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100 anos com "Razão de Ser" (1922-2022)

Por Juvenal Carvalho
31 Mar, 2022

Que bonita "Razão de Ser", como no tão bem conseguido título da primeira edição, é ter o privilégio de escrever para o Jornal Sporting e lembrar, na pessoa de José Serrano, o primeiro director em 1922, bem como de André Bernardo, director à data de hoje, tantos outros Leões que por aqui passaram. E muito maior é o privilégio, e sobretudo o orgulho indescritível, quando essa coluna de opinião coincide com a celebração da passagem dos 100 anos do Jornal que leio, peregrinamente, desde menino. É mesmo algo que, explicado assim por palavras, me faz sentir, já em fase adulta e madura, como que um menino feliz. Daqueles meninos que abre um "brinquedo" e lhe saem lágrimas misturadas com um enorme sorriso. Daqueles meninos que recuam no tempo e recordam momentos em que na casa do Sr. Brito, um Leão de todos os tempos, era "obrigado" a nele ler tudo. A saber tudo sobre o nosso Sporting CP. 

Apetecia-me ligar para ele e para o Sr. Olímpio, os dois grandes mentores do meu Sportinguismo, e dizer-lhes que tenho hoje o privilégio de escrever para o nosso Jornal, e logo na comemoração dos seus 100 anos. O quão felizes eles ficariam por mim. O quão agradecido eu estou a pela "injecção" de Sporting que me deram para todo o sempre. 

Dizer que esta coluna de opinião é escrita de forma sentimental, é dizer o óbvio para quem me conhece, e quando o assunto é Sporting Clube de Portugal. Mas é mais que isso. É mesmo o rebobinar de tantos e tantos momentos. De tanta e tanta leitura, com cada caractere a ser sorvido com uma atenção invulgar.

O Jornal Sporting deu-me tanta cultura Leonina. Para muitos amigos, mesmo de outros clubes, que ainda hoje me chamam uma "enciclopédia" do Sporting, era assim que na minha infância me tratavam no bairro de Lisboa onde cresci, muito desse conhecimento se deve a tanta leitura de tão grandes jornalistas e colunistas que ao longo destes 100 anos fizeram desta publicação, a mais antiga do Mundo a nível de clubes, a minha "bíblia".

Comecei a ler o Jornal Sporting na década de 70 do século passado. Quando literalmente aprendi a ler. Despontavam então Carlos Lopes e Fernando Mamede, Joaquim Agostinho e Firmino Bernardino, Vítor Damas e Hector Yazalde, António Bessone Basto e Manuel Brito, Nelson Serra e Rui Pinheiro, Júlio Rendeiro e Chana, Moniz Pereira e Ricardo Ferraz, Matos Moura e Torcato Ferreira, e em que João Rocha era o nosso presidente de então e João Xara Brasil o primeiro director deste jornal de que tenho memória, bem como Leonor Roque, uma grande senhora na história deste jornal. No fundo tantos atletas, treinadores e dirigentes de juba alta, que era impossível enumerar todos. 

Onde estiverem os fundadores e tanto Sportinguista de antanho que a marca inexorável do tempo os levou do nosso convívio, estarão felizes por este centenário. Esta "Razão de Ser" é, como já disse, difícil explicar em forma de texto. É algo que vem de dentro. Em criança nunca pensei que o meu querido Sporting CP me proporcionasse o que já vivenciei. Ter sido seu dirigente e escrever para o nosso jornal. De ter feito inúmeras amizades entre grandes referências do universo do Clube. De ter conhecido e feito amizade com tantos ilustres anónimos nas bancadas e nos corredores de Alvalade. Aqueles de todas as horas a quem quero deixar um muito obrigado por me terem ensinado a ser ainda mais Sportinguista.

Escreveria, escreveria muito mais. Mais 100 anos. Não me será possível. Escreverei semanalmente até um dia. Este espaço que o nosso jornal me concede é no dia de hoje especialmente emocionante, e sobretudo marcante por ser o do centenário. Mas para a semana continuará a ser, porque o Sporting CP não pára. É algo que não se explica, apenas se sente. E que sentimento tão belo é o de ser do Sporting Clube de Portugal.

Venham mais 100... Que bonita é a "Razão de Ser" Sportinguista!