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O eterno capitão

Por Juvenal Carvalho
11 Jun, 2021

A mim, como a milhares e milhares de Sportinguistas, fez as nossas delícias. Era ele, a par de Vítor Damas, Rui Jordão, Carlos Lopes, Joaquim Agostinho, e outros, que me forrava as paredes do quarto

‘Primeiro vais jogar no Sarilhense, depois na CUF e, por fim, no Sporting CP’.

Foram estas as palavras de sua mãe, uma apaixonada por futebol, ao contrário de seu pai, homem distante deste fenómeno, que acabariam por ser premonitórias para alegria de ambos.

Falo‑vos, como é óbvio, de Manuel Fernandes. No passado dia 5 de Junho, o nosso eterno capitão completou 70 anos de vida. De uma vida dedicada ao seu/nosso Clube do coração. De uma vida repleta de sucesso a fazer o que gosta, e no Clube de que gosta desde menino.

De raízes profundamente humildes, nascido em Sarilhos Pequenos, uma pacata terra de pescadores e salineiros, situada na margem sul do Tejo, e que em criança ouvia às escondidas dos pais os relatos do nosso Clube, com o rádio tapado debaixo dos lençóis, chegou a Alvalade na década de 70 do século passado, para ter sucesso, e de todos nós um cantinho guardado no nosso coração para todo o sempre.

Estava desde cedo traçado o destino de Manuel Fernandes – o ‘nosso Manel’.

A mim, como a milhares e milhares de Sportinguistas, fez as nossas delícias. Era ele, a par de Vítor Damas, Rui Jordão, Carlos Lopes, Joaquim Agostinho, e outros, que me forrava as paredes do quarto. Era ele que fazia a minha felicidade quando coleccionava as cadernetas de cromos e saía na minha colecção.

Recordo jogos atrás de jogos. Recordo golos atrás de golos. Tantos de tão boa execução, como só ele sabia fazer.

Mas há um dia que me recordo como se fosse hoje, e que naquele momento eu, como tantos de vós, não queríamos que o jogo acabasse, na esperança que acontecessem ainda mais golos. Esse dia, foi o de 14 de Dezembro de 1986. O adversário foi o nosso rival eterno. Estava escrito nas estrelas que aquele haveria de ser o jogo da vida dele. Quatro golos, numa goleada que ficará nos anais da história, os célebres 7‑1. Nesse dia, Manuel Fernandes fez ainda mais história, a acrescentar a um pecúlio já de si verdadeiramente fantástico.

Acabada a carreira como jogador, foi treinador, com uma Supertaça Cândido de Oliveira no seu currículo, e ainda dirigente. Uma vida... uma longa vida de Leão rampante ao peito. O símbolo que ele ama, tanto como cada um de nós.

Como diz um slogan bem conseguido, ele é feito de Sporting. Respira o Clube por todos os poros da sua pele.

Ele será para todos nós o eterno capitão. O tempo voa, parece que foi ontem que o camisola 9 tratava a bola como poucos. Passaram já 70 anos de uma vida cheia. De uma vida com êxitos pessoais e colectivos. De uma vida de Sporting CP.

Até aos 71 anos, Manuel Fernandes. O Sporting Clube de Portugal é o teu/nosso grande amor.

Obrigado por tudo o que representas para todo e cada um de nós!

 

P.S. – O ténis de mesa conseguiu o hexa e o trigésimo oitavo título nacional do seu historial. Parabéns a esta secção.