lisboa com um enorme leão de peluche, foi naturalmente acolhido na sua ‘casa’.

Numa casa em que já passaram 35 anos no tempo, quando, por influência de António Livramento, esse mesmo, o ‘mago’ do hóquei em patins mundial, começou a exercer funções na secção de hóquei em patins, engraxando as botas e ajudando na rouparia. Esse menino de ontem era muito diferente do Homem de hoje. Tinha até claras dificuldades na locomoção e na expressão. Não foi só António Livramento que o acolheu. Foram todos os que com ele conviviam. Falo por experiência própria de quem se cruzou centenas de vezes com ele nos corredores de Alvalade, e com quem ainda recentemente nos recordámos de tantos amigos em comum feitos no Sporting CP.

O Paulinho, hoje um Homem de 51 anos, subiu todos os degraus da corda da vida a pulso, mas também com muito esforço, dedicação e devoção pela causa. Naturalmente isso promoveu-o à Glória. Está há muitos anos no futebol profissional. Muitos daqueles que são verdadeiros craques nos relvados e fora deles, acolheram-no em sua casa. Como se fosse um dos seus familiares. Falam dele com carinho e gratidão. É para eles e todos nós uma referência e um exemplo de vida e de Sportinguismo que nos merece respeito.

Chora quando perde. Ri e abraça-se aos seus como poucos quando ganha. É o primeiro a querer tocar nos troféus. É tudo tão genuíno naquele amor à causa que me – nos – comove. Convido até tantos de nós, que por vezes vimos o Sporting CP, como uma ‘guerra’, para parar para pensar e buscar no exemplo de vida e de Sportinguismo do Paulinho um alento suplementar. Que encarnem naquele amor genuíno daquele que é hoje um homem, mas que em menino o SCP foi o seu refúgio levado por um amor sem paralelo ao Clube.

Se formos todos ‘Paulinhos’ no abraçar da causa, tudo será mais fácil. Ah, e já agora, obrigado Paulinho. Também por seres meu amigo, mas sobretudo por seres uma referência do Sporting CP.

 

P.S. – Também poderia escrever sobre questões que conspurcam o futebol. Preferi, contudo, falar de desporto e de humanismo.

Valeu a pena! 

Por Juvenal Carvalho
15 Out, 2020

(…) em boa hora o actual Conselho Directivo decidiu promover o regresso do basquetebol ao SCP, alicerçando o projecto em gente competente e ganhadora

Fim de tarde, princípio de noite, do dia 8 de Outubro de 2020. O relógio ia avançando. A televisão estava ligada e as lágrimas iam-me caindo da face, descontroladamente, qual menino. Os últimos minutos do jogo de basquetebol entre o Sporting CP e o FC Porto foram vistos num frenesim louco. Estava perto o regresso às conquistas da modalidade que aprendi a amar e na qual servi o Sporting Clube de Portugal como dirigente. Estava também consumado o regresso às vitórias dos seniores masculinos da modalidade, neste caso a sexta Taça de Portugal conquistada, e com a particularidade de ter sido após 40 anos. Sendo de sublinhar, nestes 40 anos, o interregno da modalidade por duas vezes, primeiro em 1982, e posteriormente em 1995. Comentava até mesmo com amigos, que o basquetebol era o ‘patinho feio’ do Clube, mas no meio desta alegria do regresso às conquistas, não vale recordar o passado, mas conta sim, o projectar o futuro que se quer ganhador.

E por falar em projectar o futuro ganhador, que melhor mote estaria dado, neste arranque, que em boa hora o actual Conselho Directivo decidiu levar em frente, do que alicerçar o mesmo em gente competente e ganhadora. Ter Luís Magalhães como treinador foi desde logo o garante de que as coisas iriam correr bem. Tudo isto porque ninguém ganha por acaso. E o professor sabe disso como poucos. É um ganhador por excelência e por onde passa e deixa a sua marca registada. E ganhou... ganhou de forma natural, com um grupo de trabalho que deixa a pele em campo. Onde destacar jogadores é complicado, pese o virtuosismo de uns, e a arte de bem defender de todos, o colectivo desta equipa do Sporting CP, e sobretudo o compromisso, a garra e o carácter, são componentes de peso para que este título tenha sido o primeiro de muitos do nosso Clube nesta modalidade no pós-regresso.

E neste regresso, e para que este retorno às conquistas fosse possível, e também por no pós-match ter ficado lisonjeado por ouvir da boca do Conselho Directivo, através de Miguel Afonso, e também do jogador Francisco Amiel, o meu nome e o agradecimento pelo meu trabalho e esforço pelo regresso da “minha” modalidade, não me posso esquecer, e até por ter o privilégio de escrever neste espaço, dos outros heróis do regresso do basquetebol em 2012 ao fim de 17 anos de ausência. Claro que falo de Edgar Vital – o ‘pai’ do mesmo –, Jaime Brito da Torre, Carlos Sousa, Jorge Patinho, Raul Castanheira, Miguel Galvão, Miguel Graciano, Nuno Barradas e João Almeida.

Por eles, e também por todos os Sportinguistas, como escrevi no título desta coluna de opinião: valeu a pena!

Pelo Sporting Clube de Portugal vale sempre a pena!

O cair e levantar!

Por Juvenal Carvalho
08 Out, 2020

(...) o SCP é muito mais do que uma equipa de futebol. Não descurando que muito daquilo que nos faz gostar do Clube é devido ao desporto-rei, e eu não sou excepção, a verdade é que objectivamente somos também de um eclectismo ímpar

Ser do Sporting Clube de Portugal não pode nunca servir para nos escondermos das derrotas quando elas são factuais, e por vezes até nos machucam no nosso orgulho Leonino.

Foi o sentimento que eu, bem como milhares de Sportinguistas, sentimos aquando do apito final do jogo do play-off da Liga Europa de futebol ante os austríacos do LASK. Sou, comum dos mortais, um homem de sentimentos, e até impulsivo. Fiquei incomodado, termo ligeiro. Não o assumir é fazer aquilo que é contra a minha forma de estar e de ser.

Mas, depois de uma noite mal dormida, as derrotas do Sporting CP, pese a idade ir avançando, conseguem ainda ter este condão em mim, e longe vão os tempos do acne juvenil, recebi através de amigo uma mensagem via WhatsApp com o sorteio da fase de grupos do nosso andebol na EHF Europe League, e como que ‘ressuscitei’. Afinal, o Sporting CP é mais – direi até muito mais – do que uma equipa de futebol. Não descurando que muito daquilo que nos faz gostar do Clube é devido ao desporto-rei, e eu não sou excepção, a verdade é que objectivamente somos também de um eclectismo ímpar.

O cair e ter de levantar é, contudo, apanágio da existência centenária do nosso Clube, tal como aliás os nossos rapazes do futebol o fizeram galhardamente, entrando de rompante em Portimão, com dois golos de compêndio através de Nuno Mendes – quanto talento tem este menino – e do reforço Nuno Santos, um dos que na minha opinião veio acrescentar qualidade ao nosso plantel, e tudo isto apenas setenta e duas horas após um desaire que, como já o referi, pelo seu carácter pesado, poderia ter deixado sequelas complicadas. 

Na antevisão ao jogo, Rúben Amorim apareceu na conferência de imprensa do mesmo, e como que rejuvenescido mas pragmático, fez menção de dizer que ele e o seu grupo não iam deixar de acreditar, e que sabia que muitos de nós – a irracionalidade do futebol tem destas coisas, que são de enorme volatilidade – teriam desistido de acreditar. 

No pós-jogo, Rúben Amorim – gosto do discurso desde a chegada – voltou a falar que só unidos em torno deste grupo de trabalho poderemos chegar a bom porto. É óbvio que as discordâncias, sobretudo as honestas intelectualmente, são até saudáveis, porque é disso que a democracia precisa, e servem até para crescer e emendar a mão a erros de decisão.

Eu sou dos que me agrada ver um Leão de roupagem made in Alvalade, com muitas crias a despontar. Claro que ninguém ganha só com jogadores da formação, eles terão que ser alicerçados com a experiência de quem traga valor. Acredito no lema do jogo a jogo mais que nunca. As contas fazem-se no fim, e se com todos a remar para o mesmo lado, com o único “ista” a relevar a ser o de Sportinguista, a equipa de futebol, bem como de toda e qualquer modalidade, estará seguramente mais perto de ganhar.

E por falar em ganhar, parabéns ao futebol de praia pelo título nacional, bem como ao ténis de mesa pela conquista da Supertaça. Ganhar é mesmo o nosso ADN. O museu ficou mais rico. O Sporting Clube de Portugal também!

Está de volta o que me move!

Por Juvenal Carvalho
01 Out, 2020

O Sporting CP é algo que tem um carácter de amor que para muitos não consegue ser explicado. Para mim é desde criança

A pandemia que chegou, e que nos confinou, acabou com a anterior época desportiva. A nova normalidade, embora que ainda em tempos estranhos, abriu a nova. Confesso que já tinha saudades. Infelizmente, ainda não temos o contacto no Pavilhão João Rocha ou no Estádio José Alvalade. O festejar os golos com o colega do lado, o cantar a plenos pulmões o ‘Mundo Sabe Que’, o ir às ‘roulottes’ beber uma cerveja e comer uma bifana antes e depois dos jogos. Afinal, aquilo tudo que vivenciámos anos a fio e a que nos habituámos.

Temos que aguardar então, sabendo esperar, que a saúde pública nos permita tudo isso. 

Mas no passado fim-de-semana já começou o pulsar verdadeiro da actividade das nossas equipas mais representativas no masculino e no feminino.

Já comecei a pedir links aos meus amigos para ver o hóquei em patins em Almeirim, ante os Tigres daquela cidade, já me agarrei à televisão para, enquanto via o jogo do hóquei em patins, passar os olhos pela Sporting TV para ver o andebol ante o ABC.

Que acordei até mais cedo no sábado para ver o futebol de praia frente ao Amigos da Paz.

Que no domingo voltei a ver o futebol de praia logo pela manhã; além de voltar a sintonizar a Sporting TV para ver o início da época oficial do futebol feminino frente ao Amora FC.

De seguida, voltei a pedir um link a amigo para ver o voleibol feminino em Matosinhos contra o Leixões, a ir espreitando num site da modalidade o resultado do hóquei em patins feminino, enquanto ia olhando para a estreia vitoriosa do nosso futebol em Paços de Ferreira.

Está chegada a nova normalidade do meu contentamento, que é partilhado por milhares de Leões. Aquela normalidade que me é peculiar de querer saber mais e mais do nosso Sporting CP. Saber do Sporting CP dentro dos terrenos de jogo, mesmo que afastado presencialmente, é tão só aquilo que me move. Este último fim-de-semana de Setembro foi o primeiro de muitos que vão chegar plenos de azáfama Leonina. De querer saber ou ver tudo, por vezes com o computador ao colo e com duas televisões ligadas ao mesmo tempo. 

Sei que existe alguma irracionalidade no meio disto tudo. Admito. Mas o Sporting Clube de Portugal é algo que tem um carácter de amor que para muitos não consegue ser explicado. Para mim é desde criança. Só que com uma diferença. O advento das novas tecnologias permite-me hoje saber tudo ao momento. Em criança só no dia seguinte tinha acesso aos resultados. Uma mudança motivada pelos sinais dos tempos. Que venha então esta nova normalidade, com a confiança de que no fim da Primavera que chegará, estejamos a festejar títulos. É esse o nosso ADN.

É de troféus que a nossa História é feita.

Stromp ficou orgulhoso

Por Juvenal Carvalho
24 Set, 2020

Ser do Sporting CP e ter uma história com figuras destas só está ao alcance dos Grandes. E nós somos muito Grandes

“Não é o Sporting que se orgulha do nosso valor, nós é que devemos sentir-nos honrados por ter esta camisola vestida”.

A frase acima simboliza na perfeição o Homem que a proferiu. O Sportinguista. Alguém que viveu uma vida que, embora infelizmente curta, foi de um Sportinguismo militante tão fervoroso, de uma dedicação tão sem paralelo, que não por caso haveria de eternizar este fundador do nosso Clube como o nosso ‘sócio número 3’.

Cada vez que o nome de Francisco Stromp entra em equação, não existe nenhum Sportinguista que não trema de emoção, que não venere tão distinto Leão.

Numa decisão muito bem conseguida, começou a ser disputado a partir do ano de 2011 o “Troféu Stromp” pelas nossas modalidades. Um troféu que, apesar de carácter não oficial, é de um raro simbolismo para os nossos atletas. Este ano não foi excepção, e a começar pelo voleibol, passando pelo futsal, pelo hóquei em patins e pelo andebol, e terminando no basquetebol, todas as modalidades masculinas não quiseram deixar os seus créditos por mãos alheias e trouxeram para o nosso Museu mais cinco troféus, e todos eles com um denominador em comum, o nome de Francisco Stromp. Além de deixar uma certeza: Estamos competitivos e podem contar connosco para a época que está a começar.

Se assim o foi no sector masculino, também no feminino as nossas Leoas do futsal, do hóquei em patins e do voleibol não quiseram deixar os seus créditos por mãos alheias, e também elas, com que honra, trouxeram para as vitrinas do nosso Museu mais três troféus. Ao todo, somaram-se oito, que, como escrevi no título desta coluna de opinião, deixou o nosso sempiterno Francisco Stromp orgulhoso onde estiver. E com que carga simbólica, todos os nossos rapazes e raparigas de Leão rampante ao peito ergueram de braços ao alto estas oito conquistas, até porque se é bom o Sporting Clube de Portugal ganhar sempre, quando entra em equação Francisco Stromp é, por tudo, ainda mais simbólico. Este “monstro” do Sportinguismo foi honrado. Com ele, e outros como ele, o “Mundo Sabe Que” pelo Sporting Clube de Portugal nós temos amor e somos doentes. 

Ser do Sporting CP e ter uma história com figuras destas só está ao alcance dos Grandes. E nós somos muito Grandes. Somos desde 1906 o Sporting Clube de Portugal, que os fundadores tão bem o preconizaram e acertaram: Grande, tão grande como os maiores da Europa.

Os Cinco Violinos

Por Juvenal Carvalho
17 Set, 2020

O vírus travou o Troféu Cinco Violinos. Mas uma coisa é segura. Nenhuma pandemia nos fará deixar de idolatrar estes Heróis do nosso contentamento. Será uma história de amor eterno… sob o signo do Leão!

No passado domingo, e devido ao fenómeno da actualidade, a maldita COVID-19, que trouxe o alarme em forma de pandemia, e que tanto tem afectado a saúde pública e a economia à escala mundial, fomos surpreendidos pelo cancelamento do Troféu Cinco Violinos. Sim, a pandemia também infecta “Leões”, tendo sido decidido não realizar o jogo com o SSC Napoli.

Com a tristeza inerente à não realização de uma homenagem que tanto simbolismo tem para os Sportinguistas, decidi escrever estas linhas, e de os tentar homenagear eu, que como quase todos nós, apenas sabemos dos Cinco Violinos pela sua História, e com que História eles a pincelaram em tons de verde e branco.

Comecei por aprender rapidamente os seus nomes. Jesus Correia, Vasques, Travassos, Albano e Peyroteo. Depois, ainda longe dos tempos do Google e das redes sociais, procurei saber mais e mais. Não era fácil, então. Mas perguntando aos mais velhos, fui sabendo que no tempo deles, a única verdadeira ‘pandemia’ era aquela que arrasava os adversários das mais diversas formas. Não tenho o jeito que o ‘nosso’ saudoso António Silva teve no filme ‘Leão da Estrela’ para fazer o relato de um jogo deles, que culminou com um pontapé na mesa de jantar a celebrar mais um golo. Um dos muitos e muitos golos com que dizimavam os adversários.

Eram para os adversários um verdadeiro tormento. Muitos, se fossem vivos aos dias de hoje, ainda teriam insónias e pesadelos provocados por estes cinco ‘Leões indomáveis’.

Jesus Correia era a classe pura em forma de velocidade; Manuel Vasques, o ‘Malhoa’, o cerebral; José Travassos, o célebre Zé da Europa, o talento; Albano, o extremo repentista; e o goleador dos goleadores, Fernando Peyroteo, decididamente o ‘matador’

Na vasta história não nos orgulhamos apenas destes nossos Heróis. Ela continuou e eles infelizmente já não estão no mundo dos vivos. Só que a História, essa, não se apaga. E quem não tem memória não tem História. Os Cinco Violinos, na passagem terrena, pareceram até ‘extraterrestres’, tal a capacidade. Com três deles tive conhecimento e travei amizade… Falo de Vasques, com quem convivi na velha central de Alvalade, onde trabalhava, com Travassos em petiscadas com amigos comuns, e com Jesus Correia tive o privilégio de fundar o Núcleo do Sporting CP de Paço de Arcos, vila onde residi e de onde ele era natural. Tantas e tantas horas de conversa. Tantos ensinamentos. Quanto Sportinguismo deles bebi e respirei.

O vírus travou o Troféu Cinco Violinos. Mas uma coisa é segura. Nenhuma pandemia nos fará deixar de idolatrar estes Heróis do nosso contentamento. Será uma história de amor eterno… sob o signo do Leão!

Sevilha, 1983… quanto SCP

Por Juvenal Carvalho
03 Set, 2020

O SCP é muito mais do que cada um de nós. Assim o queiramos, sem futilidades. Um Leão, mesmo que ferido, nunca se abate. Somos da raça que nunca se vergará!

Ter o privilégio de escrever umas linhas para o Jornal do nosso Clube permite-me rebobinar momentos de Sportinguismo militante. Sportinguismo puro e genuíno. Sportinguismo até arrebatador e, como o clima na capital da Andaluzia, naquela viagem para disputar a extinta Taça UEFA de 1983/1984, completamente tórrido.

Corria a década de 1980. Iniciava-se uma época em que como sempre partíamos com infundadas esperanças, sobre a liderança de Josef Venglos, e havíamos até sido campeões no ano de 1982. As bolinhas do sorteio destinaram ao Sporting CP a deslocação a Sevilha. Uma deslocação relativamente curta, mas inesquecível. Jamais esquecerei quando saí de casa, morava então ainda no Bairro de Lisboa que me fez crescer para o Mundo, a ‘minha’ Bica, e fui ter com o meu amigo Tó, então ainda uns putos, para irmos para Sevilha para uma excursão que partia de Alvalade, da velhinha central do antigo estádio.

Lá chegados, era uma imensidão de autocarros que nunca antes havia visto. Eram dezenas e dezenas que se fizeram à estrada. Durante a viagem cruzavam-se com centenas de carros e até outros autocarros de diversas proveniências do país. O asfalto pintava-se de verde e branco. Chegados a Sevilha horas antes do jogo, a temperatura era de mais de 40 graus. O que era isso perante a indomável massa humana que foi ver o nosso Sporting CP. A cada esquina e cruzamento, eram aos magotes os Sportinguistas. A cada ‘tasco’ que se entrava para beber uma ‘caña’, o ambiente era Leonino e exacerbado.

Ainda faltava muito para o jogo, quando eram milhares os Leões que pintavam de verde o mítico Estádio Ramón Sánchez Pizjuán. Houve mesmo um Sportinguista que irrompeu pelo relvado antes do começo do prélio com uma enorme bandeira do Sporting CP, com os Leões em êxtase e os sevilhanos atónitos com o que presenciavam. Sei que posteriormente, e até antes, teremos tido milhares no apoio ao Sporting CP, mas esta foi a minha primeira experiência quando adolescente. O Sporting CP terá uma história imensa de grande apoio. Eu próprio já vivenciei muita jornada de fervor Leonino, mas admito que Sevilha 1983 foi o meu primeiro ‘banho’ de Sportinguismo além-fronteiras. Deu para perceber a nossa dimensão e o nosso amor ao Clube. O resultado desse jogo foi 1-1, e na segunda mão, em Alvalade, com um golo miraculoso do ‘mago’ António Oliveira aos 88 minutos, ganharíamos por 3-2 e seguiríamos em prova.

Jamais esquecerei Sevilha. Jamais esquecerei esse momento inolvidável, dos diversos que tive o privilégio de vivenciar por dentro enquanto dirigente e por fora enquanto adepto.

O Sporting Clube de Portugal, por tudo isto, é muito mais do que cada um de nós. Assim o queiramos, sem futilidades. Um Leão, mesmo que ferido, nunca se abate. Somos da raça que nunca se vergará!

O Fábio, um amanhã de esperança

Por Juvenal Carvalho
20 Ago, 2020

Este menino será apenas um dos muitos que nunca nos viram ganhar um campeonato nacional de futebol, mas que são incondicionalmente Sportinguistas

Sou, comum dos mortais, alguém que amando incondicionalmente o Sporting Clube de Portugal, tem momentos nos quais não consegue reagir sem tristeza aos hiatos de tempo em que não conseguimos conquistar títulos na modalidade que mais peso tem no nosso Clube, que é obviamente o futebol.

Passei os 50 anos, e apesar de ter apenas ideia de ter ganho cinco campeonatos na minha existência, sendo até em 1974 ainda muito criança, alguém que nunca se demoveu, que nunca desistiu, que acima de tudo consegue viver o Sporting CP acima das vitórias do futebol, que apesar de estarem muito aquém das que gostaria de ter, procura ter sempre uma inabalável esperança a cada começo de época.

E este ano, ou no começo da nova época, como preferirem, e naquele que é o maior período sem conquistar um campeonato nacional na nossa história, estranhamente fui marcado por um episódio que achei diferente, e que a mim, apesar de homem de poucas crenças, me deu um alento, e como se diz na gíria, uma grande fezada.

Numa esplanada na cidade do Porto, onde bebia um café, estava sentado um senhor numa mesa ao lado, quando de repente apareceu uma criança equipada ‘à Sporting’, que aos gritos disse ao avô, vinda de jogar à bola, que tinha marcado muitos golos que dedicou ao Šporar, ao Wendel, ao Coates e ao Matheus Nunes.

Aquele menino era o Fábio, a quem me apresentei, mostrando-lhe o meu cartão de Sócio que lhe fez brilhar os olhos. Estabeleci ali desde logo uma animada e Leonina conversa com ele, dizendo-lhe que também eu vivia assim como ele o Sporting CP desde menino. Ele, nascido na cidade do Porto, e com pais portistas e o avô, um ‘velho Leão’, a quem ele seguiu as pisadas, mostrou um fervor pelo Clube, que os tenros oito anos de idade não o demovem de não ter visto ainda o Sporting CP ganhar um campeonato. Este é dos que deveria dar lições a muitos adultos na arte de amar o Clube.

Este menino, o Fábio, será apenas um dos muitos meninos que nunca nos viram ganhar um campeonato nacional de futebol, mas que de Norte a Sul, bem como nas ilhas e ainda espalhados pelo mundo, são incondicionalmente Sportinguistas.

Dirão os que não sabem o que é vivenciar o Sporting CP, que estranho é este fenómeno de sermos menos ganhadores e ainda arrastarmos tantos jovens. Pois é, mesmo tendo perdido algumas gerações de jovens, porque quem ganha capta mais, uma certeza tenho. Enquanto houverem “Fábios”, o Sporting Clube de Portugal não morrerá.

Aos profissionais do Sporting Clube de Portugal, que iniciaram agora a época 2020/2021, um humilde pedido. Façam o Fábio feliz. Porque com ele feliz, todo o universo Leonino o ficará.

Lutem por cada bola como se fosse a última. Queremos ter amanhãs de esperança. Isso está nos vossos pés!

6 de Agosto de 2003

Por Juvenal Carvalho
06 Ago, 2020

Quando abriram as portas, eu, como todos os leões presentes, contemplaram de sorriso aberto o novo estádio

Quando este jornal chegar às bancas, estão passados no tempo 17 anos desde que o actual Estádio José Alvalade foi inaugurado.

O tempo voa. Ainda me lembro de como eu – apesar de triste de ver partir o que havia sido inaugurado em 1956, e que tantos e tão bons momentos da minha juventude por lá passei –, vivi esse dia. Lembro-me de cada passo que dei nesse dia quente de Agosto de 2003. Com quem estive, com quem entrei para o novo Estádio. De estar ansioso por lá estar a vivenciar a nossa nova ‘casa’.

Quando abriram as portas, eu, como todos os leões presentes, contemplaram de sorriso aberto o novo estádio. Uma lágrima de emoção veio-me aos olhos quando Dulce Pontes cantou como só ela o seu ‘Amor a Portugal’. Outra quando o ‘violino’ e meu amigo Jesus Correia, que partiria do mundo dos vivos meses depois, deu o pontapé de saída do novo estádio. Foram momentos inolvidáveis. Mais uns a somar ao que o Sporting  Clube de Portugal nos tem proporcionado.

O convidado de luxo foi o Manchester United FC orientado por Sir Alex Ferguson, com um conjunto de grandes jogadores. Quis o destino que o ‘nosso’ Cristiano Ronaldo fosse a estrela daquela noite. Brilhou muito alto o talento daquele menino de então. Pôs em êxtase todos os presentes e os olhos de Alex Ferguson estavam incrédulos. De imediato levou o nosso Cristiano Ronaldo e estava dado o mote para ser o melhor do mundo que tanto nos orgulha.

Esse jogo, em que Fernando Santos era o nosso treinador e o nosso Clube era presidido por António Dias da Cunha, terminou 3-1 a nosso favor. Luís Filipe acabaria por entrar eternamente para a história do novo estádio por ter sido dele o primeiro golo. O primeiro de muitos das mais diversas formas e efeitos.

O novo Estádio José Alvalade já assistiu, desde a sua inauguração, a quatro conquistas da Taça de Portugal, três da Supertaça e duas da Taças da Liga por parte do nosso Sporting Clube de Portugal. Já assistiu, até, em 2006 a uma final da então Taça UEFA. Um momento que tinha tudo para ser inolvidável e que acabou com uma derrota ante os russos do CSKA Moscovo e com os Leões – eu também me confesso – banhados em lágrimas de tristeza.

Já lá vivemos momentos marcantes e exibições de gala. Infelizmente ainda não fomos coroados com um título nacional neste já tão longo jejum. Aquele que é mesmo o maior da nossa história. Todos ansiamos por ele. Queremos que aconteça mais cedo que tarde. A nossa História merece. Os Sportinguistas querem-no.

Acima de tudo o novo estádio é o nosso local de culto. Porque apesar dos momentos menos bons, ser do Sporting Clube de Portugal não se explica… sente-se!

E é na nossa ‘casa’ que devemos extravasar o nosso sentimento pelo símbolo. Para o ano o nosso estádio atinge a maioridade. Que nos traga o título de campeão. Tanto o merecemos!

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