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Mais que um clube

Por Juvenal Carvalho
26 Jan, 2023

Chamando para título desta coluna de opinião o lema do FC Barcelona ('Més que un club'), o mesmo apropria-se igualmente ao Sporting Clube de Portugal, sem que com isso esteja a correr o mínimo risco de qualquer tipo de plágio. Porque, é inequívoco, somos realmente muito acima de um clube, e desde que fomos fundados no dia 1 de Julho de 1906, o nosso papel tem ido muito além do plano meramente desportivo, porque ao longo do tempo se estendeu tanta vez para o foro da sociedade e no caso que me leva a escrever no dia de hoje, para o humanismo e para a inclusão que tanto nos orgulha, honra e enobrece.

Que para além do Esforço, da Dedicação, da Devoção e da Glória do nosso lema, está também o Orgulho... orgulho esse de pertencer a tão nobre Instituição.

Duas jovens ucranianas, como tantas outras, que foram obrigadas a sair do seu conforto familiar devido à tão ignóbil invasão das tropas russas ao seu país, chegaram em Setembro de 2022 a Portugal, e numa história de vida que tocou no coração aos responsáveis do nosso Clube, pediram para praticar a sua modalidade de eleição, no caso o rugby, e logo tiveram o acolhimento na secção e no grupo de trabalho, a equipa sénior feminina, como sendo duas das "nossas" desde sempre. Também elas, movidas pelo altruísmo, que nem as barreiras linguísticas as demoveram, propuseram-se a dar aulas de rugby a crianças dos cinco aos 12 anos de idade. Uma forma de reconhecimento de alguém culturalmente muito evoluído e que sabe estar na vida.

Falo de Anastasiia Kryzhanovska (Nastia), 27 anos, e de Tetiana Tarasiuk (Tanya), 29 anos, ambas naturais de Odessa, e internacionais pela Ucrânia, que mais do que se sentirem seguras no nosso país, encontraram também no rugby do Sporting CP o seu porto de abrigo, onde se sentem como se estivessem em casa com o tão  nobre acolhimento e postura dos responsáveis da nossa secção de râguebi, cuja modalidade é conhecida como um desporto que tem como essência o saber estar, e praticado por gente de uma enorme nobreza de carácter.

Agora o tempo é da Nastia e da Tanya serem felizes de Leão ao peito. De desfrutarem do facto de estarem num clube que não só as recebeu de braços abertos, como quer também que elas sejam mais umas das nossas e se sintam em casa. Acima dos ensaios, dos pontapés de penalidade, das placagens, e de tudo o que envolve o jogo que elas amam.

Ser do Sporting CP é realmente algo que, como costumo dizer, não se explica, sente-se. E a Nastia e a Tanya um dia mais tarde, ainda por cá, ou já regressadas à sua pátria livres desta guerra, não esquecerão seguramente o nosso Clube. São, pois, parte integrante do Clube de Stromp. Porque a história não se apaga. E quando a mesma é feita de episódios como este, é fantástica. Simplesmente fantástica.

Sejam felizes, Nastia e Tanya!