Reportagem com Sara Moreira e Jéssica Augusto no Jornal Sporting

Na mesma semana em que Sara Moreira voltou a brilhar na maratona de Nova Iorque, Jéssica Augusto concedeu a primeira entrevista depois da Corrida Sporting como atleta do Clube. A certa altura, o jornalista do ‘Record’ perguntou: “Já pensou que o Clube passa a ter duas atletas de ponta a nível mundial como aconteceu há 30 anos com Carlos Lopes e Fernando Mamede?”. A bracarense não se fez rogada na resposta e elogiou a nova companheira de equipa, com quem poderá fazer a maratona dos Jogos em 2016.

“É verdade e nessa altura o Lopes e o Mamede batiam recordes e eram os melhores do Mundo. Acho que é muito bonito e interessante isso acontecer agora nas mulheres, comigo e com a Sara, que é uma referência. Mas, tal como já tinha dito, mais importante do que eu e a Sara é o Sporting fechar a equipa cedo e a terceira, a quarta e a quinta atletas são tão ou mais importantes. Só assim é que se ganham Campeonatos”, disse.

Já Sara Moreira, que estabeleceu a segunda melhor marca de sempre na maratona com 2.25.53 (apenas superada pelos 2.24.49 conseguidos na maratona de Praga, em Maio), mostrou-se muito satisfeita pelo resultado, assumiu que é possível lutar com as atletas africanas e partiu agora para um período de férias onde quer recarregar baterias para chegar ainda mais forte a 2016. Tudo num dia muito especial em que cumpriu o segundo aniversário como mãe e tinha à espera, na linha da meta, o filho Guilherme.

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Evento agradou à organização e aos participantes, apesar da chuva

Quando a Corrida começou, já a Caminhada estava para acabar. Ao todo, 6.200 pessoas deslocaram-se até ao Estádio Alvalade para partirem pelas ruas de Lisboa, regressando à casa-mãe, onde tudo terminava. Em nome do desporto, do convívio e do Clube, milhares superaram a chuva e o cansaço para, lado a lado com atletas, ex-atletas e outras figuras do universo ‘leonino’ percorrerem os dez quilómetros que constituíam um percurso pintado, maioritariamente, de ‘verde e branco’.

Entre os muitos participantes encontrava-se uma especial: Jéssica Augusto. A mais recente ‘leoa’ realizou a sua estreia pelo Clube de Alvalade e terminou a prova em quarto lugar no sector feminino, atrás do pódio liderado pela vencedora Ercília Machado.

“É um balanço bastante positivo, a prova correu-me bem. Vim com o objectivo de participar, o lugar é o menos importante, mas foi bom. Saio com boas sensações, com o carinho do público e dos atletas. Puxaram bastante por mim e estou feliz”, confessou a atleta, completando: “O meu objectivo era mesmo divertir-me e sentir-me em casa, que foi o que aconteceu. Sinto-me bastante bem”.

Também Carlos Lopes marcou presença no evento e, como não poderia deixar de ser, mostrou-se satisfeito com o desfecho da Corrida e com a forte participação ‘leonina’ no grupo de vencedores.

“As expectativas foram correspondidas e mesmo com este tempo as pessoas apareceram em massa. A Corrida está a crescer de forma sustentada e o nosso objectivo é continuar a colocar esta prova como uma das mais importantes a nível nacional”, afirmou, concluindo: “Sinto-me orgulhoso pelos nossos vencedores, embora precise que eles estejam na sua máxima força para os Campeonatos Nacionais. Mas eles já são experientes e certamente saberão gerir o esforço e estar à altura de todas as provas”. 

Jéssica Augusto em entrevista ao Jornal Sporting

Estudou para ser enfermeira, mas deixou o curso a meio em nome da paixão pelo atletismo. Aos 33 anos, Jéssica foi há três meses mãe de uma menina, Leonor, filha do guarda-redes internacional de futebol Eduardo, e é o mais recente reforço do atletismo ‘leonino’.

Num trabalho de duas páginas dedicado à atleta, Jéssica recupera as etapas mais importantes da sua carreira, que começou a ser corrida em 1996, quando Fernanda Ribeiro se sagrou campeã olímpica em Atlanta, nos 10.000 metros. “Fiz questão de ver a prova. Vi-a partir, acompanhei as primeiras voltas, depois adormeci ao lado da lareira. Quando faltavam três voltas acordei, vi a Fernanda atrás das chinesas e depois a fazer aquele ‘sprint’ final e a ganhar Quando cortou a meta, desatei aos saltos na cozinha”, recorda a fundista, na altura com 15 anos.

Foi o que bastou para procurar clube – o Sp. Braga – e começar a calcorrear um caminho que lhe traria importantes conquistas, como o ouro no Europeu de corta-mato de 2010, o bronze no Campeonato da Europa de Zurique, em 2014, ou o sétimo lugar na maratona dos Jogos Olímpicos de 2012, depois de uma depressão profunda ter afectado o seu treino.

Com os Jogos de 2016 na mira, Jéssica já voltou aos treinos depois da gravidez e vai envergar as cores que sempre sonhou. “Desde pequena que sempre tive vontade de representar o Sporting. Via o Clube ganhar com nomes como Carlos Lopes, os irmãos Castro e tantos outros e depois das conversas com Carlos Lopes e com o Comandante Vicente Moura foi possível chegarmos a acordo e felizmente cumpri a minha vontade”, destacou a atleta na entrevista onde também revela pormenores sobre a sua infância em Paris, conta como está a ser a experiência da maternidade e dá a conhecer algumas dos seus gostos, como o talento para cozinhar.

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Jéssica Augusto reforça atletismo do Sporting

Jéssica Augusto vai reforçar a equipa de atletismo do Sporting. A atleta portuguesa de 33 anos, especialista em provas de fundo, foi mãe em Junho e está agora de regresso aos treinos, cumprindo um desejo que, como admite, já estava há muito nos seus planos.

“Desde pequena que sempre tive vontade de representar o Sporting. Pelo Clube ou pela sua história na modalidades? Pelas duas razões. Desde pequena que via o Sporting ganhar com nomes como Carlos Lopes, os irmãos Castro e tantos outros. Depois das conversas com Carlos Lopes e com o Comandante Vicente Moura, foi possível chegarmos a acordo e felizmente cumpri a minha vontade”, sublinhou Jéssica nas primeiras declarações como atleta ‘verde e branca’.

“Comecei agora a treinar e em Outubro vou iniciar as competições de forma gradual. O Sporting tem grandes objectivos em todas as vertentes, seja corta-mato, estrada ou pista, e quero ajudar a equipa a ganhar títulos. Primeiro está o colectivo, depois de conseguir também vencer em termos individuais melhor”, acrescentou em relação às principais metas nesta nova página da já longa carreira, sem esquecer que 2016 será ano de Jogos Olímpicos: “Também tenho esse objectivo de conseguir aos Jogos mas ainda não tenho os mínimos. Em princípio farei uma maratona em Fevereiro ou Abril”.

Nascida em Paris, Jéssica começou cedo no atletismo já em Braga (mudou-se com seis anos) e passou a representar o Sp. Braga com 15. Ainda como júnior, venceu a primeira grande competição: o Campeonato da Europa de corta-mato da categoria, na Suécia. Até 2007, ano em que se transferiu para o Maratona, conquistou diversos Campeonatos Nacional de 1.500 e 3.000 metros em juniores, sub-23, seniores e absolutos.

Em 2007, o reforço ‘leonino’ ganhou o ouro em 5.000 metros nas Universíadas que se disputaram em Banguecoque, além de se ter sagrado campeã nacional de estrada e de corta-mato. Depois de tantas vitórias no plano nacional, é entre 2008 e 2010 que atinge os primeiros sucessos internacionais como sénior (começou a correr como individual no meio desse ciclo, em 2009), da prata no Europeu de corta-mato de 2008 ao ouro em 2010, passando pelas duas medalhas no Campeonato da Europa de pista de 2010, em Barcelona (prata nos 10.000 metros, bronze nos 5.000 metros).

Em 2011 vieram as primeiras experiências na maratona, que seriam concluídas com um surpreendente mas brilhante sétimo lugar nos Jogos Olímpicos de Londres, no ano seguinte. Antes, Jéssica tinha terminado a maratona londrina no oitavo lugar, com o segundo melhor tempo de sempre apenas atrás de Rosa Mota, tendo depois desistido noutra prova mítica, a maratona de Nova Iorque. Em 2008, nas Olimpíadas de Pequim, a atleta ficara pelas meias-finais nos 3.000 metros obstáculos e nos 5.000 metros.

Daí até à paragem devido à gravidez, Jéssica conseguiu, entre muitos bons resultados, duas grandes provas também na maratona: terceiro lugar em Yokohama (2013) e sexta posição de novo em Londres com um novo recorde pessoal de 2.24.25, menos oito segundos do que tinha feito por terras britânicas em 2011.

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