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Foto José Lorvão

João Pedro Araújo: "Salvaguardar a integridade física"

Por Sporting CP
28 Mar, 2020

Director-clínico do Sporting CP comenta a nova realidade e a possibilidade de as provas regressarem

O director-clínico do Sporting Clube de Portugal, João Pedro Araújo, esteve à conversa com vários meios de comunicação social para falar sobre as problemáticas do novo dia-a-dia dos atletas Leoninos, referindo que nunca foi ideia do Clube colocar a equipa a treinar em Alcochete.

“Entendemos que o futebol tinha uma palavra muito grande a dizer, de responsabilidade social. Quisemos estar na vanguarda desse exemplo que temos de dar, e, por isso, nunca quisemos abrandar as medidas. A realidade não é igual para todos os clubes e por isso também podíamos ser injustos, daí a necessidade de um acordo generalizado. Para já vamos manter esta rigidez de deixar os atletas em casa, que tem a ver também com o exemplo que queremos passar”, disse.

Nesse sentido, coube ao staff verde e branco encontrar a melhor forma de manter os atletas activos e tentar arranjar forma de não atrasar alguns processos de recuperação, de forma a não causar problemas aos jogadores: “Foram seleccionados os casos de gravidade, nos quais a falta de tratamento podia ter consequências e podia deixar sequelas. O caso mais revelante, que vinha de uma cirurgia extensa, era o do Luiz Phellype. Só ele é que está a ser tratado nas instalações do Sporting CP. Os outros, com lesões menores ou já na fase final de recuperação, continuaram os programas em casa. O Renan estava num patamar intermédio e vem pontualmente à Academia”.

Na mesma ocasião, e numa altura que ainda não se sabe em concreto se as provas se dão por encerradas ou não, João Pedro Araújo falou na necessidade de dar tempo aos jogadores antes de os jogos começarem.

“Vamos ter de necessidade de uma mini pré-época. Vai ter de ser tudo bem planeado, pois estamos a falar de uma preparação para realizar o resto do campeonato de uma forma condensada. Os atletas estão a sofrer de destreino e depois vão ter muitos jogos seguidos, de grande exigência”, começou por dizer, acrescentando: “Penso que conseguiremos encontrar uma solução, mas não podemos empurrar os atletas para este calendário sem a devida preparação. Podemos estar a cometer um erro grave e depois podem surgir lesões com consequências para as carreiras dos jogadores. Não podemos ignorar essa questão”.

“Queremos concluir o campeonato de forma responsável, sem colocar os atletas em risco desnecessário”, justificou, comentando também a necessidade de haver algum espaçamento entre os jogos: “Precisaremos sempre de três dias completos. Se tivermos um jogo ao domingo, só podemos voltar à competição na quinta-feira. Jogar domingo, quarta e depois sábado é claramente insuficiente. Colocará todos os atletas em risco de lesão. Esse risco existe sempre, mas a ciência diz-nos que aumentamos o risco e podemos deixar sequelas. Com estes três dias de intervalo estamos a salvaguardar a integridade física”.

O certo é que o regresso nunca será fácil, no entender do director-clínico verde e branco, uma vez que além do corpo parado, os jogadores, como toda a população neste momento, vivem em isolamento social: “Alguns colegas têm levantado a questão de uma eventual fobia no retorno inicial aos treinos, e será normal. A denominada agorafobia, depois de um isolamento extenso. São situações algo desconhecidas, que não foram estudadas na população desportiva, mas certamente que estamos atentos a isso. Neste período há uma certa ansiedade e daí também as sessões de treino em grupo, com todos ligados em vídeo. Depois vai ser necessário um retorno muito criterioso para controlar fobias que possam surgir”, referiu.