Your browser is out-of-date!

Update your browser to view this website correctly. Update my browser now

×

Foto Francisco Lino

Diário de Le Mans - Dia 5

Por Sporting CP
03 maio, 2025

Reagir, competir e honrar

Hoje, Le Mans amanheceu mais silenciosa. A tristeza ainda paira, inevitável, à espreita por entre as memórias remoídas do jogo – aqui e ali, alguns lances sentam-se connosco à mesa, misturam-se com os talheres e impõem-se no meio das poucas conversas que se escutam, quase todas presas ao que podia ter sido.

Mas se algo aprendemos – e esta equipa aprendeu muito –, foi que, no desporto como na vida, os “ses” pouco valem. O condicional não ganha jogos, nem cura mágoas. Por isso, por mais que a tentação exista, conjugar verbos nesse tempo tem, para nós, um prazo de validade. E ele está a expirar.

Para trás ficou um sonho. E mesmo que ainda doa dizê-lo, é já com os olhos no futuro do indicativo que o grupo começa a mover-se: vamos reagir, vamos competir, vamos honrar. A reacção ao infortúnio é, neste Sporting CP, um instinto – e é com esse instinto que se prepara o quinto dia de futsal em solo francês.

As primeiras horas do dia foram, pois, as de um Leão ferido. Um Leão que lambe as feridas, mas que se levanta já, pronto a reerguer-se. Sob as 15h00, o ambiente começa a mudar. Rumámos à Antarès Arena e ali, com a intensidade de sempre, o grupo trabalhou com foco total no duelo frente ao FS Cartagena.

O actual campeão espanhol estreia-se na final four da UEFA Futsal Champions League e conta nas suas fileiras com uma cara bem conhecida: o pivot Waltinho, que vestiu de verde e branco na temporada 2021/2022. Enfrentá-lo será apenas mais um desafio a juntar à longa lista daqueles que esta equipa não teme.

Após a sessão de trabalho, Henrique Rafagnin deu voz ao grupo na antevisão do encontro, perante os jornalistas portugueses presentes. Ainda com a desilusão visível no olhar, deixou claro que o propósito se mantém firme: encerrar a participação na competição com uma vitória.

“O nosso objectivo era estar na final. Infelizmente, não foi possível, mas temos um terceiro lugar para garantir. A nossa motivação é jogar por nós e pelos adeptos que sabemos que viajarão até Le Mans só para ver este jogo. Temos de honrar isso e também o escudo que envergamos”, disse o guardião.

E se o emblema e aquele que o seguem são motivação indiscutível, o reencontro com as famílias – esse porto seguro – também ajuda a transformar a frustração em combustível. Após o treino, o carinho dos mais próximos foi recebido com abraços apertados.

O dia terminou com chuva inesperada, depois de várias jornadas de céu limpo e temperaturas amenas. Mas nem isso demoveu a boa disposição que foi ressurgindo à mesa, entre algum riso, histórias partilhadas e até motivos para celebrar – as vitórias dos nossos nos dérbis de andebol e voleibol.

Amanhã, por cá, há um bronze para conquistar. Conhecido como um metal resistente, adaptável, e capaz de manter o brilho mesmo depois da pressão e do tempo, lembra-nos alguém, não é?

Por Filipa Santos Lopes, em Le Mans.