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VAR em inglês

Por Miguel Braga
04 Ago, 2022

Editorial da edição n.º 3883 do Jornal Sporting

Nem dois meses depois do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol ter rejeitado as propostas do Sporting Clube de Portugal para que os áudios do VAR fossem públicos, argumentando que “as normas propostas afiguram-se ilegais, naturalmente face à Lei, e inadmissíveis face às orientações vinculativas do IFAB e da FIFA”, a Premier League fez saber publicamente que pretende que as conversas entre os árbitros e o VAR estejam disponíveis para o mundo no final de cada jogo, através da plataforma do YouTube.

Recordemos, que entre outras considerações, o CA afirmou também sobre o mesmo assunto que “a comunidade desportiva que regula esta matéria é inequívoca ao determinar a impossibilidade de ceder estas gravações e que a aprovação de normas do género das propostas iria implicar violação do protocolo VAR, com as consequências daí advenientes”. Por outro lado, para Richard Masters, Chief Executive da Premier League, as razões que se prendem com o anúncio assentam, imagine-se, por uma maior transparência sobre as decisões tomadas pelos árbitros, não menosprezando o carácter didáctico da medida. Ou seja, quem quer transparência não se esconde atrás da opacidade dos regulamentos, nem de narrativas tendenciosas.

Não foi apenas o CA a estar contra a disponibilização pública dos áudios do VAR: SL Benfica e FC Porto também votaram contra as propostas Leoninas, dizendo-se a favor das mesmas, mas utilizando argumentos etéreos para justificar a oposição através do voto contra. Enquanto que em Inglaterra luta-se para mudar e melhorar o futebol, em Portugal faz-se um esforço tremendo para que fique sempre tudo na mesma. A não mudança protege quem manda e o poder instalado, instalado quer ficar.

Em Dezembro de 2020, o Sporting CP trouxe este assunto para a praça pública, com a realização do webinar internacional “VAR Future Challenges”, desafiando os responsáveis do futebol português a serem pioneiros sobre a matéria. Desde então muito se tem falado sobre o assunto, mas a tal vontade de mudar verdadeiramente o status quo das últimas décadas do futebol nacional continua fechada a sete chaves. O que é pena.

Enquanto nos entretemos com os fait divers de Verão e discursos futebolísticos saídos de um manual de guerrilha dos anos 80, a mudança vai acontecendo nesse mundo fora: em França, por exemplo, já se fala de um possível apoio da Federação Francesa de Futebol à proposta da Amazon Prime de introduzir microfones no equipamento dos árbitros; na Alemanha, num particular entre o 1. FC Köln e o AC Milan, a equipa alemã incorporou uma bodycam em dois jogadores, permitindo aos adeptos uma visão e experiência únicas sobre o terreno de jogo; e agora, os ingleses e esta proposta dos áudios do VAR serem públicos. Um dia quando verdadeiramente quisermos mudar para melhor o futebol português, exemplos de fora não faltarão.