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Opinião

Manter o foco e a qualidade

Por Miguel Braga
09 Set, 2022

Editorial da edição n.º 3888 do Jornal Sporting

O Sporting CP fez história na Alemanha, frente ao Eintracht Frankfurt, no jogo de estreia da edição da Liga dos Campeões 2022/2023. Relembremos que estamos perante o vencedor da última Liga Europa, pertencente ao Pote 1 do sorteio da mais importante competição de Clubes do Mundo.

A equipa e os jogadores fizeram História, porque este era o décimo quinto jogo do Sporting CP em território alemão e o histórico era fracamente desfavorável: 13 derrotas e apenas um empate, com dez golos marcados contra 34 sofridos.

Para ajudar à festa, o estádio estava cheio, 50.500 pessoas, com direito a coreografias e muito apoio germânico. A um canto, a armada lusa, uma pequena mancha verde no meio de um mar branco e preto − e do início ao fim, tal como a equipa, os nossos foram incansáveis.

Se na primeira parte, os erros da equipa foram compensados com um super Adán e um super Coates, na segunda parte a exibição foi a todos os níveis memorável: três golos sem resposta frente a uma equipa alemã não é coisa que se veja todos os dias no futebol europeu; Edwards, Trincão e Nuno Santos foram os goleadores de serviço, mas o que fica é a atitude e a forma com que a equipa encarou o jogo. Mérito para os jogadores, mérito por certo para Rúben Amorim e restante equipa técnica.

O nosso treinador tem repetido que futebol é o momento. Por isso, é necessário retirar destes momentos o melhor de cada um para enfrentar o próximo, o outro e o seguinte. O calendário em ano de Mundial do Qatar é, de facto, uma prova de resistência à qual não estávamos habituados.

E foi mesmo isso que Rúben disse no final do jogo: “É importante pelo momento, mas não muda nada. Ganhámos um jogo na Liga dos Campeões, mas somos o oitavo classificado na Liga. Não quero que os meus jogadores andem de um lado para o outro em termos de emoções. Agora vão dizer-lhes que são os maiores, mas têm de ganhar ao Portimonense SC, que tem mais cinco pontos que nós”. O mote está dado e, mais uma vez, o próximo jogo é o mais importante. No futebol actual não há tempo para respirar, apenas para trabalhar e pensar na conquista dos próximos três pontos.

Fazer história tem essa particularidade: daqui a uns anos, aquela noite de Frankfurt será tema de conversa em muitas casas portuguesas. No tempo presente, o jogo mais importante é mesmo contra o Portimonense SC, sábado às 18h00, no Estádio José Alvalade. A equipa merece o apoio dos nossos Sócios e adeptos.

Para memória futura

Por Miguel Braga
31 Ago, 2022

Editorial da edição n.º 3887 do Jornal Sporting

116 anos de História fazem do Sporting Clube de Portugal um clube rico em memórias individuais e colectivas. Dizia o Padre António Vieira que “o efeito da memória é levar-nos aos ausentes, para que estejamos com eles, e trazê-los a eles a nós, para que estejam connosco”. O Museu Sporting é o repositório das glórias alcançadas que passam de geração em geração, garantindo que a memória persistirá e que os mais novos terão acesso aos alicerces do que faz a alma Sportinguista crescer e subsistir ao longo do tempo. É no Museu que podemos ficar a conhecer os nossos fundadores, que podemos ver objectos de outros tempos, que ficamos a conhecer páginas de ouro e prata da História do Clube fundado em 1906.

O Museu Sporting faz hoje 18 anos. Foi inaugurado a 31 de Agosto de 2004, durante a presidência de António Dias da Cunha e liderado por um dos guardiões do passado verde e branco, Mário Casquilho. A eles e a todos os que contribuíram e contribuem para manter vivo o espólio Leonino, a mais sincera admiração e o mais sentido obrigado.

E porque é de memória que falamos, Malcolm Allison é possivelmente o primeiro treinador que me lembro ao leme da equipa principal do Sporting CP. Lembro-me bem também da invasão de campo pelos adeptos para comemorar a vitória no Campeonato e de ver Ferenc Mészáros a abandonar o relvado apenas de cuecas, rodeado por milhares de pessoas em festa. Pouco tempo depois, também tenho a recordação de ver, ainda criança, os quatro golos sem resposta que o Sporting CP aplicou ao SC Braga da autoria de um dos grandes tridentes do futebol português: António Oliveira (dois golos), Manuel Fernandes e Rui Jordão. ‘Big Mal’ é a nossa Lenda nesta edição comemorativa dos 18 anos do Museu.

Destaque também para a entrevista do jovem Leão Diogo Travassos, também ele com 18 anos de idade. “É por isto que lutamos todos os dias, por Taças como as que vemos aqui”, é o mote para o sonho que é possível alcançar de verde e branco, seja em que modalidade for, seja perante este ou aquele adversário.

Sebastián Coates renovou contrato com o Clube. O nosso capitão é já uma referência do Sporting CP, com 285 jogos de Leão ao peito e 28 golos marcados. Coates é, ao dia de hoje, o 20.º jogador com mais jogos com a verde e branca, à frente de nomes como Rui Jordão, Venâncio ou Morais. O seu próximo marco é alcançar outra figura mítica do Clube e do país, o ‘Zé da Europa’, José Travassos. Pela forma como está em campo e nos treinos, pela paz que transmite, pela garra e devoção empregue a cada minuto, Coates é e será um exemplo a seguir. São jogadores assim que fazem a diferença, são homens assim que lideram as gerações futuras. A Coates também o nosso mais profundo agradecimento. Gracias, Capitán!

Muito para Crescer

Por Pedro Almeida Cabral
31 Ago, 2022

As décadas passam. Os anos sucedem-se. As épocas disputam-se. Os jogos começam. A quadra rejubila. Os golos são marcados. E os títulos avolumam-se. Em poucas palavras, é esta a descrição que melhor assenta ao futsal do Sporting Clube de Portugal. Muito mais que uma secção do nosso Clube é, sobretudo, a modalidade verde e branca em que o esforço, a dedicação e a devoção andam sempre acompanhados da glória. São 42 títulos europeus e nacionais, incluindo duas UEFA Futsal Champions League, 17 Campeonatos, nove Taças de Portugal, dez Supertaças e quatro Taças da Liga.

Seguidor das modalidades do Sporting CP que se preze, acompanha atentamente os torneios de pré-época. São jogos que se disputam com alguma intensidade competitiva e que dão sempre indicações do que se perspectiva para as exigentes temporadas que se seguem. Este ano o futsal Leonino tornou a marcar presença no Masters de Futsal, disputado em Portimão, e venceu com brilhantismo.

A abrir, a repetição da final da última UEFA Futsal Champions League, com o Sporting CP a defrontar o FC Barcelona. E o que pudemos ver foi, tão-só, uma das melhores primeiras partes de sempre da nossa equipa. Um ataque trepidante, esbanjando classe e pontaria, fez o resultado quase final. Chegámos ao intervalo a bater o campeão europeu de forma categórica, por 6-2. Na segunda parte, a equipa catalã havia de marcar um solitário golo, fechando o resultado. Os muitos golos do Sporting CP foram marcados por Diego Cavinato, Pany Varela, Erick Mendonça, Hugo Neves, com Esteban Guerrero a bisar. O segundo jogo, contra o Inter Movistar, era uma autêntica final, a repetição dos encontros decisivos da UEFA Futsal Champions League de 2017 e de 2018. O Sporting CP não facilitou e venceu por 3-1. Esteban Guerrero abriu a contagem numa magnífica recepção e remate. Depois, foi Merlim, num remate cruzado, bem longe da baliza, a fazer o que, provavelmente, foi o golo do torneio. E, finalmente, Esteban Guerrero aproveitou da melhor forma um ressalto. Como nem só de ataque vivem as equipas de futsal, Bernardo Paçó esteve exímio, a negar, por duas vezes o golo aos espanhóis.

Podia ficar satisfeito por ser a segunda conquista deste torneio, depois de 2019, que nos torna a única equipa que o conseguiu. Ou podia alegrar-me pelo excelente nível do futsal praticado, em que fomos, sem dúvida alguma, a melhor equipa. Contudo, nada mais me apraz que as palavras de Nuno Dias, o nosso treinador, que comentou esta vitória dizendo que ainda havia “muito para crescer”. A sorte sorri aos audazes. Mas sorri ainda mais aos que sabem que há sempre algo para trabalhar e aperfeiçoar e que, tantas e tantas vezes, o sucesso nos atraiçoa. É com esta equipa, com este treinador e com toda a esta secção que vamos crescer esta época.

18 anos que retratam uma História

Por Sporting CP
31 Ago, 2022

31 de Agosto de 2004. O Clube era então presidido por António Dias da Cunha. Foi esta a data em que foi inaugurado o Museu do Sporting Clube de Portugal neste novo complexo. Está lá desde então, e, felizmente, com muitas actualizações depois deste momento, retratada a história...a imensa história do nosso Clube. 18 anos passaram desde que em boa hora foi levado por diante um espaço que retrata toda uma vida de um Clube, o nosso, com 116 anos de existência, e com tanta e tanta conquista ali simbolizada. O 'pai' deste espaço, com a colaboração de outras pessoas, porque ninguém faz nada sozinho, foi o senhor Mário Casquilho. Para mim, e repetindo-me por convicção sobre o conhecimento histórico do Sporting CP, Mário Casquilho é o mais dos mais em termos de cultura Leonina. Uma verdadeira enciclopédia por quem me curvo respeitosamente.

Depois dele, e até à actualidade, com Isabel Victor, a responsável do espaço aos dias de hoje, já estiveram outras pessoas e todas elas com um trabalho meritório e de uma dedicação incrível para que a menina dos nossos olhos, o nosso Museu, esteja sempre lindo e apelativo para quem o visita. E muitos são os Leões que fazem questão de ir ao nosso local de culto. Eu, pessoalmente, com extraordinário orgulho, tive o privilégio de recentemente estar no Centro de Memórias a dar o testemunho da minha vivência no Clube e vi o empenho com que as pessoas, na sua maioria jovens, tratam aquele 'brinquedo' que é o ex-líbris das nossas conquistas.

Não é sem emoção que o mais insensível dos Sportinguistas, ao fazer a visita guiada ao Museu e ver ali exposto um verdadeiro exemplo do que é um Clube ecléctico, não deixa de soltar uma lágrima marota. São tantos e tantos os troféus. Tantos e tantos os homens e mulheres que fizeram com que tudo isto fosse possível, que seria injusto enumerar cada um deles. O Museu é sobretudo o reflexo do Esforço, da Dedicação e da Devoção que ilustram a nossa imensa Glória. Como nenhum outro Clube no nosso aís. Estão ali retratados Campeões Mundiais, Europeus e Olímpicos. Troféus individuais e colectivos. Desde os fundadores à actualidade, a nossa história orgulha-nos. Para simbolizar o meu momento mais feliz das vezes que lá estive, levei a Ana Rita, a minha filha, ainda pequenina, ao Museu depois de lhe comprar um Leão de peluche que ela designou como 'Leo'. Agora, aquando da entrega do meu emblema de 50 anos de Associado - está quase - quero levar a Leonor, a minha neta. O Museu serve sobretudo para transmitir cultura e divulgar o ideal. É esse o propósito de cada um de nós. Pelo Sporting CP não há limites. Somos mesmo tão grandes como os maiores da Europa!

Venha o próximo jogo!

Por Juvenal Carvalho
25 Ago, 2022

Como Sportinguista procuro ser quase sempre pragmático, mas nunca consigo ser tão racional quanto tantas vezes o desejaria. Assumo que a irracionalidade do momento, sobretudo nos jogos de maior carga emocional, e seja em que modalidade for, porque o Sporting CP para mim está acima de uma equipa de futebol, me tolda o raciocínio e digo coisas, principalmente quando algo corre menos bem - quem nunca? - que por vezes, passado o calor da luta, e mais a frio, me penitencio por estar a exceder-me e a entrar numa espiral em que não me revejo.   

Afinal sou, como tantos de vós, um Sportinguista normal: que vibra com as vitórias e sofre com as derrotas, mas que nunca abandona o Clube e que, como me dizia o Sr. Olímpio, grande mentor do meu amor ao nosso Clube, não sou do Sporting CP pelo que ganha, porque infelizmente ganha muito menos do que eu desejaria, mas sim porque o amo.

É essa, e tão só essa, a minha 'cartilha'. Escrevo sempre desassombradamente e quando toca ao 'meu' Clube a emoção é o meu nome do meio.
Não gosto de perder jogadores. Ao longo da história vi partir grandes jogadores para clubes rivais até. Não gosto de perder nunca, mesmo que em locais onde o nosso saldo é infinitamente negativo ao longo da história. Não acho que esteja tudo bem, e coisas haverá a melhorar, até porque não sou o pior dos pessimistas, como o seu contrário também é verdade, e acredito em ajustes que nos irão levar a uma época ao nível dos nossos pergaminhos.

Ainda estamos na terceira jornada. Afinal - que bom seria ganhar sempre - já tivemos duas deslocações muito difíceis. Esta prova é de regularidade e de todos contra todos. O adversário seguinte é o GD Chaves.

O ideal será sempre não fazer o papel de avestruz e meter a cabeça na areia, mas sim unir-nos em prol do símbolo e ajudar a melhorar o que está mal e a aplaudir o muito que o passado recente merece de ser aplaudido. Detesto unanimismos. Menos quando toca ao símbolo. Aí, passam jogadores, treinadores e dirigentes e fica o Sporting Clube de Portugal.

Afinal, este grito de alma não é de desespero algum. Porque acredito muito que dias melhores virão e que nada está perdido, porque ninguém perde quando a procissão ainda não saiu do adro. O #ondevaiumvãotodos não pode nunca ser erradicado. Porque os treinadores treinam, os dirigentes dirigem e a nós, por mais que tenhamos tácticas ideais e ideias diferentes para gerir o Clube, resta-nos aplaudir, sem contudo deixar de ter massa crítica. Mas para construir. Porque para querer mal, porque são rivais, temos os adversários. Um Leão só se curva para beijar o símbolo.

Venha o próximo jogo!

Memória

Por Pedro Almeida Cabral
25 Ago, 2022

Fez há dias 56 anos um dos Sportinguistas que me deu uma das maiores alegrias da minha vida. Beto Acosta, como era conhecido, foi o argentino matador fundamental para a conquista do nosso campeonato de futebol da época 1999/2000. Chegou na época anterior, em dezembro de 1998, por indicação de um grande treinador que passou pelo Clube, o croata Mirko Jozić. Para não destoar dos tempos actuais, também Acosta chegou, jogou e foi criticado. Tornou-se recorrente comentar, em tom jocoso, que os seus 32 anos eram idade a mais para o futebol e que os seus problemas com ciática eram mais próprios de quem devia estar num lar. Há coisas no Sporting Clube de Portugal que persistem em não mudar. 

Porém, calando todos os detractores e enchendo o peito de todos os admiradores, na época seguinte, Acosta arrancou para a conquista do campeonato com 22 golos e exibições inesquecíveis. Apesar do final feliz, o início não foi brilhante. Nas primeiras dez jornadas, tivemos até alguns resultados comprometedores. Para além do empate a abrir com a equipa mais fraca desse campeonato, o CD Santa Clara, que ficaria em último, empataríamos novamente à quarta e à quinta jornada, com o CF Estrela da Amadora e o Gil Vicente FC, e perderíamos à sétima jornada com uma equipa que, na altura, nos causava especiais dificuldades, o FC Alverca. Já à nona jornada, no clássico no Estádio das Antas com o FC Porto, uma derrota por três golos sem resposta. Chegámos à décima jornada em quarto lugar, a cinco pontos do líder, SL Benfica. O campeonato parecia, uma vez mais, irremediavelmente perdido. Mas, jogo a jogo, o Sporting CP foi escalando na classificação até que recebemos o FC Porto. Se ganhássemos, passávamos para o primeiro lugar. E foi exactamente o que sucedeu, uma vitória por 2-0 que arredou os portistas do título. Acosta marcou o golo que selou a vitória, ainda hoje comentado por todos os Sportinguistas que viram esse jogo. Um passe desastrado de um jogador do FC Porto, Secretário, a quem desejo as melhoras por se encontrar gravemente doente, foi directo para os pés do argentino goleador, que não perdoou. O resto, foi história. Ou melhor, a história do nosso 21.º campeonato. 

Se me lembro de Acosta, não é somente pelo seu aniversário. É porque me recordo especialmente desse campeonato, o primeiro em que, verdadeiramente, festejei como campeão. Sobretudo, lembro-me do início titubeante e da forma como o Sporting CP perdeu, sem apelo nem agravo, o clássico da nona jornada, sofrendo três golos sem conseguir marcar. É, coincidentemente, o mesmo resultado do jogo do fim-de-semana, contra o FC Porto no Estádio do Dragão. Aliás, como me lembro bem dos dois jogos, posso dizer que neste último causámos mais perigo que naquele que se jogou há 23 anos. Não fora a exibição monstruosa do guardião portista e talvez o resultado final fosse outro. A memória não serve só para nos aquecer a alma com boas lembranças. É também para nos recordar que, por vezes, a história se escreve da mesma maneira com palavras diferentes. Deixemos o que ainda de campeonato há para jogar, que é muito, e, no final, fazemos contas.

Continuar a acreditar

Por Miguel Braga
25 Ago, 2022

Editorial da edição n.º 3886 do Jornal Sporting

O Sporting CP joga amanhã, em Leiria, a Supertaça feminina de futebol e quer manter o estatuto de única equipa a vencer a prova por mais que uma vez – a primeira vez foi em 2017, um ano após o regresso do Clube ao futebol feminino, e no ano passado, frente ao SL Benfica, com golos de Brenda Pérez e Joana Marchão. Este ano, repetem-se os finalistas que ganharam a FC Famalicão e SC Braga nas respectivas meias-finais, neste novo formato de final four para uma Supertaça. A treinadora Mariana Cabral tem, assim, oportunidade de escrever mais uma página de ouro na história da modalidade. Acreditamos que a equipa tem condições para lutar e garantir a vitória. E que o público responda em força ao repto lançado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), batendo de novo o recorde de assistência de um jogo de futebol feminino em Portugal.

Chegaram ao fim os Campeonatos da Europa de atletismo, e depois da medalha de prata de Auriol Dogmo, o Sporting CP, através de Andriy Protsenko, conseguiu mais uma medalha de bronze – repetindo inclusivamente a proeza dos Mundiais em Julho. Esta conquista reveste-se a ouro se tivermos em conta a situação do atleta ucraniano que mesmo na maior adversidade, continuou a acreditar nas suas capacidades: “Mesmo antes do início da prova, recebi uma mensagem a informar que a mãe da minha colega Kateryna Tabashnyk foi morta por um míssil em Kharkiv [cidade na Ucrânia]. Tínhamos uma excelente relação. Sinto-me muito triste e tive de lutar comigo próprio na final de hoje para, pelo menos, saltar”, afirmou no final da competição. Um verdadeiro campeão.

Juntamente com o presidente Frederico Varandas, Carlos Carneiro e Ricardo Costa, coordenador e treinador da equipa de andebol do Sporting CP, entregaram no nosso museu a 16.ª Taça de Portugal conquistada pela modalidade, ainda antes do arranque da temporada oficial. Para 2022/2023, tanto o andebol como o futsal e o basquetebol, começam a época com a possibilidade de conquistas das respectivas Supertaças. Além de muito treino, é preciso continuar a acreditar que as equipas vão atingir novamente o patamar de excelência a que nos habituaram – nós acreditamos.

A equipa de Rúben Amorim joga contra o GD Chaves no fim-de-semana, assinalando o regresso dos transmontanos a Alvalade – a última visita data de Novembro de 2018 e, na altura, o Sporting CP venceu por 2-1 com dois golos de Bas Dost. Com máximo respeito pelo adversário, este é também o momento de jogadores e equipa técnica sentirem que os Sócios e adeptos continuam a acreditar na equipa: juntos, seremos sempre mais fortes. “O nosso foco tem de ser ganhar ao GD Chaves”, afirmou Rúben Amorim depois da injusta derrota no Dragão. “Ganhando, garanto, ficamos bem”. Acreditamos na conquista dos três pontos.

Crescimento

Por Pedro Almeida Cabral
18 Ago, 2022

Nada se consegue sem esforço, dedicação e devoção. Sabemos bem que num ápice se pode ter que recomeçar tudo de novo, qual Sísifo a empurrar a pedra vezes sem conta montanha acima. O antídoto contra este eterno recomeço será sempre o trabalho árduo e sustentado. Sem lirismos nem esquecimentos do caminho percorrido. Seguir em frente, recordando o passado, tanto o recente como o longínquo, sabendo que nada sucede pelo desejo, por mais intenso que seja, mas sim pela preparação meticulosa do futuro.     

Foi por isso, com gosto, que estive em Alvalade ver a equipa a defrontar o Rio Ave FC. Depois do aziago empate em Braga, era grande a expectativa para ver como iríamos reagir. E o que vimos foi um belo espectáculo de futebol. Rúben Amorim soube desmontar com paciência a muralha defensiva vila-condense. Destaco, sobretudo, a articulação ofensiva entre Pote, Edwards e Trincão, que souberam desenhar variadas jogadas de ataque que poderiam bem ter dado mais golos. Pote marcou dois tentos, foi perdulário noutros dois e ainda ofereceu outros tantos. Uma exibição ao seu melhor nível, conforme nos habituou na época em que fomos campeões. Edwards também brilhou, com uma assistência primorosa, e desequilíbrios constantes, a prometer muita magia. Por fim, Trincão surgiu mais endiabrado, a lembrar a grande época que fez no SC Braga há três anos. Vadiou pelo campo, como é próprio dos afortunados na leitura do jogo, fez desmarcações precisas e desferiu um potente remate à barra. Já é o segundo jogo seguido em que “cheira” o golo. À terceira, estou certo, obterá o golo que já merece. De resto, Matheus Nunes marcou o que pode bem ser o golo do campeonato e a defesa, reforçada com Neto, cortou o que havia para cortar, sem temores nem tremores. Resultado limpo com três golos marcados sem resposta. Um crescimento com mais acerto e rigor táctico que esperamos que se mantenha no clássico que se aproxima, contra o FC Porto.      

A fechar, a possível venda de Matheus Nunes por valores astronómicos face ao investimento do Clube no jogador era irrecusável e, sabemo-lo há muito tempo, inteiramente previsível. Poderá ser a segunda maior venda de sempre do Sporting Clube de Portugal, apenas atrás de Bruno Fernandes. Dizer isto é quase dizer tudo o que há a dizer sobre a valia da venda de um Clube que tem que, ao menos parcialmente, formar e alienar para ter uma vida financeiramente saudável. Poder fazê-lo com preparação e multiplicando por 50 o investimento só é possível com um caminho bem preparado. Também por aqui se vê crescimento.  

PS: Uma nota pessoal. Deixou-nos no fim-de-semana uma grande Leoa, Lurdes Serro, atenta leitora desta coluna, mãe de dois fantásticos Leões, com quem acompanhei, jogo a jogo, o nosso campeonato de 2000. Todos contamos para apoiar o Sporting CP e esta grande Sportinguista fazia-o como ninguém. Os meus sentimentos à família.

A nossa Campeã

Por Miguel Braga
18 Ago, 2022

Editorial da edição n.º 3885 do Jornal Sporting

Auriol Dongmo é sinónimo de vitórias, recordes e medalhas. Assim foi, mais uma vez, em Munique, por ocasião dos Campeonatos da Europa de atletismo. Nem uma lesão no braço a impediu de conquistar a prata e de bater o recorde nacional ao ar livre a escassos 18 centímetros da marca dos 20 metros: "Queria a medalha de ouro, mas, devido a esta lesão, não consegui dar mais de mim. Agradeço a Deus pelo que consegui hoje, mas queria mesmo lançar mais longe e vencer".

Ainda nos Camarões, Auriol Dongmo gostava de praticar andebol em criança. Um dia, porém, uma competição de lançamento do peso na sua escola, trocou-lhe as prioridades: "Fui lá, lancei nove metros e ganhei uma medalha de bronze", recordou em entrevista ao Jornal Sporting em 2020. Mas não se pense que foi amor à primeira vista: "Para mim, naquela altura, o lançamento do peso era para os homens e não para as mulheres. Não gostei logo".

Anos mais tarde, foi a fé, por Fátima, e as circunstâncias do seu país natal que lhe despertaram uma curiosidade lusa. Apesar de ter um convite para ir para um Clube francês, acabou por preferir encontrar-se com o Sporting CP e rumar a Leiria para treinar com Paulo Reis. "A primeira coisa que fiz quando cheguei a Portugal foi ir a Fátima directamente do aeroporto. Fiquei muito feliz. (…) Quando cá cheguei, o meu recorde pessoal era 17,92 metros. Fui a um meeting no Brasil e o meu treinador foi comigo a Fátima. Comecei a rezar e a pedir a ajuda. No Brasil, bati o meu recorde pessoal com 18,37 metros. Quando consegui os 19,27 metros aqui, em Leiria, a Ana Lopes [nota: ama do filho] foi com o meu filho a Fátima". Este ano, recorde-se, Auriol conseguiu 20,43 metros, o que lhe garantiu o título mundial em pista coberta, em Belgrado.

Sabemos que agora, na sua cabeça, está o próximo meeting, a próxima competição, os próximos campeonatos. Com uma humildade desconcertante, esta campeã quer continuar a fazer história pelo Sporting CP e pelo nosso país. Só podemos estar enormemente agradecidos por ter encontrado em Portugal o porto de abrigo que a faz brilhar.

O Sporting CP despediu-se esta semana de Matheus Nunes, que rumou à Premier League e ao Wolverhampton WFC de Bruno Lage. 101 jogos de Leão ao peito, um Campeonato, uma Supertaça, duas Taças da Liga, oito golos marcados e nove assistências, contando já com oito internacionalizações e um golo marcado pela selecção nacional. Uma venda dolorosa do ponto de vista desportivo, mas indispensável para a sustentabilidade do Clube.

Ainda há dois anos, a garantia dada pelo presidente Frederico Varandas de que Matheus sozinho pagaria o investimento feito no treinador, foi recebido com cepticismo pelo mundo do futebol. Agora, é certo e sabido que o miúdo que servia bolos na pastelaria na Ericeira e corria pelo GDU Ericeirense transformou-se num craque. Que tenha toda a sorte do mundo nos próximos capítulos.

Aquela madrugada de 1984

Por Juvenal Carvalho
18 Ago, 2022

Passaram já 38 anos. Dizer que me lembro como se fosse ontem, seria um manifesto exagero, muito embora me interrogue como passaram tão rapidamente quase quatro décadas, num Mundo em que tanto mudou, em que regimes autocráticos caíram, em que a tecnologia mudou o Mundo, em que até os States foram alvo de um ataque sem precedentes às Torres Gémeas, e mesmo no Sporting Clube de Portugal de hoje já tanto se alterou em relação a esse tempo, menos naquilo que é o seu ADN, em que está implícita a cultura ganhadora que vem dos primórdios da nossa existência.

Foi precisamente no dia 12 de Agosto de 1984 que o desporto português teve a sua primeira medalha de ouro Olímpica. O palco foi a cidade norte-americana de Los Angeles, e o feito foi conseguido pelo campeão dos campeões, o nosso Carlos Lopes. A particularidade maior desse feito, foi não só a medalha de ouro daquele atleta invulgar, com uma capacidade ainda hoje nunca vista que pôs os portugueses espalhados pelo Mundo em êxtase, como ainda o recorde Olímpico da maratona, que haveria de perdurar no tempo 24 anos.

Dessa madrugada, do então teenager que havia em mim, e na ausência dos meus pais, que se encontravam de férias, recordo o nervoso miudinho, mas sobretudo o momento em que Carlos Lopes entra no estádio destacado e já não lhe fugia o ouro. Pulei, gritei, chorei de alegria até. Tinha então um gato siamês que me acompanhava quase desde bebé, o Kimba, e a recordação é de ele - sim, parece mentira - se pendurar literalmente na televisão a ver o 'nosso' Carlos Lopes a cortar a meta.

Foi esse, depois das vitórias do Sporting no Campeonato Nacional de futebol de 1980 e 1982, juntamente com a conquista da Taça dos Campeões Europeus de hóquei em patins em 1977, os meus momentos mais marcantes do meu Sportinguismo na fase de adolescente. Apenas superado pelo dia em que pelas mãos de meu pai, e acompanhado do Sr. Olímpio, o Sócio proponente - tempos em que existia essa obrigação para se ser Associado do Sporting CP -, entrei pela secretaria do antigo estádio e me fiz sócio em menino, que me faz ser hoje tão garbosamente o número 4375-0.

Quis o destino que depois de 1984, e de rejubilar com o feito do grande campeão Carlos Lopes, tivesse tido o prazer de o conhecer pessoalmente, e a cada momento em que estive com ele recordar-me daquela madrugada de 1984, entre tantos outros feitos com a camisola das quinas ou com o Leão rampante ao peito.

Ele, para mim, é o campeão maior de um clube que é o meu - nosso - feito de uma história de campeões e de figuras gradas do desporto português e até internacional. Já se ganhou tanta coisa, a tanta tarde e noite de glória assisti ao vivo ou através da televisão, mas a efeméride do dia 12 de Agosto de 1984 fez-me rebobinar as memórias... e que belas elas foram.

Obrigado ao Carlos Lopes, esse Leão viseense, mais propriamente de Vildemoinhos, de uma têmpera como ninguém, e que para ele ganhar, naquele jeito tão peculiar e franzino, era como respirar, fazia-o naturalmente.

São momentos como este que me faz repetir vezes sem conta que ser Sportinguista não se explica, sente-se.

Obrigado, Sporting Clube de Portugal. Obrigado, Carlos Alberto de Sousa Lopes!

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