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Vontade de vencer

Por Miguel Braga *
21 Out, 2021

Para a História, ficará a primeira vitória do Clube na Turquia e um resultado que apesar de volumoso – no final o marcador registava 1-4 − poderia ter sido muito maior, estivesse a equipa com a pontaria ainda mais afiada

Como alguém disse um dia “quando há vontade, há sempre um caminho”. E foi isso mesmo que o Sporting CP demonstrou em Istambul, na Turquia, em pleno Vodafone Park, a casa do Beşiktaş Jimnastik Kulübü. Num estádio com a lotação ainda com restrições devido à pandemia, os turcos fizeram jus à sua fama e fizeram-se ouvir alto e a bom som desde que os primeiros jogadores subiram ao relvado ainda para o aquecimento. Cada vez que os jogadores do Sporting CP se acercavam de uma das bancadas – ou para fazer sprints ou as normais trocas de bola − eram brindados com um coro de assobios, antevendo uma pressão adicional para os 90 minutos de jogo. E assim foi. Empolgados pela energia e volume dos seus adeptos, a equipa do Besiktas entrou forte, mais emotiva, com aquela paixão que os caracteriza e que pode intimidar os adversários. Mas esta equipa do Sporting CP já provou dentro de campo que tem vontade de fazer mais e melhor. E foi assim que o caminho para a baliza de Ersin Destanoğlu começou a ser trilhado também desde os primeiros minutos, sustendo os ímpetos da equipa de Sergen Yalçin, o treinador que, enquanto jogador, foi conhecido como o Maradona da Turquia.

Daqui a umas décadas, muito provavelmente, poucos se recordarão destes pormenores que transformam um jogo de futebol num turbilhão de emoções. Para a História, ficará a primeira vitória do Clube na Turquia e um resultado que apesar de volumoso – no final o marcador registava 1-4 − poderia ter sido muito maior, estivesse a equipa com a pontaria ainda mais afiada e não quisessem os deuses do futebol que os remates de Paulinho encontrassem, por duas vezes, os ferros da baliza turca, antes daquele que foi o golo da noite: remate de pé esquerdo, colocado em arco e consequente explosão de alegria dentro e fora de campo. Se há jogador que merecia marcar assim, esse jogador foi, mais uma vez, o nosso 21.

Começam a faltar elogios para caracterizar as exibições de Sebastián Coates de Leão ao peito. O internacional uruguaio voltou a provar que é um especialista também na área adversária, com dois golos tirados a papel químico (o primeiro com assistência de cabeça de Gonçalo Inácio, o segundo a passe de Paulinho) e ainda um terceiro cabeceamento que originou o penálti convertido por Pablo Sarabia. Na defesa, Coates também foi seguríssimo e imperial, liderando a defesa que, ao dia de hoje, provocou mais foras-de-jogo das equipas adversárias (13) na presente edição da Champions League.

Enquanto os Leões comemoravam na Turquia, no Pavilhão João Rocha as emoções também estavam ao rubro nos minutos finais do jogo contra os suíços do Kadetten, a contar para a fase de grupos da EHF European League Men 2021/2022. Mais uma vez a vontade de ganhar imperou mesmo depois de estarmos em desvantagem por cinco golos (12-17). O golpe de teatro estava reservado para os últimos segundos de jogo, pelas mãos de Mamadou Gassama que interceptou uma bola do ataque adversário e rematou para o fundo de uma baliza vazia: 29-28 e a certeza de que o caminho da vitória se faz com vontade, com crença e acreditando do primeiro ao último minuto.

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal