Leões de garra não desarmam na corrida pelo título
04 maio, 2025
Reviravolta épica ao cair do pano sobre o Gil Vicente FC (2-1)
Foi e vai ser até ao fim. Para continuar no topo da classificação da Liga, a equipa principal de futebol do Sporting Clube de Portugal recebeu e venceu o Gil Vicente FC por 2-1, este domingo à noite, no embate da 32.ª e antepenúltima jornada.
Depois de um penálti ter adiantado os gilistas na primeira parte, o jogo tornou-se de querer e não poder para os Leões, a quem nada parecia sair até que chegaram uns últimos minutos de loucos em Alvalade. A obrigatória reacção chegou tarde, mas com estrondo: Maxi Araújo, aos 81’, fez o empate e já em período de descontos, Eduardo Quaresma foi o herói ao confirmar a reviravolta com um golaço que soltou a loucura em campo e nas bancadas.
Uma vitória tão suada como valiosa, porque há um dérbi de emoções fortes na próxima jornada que pode acabar em festa e com o título nas mãos quer de Sporting CP, quer de SL Benfica, que vão entrar no Estádio da Luz com os mesmos 78 pontos.
Neste regresso ao Estádio José Alvalade, de bancadas esgotadas e ao rubro desde antes do apito inicial, os Leões foram embalados – mais uma vez – por uma recepção ao autocarro multitudinária que deu voz à sua crença. E seria mesmo uma noite, acima de tudo, de crença.
Em campo, para enfrentar um Gil Vicente FC (14.º classificado) motivado pelo seu momento actual – vinha de duas vitórias sem sofrer golos – e a precisar, apenas, de um ponto para assegurar matematicamente a manutenção, Rui Borges fez apenas duas alterações no ‘onze’ Leonino – uma delas forçada. Jeremiah St. Juste entrou para o eixo do trio de centrais, suprindo o suspenso Ousmane Diomande (a cumprir ciclo de amarelos) e Hidemasa Morita foi titular, o que não acontecia desde 15 de Março, no lugar de Morten Hjulmand – estava a um amarelo de falhar o dérbi da próxima jornada, tal como Matheus Reis.
Cumprido um minuto de silêncio – regra em todos os jogos Leoninos do fim-de-semana - pelo falecimento de José Carlos, antigo futebolista e capitão dos Leões que foi, também, um dos ‘Heróis de 1964’, a equipa verde e branca entrou no jogo ‘ligada à corrente’ e quase se gritou golo logo a abrir, mas o remate de Trincão saiu ligeiramente desviado. E o Sporting CP, dominador, continuou a entrar na área gilista sucessivamente, mas sem o acerto necessário no último momento para causar ‘mossa’, e o ritmo, a seguir, baixou.
Do outro lado, o conjunto visitante aventurou-se numa transição, pela primeira vez, à passagem do quarto de hora e Zeno Debast teve de ir ao chão, de carrinho, para evitar males maiores na área. No entanto, à segunda tiveram aproveitamento máximo e chegaram ao 0-1. Com recurso as imagens, o árbitro Tiago Martins assinalou penálti de St. Juste e, aos 25 minutos, Félix Correia – fez a sua formação no Sporting CP – rematou para fora do alcance de Rui Silva.
Balde de água fria em Alvalade, mas prontamente as bancadas fizeram por ‘empurrar’ os Leões, que voltaram a crescer, mas ainda sem aliar às ideias as melhores execuções. Entre combinações algo imprecisas por dentro, com Viktor Gyökeres sempre muito marcado, foi um movimento de fora para dentro de Geny Catamo, ao atirar às malhas laterais, que voltou a criar a sensação de perigo.
Apesar do esforço constante, o Sporting CP continuou a pecar no último passe, não conseguiu ‘ferir’ a organização do Gil Vicente FC – há três jogos sem perder como visitante - e foi a perder para o intervalo.
Durante o descanso, a equipa de hóquei em patins do Sporting CP subiu ao relvado para os merecidos aplausos pela recente conquista da Taça de Portugal da modalidade.
Depois de algumas paragens que tornaram o reatamento do encontro mais atribulado, Pedro Gonçalves ainda ganhou espaço para, de fora da área, rematar em jeito pouco ao lado do poste, mas o emblema de Barcelos – sempre pronto para jogar com o relógio - também ameaçou com um cruzamento ‘venenoso’.
Com o jogo cada vez mais tenso e sem mudanças no marcador, passada a hora de jogo, Rui Borges arriscou e fez três substituições de uma assentada, lançando Hjulmand, Geovany Quenda e Conrad Harder por St. Juste (amarelado), Morita e ‘Pote’.
Mas nada saía bem aos desinspirados Leões, sempre com mais bola, mas também com os mesmos problemas da primeira parte para criar situações de finalização. Cada vez mais, só se jogou no meio-campo adversário, e muitas vezes nas imediações e dentro da própria área gilista, mas nem os inúmeros cruzamentos, nem as combinações tentadas chegavam ao destinatário pretendido.
No entanto, tanta insistência teria os seus frutos, primeiro, aos 81 minutos, quando chegou o 1-1. Um remate de Harder bloqueado sobrou para Maxi Araújo na área e o uruguaio, de primeira, encheu o pé para a desejada erupção do ‘vulcão’ de Alvalade. Estava, finalmente, encontrado o caminho para o golo e o empate, e renovada a crença o melhor ainda estava guardado para o fim.
Já com Biel em campo – por Geny – o Sporting CP foi em busca do tudo por tudo e ficou logo muito perto de dar a volta ao marcador, não tivesse o poste negado um grande golo a Francisco Trincão. Ainda assim, os Leões não esmoreceram e chegaram à reviravolta e à vitória em mais um momento de insistência – e que momento!
Já dentro dos muito apupados cinco minutos de compensação, na sequência de um canto, a bola sobrou para a entrada da área, onde estava Eduardo Quaresma e este, em arco, encheu-se de inspiração para um remate perfeito que só parou no fundo das redes, deixou o guardião Andrew Ventura pregado ao relvado, soltou a euforia em Alvalade, dentro e fora de campo, e o próprio defesa acabou lavado em lágrimas.
Embora a muito custo, a festa foi grande e verde e branca após o apito final, que confirmou o 15.º jogo consecutivo Leonino sem perder. E isto antes do dérbi mais aguardado e decisivo de que há memória.
Na Luz, este sábado (18h00), o duelo entre águias e Leões pode valer o título a qualquer um dos emblemas, mesmo com a última jornada ainda em falta. Neste jogo de cenários, o Sporting CP sagra-se logo Bicampeão Nacional em caso de vitória no dérbi, enquanto o empate serve para continuar no primeiro lugar, apesar da igualdade pontual – fruto do triunfo por 1-0 na primeira volta que garantiria a vantagem no confronto directo; o SL Benfica, para ser imediatamente campeão, tem de ganhar por uma margem de dois golos ou mais, de forma a inverter a derrota em Alvalade.
Sporting CP: Rui Silva [GR], Eduardo Quaresma, Jeremiah St. Juste (Morten Hjulmand, 63’), Gonçalo Inácio [C], Geny Catamo (Biel Teixeira, 83’), Zeno Debast, Hidemasa Morita (Geovany Quenda, 63’), Maxi Araújo, Francisco Trincão (Matheus Reis, 90+5’), Pedro Gonçalves (Conrad Harder, 63’), Viktor Gyökeres