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Foto Tiago Matos

Franco Israel: "Foi incrível desde o primeiro momento"

Por Sporting CP
27 Jul, 2025

Guarda-redes depediu-se do Clube com uma entrevista

Depois de três temporadas ao serviço da equipa principal de futebol do Sporting Clube de Portugal, Franco Israel está de saída para os italianos do Torino FC e concedeu uma entrevista de despedida à Sporting TV.

De verde e branco, o guarda-redes uruguaio realizou 53 jogos entre 2022/2023 e 2024/2025, conquistando duas Ligas (2023/2024 e 2024/2025) e uma Taça de Portugal (2024/2025).

Na emotiva conversa, que contou com a presença dos amigos Francisco Trincão e Iván Fresneda, Franco Israel não se cansou de destacar o "dia-a-dia" como aquilo de que vai sentir mais falta. "Não é normal chegar e sentir-me como em casa. No Sporting CP, isso é o quotidiano", explicou.

Do que vai ter mais saudades
“De tudo. Da cidade, da casa onde moro, do Clube, do staff, dos fisioterapeutas, dos companheiros, de tudo. É como a minha segunda família e deixar tudo para trás não vai ser fácil, não só pela forma como me ajudaram a crescer como jogador, porque vim aqui e pude jogar a um nível importante, mas também como pessoa. Desde o primeiro momento que cheguei que foi incrível porque me senti em casa. Estavam cá o Manu [Ugarte] e o Seba [Coates] e desde o dia um que estive confortável. Todas as vivências que tive ajudaram-me a crescer.”

Importância da passagem pelo Sporting CP
“A nível profissional e desportivo era um passo muito importante para mim. A nível pessoal, não sabia o que ia encontrar, mas o Clube é maravilhoso. O Clube, os adeptos, o staff, os companheiros… Não é normal chegar e sentir-me como em casa. No Sporting CP, isso é o quotidiano. Viver o dia-a-dia aqui… Vinha todos os dias com vontade, por mais que seja um trabalho. Aparecia sempre com um sorriso, mesmo quando tinha menos energia. Quando chegava, entrava no balneário e ficava motivado.”

Atitude positiva
“Acho que sou assim pelas pessoas que me rodeiam. Se sinto que estou num bom ambiente e que estou seguro, posso ser eu e liberto-me. Posso jogar ou não, mas o mais importante é a convivência. É isso que nos faz atingir objectivos, é fundamental.”

De jovem reforço a referência para as caras novas
“É a vida. Cheguei com 22 anos, sem grande experiência de primeira equipa. Foram passando os anos, fui ganhando experiência e o tempo passou. Vou com 25 anos, não sou velho, mas já é outra coisa. Tenho companheiros como o Chico [Silva] ou o [Diego] Calai, que são da minha posição, e vejo-os a crescer e melhorar. É o passar de testemunho, sangue novo. Espero que tenha ficado alguma coisa da minha parte.”

Maturidade
“Amadurecer não é falar da parte desportiva, técnica ou táctica, mas sim como pessoa. Amadureci muito.”

Treinadores de guarda-redes Jorge Vital, Tiago Ferreira e Hugo Tecelão
“Felizmente, tive uma relação muito boa e não só profissional. É importante entender como eles trabalham, mas a relação humana que tinha com eles, ficando à vontade para falar de tudo, era inestimável. Seja com o Vital, com o Tiago ou com Hugo, tinha isso e agradeço muito. Melhores conselhos que me deram? Tantos… Talvez para aproveitar todas as oportunidades.”

Relação com os colegas
“O Sporting CP, para mim, é a minha segunda família. A minha família está no Uruguai e a maior parte do tempo estou com os meus colegas. Por mais que seja um trabalho, chegar todos os dias com vontade de treinar porque sabia que eles iam lá estar e fazer uma brincadeira… Não tem preço e é o que mais me vai custar quando for embora. Poder da amizade? As partes técnica, táctica e física são importantes, mas o poder da amizade, como dizem, faz a diferença nos detalhes. Só com amizade não vamos alcançar coisas, mas quando estamos unidos fica muito mais fácil.”

Companheiros mais próximos
“Os que estão aqui, o Iván [Fresneda] e o ‘Trincas’ [Francisco Trincão], como todos sabem. Falávamos hoje que a amizade fica, mas perde-se o dia-a-dia. Isso é importante para manter o contacto… Vamos continuar a falar e vou continuar a vir cá, até porque tenho casa aqui. Lisboa e Portugal vão ficar sempre comigo, mas perder o dia-a-dia é difícil porque acho que a amizade ganhar mais nesse aspecto. Indo embora, isso não vai acontecer. Vai ser uma das coisas mais difíceis.”

Estreia pelo Sporting CP
“Foi em Marselha, para a UEFA Champions League. Um jogo que perdemos, com muitos sentimentos. Normalmente começamos num jogo normal, de Taça de Portugal, mas foi aí.”

Jogos mais especiais pelo Sporting CP
“Gostei muito do jogo contra o Portimonense SC, na minha segunda época, ganhámos 3-0. Todo o ambiente do estádio… Quando terminou, ainda não éramos Campeões, mas já se notava a atmosfera. Foi um dos jogos que mais me marcou. Digo também o dérbi contra o SL Benfica em que ganhámos 2-1 com o golo do Geny [Catamo] depois dos 90’. Comecei a gritar e lembro-me do Pote vir a correr sozinho para mim.”

Melhor defesa pelo Sporting CP
“Contra a Atalanta BC, na UEFA Europa League. Acho que foi o Gianluca Scamacca, depois um cruzamento. Defendi com a unha.”

Adeptos Sportinguistas
“O Sporting CP é uma família dentro e fora. Tivemos momentos muito bonitos, ganhámos o Bicampeonato e a Taça de Portugal e é fácil estar nesses momentos, mas quando as coisas não corriam bem os adeptos estavam lá. Falavam connosco, enviavam mensagens de força e confiança. É importante sentir o apoio deles e senti sempre, jogasse ou não. Jogamos futebol e temos a vida que temos graças a eles. É como se estivéssemos em dívida por eles por isso e por todo o carinho. Fazemos as coisas pela equipa, mas também por eles e faço-o sempre com vontade. Talvez com a equipa e com os meus amigos seja mais extrovertido, mas sou mais tímido com quem não conheço. No entanto, com os adeptos sinto-me cómodo. Saber que era o ídolo ou o que quiserem chamar… Muitas vezes nem conseguia perceber. Eu? Só jogo futebol e defendo a bola. É difícil perceber isso.”

Ser Bicampeão Nacional e ter conquistado a Taça de Portugal
“Um momento específico que vai ficar sempre é ser Campeão Nacional. Estar no Marquês, com toda a gente a festejar, depois de uma operação e com muletas da primeira vez. Na segunda, pude desfrutar mais. Posso dizer que ficam os títulos, mas o mais importante é o dia-a-dia. Há uma frase no Uruguai, no Complejo Celeste, que é a academia da selecção, que diz que o caminho é a recompensa. Para mim, isso é 100% verdade. É isso que fica, o partilhar, ficar duas ou três horas a almoçar e a conversar com todos. São essas recordações que ficam.”

Memórias que perduram
“São coisas impossíveis de esquecer porque nos marcam. Por serem tão importantes, tenho a certeza que nunca as vou esquecer.”

O plantel que deixa
“Que continuem assim. Sei que é difícil ganhar e voltar a ganhar. É muito difícil, mas temos uma equipa muito boa. A união deste grupo é fundamental e não sei se outra equipa a tem. Têm de estar focados e trabalhar para o Tricampeonato.”

Rui Silva, Francisco Silva, Diego Calai e restantes guarda-redes da formação
“Foi um prazer treinar com eles, assim como com os restantes companheiros. Passo ainda mais tempo no treino com eles. Que continuem a treinar porque todos têm muita qualidade, tanto o Rui como os miúdos. Vai correr tudo bem.”

Dizer adeus aos Sportinguistas
“É uma decisão difícil. Não é fácil, não vou tranquilo nem decidido a 100% na parte pessoal, mas é uma oportunidade importante para mim. Tinha de sair da minha zona de conforto porque aqui tinha tudo: país, cidade, amigos, clube, tudo incrível. São decisões que temos de tomar e, por mais que custe, é uma boa decisão.”

Valeu a pena?
“Sem dúvida. Sabia que ia chegar a um clube gigante que luta por títulos, mas nunca pensei que ia sair com esta sensação de ter relações e vínculos com as pessoas. Nunca imaginei poder ligar-me desta forma.”