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Falsos positivos

Por Pedro Almeida Cabral
21 Jan, 2021

Os Sportinguistas estão habituados a todo o tipo de coincidências, más interpretações e alinhamentos cósmicos que parece só acontecerem ao Sporting CP. Mas há limites

Queria dedicar esta crónica à magnífica exibição que o Sporting CP fez perante o FC Porto na meia-final da Taça da Liga. Num jogo mastigado, decidido pela inspiração de Jovane Cabral (um apelido mágico, claro está) e pela superior leitura de Rúben Amorim, deveria ser o jogo e só o jogo que importaria. Infelizmente, é impossível passar ao lado dos graves acontecimentos que condicionaram a nossa equipa de futebol.

Recapitulando. Nuno Mendes e Šporar, dois jogadores que têm sido peças fundamentais no esquema táctico de Rúben Amorim, testaram positivo para a doença infecciosa COVID-19. Porém, através de testagem subsequente, verificou-se que se tratavam de “falsos positivos” e que, portanto, não estavam infectados. Desde o início da pandemia que este é um fenómeno estudado. Os testes não têm uma fiabilidade 100% garantida. Mas como é que se detectou que eram “falsos positivos”? Talvez tenha passado despercebido no vendaval de intervenções propagandísticas alimentadas pelo FC Porto. Mas a verdade é que Nuno Mendes e Šporar foram submetidos a quatro testes adicionais – dois PCR e dois antigénio – que confirmaram que os jogadores não estavam infectados. O próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, teve um teste que foi um “falso positivo”, desmentido por dois testes PCR posteriores, tendo o assunto ficado arrumado e o Presidente prosseguido em campanha eleitoral.

A partir daqui, começam as perplexidades que passo a enumerar. Primeira: o FC Porto, através do inefável Francisco J. Marques, disparou um conjunto de afirmações falsas e alarmistas pondo em causa a integridade do Sporting CP. Nada de novo, mas não deixa de ser surpreendente. Segunda: Nuno Mendes nunca esteve inscrito no sistema de alerta para doentes infectados. Porquê? Terceira: a Autoridade Regional de Saúde permitiu que os jogadores treinassem, mas a Direcção-Geral de Saúde contrariou esta posição e passou a exigir um obscuro documento em que o laboratório assumisse que tinha havido um erro. Incompreensível. Quarta: o laboratório não respondeu, quedou mudo perante os factos, e os jogadores acabaram por não defrontar o FC Porto. É este o rigoroso método de testagem contratado pela Liga?

Os Sportinguistas estão habituados a todo o tipo de coincidências, más interpretações e alinhamentos cósmicos que parece só acontecerem ao Sporting CP. Mas há limites. As instituições públicas devem assumir as suas responsabilidades, a avaliação clínica dos jogadores deve ser rigorosa e transparente e os critérios seguidos ser únicos e científicos. Esperemos que assim suceda e que Nuno Mendes e Šporar possam alinhar na final da Taça da Liga, pondo fim a esta história mal contada.