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"São as relações emocionais que estão acima de tudo"

Por Jornal Sporting
19 Abr, 2016

Pedro Dionísio, professor associado do ISCTE, abordou a temática do fervor dos adeptos em torno do seu clube de futebol

Há quem se debruce sobre o fenómeno que envolve a criação de uma paixão à volta de um clube e discuta os extras que dele podem advir. O congresso internacional ‘The Future of Football’ decorreu durante todo o dia de hoje no Auditório Artur Agostinho, sendo que as palestras da tarde se iniciaram pela voz do professor Pedro Dionísio, que aprofundou um tópico comum na nossa sociedade. ‘O Fervor Clubístico nos Adeptos de Futebol’ palpita nos corredores do estádio José Alvalade, mas a audiência teve a possibilidade de conhecer o lado mais teórico de um tema carregado de emoções.  

“Os adeptos de futebol são considerados as novas tribos. A procura de laços de ligação entre os indivíduos, que substitui um período anterior marcado pelo individualismo, tem o nome de neotribalismo. As tribos estabelecem uma relação emocional forte”, explicou, para de seguida colocar uma questão que simplificou automaticamente o pensamento do público presente: “Quantas vezes é que foram a uma outra cidade, onde não conheciam nada nem ninguém, e encontraram alguém do vosso Clube, da vossa tribo?”. Várias foram as mãos que prontamente se declararam conhecedoras dessa mística, cientes do sentido exposto pelo orador. “Encontram essas pessoas, com as quais passam a ter uma conversa em comum, outros tantos interesses e, se estiverem muito envolvidos com o próprio Clube, têm a sensação de que já as conheciam há anos”, prosseguiu.

A forma como os adeptos do Sporting CP vivem o fenómeno foi demonstrada ao som d’O Mundo Sabe Que, presente num vídeo onde é possível observar mais de 45.000 Sportinguistas num acto de pura dedicação. Uma dedicação que, segundo o professor doutorado em Organização e Gestão de Empresas, muitas marcas comerciais gostariam de gerar com os seus consumidores.

“Uma marca comercial como a Coca-Cola ou a Super Bock adorariam ter essa relação afectiva e emocional. Os adeptos de futebol têm os seus rituais, os seus locais comuns e um imaginário colectivo. O consumidor tribal olha mais para os aspectos emocionais do que para a questão dos cartões ou da fidelização. Não são os benefícios materiais que os movem, são as relações emocionais que estão acima de tudo”, vincou, à medida que se iam visualizando algumas campanhas publicitárias concebidas pelo Atlético de Madrid, um clube que procura desenvolver valores diferentes do seu rival citadino, visto que, ao longo do tempo, não se tem conseguido destacar através dos títulos ganhos.

O visor apagou com uma frase de Jane Howard, uma famosa romancista americana, a agitar a nossa mente: “Call it a clan, call it a network, call it a tribe, call it a family. Whatever you call it, whoever you are, you need one”. De uma tribo. De uma família. De um clube.