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Opinião

Sportinguismo

Por Pedro Almeida Cabral
24 Nov, 2022

Por estes dias, participei na Thinking Football Summit, evento promovido pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional sobre o mundo do futebol. A mim, coube-me falar da vivência dos Sócios do Sporting Clube de Portugal. Num painel animado por representantes de outros clubes, surgiu uma pergunta que tantas vezes nos baila na mente. Porque é que somos Sócios e adeptos de um clube não de outro?

No meu caso, como já escrevi aqui algumas vezes, a questão tem resposta fácil. Tinha eu cinco anos quando me perguntaram de que clube eu era. Reflecti e disse, sem hesitar, que era do Sporting CP. Não liguei às constantes investidas do meu pai para seguir o que fazia o SL Benfica. Simplesmente, decidi ser do Sporting CP porque me pareceu ser o clube de que gostaria de ser. Havia algo no verde e branco que era mais atraente face a outras cores. Ainda não sabia bem o que era, mas associava, inocentemente, ao nosso Clube mais autenticidade e genuinidade no desporto. Passado pouco tempo, pedi com insistência aos meus pais que me fizessem Sócio porque queria pertencer plenamente ao Clube. Acedendo aos meus desejos, embora com pai contrariado, pelos meus dez anos, lá me fizeram Sócio do Sporting CP. Passei a assistir aos jogos quando podia. Perdi a conta às vezes que viajei pelo país a acompanhar o Clube, quer para assistir a jogos de futebol, quer às inúmeras modalidades em que competimos.

Como eu tenho a minha história, todos os Sócios e adeptos terão a sua. Cada uma é individual e irrepetível. É essa relação intensa que se estabeleceu a dado momento das nossas vidas com o Clube que é insubstituível. Simplesmente, não poderíamos não ser do Sporting CP. Conscientemente ou não acabámos por ser do clube cuja história mais se confunde com a história do desporto em Portugal. É o Sporting Clube de Portugal que marcou decisivamente a maneira de praticar desporto em Portugal na primeira metade do século passado. E que ainda hoje marca a diferença com pioneirismo e visão em tantas áreas, desde a formação à vivência do Clube. O que mais nos distingue é que no Sporting CP a prática desportiva é encarada como um desafio aos nossos próprios limites, sem antagonismos gratuitos nem bolsas de ódios. É disto que é feito o Sporting CP. E não de lutas bacocas contra fantasmas ou de gabarolices hegemónicas. Por isso, se tivesse cinco anos novamente, responderia da mesma maneira. Tal como tantos Sócios e adeptos pelo país e pelo mundo fora que se orgulham tanto ou mais do que eu de pertencer ao Sporting CP.

Somos um clube interclassista

Por Juvenal Carvalho
17 Nov, 2022

Dizem-me amigos mais chegados, principalmente os afectos a outras cores, que o Sporting CP é um clube elitista, e que sendo eu de bairro − orgulhosamente de bairro − não entendem a razão pela qual sou Sportinguista.Pois bem, essa coisa das elites é real. Como a expressão popular dos clubes serem tantas vezes aferidas pelo ADN dos mesmos. 

Mas estes mesmos amigos chegados, não que não tenham razão ao acharem o nosso Clube mais virado para as elites, isso faz parte de uma História que não se apaga, basta ver quem, a 1 de Julho de 1906, fundou este clube que os então jovens, e maioritariamente elitistas da época, o quiseram grande, tão grande como os maiores da Europa, também tem o outro lado. O daqueles que não sabem na realidade a verdadeira força motriz do Sporting Clube de Portugal. 

E essa é sustentada por uma legião  imensa de adeptos espalhada pelo Mundo que resiste a ventos e tempestades e que nas vitórias se percebe que é completamente à margem de extractos sociais porque qual fenómeno que nem os rivais entendem, resistimos estoicamente até a anos de insucessos que, se acontecesse ao clube deles, provavelmente não existiriam, pelo menos nestes moldes, e que quando ganhamos enchemos as ruas das cidades, vilas e aldeias do país, e não só, de lés a lés, com ricos e pobres, e de que raça ou orientação sexual forem, a festejar e a exteriorizar uma paixão infinita pelo Leão rampante.

E este fenómeno, que é bem real, e que surpreende tudo e todos, não vive só de coisas maravilhosas.

Sendo eu a favor da pluralidade de opiniões, e acima de tudo acho que nada existe sem massa crítica, e que ninguém está acima das mesmas críticas, leio pelas redes sociais, que mesmo que não representem um universo muito relevante, a discussões pouco agradáveis entre Sportinguistas. Não que a discussão não seja importante, e delas não nasçam até questões muito válidas. E eu sou, e disso nunca abdicarei, intransigentemente da opinião de que acima do Sporting ninguém está, o símbolo primeiro que todo e cada um de nós. Porque todos passamos. Dos dirigentes aos treinadores, dos jogadores ao mais incógnito dos adeptos...fica o Clube.

Por sermos um Clube enorme e desde as classes mais abastadas às menos, da mais intelectual à mais rudimentar, todos somos importantes para elevar mais alto o nome do Sporting CP. Somos inequivocamente das elites. É essa a nossa marca de sempre. Somos também um clube de matriz popular. Somos sobretudo um Clube único e de uma grandiosidade sem paralelo, com uma História que fala por si. E que História... Feita pelas elites e pelo povo. O povo Sportinguista! 

Caminho

Por Pedro Almeida Cabral
17 Nov, 2022

Um caminho faz-se passo a passo. Sempre com os olhos postos no destino. Sabendo que haverá curvas, contracurvas, subidas e descidas. São os acidentes da caminhada que nos desafiam a dar o nosso melhor. Se assim não fosse, não era um caminho, mas um passeio. No domingo passado, talvez tenha parecido que percorremos uma distância pequena, vencendo de forma clara o FC Famalicão por 1-2. Mas foi algo mais. Finalmente, ganhámos aos famalicenses, o que ainda não tinha acontecido desde que os minhotos subiram à Primeira Liga. Contabilizávamos uma derrota, ainda com Silas, e dois empates. Amorim, pouco dado a malapatas e bloqueios, só desta vez, à terceira, os derrotou. Regressámos a uma sequência de vitórias e Trincão voltou a marcar no campeonato, após longa ausência. Detalhes com pouca importância, dirão alguns. Passos do caminho rumo a mais vitórias, respondo eu.

Entrou bem o Sporting Clube de Portugal, confirmando a subida de forma dos últimos dois jogos. Reagindo às palavras de incentivo de Rúben Amorim (que fez uma antevisão do jogo fantástica, defendendo o plantel), Trincão esbanjou classe e discernimento. Acutilante, soube construir com perigo e acerto no passe. Pote também se destacou. Procurou assistir para golo quando havia esse espaço e marcou o penálti que selou a vitória. Morita cresce de forma segura. Cada vez mais confiante, vai aumentando a cada jogo o número de recuperações de bola. Na defesa, tudo a regressar à normalidade, com reacção vigorosa ao assédio final do FC Famalicão. Uma vitória justa que parece só mais uma vitória. Mas que permite chegar à pausa do Mundial em crescendo e que fará toda a diferença para o retomar do campeonato em Dezembro.  

PS: A selecção é a selecção. Algumas escolhas geram dúvidas. O que acaba por ser normal. Até pela enorme variedade de talento que o seleccionador nacional tem à sua disposição. Porém, há omissões que não se entendem. A ausência de chamada à selecção de um jogador como Gonçalo Inácio é da ordem do misterioso. Titularíssimo da equipa do Sporting CP, com quase 100 jogos, fundamental no título de campeão de 2021, preponderante na boa campanha que fizemos na temporada passada, será possível que não mereça ser, ao menos, internacional e experimentado uma vez por Fernando Santos? Já nem falo da convocatória para o Mundial, que seria absolutamente justa.

Umas palavras, duas medidas

Por Miguel Braga
17 Nov, 2022

Editorial da edição n.º 3898 do Jornal Sporting

Foi conhecida esta semana a decisão do Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol em relação aos processos disciplinares instaurados contra Pepe, Coates, Matheus Reis e Nuno Santos relativos ao jogo no Estádio do Dragão a contar para a terceira jornada da Liga Portugal – a título de curiosidade temporal, estamos já na 13.ª.

Argumentou o CD no sentido do arquivamento imediato dos processos disciplinares a Pepe, Coates e Matheus Reis com base no argumento de que os lances em causa foram observados e avaliados pelos elementos da equipa de arbitragem, pelo que o CD não dispõe de poderes para sobre eles se pronunciar. 

Relativamente a Nuno Santos, que foi o único jogador contra quem foi estranhamente deduzida acusação pela Comissão de Instrutores da Liga, foi absolvido por falta de elementos suficientes nos autos para condenar o jogador.

Recordando a acção do lance que envolveu Pepe e Matheus Reis, “ocorrida entre os minutos 38:31 a 38:38 do referido jogo e que envolveu o jogador da Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, Képler Laveran de Lima Ferreira e o jogador da Sporting SAD, Matheus Reis Lima, nomeadamente as expressões dirigidas pelo jogador Képler Laveran de Lima Ferreira”, a Comissão de Instrutores da Liga questionou os elementos da equipa de arbitragem (i) se o lance foi por eles avaliado em toda a sua extensão e (ii) se o lance foi analisado ao abrigo do protocolo VAR.

Sabemos agora que a estas perguntas os árbitros do jogo unanimemente responderam que o “lance” referido, em que Pepe apelidou o seu colega de profissão de “filho da p***”, foi analisado em toda a sua extensão, incluindo, imagine-se, ao abrigo do protocolo VAR.

Também devemos recordar, que foi este mesmo CD que no início do ano decidiu “julgar procedente a acusação” contra Nuno Santos, por alegados insultos a outro jogador, condenando-o a um jogo de suspensão e multa. 

Como tal, a equipa de arbitragem (VAR incluído) viu, sabia e nada fez sobre o facto de Pepe ter repetido o alegado insulto a Matheus Reis que já serviu para condenar um jogador do Sporting CP no passado. O CD idem idem, aspas aspas. Lamentável. 

Editorial da edição n.º 3898 do Jornal Sporting

Um leão genuíno

Por Juvenal Carvalho
10 Nov, 2022

Ter memória é apanágio do Sporting Clube de Portugal. Até porque, diz-se naquela imensa sabedoria popular, que quem não tem memória não tem história. E quem, como eu, sem que seja mais Sportinguista que ninguém, porque isso não se mede, gosto não só de ter memória, como de ser justo para quem o merece, decidi escrever sobre alguém que tanto deu de si ao Clube no quase anonimato, até porque nunca quis as luzes da ribalta. 
A página número 28 da anterior edição do nosso Jornal, na lógica do ter memória e do ser justo para quem o merece, despertou em mim um motivo extra para escrever. 

E faço-o hoje sobre o Marcelo Garcia, um amigo de décadas, com quem felizmente me cruzei no nosso andebol, e sei bem da sua imensa paixão pelo seu/nosso Clube, que o sente como respira, de forma natural.

O Marcelo, homem que sempre foi de extravasar emoções como ninguém, daqueles que não verga, como um verdadeiro Leão, é o exemplo vivo de que o Sporting tem memória. Esta ida do Marcelo Garcia, acompanhado da sua linda neta Margarida, numa passagem de Sportinguismo de geração em geração, ao Centro de Memórias do Museu Sporting para doar uma bola do andebol juvenil − como ele se entregou de forma altruísta e verdadeira à modalidade − e um stick do "mago" António Livramento do ano da conquista da primeira Taça dos Campeões Europeus em 1976/77, com uma história deliciosa − aconselho a leitura pela forma como o adquiriu, e que quem o conhece bem, e serão muitos, rebobinam o filme e dizem: 'Realmente só tu, Marcelo!'

E este só tu, Marcelo, é porque realmente só ele mesmo. O Sporting CP é por ele vivido e sentido a cada poro. Como só quem o conhece sabe. Que sempre deu tudo de si ao Clube sem nada receber, que não a amizade e o reconhecimento dos atletas e treinadores − tantos − que consigo se cruzaram, e que pelo mérito ao reconhecimento do seu trabalho foi galardoado com o Prémio Stromp no ano do centenário do nosso Clube, o que tanto, mas tanto, o mereceu. Se calhar apenas pecou por tardio, mas valeu pelo simbolismo da data.

Estas minhas palavras neste espaço são porque merece. A sua doação ao nosso Museu é à sua escala. Pelo Sporting CP, tudo. Sem interesse algum que não a paixão eterna.

Com ele lembro tantos outros que como ele, e porque são seus amigos também, deram muito de si ao símbolo. 
Falo do Zeca, do Frade, do Paradela, do Cantarinha, do Edgar, do Adérito, do Estevão, do Gonzaga, do Ferrão, do Coutinho, do Atanásio, do Honório, e de tantos, tantos outros, que não escrevendo o seu nome por limitações de espaço, deram e fizeram tanto ao Clube como os citados.

Esquecer Homens como o Marcelo Garcia, seria apagar a História. E essa não se apaga. Ele, como vários outros − levava as bolas para casa, os equipamentos, era de noite, de dia, de madrugada. A cada chamada dizia presente. O Museu, já de si tão valioso, ficou ainda mais rico. Obrigado por seres quem és. Genuíno. Um verdadeiro Leão!

Vitória

Por Pedro Almeida Cabral
10 Nov, 2022

Um jogo em casa contra o Vitória SC é sempre especial para mim. Faz-me recuar muitos e bons anos até à primeira vez que assisti a um jogo do Sporting Clube de Portugal ao vivo e a cores. Corria a década de 80 e obriguei o meu pai, benfiquista, a levar-me, finalmente, a ver um jogo do Sporting CP no nosso Estádio antigo. Contrariado lá me levou, certamente desgostoso. Com nove anos extasiei-me com bancadas repletas, cânticos ruidosos e jogadores como Damas, Venâncio ou Manuel Fernandes. O resto foi história. Nunca mais larguei o Sporting CP e regressei vezes sem conta ao Estádio, já sem o meu pai, que uma vez só lhe tinha bastado.

Foi com estas memórias presentes que fui ver o desafio contra o Vitória SC no sábado passado. Estádio composto, assistência animada e uma enorme vontade de dar a volta aos desaires recentes. O cenário perfeito para esconjurar fantasmas e arrancar uma vitória esclarecedora. E foi exactamente isso que aconteceu, com três golos sem resposta. Um Sporting CP confiante e dominador soube controlar o jogo. Adán praticamente não tocou na bola. Porro, Matheus Reis e Morita estiveram em bom plano. E Edwards, com intervenção nos três golos, marcando um, demonstra que cada vez que toca na bola, consegue fazer magia. Merecíamos um jogo assim, com as nossas redes invioladas e excelentes momentos de bom futebol, a recordar outros tempos. Antes da pausa para o Mundial, segue-se o FC Famalicão em casa alheia. A única opção é vencer e será isso que, estou certo, irá acontecer. 

PS: intensos afazeres profissionais impediram-me de escrever esta coluna algumas vezes nas últimas semanas. Mas não queria deixar de assinalar a triste notícia do falecimento de Lavínia Brito Paes há precisamente um mês, com 90 anos de idade. Como, por muitas vezes já escrevi aqui, a história do desporto em Portugal confunde-se com a história do Sporting CP. E a vida desta antiga atleta do Clube, ecléctica e multifacetada, assim o demonstra. Competiu com as cores do Sporting CP nas modalidades de voleibol, badminton, natação e atletismo. Foi capitã da primeira equipa da selecção nacional feminina de voleibol e Campeã Nacional pelo Sporting CP nos lançamentos do peso e do dardo em 1955. Além de dirigente, foi também professora de ginástica no Clube. Uma mulher do desporto num tempo em que o desporto não era para mulheres e que encontrou no Sporting CP um espaço onde pôde fazer tudo o que queria. Infelizmente, a forma como o seu desaparecimento passou despercebido revela bem a pouca atenção que se dá aos protagonistas maiores do desporto em Portugal.  

É dia de Corrida Sporting

Por Miguel Braga
10 Nov, 2022

Editorial da edição n.º 3897 do Jornal Sporting

Ultimam-se os pormenores para que no próximo dia 20 de Novembro tudo esteja a postos para a Corrida Sporting, onde se pretende juntar milhares de Sportinguistas (e não só) num dia dedicado ao exercício físico e ao bem-estar. Como se sabe, a última edição ocorreu em 2019, tendo sido interrompida a cadência anual deste evento Leonino devido à pandemia de COVID-19.

As actividades vão ser divididas entre a Corrida propriamente dita – com dez quilómetros de percurso −, a Caminhada Leonina – desenhada ao longo de quatro quilómetros para todos os que querem participar a um ritmo mais lento – e a Corrida Jubas – dedicada aos mais pequenos, dos cinco aos 13 anos, com distâncias entre os 300 e os 1000 metros. A Corrida Sporting é, por isso, muito mais do que apenas uma prova desportiva: pretende não só albergar quem corre a nível federativo, bem como todos os aficionados, famílias, amigos, jovens e crianças. Uma iniciativa para todos e para todas as idades. 

A Corrida desde ano tem também uma novidade que será, com certeza, muito bem recebida por todos os Sócios e adeptos: a meta acabará mesmo em cima do relvado do Estádio José Alvalade, proporcionando a quem acaba a prova um duplo momento de prazer. De destacar ainda a presença de vários atletas das modalidades – o capitão de futsal João Matos foi o primeiro a responder ao apelo com um post nas redes sociais –, em especial do atletismo com nomes como Rúben Amaral, Ana Mafalda Ferreira, Susana Francisco ou Luís Pinto. Também velhas glórias como Carla Sacramento, Carlos Calado, Domingos Castro ou António Bessone Basto, recentemente condecorado como Sócio de Mérito do Clube, vão estar presentes em mais um dia de celebração do desporto e dos seus valores. "Estamos na recta final e já contamos com perto de 3900 inscrições. Desafio todos os que ainda não se inscreveram para que não deixem de o fazer, porque vai ser uma manhã muito bem passada, de desporto e de família", detalhou Inês Sêco, coordenadora executiva da Fundação Sporting.

O jogo do próximo domingo em Famalicão encerra este início de época sobrecarregado por causa do Mundial de selecções no Catar. Depois de conquistados os três pontos no último fim-de-semana frente ao Vitória SC, a equipa de Rúben Amorim tem como objectivo único a vitória. Mais uma vez, o apoio dos nossos Sócios e adeptos é fundamental para o espírito do grupo. Ainda sobre o último jogo, o treinador admitiu: “Os adeptos sentiram o momento da equipa, os jogadores sentem tudo e eu próprio senti no início do jogo que não havia muita gente ansiosa, mas sim gente a querer ajudar a equipa”. E para ajudar a equipa e os jogadores a receita é mesmo ganhar, ganhar e ganhar: “Sim, ganhámos, mas precisamos de vitórias consecutivas para ter essa mudança de alegria e alívio no balneário. Temos de seguir e conseguir a segunda vitória consecutiva”. Palavra de Amorim.

Editorial da edição n.º 3897 do Jornal Sporting

Um mal menor

Por Juvenal Carvalho
03 Nov, 2022

O futebol é realmente um desporto apaixonante e de uma volatilidade que arrebata paixões de forma completamente incrível.

Foi isso que na passada terça-feira aconteceu em Alvalade. Quando estávamos todos felizes com aquilo que parecia, ao intervalo do jogo com os alemães do Eintracht Frankfurt, o apuramento no bolso pela segunda vez consecutiva para os oitavos-de-final da UEFA Champions League, feito que seria inédito no nosso Clube, eis que, em poucos minutos, tudo mudou. Dois golos germânicos em dez minutos, e, com o Olympique de Marseille a empatar, estava dada a reviravolta total na classificação, passando o Sporting CP de primeiro para último do grupo e a saída definitiva das competições europeias.

Era a desilusão total, que seria no fim, já mesmo depois de terminado o nosso jogo, minimizada com o golo do Tottenham Hotspur FC em França, a deixar o nosso Clube nas competições europeias, via UEFA Europa League. Foi o menos mau, estando longe de ser bom, mas deixando um certo sabor menos amargo.

Na sala de imprensa - sou um fã incondicional de Rúben Amorim, para que fique claro - chamou a si o menos bom da actualidade dizendo que a presença na UEFA Europa League não salva nada e assumindo responsabilidades no momento que o futebol do nosso Clube vive. Gosto de quem assume e, sobretudo porque tenho memória, não me esqueço do já conseguido em apenas duas épocas. Brilhante, somente brilhante.

Esta época, nada, ou quase nada, tem corrido bem. Dizer o contrário não o consigo, por honestidade intelectual.

Afastados da Taça de Portugal, a 12 pontos da liderança do campeonato e com a passagem para a UEFA Europa League - o menos mau e com foros de milagre como atrás descrevi -, o momento não pode ser de baixar a guarda. Assumir os erros, e trabalhar... trabalhar muito para conseguir, jogo a jogo, começando pelo próximo sábado, subir na classificação e garantir o apuramento para a UEFA Champions League da próxima época para que ganhemos hábitos de estar nesta competição. Que o ano tem sido atípico e menos bom é óbvio. Urge ressuscitar o #ondevaiumvãotodos, apesar de não ser pela falta de entrega que as coisas não estão a correr bem.

Na lógica do título da minha coluna de opinião da semana passada, é também determinante continuar a valorizar os meninos made in Sporting, tendo todos de ter paciência para os ver crescer sustentadamente. Matéria prima existe e é factual. O apuramento para os oitavos-de-final da UEFA Youth League é disso elucidativo.

Para o ano de 2023 ainda teremos Leão na UEFA Europa League, o que, não sendo óptimo, é, repito, um mal menor. Façam-nos sonhar nessa competição.

PS - Parabéns ao ténis de mesa pela conquista de mais uma Supertaça. Ganhar é o nome do meio desta modalidade.

Influências

Por Miguel Braga
03 Nov, 2022

Editorial da edição n.º 3896 do Jornal Sporting

O Dia de Todos os Santos comemora-se, todos os anos, a 1 de Novembro. Reza a história que no século II a comunidade cristã começou a celebrar o dia para honrar todos aqueles que tinham sido martirizados e perseguidos pela sua fé. Foi nesse dia que o Sporting CP enfrentou os alemães do Eintracht Frankfurt em jogo a contar para a última e decisiva jornada da fase de grupos da UEFA Champions League.

Tal como em 2014, o afastamento da mais importante competição europeia de clubes ficou ligado a uma equipa alemã e, especialmente, a más decisões das equipas de arbitragem, com a agravante de existir, nos dias de hoje, uma ferramenta (VAR) que tem como objectivo corrigir injustiças do apito em casos concretos. Infelizmente, não foi isso que aconteceu em Alvalade na passada terça-feira.

Para qualquer pessoa que conheça, minimamente, as regras do jogo existiram vários erros de arbitragem, um com influência mais do que directa no resultado. Em Portugal, os especialistas foram unânimes em considerar que o lance do penálti, que muda o desenrolar do jogo, foi precedido de falta atacante. A título de exemplo, o ex-árbitro Duarte Gomes, em A Bola, escreveu que “o pontapé de penálti assinalado a favor do Eintracht Frankfurt resultou num grave erro da equipa de arbitragem (com responsabilidade maior para o VAR); Kamada não saltou na vertical, mas sobre as costas de Coates, carregando-o ilegalmente com a anca e braço. A falta, nas imagens, foi evidente”. No Record, Jorge Faustino também não teve dúvidas: “penálti mal sancionado!”. Já no podcast ‘Sem Falta’ do Observador, o ex-árbitro Pedro Henriques foi arrasador: "Nota 2, muito negativa, talvez das mais baixas que dei até hoje", por causa de uma “arbitragem desastrosa” com “impacto claro no resultado”. Destacando não só o “erro grosseiro” no penálti de Coates como um “segundo amarelo por mostrar” a um jogador do Eintracht Frankfurt.

Ao minuto 76, Trincão tem um arrancada pela direita e, já perto da área adversária, é travado grosseiramente por Jakic – porém, Slavko Vinčić, o mal-afamado juiz da partida, optou por fazer vista grossa e perdoar a expulsão ao jogador da equipa alemã. A estas más decisões, adicionaria apenas mais uma, novamente com os mesmo protagonistas, Vinčić e Jakic, relembrando a diferente intransigência demonstrada com o amarelo mostrado a Paulinho (por não ter assinalado a falta evidente que o jogador sofreu e do consequente protesto resultou a sanção disciplinar para o avançado Leonino). Logo aos sete minutos, Jakic travou Arthur numa daquelas jogadas caracterizadas como “ataque prometedor”: falta assinalada e cartão amarelo correspondente. Depois, o jogador croata protestou veemente e mais próximo do árbitro, motivando assobios das bancadas, mas não motivando Vinčić a tomar mais qualquer medida.

Vários jogadores reagiram ao resultado menos bom e deixaram uma palavra de união e força para regressar às vitórias já no próximo sábado, frente ao Vitória SC. Um desses exemplos foi Pedro Porro: “Ser de um clube não é só nas vitórias, mas também nos momentos menos bons. Ninguém disse que seria fácil, mas estamos juntos e continuamos sempre a honrar o Clube e o símbolo que temos no peito. Sempre foi e sempre será pelo Sporting CP”. Que ninguém duvide.

Raça de Leão

Por Pedro Almeida Cabral
28 Out, 2022

As grandes equipas não se vêem quando ganham. As equipas que admiramos são aquelas que perante a adversidade lutam e deixam tudo em campo. O que mais tenho apreciado no nosso treinador é, justamente, essa capacidade de contornar obstáculos e, contra expectativas derrotistas, fazer regressar o bom futebol ao nosso onze. A seguir a um jogo azarado que nos custou a eliminação da Taça de Portugal e após dois jogos desafortunados contra uma equipa que todos subavaliaram, o Olympique de Marseille, poder-se-ia pensar que não haveria reacção. Mas não.

No sábado passado, recebemos o Casa Pia AC, e o que vimos foi um jogo à Sporting Clube de Portugal. Na primeira parte, embora tenha havido um turbilhão de oportunidades claras de golo, foram os gansos, como são conhecidos, que encostaram a bola nas nossas redes. Um golo fortuito e demasiado castigador para o futebol que estávamos a produzir. A segunda parte contou outra história. Rúben Amorim leu o jogo magistralmente e percebeu que Paulinho poderia ser a referência que faltava na grande área adversária. Dito e feito: em 120 segundos demos a volta, com uma cabeçada à ponta de lança de Paulinho e um portentoso remate de Nuno Santos. Escassos minutos depois, o penálti de Pote fechou a contagem. Nunca com Rúben Amorim se tinham marcado três golos tão rapidamente. Foi um Sporting CP de raiva que calou crítica avulsa e sem fundamento, até de alguns sectores do Estádio que, pela forma como assobiaram a equipa na primeira parte, mais pareciam desejar outro resultado.

E, na quarta-feira, o jogo grande da champions contra o Tottenham FC. O Sporting CP entrou destemido e com vontade de vencer, não se amedrontando pelo facto de a equipa inglesa seguir em terceiro na competitiva Premier League. Esta atitude em campo deu frutos tinha ainda decorrido pouco tempo de jogo. Edwards, com um remate surpresa, aproveitou o espaço disponível e corporizou a vantagem Leonina. A resistência durou quase até ao fim. Não fosse um pequeno deslize defensivo e teríamos saído de Londres com os merecidos três pontos. Destaque para a linha mais recuada, com Adán, Inácio, Coates e Matheus Reis a fazerem um grande jogo. E Ugarte e Paulinho a mostrarem a sua extrema importância no esquema táctico de Amorim. O empate a um golo faz com que só dependamos de nós para seguir em frente na prova.

Foi esta a raça de Leão que tivemos nestes dois jogos, deixando uma fase menos boa para trás. E é esta a raça de Leão que vamos mostrar nos próximos dois. Primeiro, contra o FC Arouca já amanhã e, depois, na terça-feira para o derradeiro desafio da fase de grupos da UEFA Champions League. A nós, Sócios e adeptos, só nos cabe apoiar esta equipa que, estou certo, vai continuar a reerguer-se e a lutar até ao fim por todos os títulos que ainda pode ganhar.

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