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Opinião

Grandeza

Por Pedro Almeida Cabral
23 Jun, 2022

A grandeza de uma instituição mede-se pelas marcas que deixa no tempo. Se se tratar de uma associação desportiva, haverá a tentação de contabilizar títulos para saber quão grande ela é. Mas essa contagem será fraco exercício para tamanha tarefa. O que verdadeiramente conta é o que se dá à comunidade e que perdura. Aquilo que se deixa nos corações e nas mentes e que fica para sempre.  O Sporting Clube de Portugal é, sem dúvida alguma, a grande instituição desportiva portuguesa. A influência que o Clube deixou na história do desporto em Portugal é imensa e, em muitas modalidades, a história do país confunde-se com a própria história do Sporting CP. Além de, desde a sua fundação, o Sporting CP nunca se ter afastado do que sempre foi uma das suas missões: educar através do desporto, formando não somente atletas, mas pessoas.

Foi há 20 anos que a Academia Sporting foi inaugurada. Um projeto pioneiro e revolucionário como nunca se tinha visto em Portugal. Na verdade, só mesmo o nosso Clube, com a sua valência formadora tão desenvolvida, é que tinha perfil para avançar para um modelo de formação centrado no atleta. A Academia não foi mais que a concretização da maneira de o Sporting CP estar no desporto. Como sabemos, nada mais foi o mesmo em Portugal. A filosofia subjacente à Academia acabou por ser adoptada pelos outros clubes e, ainda hoje, a nossa Academia é uma referência mundial na formação de futebolistas.

Em termos desportivos, o nome de Cristiano Ronaldo bastaria para avaliar a valia do projecto. Só que seria muito redutor. Poderíamos falar em muitos mais nomes que singraram internacionalmente como Rui Patrício, William Carvalho, Nani ou o mais recente, Nuno Mendes. Estes e outros jogadores tornaram a Academia um projecto financeiramente sustentável e desportivamente bem-sucedido. Mas nem só deles se faz a história da nossa Academia. Faz-se também de todos os que passaram por Alcochete e que guardam valiosas memórias do que o Sporting CP lhes ensinou. Ainda há dias, Eric Dier, de visita, declarou, agradecido, que devia toda a sua vida desportiva ao Sporting CP. É esse o sentimento de muitos que passaram por lá.

Aos actuais 250 jogadores que treinam na Academia, só posso desejar que tenham o futuro com que sonham. E a todos os que trabalham apoiando a formação integral dos nossos jovens, que continuem com o trabalho dos últimos 20 anos. Com os investimentos que foram feitos recentemente e com os que estão em preparação, os próximos 20 anos da Academia prometem ser ainda mais risonhos, continuando a marcar pela diferença gerações de jovens que absorvem os valores inerentes à cultura desportiva Leonina. É essa a marca que deixamos. E é essa a marca que faz o Sporting CP grande.

20.º aniversário Academia Cristiano Ronaldo

Por Frederico Varandas
23 Jun, 2022

Editorial da edição n.º 3877 do Jornal Sporting

Assinalou-se, na passada terça-feira, um marco importante na História do Sporting Clube de Portugal − duas décadas de um projecto que nasceu pioneiro e que teve necessidade de se reinventar e modernizar, de forma a acompanhar a evolução dos novos tempos.

A formação é um dos pilares do nosso ADN, uma História de glória e a base do futuro do Clube.

A Academia Cristiano Ronaldo é, e tem sido, a bandeira da formação do Sporting CP. E se é verdade que já tem 20 anos, tendo sido o primeiro centro de treino especializado em futebol em Portugal, o projecto pioneiro de formação de futebol do Sporting CP nasceu há mais de quatro décadas. Um projecto muito assente na visão estratégica do nosso querido Aurélio Pereira e cimentado por centenas de treinadores, scouts, preparadores físicos, professores e inúmeros colaboradores.

40 anos a formar talento. 40 anos a formar dos melhores jogadores que o nosso país conheceu. 40 anos a alimentar a selecção nacional: Paulo Futre, Litos, Luís Figo, Emílio Peixe, Abel Xavier, Nuno Valente, Beto, Dani, Simão Sabrosa, Marco Caneira, Carlos Martins, Beto (GR), José Fonte, Hugo Viana, Ricardo Quaresma, Custódio, Silvestre Varela, Cristiano Ronaldo, João Moutinho, Miguel Veloso, Nani, Daniel Carriço, Rui Patrício, Adrien Silva, André Martins, Cédric Soares, William Carvalho, Ricardo Pereira, João Mário, Eric Dier, Rúben Semedo, Bruma, Gelson Martins, Daniel Podence, João Palhinha, Rafael Leão, Gonçalo Inácio e Nuno Mendes.

De todos estes, temos, obrigatoriamente, de destacar Cristiano Ronaldo, que dá o nome a esta Academia, por ser o melhor jogador português de todos os tempos e pela conquista de cinco Bolas de Ouro. Também Luís Figo, que foi uma vez Bola de Ouro, e Paulo Futre, que foi Bola de Prata. Não há outro clube no Mundo que tenha formado tantos Bolas de Ouro e Prata e este feito, simplesmente admirável e único, coloca-nos no topo das melhores formações da História do futebol mundial.

Mas se é verdade que o projecto da formação se iniciou há mais de 40 anos, também é verdade que foi com o nascimento da Academia que passámos para outro patamar. E essa mudança de paradigma deveu-se à visão e à capacidade de execução desta obra por parte dos presidentes José Roquette e Dias da Cunha. Foi um projecto visionário que anos mais tarde, e para bem do futebol português, os nossos adversários copiaram.

Nesta casa nasceu a base que conquistou o título mais importante da História da nossa selecção, o Campeonato da Europa de 2016, onde dez dos 14 jogadores que jogaram essa histórica final foram formados no Sporting CP.

O Sporting CP, assim como o SL Benfica, o FC Porto e, recentemente, o SC Braga são não só clubes formadores como são “municiadores” da nossa selecção nacional. Formação essa que custa dezenas de milhões de euros por ano a estes clubes e que, infelizmente, são esquecidos não pelo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), mas pelas figuras do Estado aquando das fantásticas vitórias da nossa selecção. Vitórias essas que resultam de um trabalho brilhante da FPF.
Ainda assim, é sempre importante relembrar que, na sociedade de hoje, são os clubes os maiores responsáveis pela promoção do desporto em Portugal. Ao contrário do que acontece em muitos outros países em que essa promoção é feita pelo Estado.

Mas não foram só dias de sol nestes 20 anos de Academia. Houve também algumas tempestades, tais como o horrível dia 15 de Maio de 2018, conhecido pelo dia do ataque a Alcochete, e os dois anos de pandemia. Dois acontecimentos muito duros, que não só conseguimos ultrapassar como nos tornaram ainda mais competentes, fortes e competitivos.

Desde Setembro de 2018 que a Academia e a formação do Sporting CP foram a prioridade das prioridades para esta administração. Aqui foram investidos a grande maioria dos nossos recursos financeiros e as nossas energias. Em quatro anos temos uma academia praticamente nova, moderna e de última geração: remodelação completa da ala profissional e da formação, remodelação dos ginásios interiores, transformação do campo coberto sintético num ginásio único com capacidade para três equipas em simultâneo, criação da unidade de performance transversal a todos os escalões de formação, criação do gabinete de observação e análise transversal a todos os escalões de formação, remodelação completa do departamento médico e zona de recuperação, remodelação dos refeitórios da formação e da ala profissional, substituição de todos os relvados e, para terminar, e talvez o mais importante, o maior investimento que alguma vez foi feito em recursos humanos cientificamente reconhecidos na área do treino, na prospecção e na área da saúde.

Todos estes investimentos nas infra-estruturas, nos recursos humanos e o processo de trabalho assente no modelo centrado no jogador (modelo criado por nós) levaram ao reconhecimento da ECA (European Club Association), vencendo em 2021 a distinção de Melhor Clube da Europa na categoria de Futebol de Formação.

Também a recente conquista do Campeonato Nacional sénior na época 2020/2021 ficou marcada com o selo da Academia e pela coragem e competência do nosso treinador e da sua equipa técnica: foram dez os jogadores campeões que foram formados no Sporting CP, dos quais oito com idades entre os 16 e os 22 anos.

Nesta casa formação significa formar. Formar do ponto de vista técnico, táctico, físico, mas também do ponto de vista de carácter e valores. E nestes quatro anos temo-nos dedicado, e muito, nesse campo da formação.

Nesta casa não temos qualquer problema em afirmar que formar vem primeiro do que ganhar. O objectivo da formação do Sporting CP (Academia Cristiano Ronaldo, Pólo EUL e as Academias de Formação Sporting) é formar jogadores: formá-los e produzi-los para a equipa principal. Este é o objectivo número 1. Mas, para quem tinha dúvidas, se era possível ter sucesso desportivo com este “modelo centrado no jogador”, as bem recentes vitórias inquestionáveis dos Campeonatos Nacionais de sub-15 e sub-17 e as largas dezenas de internacionais nos escalões de formação são a resposta.

A Academia Cristiano Ronaldo, a formação do Sporting CP, tem uma página de ouro na História do Clube e do futebol português, mas tem sobretudo nas suas mãos a sustentabilidade, o sucesso e o futuro do Sporting CP. Saibamos cuidar dela que ela saberá cuidar do Clube.

A todos, muito obrigado!

Um hino ao andebol

Por Miguel Braga
16 Jun, 2022

Editorial da edição n.º 3876 do Jornal Sporting

O mais conceituado dos treinadores portugueses afirmou que “as finais não são para jogar, são para ganhar”. Não querendo de alguma forma contrariar José Mourinho, melhor que ganhar uma final, é ganhar a final num jogo épico, renhido, com emoções a baterem forte até ao apito final. Assim foi na Taça de Portugal de andebol, disputada no modelo final four no Centro de Congressos e Desportos de Matosinhos.

Comecemos pelas meias-finais, onde o Sporting CP jogou e bateu o SL Benfica por 33-30, liderado por um incansável Martim Costa que marcou um terço (11) dos golos da equipa e o conjunto fez “uma das melhores primeiras partes da época”, segundo as palavras do treinador Ricardo Costa. No fim do encontro, já era conhecido o adversário: o FC Porto que na outra meia-final venceu o Madeira SAD por 35-29.

Para a final, o Sporting CP sabia que tinha de apresentar-se na máxima força: do outro lado da arena de jogo estava o detentor do troféu e um rival que tem dominado a modalidade nos últimos anos. Mas apesar desse novo estatuto, os jovens Leões entraram em campo com a certeza de quem tem uma missão para cumprir e sabendo também que poderiam acrescentar ao palmarés do Clube a 16.ª Taça de Portugal de andebol. E assim foi.

O Sporting CP venceu o FC Porto por 35-36, após dois prolongamentos, com destaque para o terceiro membro da família Costa, para o caso o Francisco, que marcou 13 dos golos Leoninos. No final das duas partes o marcador encontrava-se empatado a 26 golos. E foi ainda necessário um segundo prolongamento porque a três segundos do fim Jens Schöngarth fez o 30-30 e obrigou a novas doses de ansiedade − ansiedade controlada na perfeição pelos jovens Leões que depois de conseguirem uma vantagem de dois golos no marcador não mais deram hipóteses aos rivais do Norte, acabando o jogo com uns incríveis 35-36. “Ganhámos ao melhor SL Benfica e ao melhor FC Porto da história. Não me lembro de uma Taça assim, foi uma excelente promoção para o andebol português”, disse no final um visivelmente satisfeito Ricardo Costa. A todos os envolvidos, os mais sinceros parabéns. Apesar de ser o Clube com mais Taças de Portugal de andebol no currículo, o Sporting CP não vencia a competição desde 2013/2014.

Para finalizar, mais uma nota vitoriosa: vencemos o Campeonato Nacional de sub-17, depois de ganharmos 2-0 ao SC Braga no Estádio Aurélio Pereira, em Alcochete, na Academia Cristiano Ronaldo. Sobre a fantástica conquista da equipa liderada por José João Gomes, umas notas:

- Em 33 jogos em competições nacionais, a equipa de juvenis registou 28 vitórias, três empates e apenas duas derrotas;
- No total, os sub-17 marcaram 141 golos, sofrendo apenas 15 durante a temporada;
- Em 97% dos jogos da presente época, a equipa marcou sempre, sendo que a última derrota registada aconteceu há mais de 100 dias (27 de Fevereiro de 2022);
- Quanto a destaques individuais: Pedro Silva foi o jogador mais utilizado (2.685 minutos), Vivaldo Semedo o melhor marcador com 24 golos em 23 jogos e Guilherme Santos, o rei das assistências com 18 passes decisivos para golo.

O futuro vai ser escrito a verde e branco.

À Nossa Maneira

Por Pedro Almeida Cabral
16 Jun, 2022

Quem tirou a final da tarde do último domingo para assistir à final da Taça de Portugal em andebol, não teve inteira noção de que iria ver um dos mais espectaculares jogos de andebol dos últimos anos. De um lado, estava o experiente FC Porto, tricampeão nacional e detentor da Taça, treinado pelo sueco Magnus Andersson, que ainda não tinha perdido nenhum troféu desde que está em Portugal. Do outro lado, o Sporting Clube de Portugal, com uma equipa jovem, em construção, treinada por Ricardo Costa, no seu primeiro ano em Alvalade. O favoritismo ia todo para a equipa portista. Tanto pela valia de alguns nomes bem conhecidos do andebol nacional, como por já não perder com o Sporting CP há, sensivelmente, três anos. O que o FC Porto não contava era com a intensa fome de vencer do sete Leonino, que não deixou nada por jogar em campo. E foi assim que, corrida a hora do jogo mais dois prolongamentos de dez minutos cada, ganhámos a Taça por 36-35.

Como o resultado indica, o embate foi disputado lance a lance. O início do jogo foi perro, sem ascendente claro. Embora, com o passar do tempo, o FC Porto cavasse diferença expressiva. Pouco antes do intervalo, ganhava por cinco. Valeu o acerto atacante Leonino que, de rajada, fechou o 13-15 da primeira meia hora. Na segunda parte, o equilíbrio foi a nota dominante. Deveu-se à sagacidade do nosso treinador que soube transmitir à equipa indicações mais precisas para alternar a defesa à zona com o 6-1. E a Manuel Gaspar, que ocupava a baliza toda (eficácia defensiva de 30%). Já Kiko Costa jogava e fazia jogar com a frescura e o atrevimento dos seus 17 anos. Perto do fim, seguimos finalmente na frente, mas os deuses queriam mais e empurraram as equipas para os dois prolongamentos. Foi aí que alguns corações mais fracos poderiam ter cedido. O FC Porto chegou a ter dois golos de vantagem que de nada serviram, pois, com onze segundos para o fim do primeiro prolongamento, Schöngarth, sobre a buzina, empatou tudo novamente. Já o segundo prolongamento, escreveu-se sempre a verde e branco: nunca estivemos em desvantagem até à vitória final, que foi formosa e bem segura. Kiko Costa, como não podia deixar de ser, foi o MVP do jogo e o melhor marcador, com 13 golos.

Foi a nossa 16.ª Taça de Portugal depois de três finais em que saímos derrotados (uma das quais, contra o SL Benfica, em 2016, ainda me causa calafrios, mal perdida que foi). Continuamos a ser o Clube com mais Taças, quase dobrando as do FC Porto. Para pôr as mãos na Taça deste ano, eliminámos o SL Benfica, vencedor da Liga Europeia, e o campeão FC Porto. É esta a medida do nosso sucesso. Esta Taça, assente num projeto desportivo que privilegia a formação e jogadores jovens, alicerçado numa intensidade competitiva que busca a vitória em todos os jogos, é a essência do Sporting CP. Mais do que muitos troféus, este foi mesmo conquistado à nossa maneira.

Esforço, Dedicação, Devoção e Glória

Por Juvenal Carvalho
16 Jun, 2022

O andebol do Sporting Clube de Portugal aplicou na plenitude o lema do nosso Clube, no passado fim-de-semana em Matosinhos. O Esforço, a Dedicação e a Devoção foram o verdadeiro mote para alcançar a tão ansiada Glória, que deixou em êxtase os Sportinguistas presentes no pavilhão, e muitos foram, bem como os milhares que viram através da televisão a conquista da décima sexta Taça de Portugal da modalidade, a que acrescem ainda no palmarés duas Taças Challenge, − o que faz de nós o clube português que mais competições europeias ganhou na modalidade − bem como 21 Campeonatos Nacionais e três Supertaças, num palmarés digno da grandeza da nossa instituição. 

No Desporto fala-se muitas vezes em projectos e em 'anos zero'. Valendo isso o que vale, a verdade é que a forma como o Sporting CP este ano apostou na modalidade, de forma assertiva, e sobretudo a mudar o paradigma do que vinha sendo feito ultimamente.

Este ano, a juntar aos jogadores da nossa "cantera", como Manuel Gaspar, Francisco Tavares, Edmilson Araújo, Salvador Salvador e António Machado, a aposta foi em jovens − e que jovens − de tanto talento como os irmãos Martim Costa e Kiko Costa, este último não me lembro mesmo de ter visto algo parecido com apenas 17 anos,  que vieram acompanhar o seu pai e treinador Ricardo Costa, numa aposta muito acertada pela secção, a que juntaram ainda André José e o georgiano Erekle Arsenashvili, jovens promissores vindos do ABC de Braga, o guarda-redes tunisino Yassine Belkaid vindo do Vitória de Setúbal, os jovens cubanos Hanser Rodriguez e Ronaldo Almeida, num protocolo com Cuba que pode dar frutos futuros. Vieram ainda os espanhóis Natán Suarez, Josep Folqués e Mamadou Gassama, bem como o pivot dinamarquês Jonas Tidemand que se juntariam à maturidade nesse tão bom binómio experiência versus juventude, que asseguraram Matevz Skok, o "mago" Carlos Ruesga e o "bombardeiro" alemão Jens Schongarth, importantíssimos nesta conquista e na época excelente que o andebol fez.

Se no campeonato nacional foram detalhes e até o excesso de dureza permitida aos "dragões" pelos árbitros no jogo do 'João Rocha' que tudo decidiu, na Taça tudo mudou. Foram uns Leões famintos e esplendorosos que venceram na meia-final o eterno rival e na final com dois prolongamentos de sangue, suor e lágrimas, o rival do Norte,

Claro que em nada existe a perfeição e mesmo o que está bem pode ser melhorado. Mas objectivamente o que foi feito, e coroado de êxito, foi simplesmente fantástico. Agora, que está fechado o pano de 21/22, já ansiamos pela nova época, em que temos perspectivas de entrar na Champions League através de um wild card pelo segundo lugar alcançado no Campeonato Nacional.

Este Leão, pese ter contornos de "bebé", deixou o registo de umas unhas bem afiadas e uma marca identitária de tanto querer.

Agora é continuar o trabalho. A qualidade está lá. E quando assim é, o êxito fica mais próximo.

O Sistema que insiste em não mudar

Por Miguel Braga
09 Jun, 2022

Editorial da edição n.º 3875 do Jornal Sporting

Para modernizar e tornar mais transparente o futebol português, o Sporting CP apresentou esta semana na Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional várias propostas nesse sentido.

Da mesma forma que só nos podemos congratular pela aprovação da proposta para que as sanções de suspensão passem a ser cumpridas obrigatoriamente entre a data do primeiro e do último jogo oficial de cada época – acabando de uma vez por todas com os famigerados “castigos nas férias” −, não podemos deixar de lamentar que os nossos rivais tenham recusado a aprovação de medidas que melhorariam o futebol português.

Medidas estruturais, como o acesso às gravações das conversas entre a equipa de arbitragem e o VAR, para uso de prova em sede de procedimento disciplinar – para não ir mais longe e falar na constante resistência contra aquilo que já podemos ver em outras modalidades, como no rugby, em que os árbitros explicam as decisões aos capitães, explicação essa audível no estádio e nas transmissões de televisão, com inegável valor didáctico −, ou até outras, mais simples, como o mudar de lado do banco de suplentes, que permitiria minimizar a pressão das equipas da casa sobre as equipas de arbitragem.

Também o Conselho de Arbitragem da FPF deu parecer negativo à nossa proposta sobre os áudios argumentando que a FIFA e o IFAB são contra. Há dez anos também eram contra o VAR que hoje tem a importância que tem. Estar na vanguarda implica isso mesmo, mudar as mentalidades, liderar os processos.

Em Dezembro de 2020, o Sporting CP promoveu o webinar “VAR Future Challenges” que reuniu vários especialistas internacionais para auscultar problemas e debater possíveis soluções para melhor utilização da ferramenta que chegou para ficar no futebol: o VAR. Relembro que estiveram presentes Paddy O'Brian e Nigel Owens, árbitros internacionais de rugby (modalidade com a sua própria versão do VAR, designada TMO – Televison Match Official), Keith Hackett, antigo árbitro inglês de futebol, Greg Barkey, árbitro da MLS (Liga Norte-Americana de futebol), Gijs de Jong, secretário-geral da Federação Holandesa de Futebol, Alexander Ernst e Jochen Dree, da Federação Alemã de Futebol, Helena Pires, da Liga Portugal e também José Fontelas Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). 18 meses depois, parece que ainda não começámos a caminhar rumo a um futuro melhor.

A mudança requer coragem e não desculpas para justificar o desfasamento entre a reprovação das propostas apresentadas e o discurso público de alguns. O Sporting CP continuará a trabalhar em prol de um futebol mais transparente, mais justo e mais moderno. E, por certo, continuará também a lutar sempre contra este sistema instalado que insiste em não mudar.

Vantagem

Por Pedro Almeida Cabral
09 Jun, 2022

Em boa hora regressou o hóquei em patins ao Pavilhão João Rocha. Depois de um jogo no rinque do SL Benfica em que, de parte a parte, houve cenas que nada têm a ver com o desporto, o terceiro jogo da meia-final do Campeonato Nacional de hóquei em patins entre o Sporting Clube de Portugal e o SL Benfica foi exemplar. Por várias razões. A primeira foi que ambas as equipas se entenderam e jogaram sem picardias nem discussões. Como deve ser. Além disso, o embate foi um belíssimo espectáculo sobre rodas, fluído e emocionante, com jogadas bem desenhadas e golos fabulosos. Nas bancadas, os Sócios e adeptos responderam à convocatória do nosso treinador Paulo Freitas e recriaram um grande ambiente, empurrando a nossa equipa para uma clara vitória por 4-2. Por fim, talvez tenha sido o melhor jogo do Sporting Clube de Portugal este ano contra o SL Benfica. Vencemos. Mas sobretudo convencemos que podemos estar novamente na final e defender o título de campeões nacionais perante o FC Porto. 

Os triunfos são mais saborosos quando exigem mais de nós. E foi o que sucedeu. O SL Benfica entrou fulgurante e numa fase inicial do desafio adiantou-se no marcador. Mas os nossos hoquistas souberam reagir. Em vez de deixar os adversários abalançarem-se para o segundo e cavarem vantagem, o nosso “cinco” cresceu e partiu para cima do jogo. Ferran Font abriu a contagem e Gonzalo Romero, em recarga de livre directo, fechou a reviravolta ainda antes do intervalo. Na segunda parte, toda a ofensiva Leonina cresceu, com o SL Benfica a ficar mais recuado. Seria Alessandro Verona a dar corpo a esse domínio: desferiu uma potente stickada de fora da área ao ângulo e fez o golo da noite. João Souto, assistido por Ferran Font, faria o nosso quarto golo. O SL Benfica ainda reduziria marcando o segundo. Mas já era tarde para inverter o rumo da vitória Leonina, que não deixou dúvidas nem levantou hesitações.  

Estamos em vantagem na eliminatória. E uma vantagem é apenas isso mesmo: uma vantagem. Nada está ganho nem resolvido. Vamos sexta-feira ao Pavilhão da Luz cientes que estamos perto. Mas não estamos lá. É necessária toda a frieza, concentração e aprumo táctico para ganhar mais um jogo perante o SL Benfica. Como disse o nosso guardião Ângelo Girão antevendo esse jogo, “vamos dar tudo para vencer”. Pelo que jogou a equipa nesta memorável vitória, acreditamos todos que assim será.

Chen Shi Chao o "Senhor Ténis de Mesa"

Por Juvenal Carvalho
09 Jun, 2022

Ganhar é decididamente o nome do meio do nosso ténis de mesa. É de antanho. E por falar em antanho, eu ainda sou do tempo, como naquele tão bem conseguido slogan publicitário, de assistir a jogos fantásticos na sala da central do velhinho Estádio José Alvalade, tempo esse em que os jogos eram às sextas-feiras à noite e que entravam, quando equilibrados, e com a sala completamente cheia, literalmente pela noite dentro.

Do tempo em que pontificavam então José Alvoeiro, José Barroso, José Marquês e Ivanoel Moreira, entre outros, e em que pouco tempo depois, mais concretamente em 1989, haveria de chegar ao nosso país Chen Shi Chao, o "chinês voador". Quem diria que passados 33 anos, e com apenas um breve interregno de Leão ao peito, se tenha tornado um mestre, uma verdadeira lenda. É mesmo o "senhor ténis de mesa" do nosso clube... com três décadas com inúmeros troféus entre jogador e treinador. Que personifica na plenitude o ideal de Francisco Stromp. Chen Shi Chao, com quem privei fugazmente, pese ser espectador assíduo da modalidade, é um homem de grande humildade e carácter. Daquela têmpera com que se fazem os verdadeiros campeões.

Quando chegou a Portugal pontificavam então jovens como Pedro Miguel, Nuno Dias e João Portela, também eles integrantes de uma geração dourada com inúmeros títulos. Hoje, aos 61 anos de idade, Chen Shi Chao convive com as conquistas dos seus comandados com uma incrível naturalidade. No passado dia 7 de Junho o Sporting Clube de Portugal, ao derrotar os açorianos do Juncal, alcançou o seu trigésimo nono título de campeão nacional, com o primeiro a datar de 1946, a que junta mais 33 Taças de Portugal e 16 Supertaças. Um historial incomparável e sem paralelo na história da modalidade. Se hoje é Miguel Almeida o coordenador do ténis de mesa, um homem que me dá a honra de ser seu amigo, tal como Estevão Correia e Carlos Santos, também dois amigos e dirigentes de muitos anos que ainda por lá andam na modalidade que amam, não me posso esquecer de José Dias, Folga da Silva, e do também meu bom amigo Adérito Ribeiro, que deram tanto da sua vida em prol desta modalidade. Sendo o ténis de mesa uma modalidade universal, praticada por milhares e milhares, com a China a ser a sua "pátria", Chen Shi Chao é, aos dias de hoje, a figura maior no nosso Clube de uma modalidade com uma história imensa desde os primórdios da mesma. Tantas e tantas figuras nos deram alegrias atrás de alegrias. Quem diria que aquele jovem de então, chegado ao Sporting CP há 33 anos, se tornaria uma lenda do nosso Clube? Mas sim, é factual. Falar de ténis de mesa do nosso Clube sem falar de Chen Shi Chao, o nosso "mestre", é impossível. Mais uma vez foi o treinador campeão, liderando desta feita o trio de jogadores formado por Diogo Carvalho, Diogo Silva e Bode Abiodun.

 Parabéns a todos!

 

 

PS − No passado domingo, dia 5 de Junho, fui galardoado em Ílhavo pelo núcleo daquela cidade, presidido por António Rosa Novo, com o 'Moliceiro' ao "lado" de Edgar Vital, o meu 'pai' desportivo. Um orgulho imenso. Um momento que jamais esquecerei. Saí de lá ainda mais Sportinguista.

 

Ganhar é decididamente o nome do meio do nosso ténis de mesa. É de antanho. E por falar em antanho, eu ainda sou do tempo, como naquele tão bem conseguido slogan publicitário, de assistir a jogos fantásticos na sala da central do velhinho Estádio José Alvalade, tempo esse em que os jogos eram às sextas-feiras à noite e que entravam, quando equilibrados, e com a sala completamente cheia, literalmente pela noite dentro.

Do tempo em que pontificavam então José Alvoeiro, José Barroso, José Marquês e Ivanoel Moreira, entre outros, e em que pouco tempo depois, mais concretamente em 1989, haveria de chegar ao nosso país Chen Shi Chao, o "chinês voador". Quem diria que passados 33 anos, e com apenas um breve interregno de Leão ao peito, se tenha tornado um mestre, uma verdadeira lenda. É mesmo o "senhor ténis de mesa" do nosso clube... com três décadas com inúmeros troféus entre jogador e treinador. Que personifica na plenitude o ideal de Francisco Stromp. Chen Shi Chao, com quem privei fugazmente, pese ser espectador assíduo da modalidade, é um homem de grande humildade e carácter. Daquela têmpera com que se fazem os verdadeiros campeões.

Quando chegou a Portugal pontificavam então jovens como Pedro Miguel, Nuno Dias e João Portela, também eles integrantes de uma geração dourada com inúmeros títulos. Hoje, aos 61 anos de idade, Chen Shi Chao convive com as conquistas dos seus comandados com uma incrível naturalidade. No passado dia 7 de Junho o Sporting Clube de Portugal, ao derrotar os açorianos do Juncal, alcançou o seu trigésimo nono título de campeão nacional, com o primeiro a datar de 1946, a que junta mais 33 Taças de Portugal e 16 Supertaças. Um historial incomparável e sem paralelo na história da modalidade. Se hoje é Miguel Almeida o coordenador do ténis de mesa, um homem que me dá a honra de ser seu amigo, tal como Estevão Correia e Carlos Santos, também dois amigos e dirigentes de muitos anos que ainda por lá andam na modalidade que amam, não me posso esquecer de José Dias, Folga da Silva, e do também meu bom amigo Adérito Ribeiro, que deram tanto da sua vida em prol desta modalidade. Sendo o ténis de mesa uma modalidade universal, praticada por milhares e milhares, com a China a ser a sua "pátria", Chen Shi Chao é, aos dias de hoje, a figura maior no nosso Clube de uma modalidade com uma história imensa desde os primórdios da mesma. Tantas e tantas figuras nos deram alegrias atrás de alegrias. Quem diria que aquele jovem de então, chegado ao Sporting CP há 33 anos, se tornaria uma lenda do nosso Clube? Mas sim, é factual. Falar de ténis de mesa do nosso Clube sem falar de Chen Shi Chao, o nosso "mestre", é impossível. Mais uma vez foi o treinador campeão, liderando desta feita o trio de jogadores formado por Diogo Carvalho, Diogo Silva e Bode Abiodun.

 Parabéns a todos!

 

PS − No passado domingo, dia 5 de Junho, fui galardoado em Ílhavo pelo núcleo daquela cidade, presidido por António Rosa Novo, com o 'Moliceiro' ao "lado" de Edgar Vital, o meu 'pai' desportivo. Um orgulho imenso. Um momento que jamais esquecerei. Saí de lá ainda mais Sportinguista.

Rainhas

Por Pedro Almeida Cabral
02 Jun, 2022

Um jogo de futebol feminino não é só um jogo de futebol feminino. São 90 minutos em que também se joga contra o sexismo que ainda domina parte do desporto e que faz com que as modalidades femininas sejam vistas como subalternas em relação às masculinas. Por isso, quando entram em campo, as nossas 11 jogadoras estão também a combater este estado de coisas. Podiam estar, como estão os seus congéneres masculinos, apenas a defender pressionando, a fazer difíceis assistências ou a marcar belos golos. Mas não. Têm também que jogar para provar que o podem fazer tão bem como os homens. Pelo menos para alguns que ainda cultivam preconceitos como forma de vida. Ter que não somente jogar, mas provar que se sabe jogar é um peso que os homens não têm e não sabem o que é carregar. Virá o tempo em que tudo será diferente e palavras como as que escrevo deixarão de fazer sentido. Quando esse tempo chegar, serão lembradas as jogadoras de hoje, que abriram caminho para as jogadoras de amanhã. Entre elas, estarão, sem dúvida alguma, as nossas rainhas da Taça de Portugal deste ano.

Foi mais uma conquista histórica para o futebol feminino do Sporting Clube de Portugal. Depois das duas Taças seguidas de 2017 e 2018, veio a terceira Taça, a de 2022. Passámos a ser o segundo clube com mais vitórias na prova, a quatro do 1.º de Dezembro, deixando para trás o Futebol Benfica. Mas há mais história neste título. Mariana Cabral é a primeira a ganhar a Taça como jogadora (ao serviço do 1.º de Dezembro em 2012) e como (nossa) treinadora. O Sporting CP continua com um percurso imaculado: em três finais, três Taças.

Ganhámos por 2-1 num jogo emocionante. Do lado do Sporting CP, a consistência contruída ao longo da época, com linhas bem definidas e construção apoiada. Já o Famalicão FC apostava num futebol mais solto com incursões rápidas e recuperações de bola em zona adiantada do campo.

O primeiro golo castigou um penálti claro por mão do Famalicão FC. Joana Marchão não falhou e com remate forte de pé esquerdo abriu o marcador. Já na segunda parte, Chandra Davidson aproveitou uma bola perdida e marcou o segundo. Um golo inteiramente merecido da mulher do jogo, que, como se diz, “partiu” a defesa famalicense. Mas não estava o jogo sentenciado. A nossa guarda-redes Doris Bačić defendeu brilhantemente um penálti e, após o golo das minhotas ao cair do pano, soubemos segurar o resultado. 

No final, quando subiram à Tribuna do Jamor para erguer a Taça bem alto, as nossas jogadoras levavam a emoção espelhada no rosto. Eu, que por dever de ofício estava lá ao pé, testemunhei de perto que a felicidade da conquista que o desporto traz é das melhores recompensas. O que é exactamente igual para homens e mulheres. 

Obrigado, Professor!

Por Juvenal Carvalho
02 Jun, 2022

Em 2019, longos 24 anos depois de um abandono que deixou o eclectismo do Clube mais pobre, o Sporting Clube de Portugal regressou ao basquetebol pela porta grande.

E que melhor escolha para abrir a porta do regresso haveria de ter o nosso Clube, que não o treinador cujo êxito e ele funcionam como almas gémeas. Ganha quase como respira, naturalmente. A palavra vitória repetiu-se vezes sem conta no seu vocabulário.

Falo obviamente de Luís Magalhães. O trabalho, a competência e a capacidade foram o seu apanágio ao longo de uma carreira com conquistas atrás de conquistas por onde passou. Estava, ao momento do nosso regresso, afastado da modalidade por sua escolha pessoal. Vivia entre os States e o nosso país, mais concretamente por Aveiro, onde reside. Até que apareceu o Sporting no basquetebol e o seu telefone tocou.

Ele seguramente não me levará a mal que confidencie que desde a Austrália então me disse, numa conversa informal, à margem das negociações, lideradas por Miguel Afonso, que só o Sporting CP o traria de regresso. Pelo Clube, mas sobretudo pelo seu falecido irmão Arnaldo, que vivia o nosso Clube apaixonadamente, tão apaixonadamente que se o visse a treinar o "seu" Sporting, lhe daria a maior alegria da sua vida.

Três anos depois, mas apenas com duas épocas de competições oficiais por causa da pandemia COVID-19, o professor Luís Magalhães conquistou, em homenagem ao seu irmão Arnaldo, mas também, e claro, a todo o universo Sportinguista, seis troféus − um Campeonato Nacional, três Taças de Portugal, uma Taça Hugo dos Santos e uma Supertaça − e chegou aos quartos-de-final das provas europeias, mais concretamente da FIBA Europe CUP. 

Homem que respira basquetebol e que muitos não apreciam, uns por inveja e outros por mesquinhez, terá defeitos, porque é humano, mas vive da frontalidade, acredita no seu trabalho e tem a coragem de chamar os bois pelos nomes. Defende com unhas e dentes o seu grupo de trabalho e nestes três anos de sucesso não fugiu ao essencial, a defesa intransigente do Sporting CP. 

Devolveu a alegria aos Sportinguistas com a marca identitária do seu trabalho. As bancadas cheias de juventude são o reflexo das conquistas obtidas. Fez o basquetebol do Sporting CP respirar saúde alicerçada em êxitos. No passado dia 26 de Maio, ao "não querer alinhar nisto", visando a Federação Portuguesa de Basquetebol, disse adeus ao Sporting CP, mas também à modalidade. Confesso que fiquei triste como apaixonado da modalidade que servi no nosso Clube. Uma certeza todos teremos. O adeus de um campeão não é fácil de colmatar. Ele é um verdadeiro predestinado para conviver com o sucesso. É feito da têmpera de que são feitos os campeões. Tem tantos e tantos atributos. Fechou o seu ciclo. É a lei natural da vida. A mim, do ponto de vista pessoal, guardarei ad eternum a maior estima pelo professor. 

O basquetebol português ficou mais pobre com o seu adeus. A vida continua e o Clube também. Perdemos um treinador, mas ganhámos um adepto. Será sempre, e para sempre, um dos nossos.

Obrigado, professor Luís Magalhães!

PS - Parabéns ao futebol feminino pela conquista da terceira Taça de Portugal. Dois troféus conquistados numa época em ano de profunda renovação. Simplesmente brilhante.

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