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O Triunfo do VAR e as claques escondidas

Por Jornal Sporting
03 Ago, 2017

Editorial do Director do Jornal Sporting na edição n.º 3635

Com tanta coisa a que temos vindo a assistir incrédulos veio-me à memória – alguns parecem que lhes deu uma amnésia selectiva e nada sabem de vouchers, emails, sms, “apitos abençoados” nem, tampouco, da existência de claques – a história daquele médico de província que nas suas consultas de gravidez e sem meios complementares de diagnóstico, de imagiologia, ou seja, sem ecografias, conseguia de forma prematura acertar sempre qual o sexo do bebé, tendo sobre isto granjeado grande fama e admiração.

Quando as grávidas iam à consulta, a determinada altura, o médico enquanto as examinava dizia-lhes como a gravidez, do ponto de vista clínico, estava a decorrer para, de imediato, aproveitar para as felicitar pelo MENINO. As grávidas exclamavam surpresas com tal facto: “É mesmo menino, senhor Doutor?”. Este, em tom afirmativo e de forma convincente, respondia: “Eu nunca me engano, e para que não restem dúvidas vou escrever aqui no meu caderninho!”. E assim fazia, assentava no caderninho a data da consulta, o nome da grávida e o sexo da criança, mas com uma “ligeira” nuance, enquanto afirmava em voz alta que era menino, no seu caderninho registava MENINA…

Passado o tempo da gravidez e nascido o bebé, as mães voltavam à consulta e aí, ou rejubilavam com o dom do Doutor por, desde logo, ter acertado no sexo da criança, ou então manifestavam o seu desagrado porque o médico errara quando lhes tinha garantido que era menino, compraram um enxoval azul e, afinal, tinha nascido menina! Nestes casos, o nosso Doutor afirmava, em tom altivo e indignado, que isso seria impossível, já era médico há muitos anos e nunca tal lhe tinha sucedido. Como não permitia que colocassem em causa a sua reputação ia de pronto buscar o seu caderninho onde, como sabemos, registava tudo. Para que não restassem dúvidas já com o seu salvador caderninho aberto, e agora permitindo que lessem o que estava registado, dizia: “Leia aqui, por favor! A Senhora esteve cá na consulta neste dia e eu escrevi aqui, sem margem para dúvidas, MENINA!”. As jovens Mães, com ar incrédulo, liam o que de facto estava escrito e a verdade é que tinham lá estado naquele dia e tinham visto o médico a registar o sexo da criança. Envergonhadas com o sucedido, reconheciam que uma vez mais o médico estava certo! 

Esta história vem a propósito de alguns comentadores, analistas e de outros que me recuso a qualificar, que têm o discurso de quem quer fazer crer que acertam sempre, seja por terem dito o contrário ou por, algures no tempo, terem afirmado algo descontextualizado e que nada tem a ver com o assunto em questão. Mas também daqueles que ainda rejubilam com o “acerto” destes, tal como na história do nosso doutor. 

Assistimos a isto com tantos iluminados que, pasme-se, opinaram contra o vídeo-árbitro (VAR) mas também com os “especialistas” que analisaram a pré-época… 

Infelizmente, estamos rodeados de “doutores da bola”, especialistas ‘encartilhados’ que “acertam” sempre até ao dia em que a credibilidade destes, ou melhor, a falta dela que já é evidente, faça com que os leitores, ouvintes e telespectadores inteligentemente mudem de canal, de estação de rádio ou deixem de comprar jornais ou consultar determinados sites, blogues ou redes sociais. Outra possibilidade, sem ser mutuamente exclusiva mas antes pelo contrário complementar, é a justiça funcionar a sério face àquilo que toda a gente já percebeu de que se trata. 

Quando voltarmos a ter, de forma generalizada, bom jornalismo, com cruzamento de fontes, fontes relevantes e credíveis, aí teremos pessoas mais bem informadas e menos lixo propagandístico e avençados encapotados. O mesmo se passa na informação consumida em blogues e redes sociais. Até lá, continuem a privilegiar, no consumo de informação, as plataformas oficiais de comunicação do Sporting Clube de Portugal, aquelas que dizem toda a verdade, verde no branco! 

No próximo Domingo, frente ao Desportivo das Aves, começa a competição a sério e com o VAR, que nos dois últimos jogos de preparação em Alvalade, se tivessem sido para o campeonato, não permitiria que o nosso Clube fosse lesado, previsivelmente, em quatro pontos. Desejamos a vitória e lutaremos por ela com atitude e compromisso e contando com o apoio incondicional dos Sócios e adeptos, com os nossos Grupos Organizados de Adeptos que existem e, orgulhosamente dizemos, legais (outros dizem desconhecer as suas claques, talvez porque a lei existe mas parece que a justiça tarda…): Juventude Leonina, Torcida Verde, Directivo Ultra XXI e Brigada Ultras Sporting. Força Sporting!

Boa leitura!