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À Nossa Maneira

Por Pedro Almeida Cabral
16 Jun, 2022

Quem tirou a final da tarde do último domingo para assistir à final da Taça de Portugal em andebol, não teve inteira noção de que iria ver um dos mais espectaculares jogos de andebol dos últimos anos. De um lado, estava o experiente FC Porto, tricampeão nacional e detentor da Taça, treinado pelo sueco Magnus Andersson, que ainda não tinha perdido nenhum troféu desde que está em Portugal. Do outro lado, o Sporting Clube de Portugal, com uma equipa jovem, em construção, treinada por Ricardo Costa, no seu primeiro ano em Alvalade. O favoritismo ia todo para a equipa portista. Tanto pela valia de alguns nomes bem conhecidos do andebol nacional, como por já não perder com o Sporting CP há, sensivelmente, três anos. O que o FC Porto não contava era com a intensa fome de vencer do sete Leonino, que não deixou nada por jogar em campo. E foi assim que, corrida a hora do jogo mais dois prolongamentos de dez minutos cada, ganhámos a Taça por 36-35.

Como o resultado indica, o embate foi disputado lance a lance. O início do jogo foi perro, sem ascendente claro. Embora, com o passar do tempo, o FC Porto cavasse diferença expressiva. Pouco antes do intervalo, ganhava por cinco. Valeu o acerto atacante Leonino que, de rajada, fechou o 13-15 da primeira meia hora. Na segunda parte, o equilíbrio foi a nota dominante. Deveu-se à sagacidade do nosso treinador que soube transmitir à equipa indicações mais precisas para alternar a defesa à zona com o 6-1. E a Manuel Gaspar, que ocupava a baliza toda (eficácia defensiva de 30%). Já Kiko Costa jogava e fazia jogar com a frescura e o atrevimento dos seus 17 anos. Perto do fim, seguimos finalmente na frente, mas os deuses queriam mais e empurraram as equipas para os dois prolongamentos. Foi aí que alguns corações mais fracos poderiam ter cedido. O FC Porto chegou a ter dois golos de vantagem que de nada serviram, pois, com onze segundos para o fim do primeiro prolongamento, Schöngarth, sobre a buzina, empatou tudo novamente. Já o segundo prolongamento, escreveu-se sempre a verde e branco: nunca estivemos em desvantagem até à vitória final, que foi formosa e bem segura. Kiko Costa, como não podia deixar de ser, foi o MVP do jogo e o melhor marcador, com 13 golos.

Foi a nossa 16.ª Taça de Portugal depois de três finais em que saímos derrotados (uma das quais, contra o SL Benfica, em 2016, ainda me causa calafrios, mal perdida que foi). Continuamos a ser o Clube com mais Taças, quase dobrando as do FC Porto. Para pôr as mãos na Taça deste ano, eliminámos o SL Benfica, vencedor da Liga Europeia, e o campeão FC Porto. É esta a medida do nosso sucesso. Esta Taça, assente num projeto desportivo que privilegia a formação e jogadores jovens, alicerçado numa intensidade competitiva que busca a vitória em todos os jogos, é a essência do Sporting CP. Mais do que muitos troféus, este foi mesmo conquistado à nossa maneira.