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É necessário que tudo mude para que tudo (não) fique na mesma*

Por André Bernardo
01 maio, 2020

Tudo mudou, mas não vai certamente ficar tudo na mesma. O futuro? O futuro é Sporting Sempre!

O livro (e filme) “Il Gattopardo” (O Leopardo) imortalizou a frase “É necessário que tudo mude para que tudo fique na mesma”.
A obra viria a ganhar o seu estatuto por ser um testemunho intemporal da resistência do status quo aquando do surgimento de uma nova ordem. E a citação tornou-se célebre pela constatação recorrente de que várias apregoadas mudanças na sua essência nada mudam.

Ao assumir o cargo de Director do Jornal Sporting, estou a dar continuidade à missão que abracei, juntamente com os restantes membros do Conselho Directivo há 18 meses: dar a melhor experiência ao Sócio e adepto do Sporting Clube de Portugal. Acreditamos, desde o início, que para fazê-lo, o percurso que o Sporting CP tem de percorrer é, no que diz respeito à sua gestão, um caminho de mudança, mas para que não fique tudo na mesma

A diferença estará certamente nos actos que a concretizem e, cingindo-me por agora ao Jornal, a edição especial de celebração dos 98 anos do Jornal Sporting representou precisamente uma alteração de paradigma. Apresentámos um novo grafismo e design, mas as mudanças são sobretudo de substância. Esta nova versão carrega uma linha editorial diferente, que visa aproximar ainda mais o leitor da vivência com o Clube e, se o faz com uma visão futura em sincronização com o actual contexto da era digital, recupera também 113 anos de história. 
Nesta edição, Patrícia Mamona dá a sua primeira grande entrevista e homenageamos, no novo espaço dedicado às lendas do Clube, Carlos Lopes, que venceu a Maratona de Roterdão há 35 anos, batendo o recorde do mundo e tornando-se o primeiro homem a descer da marca de 2 horas e 8 minutos. 

Tanto no Jornal Sporting como em toda a nossa restante estratégia, viemos mudar para que o futuro do Sporting Clube de Portugal mude de facto para melhor, num regresso ao seu ADN de pioneirismo, vanguardismo, união e inclusão. 

Não esperamos que seja fácil e relembro as palavras de Maquiavel a esse propósito: “Devemos convir que não há coisa mais difícil de se fazer, mais duvidosa de se alcançar, ou mais perigosa de se manejar do que ser o introdutor de uma nova ordem, porque quem o é tem por inimigos todos aqueles que se beneficiam com a antiga ordem, e como tímidos defensores todos aqueles a quem as novas instituições beneficiariam”.

Uma nova ordem foi-nos agora imposta em virtude da COVID-19. Resta à sociedade, ao mundo do desporto e ao Sporting Clube de Portugal, inevitavelmente, adaptar-se com resiliência.

Neste contexto importa, mais do que nunca, encarar a realidade como ela é e não como desejaríamos que fosse. Não existem panaceias para o caminho que o Clube terá de percorrer e é fundamental a tomada de decisões com uma visão sistémica, de longo prazo e com a prudência que as circunstâncias exigem.

Tudo mudou com o novo coronavírus, mas não vai certamente ficar tudo na mesma. 

O futuro? 
O futuro é Sporting Sempre!

 

* Editorial da edição n.º 3775 do Jornal Sporting