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Foto Isabel Silva

"Encerra-se uma página muito bonita da minha vida"

Por Sporting CP
06 Ago, 2025

Pedro Portela de saída do Sporting CP

Ao fim de 13 temporadas, separadas em duas passagens (2007-2018 e 2023-2025), Pedro Portela está de saída do Sporting Clube de Portugal. Com 14 títulos conquistados pela equipa de andebol (duas EHF Challenge Cups, quatro Campeonatos Nacionais, cinco Taças de Portugal e três Supertaças), 506 jogos e quase 2000 golos, deixa o seu nome na história da secção verde e branca.

Na entrevista de despedida à Sporting TV, admitiu que o emblema de Alvalade é a sua "segunda família". "Foi muito melhor do que esperava e vou daqui contente, feliz e com a barriga cheia", disse.

Tem sido o talismã da equipa e vai embora. E agora?
Ficam pessoas que vão conseguir mais troféus para o Sporting CP. É um grupo com muita ambição e muito talento. Encerra-se uma página muito bonita da minha vida. Foram muitos anos aqui com troféus muito importantes e com a vivência  de sentir este pavilhão cheio muitas vezes. Ter o carinho dos adeptos foi essencial.

Esse carinho dos adeptos é o que vai deixar mais saudades?
Sim. Faz parte da minha personalidade e do nosso desporto conviver com as pessoas. Tem de ser assim, tem de haver uma ligação entre os adeptos e os jogadores, e tentei isso em todos os clubes onde passei. Aqui, foram 13 anos em que tentei fazer isso. Para além dos adeptos, ficam as memórias com os meus colegas. Todos sabemos que podemos falar uns com os outros e vamos partilhar momentos fora daqui.

Vai ficar a faltar é a ligação diária…
Sim, vou ter saudades deste balneário, mas há que seguir em frente.

Ganhou muitos troféus pelo Sporting CP. De onde vem essa mentalidade vencedora?
Vem do grupo, da ambição e do talento desta equipa. Agora, tenho a certeza de que vão continuar e que vêm mais [troféus]. Deu muito trabalho, foram 14 títulos. Esta hegemonia tem de continuar no Clube. Ficam estes troféus, uns com mais importância do que outros, mas todos com relevância.

Na primeira passagem pelo Sporting CP, lutou vários anos contra uma hegemonia do FC Porto. Agora, mudam-se os tempos. Acredita que está a ser definida uma nova era por este grupo?
Eram tempos em que só ganhávamos a Taça de Portugal, mas agora mudou. Ainda estamos longe de conseguir o número de títulos consecutivos que o FC Porto conseguiu, mas o Sporting CP tem capacidade para lá chegar. Vai ter muito trabalho pela frente, mas estou convicto de que vão continuar a ir atrás desse registo.

Foram 506 jogos pelo Sporting CP. O que é que isso diz sobre o seu percurso?
Que é um percurso longo, primeiro. Já levo 18 anos de profissional e muitos foram aqui. Dei o meu melhor com muito sacrifício para tentar trazer títulos para o Sporting CP. Ficam as amizades e o que damos uns pelos outros em campo, assim como a ligação com os adeptos.

Nesta segunda passagem pelo Clube, ficou surpreendido com a qualidade que encontrou?
Já conhecia alguns e sabia a qualidade que tinham, mas conheci também pessoas novas. Não só portugueses, como também estrangeiros com muita qualidade. Podem construir um grande futuro do Sporting CP e acho que vão continuar a ganhar.

Quais foram as amizades que o marcaram mais nestes últimos dois anos?
É duro dar nomes, mas tenho uma amizade muito grande com o Salvador [Salvador], assim como com o Pipo [Edmilson Araújo], que já tinha jogado comigo há muitos anos.

Viu o Salvador Salvador crescer na sua primeira passagem. Como olha para a sua evolução?
É um jogador muito completo que tanto defende como ataque. É um excelente capitão, tem todo o perfil. Espero que continue o grande trabalho que está a fazer, que continue a mostrar o que é ser Sporting CP aos jogadores que cheguem. Evoluiu bastante e tem um grande futuro.

Passar esses valores do Sporting CP também é natural para si?
Tem de haver quem passe essa mensagem. Temos de ter ligação aos adeptos porque não queremos jogar com o pavilhão vazio. São valores que temos de passar aos jogadores novos para termos a ajuda que tivemos, por exemplo, do ano passado. (…) Conseguimos, nestes dois anos, chamar muita gente, com muitos dos jogos a estarem esgotados. Isso quer dizer que o trabalho está a ser bem feito e agora é missão deles passar a quem chega o que é o Sporting CP, o seu ADN.

Comparando as duas primeiras passagens, sente que a ligação com os adeptos é maior agora?
Sim, mas passou a haver muito mais ligação a partir do momento em que se fez o Pavilhão João Rocha. Houve evolução na proximidade. Depois, claro, nestes últimos dois anos houve uma ligação especial entre o andebol e os adeptos. As pessoas acreditam que podemos fazer coisas bonitas. (…) Conviver com eles faz com que venham ao andebol.

Qual foi a chave do sucesso para a conquista dos últimos sete troféus disputados em Portugal e para a campanha histórica na EHF Champions League?
É o trabalho diário, a ambição que o grupo tem, a vontade de querer vencer, o bom ambiente do grupo e a ajuda da bancada. É isso que nos faz ganhar.

Quando saiu pela primeira vez, em 2018, acreditava se alguém lhe dissesse que alguns anos depois estaria de volta para ganhar tudo?
Era muito complicado. Não esperava, mas quando cheguei e vi a equipa acreditei que podia ser possível. Foi muito melhor do que esperava e vou daqui contente, feliz e com a barriga cheia para outros ambientes.

Tanto a equipa técnica como o plantel vivem muito a modalidade…
Gostam de andebol, vivem andebol e isso faz com que queiramos todos muitos títulos para o Sporting CP. Queremos sempre ganhar, é o ADN do Sporting CP. (…) Sou um jogador ambicioso, continuo a ter sonhos. (…) Até continuo a jogar porque quero ser uma pessoa válida para a Selecção Nacional. Adorava poder jogar o Campeonato da Europa de 2028 porque vai ser em Portugal e quero continuar a ser uma aposta válida para a Selecção, onde gosto muito de jogar.

A modalidade tem tido um grande crescimento em Portugal, tanto a nível de clubes como de Selecção. Sente que o Sporting CP teve importância nessa evolução?
Claro que sim. Todos os jogos internacionais do Sporting CP e a aposta em jovens portugueses fez com que a modalidade crescesse. Esses jovens, ao crescerem, são opções válidas para a Selecção e são hoje grandes jogadores a ajudar Portugal a conquistar bons resultados. As grandes noites europeias do Sporting CP ajudam bastante a crescer e vê-se bem a qualidade que temos.

A evolução do Sporting CP a nível europeu foi notória…
Sim, foi muito grande nos últimos anos. No ano passado fizemos uma grande época, estivemos excelentes na EHF Champions League. Tínhamos a ambição de ir à final four e este ano também, de certeza. As equipas já olham para o Sporting CP de outra maneira, mas tenho a certeza que para ganharem aqui vão ter de suar muito.

Depois da dura derrota com o HBC Nantes que ditou a eliminação da EHF Champions League, a equipa podia ter ido abaixo mentalmente e estava na recta final do Campeonato Nacional, mas a resposta foi impressionante.
Foi importante saber levantar. Viu-se bem a ligação do grupo pela forma como nos levantámos. Foi super importante irmos atrás [do Campeonato]. Para voltar a estar na EHF Champions League sabíamos que tínhamos de ganhar o Campeonato. A equipa juntou-se e fomos atrás disso. Tivemos mérito.

Consegue escolher um jogo dos últimos dois anos como o mais especial?
O jogo que significou a conquista do Campeonato em 2023/2024. Já não se ganhava desde que saí e foi o virar a página. Foi o título mais especial desta passagem, ainda que o último, a Taça de Portugal, também seja marcante. Foi uma época muito longa e cansativa e a decepção da EHF Champions League foi dura, mas conseguimos ganhar depois mais dois títulos.

E momento mais feliz de verde e branco?
Ficou o ambiente de 2010 [na EHF Challenge Cup]. O andebol não tinha muita gente, jogávamos fora. Quando fomos para a final, criou-se um ambiente logo na chegada ao pavilhão… Era muito novo e foi um ambiente inesquecível que me ficou marcado. Fica também o ambiente no Pavilhão João Rocha quando está cheio. Os adeptos são especiais e fazem deste pavilhão especial. (…) Faz completamente a diferença. Puxa-nos para cima quando estamos mais em baixo e faz-nos fazer coisas impensáveis. Tira o melhor de nós.

Como foi o momento da despedida com o grupo?
É sempre duro despedir dos amigos, mas foi um momento bonito. Tivemos um convívio juntos.

Tem noção do papel que teve no andebol do Sporting CP?
Ainda não. Fui vivendo ano a ano e ainda não tenho a noção do que construí aqui. Sei que foi uma página bonita, mas ainda não ‘caiu a ficha’. (…) Quero que daqui a 30 anos falem de mim como uma pessoa Sporting CP.

Vai para longe, mas sentimentalmente vai continuar perto?
Sim. Tenho muito contacto com muitos Sportinguistas, o que me vai deixar perto. (…) Segunda família? Sim. Foi a minha casa durante 13 anos e tive grandes momentos.

O que é que o Sporting CP simboliza para si?
Deu-me tudo para poder crescer como atleta e pessoa. Ficam os valores que nos transmitem, os valores Sportinguistas.

Faria tudo outra vez?
Sim.

Que mensagem deixa aos Sportinguistas?
Primeiro, agradeço por tudo. Pelo apoio incondicional e pelas memórias que criámos juntos. Pelo apoio nas derrotas, principalmente. Que continuem a apoiar o andebol e a fazer deste pavilhão um vulcão para que a equipa continue a trazer muito mais vitórias para o Sporting CP.