Só o capitão encontrou a chave da vitória no meio do Atlântico
08 Nov, 2025
Golo de Hjulmand aos 90+4’ arrebatou três pontos difíceis nos Açores (1-2)
Prémio merecido tardou, mas chegou. A equipa principal de futebol do Sporting CP deslocou-se aos Açores e venceu o CD Santa Clara por 1-2, este sábado à noite, na partida da 11.ª jornada da Liga.
No Estádio de São Miguel, houve emoção até ao fim, precisamente até aos 90+4’, quando um cabeceamento de Morten Hjulmand resgatou uma vitória muito suada, mas também merecida. Depois de terem entrado praticamente a perder (1-0 aos 5’), os Leões de Rui Borges dominaram por completo, criaram inúmeras oportunidades e fizeram por ir mais além e merecer mais do que o golo do empate de Pedro Gonçalves – marcou pela terceira jornada consecutiva e saiu lesionado – conseguido ainda na primeira parte.
Um triunfo – o terceiro seguido na Liga - muito importante pós-jornada europeia e imediatamente antes de mais uma pausa de selecções, rumo à qual o Sporting CP vai com 28 pontos, os mesmos que o FC Porto no topo da classificação, embora os dragões ainda tenham de disputar o seu jogo.
Em Ponta Delgada, para enfrentar um conjunto açoriano tradicionalmente exigente no seu reduto e que entrou na jornada como 11.º classificado (11 pontos), Rui Borges fez três alterações ao ‘onze’ apresentado há três dias em Turim (1-1 com a Juventus FC): Iván Fresneda, Geny Catamo e Luis Suárez voltaram à titularidade nos lugares que tinham sido de Georgios Vagiannidis, Geovany Quenda e Fotis Ioannidis.
E dificilmente podia ter sido mais penalizador o arranque da partida para o Sporting CP, que começou a perder logo aos cinco minutos – após duas jornadas seguidas sem sofrer golos. Numa bola longa, um deslize defensivo de Ousmane Diomande permitiu a Wendel Silva aproximar-se da área e com um cruzamento bem-medido encontrou Vinícius Lopes, o melhor marcador do CD Santa Clara, que atirou cruzado e a contar para o 1-0.

A formação de Vasco Matos, que não marcava há dois jogos e entrou nesta ronda como o terceiro pior ataque da Liga, entrou com eficácia máxima e colocou-se na melhor posição para demonstrar os seus principais predicados, os defensivos: então com 11 golos sofridos, era a sexta equipa menos batida.
Do outro lado, no entanto, estava o ataque mais goleador da Liga, cujo ‘carrossel’ ofensivo começou a engrenar a partir do quarto de hora, mas os estragos chegaram depois. Um cabeceamento de Suárez, a cruzamento tenso de Maxi Araújo, saiu a ‘rasar’ o primeiro poste - ainda deu a sensação de golo às bancadas - e, pouco depois, para concluir uma jogada por dentro, Pedro Gonçalves rematou de fora da área para defesa elástica de Gabriel Batista, que ainda seguraria – mais facilmente – um remate em arco de Geny. E esta fase de sentido único no jogo, com os Leões cada vez mais instalados no meio-campo adversário, estava para ficar (29%-71% em posse de bola ao intervalo) e valeu para forçar o empate pouco depois da meia hora.
Antes disso, Maxi ainda subiu à área para cabecear por cima e ‘Pote’, depois de se desmarcar na perfeição rumo à área, não conseguiu finalizar antes de aparecer um corte providencial. No entanto, à segunda, o camisola 8 não perdoou e correspondeu, de cabeça, a um cruzamento largo de Geny para fazer o justificado 1-1. Já são nove os golos assinados Pedro Gonçalves esta época, oito só na Liga, onde já está no topo da lista dos melhores marcadores – em igualdade com Vangelis Pavlidis (SL Benfica) e Pablo Felipe (Gil Vicente FC).

Mais do que isso, o Sporting CP podia ter feito quase de imediato a reviravolta. O defesa Sidney Lima tirou em cima da linha o golo a Luis Suárez, que já tinha tirado o guardião do lance e ficou em ângulo difícil, e a seguir o internacional colombiano ainda ficou perto do 1-2 mais uma vez, mas o pontapé cruzado saiu ligeiramente ao lado do poste.
Por isso, foi com tudo empatado no Estádio de São Miguel que as duas equipas foram para o intervalo e para a segunda parte, para a qual Rui Borges não hesitou em trazer uma novidade: tirou o amarelado João Simões e arriscou colocando mais um avançado em campo, Fotis Ioannidis, e deixou ‘Pote’ ao comando no miolo, mas desafortunadamente não por muito tempo. Hidemasa Morita substituiu o camisola 8 (aparentemente por razões físicas) e, ao mesmo tempo, Quenda entrou por Geny para renovar a energia do lado direito.
Por esta altura, os Bicampeões Nacionais continuavam a mandar de forma inequívoca em campo, mas sem a mesma capacidade para criar claras situações de golo. Entre as principais tentativas contou-se um remate bloqueado de Suárez e outro totalmente desenquadrado – depois de fazer tudo bem na condução – e, sobretudo, um de Quenda, que saído da direita para dentro, atirou rasteiro e ao lado. Então, também o CD Santa Clara voltou a espreitar o ataque com um pontapé frouxo e à figura ensaiado por Vinícius Lopes.
Já dentro dos últimos 15 minutos, Rui Borges deu ainda mais armas ofensivas aos Leões com a entrada de Alisson Santos por Fresneda e o desejado golo voltou a estar mais perto, mas manteve-se esquivo. Depois de um pontapé de ‘ressaca’ de Luis Suárez não ter levado a direcção da baliza quando até apanhou Gabriel Batista fora de posição, o guardião brilhou minutos depois ao negar o golo a um insistente Ioannidis com uma impressionante defesa por instinto.
E o Sporting CP, que já justificava mais um golo há muito, continuou a fazer por merecer bem mais do que tinha e, antes de o relógio bater nos 90’, o avançado grego – em excelente posição na área - teve na cabeça a mais flagrante, mas também errou o alvo.
Foi então que o caos tomou conta do jogo até final e embora os Leões tenham conseguido sair da melhor forma desta maré agitada, tudo começou por piorar antes de melhorar. Um par de lances mal resolvidos fizeram soar os alertas e Brenner Lucas, depois de ter ameaçado num contra-ataque, foi travado em falta quando se preparava para encarar Rui Silva e Maxi Araújo foi expulso por vermelho directo (90’).
O momento era delicado, mas o capitão Hjulmand teve cabeça para dar um novo giro à montanha-russa de emoções e inverteu em definitivo o rumo da partida para agarrar a vitória nos Açores à última hora. Num canto cobrado à direita, o dinamarquês foi às alturas no primeiro poste e com uma cabeçada portentosa fez finalmente o 1-2 aos 90+4’ e desatou a loucura verde e branca dentro e fora das quatro linhas, que 'explodiu' em euforia.

Estava garantido um triunfo tão importante como suado num encontro que teve um final muito 'quente' e ainda acabou com mais duas expulsões, ambas do lado açoriano: Adriano por protesto e Sidney Lima por falta sobre Matheus Reis.
Custou, mas pela terceira visita consecutiva a Ponta Delgada, o Sporting CP sai da ‘ilha Verde’ com os três pontos e desta vez serviu, ainda, para rumar à pausa de selecções com um registo perfeito como visitante neste Campeonato – seis vitórias em seis jogos.
Após a pausa de selecções que se segue no calendário, o Sporting CP só volta a jogar a 22 de Novembro (sábado, 18h00), enfrentando o AC Marinhense para a Taça de Portugal, no Estádio José Alvalade – será o primeiro de três jogos consecutivos em casa para fechar o mês de Novembro.
Sporting CP: Rui Silva [GR], Iván Fresneda (Alisson Santos, 76’), Ousmane Diomande, Gonçalo Inácio, Maxi Araújo, Morten Hjulmand [C], João Simões (Fotis Ioannidis, 46’), Geny Catamo (Geovany Quenda, 57’), Pedro Gonçalves (Hidemasa Morita, 57’), Francisco Trincão (Matheus Reis, 90+4’), Luis Suárez