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Português, Portugal

Juvenis vencem na Luz e assumem liderança

Por Jornal Sporting
05 Dez, 2015

Triunfo por 23-18 no 'derby' na 11.ª jornada da Zona 4 do Campeonato

A formação de juvenis do Sporting conseguiu hoje ao final da manhã uma grande vitória no Pavilhão da Luz frente ao Benfica por 23-18, numa partida a contar para a 11.ª jornada da Zona 4 da primeira fase do Campeonato Nacional da categoria.

Após uma primeira parte equilibrada mas que acabou com os ‘leões’ na frente por um golo (10-9), a formação ‘verde e branca’ arrancou para uma etapa complementar de grande nível onde conseguiu uma vantagem de quatro/cinco golos que foi gerindo até ao final do jogo.

Joel Ribeiro, com sete golos, foi o melhor marcador ‘verde e branco’, seguido de Martim Ferreira (quatro), Tomás Carolino e Daniel Neves (ambos com três).

Com este resultado, que ‘vira’ a derrota caseira na primeira volta por três golos (22-19), o Sporting assumiu a liderança da Zona 4 da primeira fase do Campeonato com 31 golos (dez vitórias e uma derrota), tendo ainda a melhor defesa da prova (184 tentos consentidos).  Na próxima jornada, os ‘leões’ recebem o Lagoa, actual quinto classificado.

Já a equipa de infantis A goleou o Passos Manuel B no Pavilhão Municipal do Casal Vistoso por 45-16, na segunda jornada da Série C da terceira fase do Campeonato Regional. Ao intervalo, os ‘leões’ já venciam por claros 27-5. Daniel Santo, com 13 golos, foi o melhor marcador ‘leonino’, seguido de João Gonçalves (seis), Rafael Santo e Eduardo Guimarães (ambos com cinco).

Na próxima jornada, os ‘leões’ jogam fora com o Sassoeiros para tentarem defender a actual liderança na Série C, com seis pontos (duas vitórias), mais dois do que Camões e Sassoeiros.

Já os infantis B perderam por 41-11 fora frente ao Almada A, ocupando nesta altura o terceiro lugar da Série E da terceira fase do Campeonato Regional.

Juvenis 'leoninos' perdem na Luz após grande recuperação

Por Jornal Sporting
28 Nov, 2015

Sporting virou de 3-0 para 3-3 mas sofreu golo da derrota a dois minutos do fim

A equipa de juvenis de hóquei em patins do Sporting não foi feliz na deslocação desta tarde ao Pavilhão da Luz, perdendo frente ao rival Benfica por 4-3 na primeira jornada da Série F da segunda fase do Campeonato Regional Sub-17.

Depois de estarem em desvantagem por 3-0, os ‘leões’ tiveram uma fantástica reacção que restabeleceu o empate na partida, com golos dois golos de André Jacinto e um de Pakito. No entanto, a dois minutos do fim, os ‘encarnados’ passaram de novo para a frente.

Recorde-se que, na primeira fase, o Sporting tinha terminado a Série E no primeiro lugar com 20 pontos (seis vitórias e dois empates), mais quatro do que o Oeiras e mais seis do que o SC Torres. Na próxima jornada, os ‘leões’ recebem o HC Sintra.

"É um grande orgulho representar o Sporting"

Por Jornal Sporting
21 Nov, 2015

Slimani destaca grandeza, história e massa adepta dos 'leões'

Do Clube para a selecção, da selecção para o Clube: Islam Slimani continua com a veia goleadora bem latente e, depois de ter bisado nos dois jogos da Argélia com a Tanzânia, apontou o golo que decidiu o ‘derby’ frente ao Benfica na Taça de Portugal, o décimo nas derradeiras oito partidas.

“Jogámos muito bem e conseguimos uma vitória justa. Dominámos o jogo todo”, salientou na zona mista após o encontro, completando: “É um grande orgulho representar o Sporting, que é um grande Clube e com uma grande história. O apoio dos adeptos dá-nos muito orgulho para vencer os jogos”.

“Estou a marcar muitos golos mas isso só acontece com a ajuda de toda a equipa e o trabalho que fazemos nos treinos. Ninguém joga sozinho e é graças aos meus colegas que consigo marcar golos”, referiu antes de falar também da importância de Jorge Jesus para a evolução: “Mudou muitas coisas, é um grande treinador. Chegou e colocou o método dele, que está a funcionar bem. Estou cá para ajudar a equipa”.

"Preparamos os jogos e temos uma identidade"

Por Jornal Sporting
21 Nov, 2015

Reacção de João Mário após triunfo frente ao Benfica na Taça de Portugal

João Mário foi um dos elementos em maior evidência do Sporting no triunfo por 2-1 no prolongamento frente ao Benfica, a contar para a quarta eliminatória da Taça de Portugal. No final da partida, o médio enalteceu a capacidade que os ‘leões’ mostraram para dar a volta mesmo com o marcador desfavorável.

“Foi um jogo muito complicado e acho que foi a primeira vez que começámos a perder. Reagimos bem e demos a volta ao resultado. O Benfica é um digno vencido mas quero realçar a nossa equipa porque foi a terceira vitória sobre um grande rival. Agora é focar de novo e manter este caminho”, referiu o médio na zona de entrevistas rápidas.

“Estamos confiantes mas só com trabalho podemos vencer uma equipa como o Benfica. Preparamos muito bem os nossos jogos e temos uma identidade. Acreditamos no que fazemos e no que trabalhamos. Fomos sempre superiores durante o jogo”, completou antes de falar também das alterações posicionais ao longo da partida: “O ‘mister’ pediu-me aquilo que costuma pedir e tentei dar o melhor em prol da equipa com as minhas características. Penso que deu resultado”.

"Sporting tem alma, disciplina e pensa como equipa"

Por Jornal Sporting
21 Nov, 2015

Análise de Jorge Jesus à vitória do Sporting no 'derby' da Taça de Portugal

Jorge Jesus, treinador do Sporting, destacou no final da vitória frente ao Benfica por 2-1 no prolongamento, a contar para a quarta eliminatória da Taça de Portugal, a justiça do triunfo e os equilíbrios que os ‘leões’ foram conseguindo ao longo dos 120 minutos.

“Fomos uns justos vencedores porque durante todo o jogo fomos a equipa que teve mais qualidade. Na primeira parte tivemos uma bola ao poste no início e o Benfica fez um golo no único remate à nossa baliza. O jogo esteve mais equilibrado mas no final o Sporting começou a perceber melhor o que se passava. Equilibrámos e fomos já para o intervalo com um empate justo. Na segunda parte e no prolongamento fomos a equipa que teve mais oportunidades. Fomos sempre mais equipa, mais consciente, mais equilibrada, mais confiante”, realçou o técnico na zona de entrevistas rápidas.

“Troca de João Mário para a zona central? Sei o que fiz e por que fiz mas fica para mim. Foi uma troca determinante. Se fui surpreendido pelo meio-campo do Benfica? Não tanto, aquele posicionamento do Gaitán já fazia comigo em alguns jogos, o Talisca também, o Pizzi... Nada daquilo foi novo mas é verdade que em termos de posicionamento tivemos uma entrada um pouco desequilibrada mas fomos organizando melhor. Esta é uma equipa com alma, disciplina e que pensa como equipa”, acrescentou a propósito de alguns aspectos mais técnicos e tácticos do ‘derby’, antes de abordar ainda a actuação do árbitro Jorge Sousa: “O segundo golo que o Benfica reclama não estava fora-de-jogo, o Eliseu coloca o Slimani em jogo. Foi uma grande arbitragem. Foi limpinho, limpinho e ganhámos com toda a justiça”.

Por fim, Jorge Jesus admitiu também que “nunca passou pela cabeça jogar três vezes contra o bicampeão e ganhar as três vezes”. “Se é especial? Sou um profissional do futebol, tive de procurar outros caminhos. O Presidente do Sporting acreditou em mim e estou a fazer o meu trabalho, que é a minha paixão”, concluiu.

Também chegou atrasado, veio no prolongamento

Por Jornal Sporting
21 Nov, 2015

Depois da Supertaça e da Liga, Sporting vence Benfica na Taça de Portugal (2-1)

No lançamento da quarta eliminatória da Taça de Portugal, Rui Vitória chegou pouco mais de meia hora atrasado para, por simples coincidência (a sério que alguém acredita?), iniciar a antevisão já depois de Jorge Jesus abordar a partida. Disse dez vezes a palavra ‘ganhar’, seis o nome ‘Sporting’ e outras tantas a ideia ‘equipa’. Esta noite, tudo junto, fez sentido: a melhor equipa, o Sporting, ganhou. E esse triunfo por 2-1 apenas pecou por tardio, na medida em que foi apenas consumado no prolongamento. Depois do que tinha acontecido na Supertaça e no Campeonato, o ‘derby’ voltou a mostrar a lei do mais forte.

Com a introdução de Fredy Montero no lugar de Teo Gutiérrez, os ‘leões’ tiveram uma entrada muito forte, encostaram o adversário no seu meio-campo e, aos quatro minutos, Slimani enviou de cabeça a bola ao poste após cruzamento da esquerda. No entanto, e na primeira vez que os ‘encarnados’ conseguiram esticar o jogo à baliza de Rui Patrício, Mitroglou inaugurou o marcador aos seis minutos, na sequência de um passe longo de Gaitán seguido de excelente recepção e assistência de Pizzi.

Ainda não havia propriamente uma corrente de jogo definida, mas o golo sofrido acabou por refrear os ânimos, com os ‘verde e brancos’ a terem mais dificuldades face à postura de ‘pequeno’ do Benfica: blocos baixos muito recuados, linhas juntas e tentativa de sair em transições rápidas tentando apanhar o Sporting desposicionado. Foi um jogo de sentido único e de paciência, que depois de uma boa oportunidade de Slimani (32’, numa jogada onde acabou por chocar com Júlio César) e outra de Jefferson (39’, grande remate de fora da área para excelente intervenção do guarda-redes adversário), chegou ao empate já nos descontos da primeira parte por Adrien, com um remate dentro da área após dois maus alívios da defesa contrária.

Ao intervalo, Jorge Jesus leu o jogo e... redobrou a superioridade: ao retirar Montero e colocar Gelson no corredor direito, arrastando também João Mário para a zona central do terreno, o Sporting teve 20/25 minutos de pressão intensa onde faltou apenas uma maior clarividência e pragmatismo no último terço do terreno. O Benfica lançou André Almeida, voltou a colocar algum equilíbrio no meio-campo, teve dois remates perigosos de Talisca e Eliseu, mas foram os ‘leões’ de novo a vir para cima, assumindo as rédeas de jogo e podendo ‘matar’ a partida ainda no tempo regulamentar por Slimani: aos 88 minutos, Júlio César fez uma defesa monstruosa a um remate à queima-roupa; no minuto seguinte, após jogada de Gelson, o argelino atirou por cima da trave.

No prolongamento, e com Ricardo Esgaio e Tobias Figueiredo a renderem Jefferson e Ewerton por questões físicas, o desgaste fez com que muitas vezes as pernas já não correspondessem às intenções da cabeça, mas acabou por vir ao de cima a maior qualidade técnica, táctica, individual e colectiva do Sporting, que chegou ao tento da vitória por Slimani aos 112 minutos num lance que, devido aos protestos (sem razão), valeu o segundo amarelo e consequente vermelho a Samaris. De registar também que, quase no final, o Benfica voltou a queixar-se de uma grande penalidade inexistente, algo que serviria depois para ‘justificar’ o desaire no final da partida. Ou seja, e na óptica dos queixosos, tudo poderia ser diferente. E as palavras ‘se’ e ‘perder’, que o treinador dos ‘encarnados’ dizia não entrar no seu vocabulário, lá tiveram de vir à baila. Neste caso, pela terceira vez consecutiva, algo que já não acontecia há 61 anos... 

Duas orquestras que não tocavam de improviso

Por Jornal Sporting
21 Nov, 2015

Fernando Peyroteo, o 'Stradivarius' dos eternos 'Cinco Violinos'

Ainda eu não era nascido na última vez que o Sporting ganhou aqui por três golos”. Autor da frase: Jorge Jesus; contexto: sala de imprensa do Estádio da Luz, na sequência da vitória dos ‘leões’, por 3-0, esta época, no reduto do rival. Mas o que uma frase proferida em Outubro de 2015 tem a ver com a carreira de Peyroteo, o ‘violino’ que afinava a equipa do Sporting na frente de ataque, marcando 541 golos em 12 épocas? Neste particular, tudo. O tal jogo a que Jesus se refere, que aconteceu a 25 de Abril de 1948 – seis anos antes do nascimento do técnico dos ‘leões’ – foi protagonizado por Peyroteo, que apontou os quatro golos com que os ‘verde e brancos’ derrotaram o eterno rival (4-1) no seu reduto (na altura o terreno do Campo Grande, cedido pelo Sporting) e conquistaram o primeiro tricampeonato da história do futebol português, juntamente com a Taça Monumental de ‘O Século’. 

Peyroteo tinha pontaria particularmente afinada frente às ‘águias’. Não só foi perante o eterno rival que deu o pontapé de saída da sua carreira no Sporting – e que pontapé, logo com dois tiros certeiros, como marcou o seu nome na história dos ‘derbies’ ao apontar o ‘poker’ num jogo para o qual o Sporting partia em desvantagem por ter menos dois golos que o adversário no ‘goal average’, naquele dia de Abril que quase três épocas depois seria dia de Revolução – e que, em 1948, foi símbolo de evolução para os ‘leões’.

O jogo foi preparado com todos os detalhes. Sob o comando técnico de Cândido de Oliveira, o grande obreiro da linha avançada imortalizada como os ‘Cinco Violinos’ (entrou para o Clube como director técnico, assumindo depois a liderança da principal equipa do Sporting), os jogadores compareceram na cabine do campo rival, meia hora antes do jogo, para sorverem a táctica. Com dois golos para recuperarem, a palavra-chave era ‘prudência’, quer no ataque quer na defesa. Travassos jogaria ligeiramente recuado, em auxílio ao sector defensivo, procurando lançar os seus colegas na frente com passes longos enviados, preferencialmente, para os extremos. Assim que o Sporting perdesse a posse de bola, o ‘Zé da Europa’ (outro nome por que era conhecido) recuaria de imediato no terreno. Vasques, interior direito dos ‘Cinco Violinos’, também ajudaria a equipa atrás, mas teria de partir para o ataque assim que a bola estivesse no campo adversário. O defesa Moreira marcaria o avançado ‘encarnado’ Julinho – “Onde ele estiver estarás tu. Não poderá ganhar nenhum lance; antecipa-te sempre, não o largues”, indicou-lhe Cândido de Oliveira –, os médios ‘leoninos’ não poderiam deixar de marcar os médios ofensivos adversários quando estes atacassem, assim como os médios ofensivos ‘verde e brancos’ não deixariam os médios ‘encarnados’ em liberdade. O objectivo era que a linha avançada, mesmo desfalcada pela polivalência de Travassos, conseguisse fazer dois golos o quanto antes, igualando a partida; a partir daí, o ataque seria reforçado, alinhando na sua habitual forma, para aproveitar a expectável perturbação do adversário. Todas as situações estavam precavidas: se o Benfica marcasse antes do Sporting, fosse na primeira parte ou na segunda, os ‘leões’ saberiam o que fazer. Tudo isto foi explicado por Cândido de Oliveira ali mesmo na cabine, naquela meia hora. E dotada de “pernas e cérebro”, no entender de Peyroteo, a equipa interpretou à letra a táctica e ultrapassou o rival, conquistando o Campeonato que viria a ficar conhecido como ‘Pirolito’ – como foi decidido apenas por um golo, tomou o nome de um refrigerante da época, que tinha um berlinde na tampa.

A vitória folgada perante o adversário gerou uma superstição no balneário. No seu livro de memórias, Peyroteo relata que, assim que chegava ao balneário antes de um jogo, vestia o ‘slip’ (uma pequena cueca de malha de algodão), a camisola e requisitava os serviços de Manuel Marques – massagista do Clube conhecido como o ‘mãos de ouro’, tal a eficácia com que recuperava os atletas.

Mas naquele dia 25 de Abril, depois de Manuel Marques tratar de Peyroteo – com um algodão embebido em linimento Sloan (um gel de massagem da época), esfregou-lhe as pernas, joelhos e coxas antes de aplicar uma massagem para aquecer os músculos – deixou o algodão, inadvertidamente, pousado no banco ao lado. Nenhum dos dois reparou no deslize. “O certo é que, não sei como, sentei-me mesmo em cima do algodão embebido em linimento. Não queiram saber que ardor eu senti mas, ainda assim, o que me valeu foi o ‘slip’. Mas apanhei um escaldão tremendo. Barafustei e quanto mais zaragata fazia mais o Manuel Marques e todos os camaradas riam à gargalhada. Eu estava seriamente atrapalhado e lá fui para o campo com o ‘sim-senhor’ a arder”, recorda o avançado, que relata que, a partir daí, o massagista deixava sempre o algodão encharcado ao lado porque afirmava que o procedimento dava sorte à equipa.

O ‘derby’ vitorioso trouxe outro efeito inesperado: a demissão do treinador. Sim, leu bem. Cândido de Oliveira apresentou a sua demissão depois da goleada sobre o eterno rival, que tinha tanto da sua sabedoria. Os boatos começaram logo no dia seguinte, nos escaparates dos jornais. A confirmação, essa, chegou depois, pela boca do próprio Cândido de Oliveira. Contou o técnico que, na véspera do encontro com o rival, um dos directores do Clube lhe pediu que explicasse a táctica que pensava usar no dia seguinte, revelando, depois das explicações do treinador, o seu desagrado perante a estratégia e os jogadores escolhidos – Cândido de Oliveira pensava utilizar, por exemplo, Moreira a médio-centro no lugar de Manecas. 

Entendeu Cândido de Oliveira que se devia demitir – o que chegou a fazer – e só recuou perante o pedido de desculpas desse mesmo dirigente, vogal do Clube, que estava disposto a afastar-se do Sporting. Ficaram os dois, ajudando a assinar um dos títulos de campeão nacional mais renhidos de que havia memória.

As duas linhas avançadas mais míticas do Clube têm um denominador comum: Fernando Peyroteo. Nos primeiros tempos no Sporting, o avançado-centro dava música ao lado de Mourão, Pireza, Soeiro e João Cruz; depois ­– mais concretamente a partir de 26 de Junho de 1946, num jogo frente ao Belenenses no Estádio das Salésias – passou a ser o ‘Stradivarius’ dos ‘Cinco Violinos’, ao lado de Jesus Correia, Vasques, Travassos e Albano. 

Os números – que como é sabido, raramente enganam – comprovam o esplendor de uma carreira que terminou com o saldo de cinco Campeonatos Nacionais e quatro Taças de Portugal (o avançado nunca perdeu uma final da competição). Deixemos falar as estatísticas: em quatro jogos disputados, Peyroteo marcava em três; e a cada cinco encontros que realizava, pelo menos num deles marcava três ou mais golos. Só assim se justifica a média recorde de 1,6 tentos por jogo do jogador nascido em Angola, que o coloca no patamar de melhor avançado de sempre do futebol nacional.

Peyroteo atribui grande parte do seu sucesso como futebolista ao estudo pormenorizado de cada adversário, fruto de uma visão que colocava a ênfase da qualidade de uma equipa no valor individual dos jogadores. “Todos nós sabemos que o valor de um ‘team’ de futebol não é mais do que o resultado do valor individual dos jogadores que o compõem; boas equipas sem bons jogadores parece-me que não existem. Daí a minha atenção incidir mais sobre o valor individual do jogador ou jogadores com quem teria de lutar por virtude da nossa colocação no terreno do que sobre a força global da equipa adversária”, adiantou o jogador, explicando a forma como as equipas que integrou no Sporting iam buscar forças às fraquezas do adversário. “Ao começar um jogo (...), a minha preocupação era a de experimentar o defesa que me cabia defrontar. Seria ele dos tais que me acompanhariam até fora do rectângulo se, no decorrer do encontro, me apetecesse beber uma laranjada no ‘bufete’ do campo? Seria rápido na antecipação? Saltaria bem na disputa da bola pelo ar? Teria dois bons pés, ou um melhor do que o outro? Seria dos que fecha os olhos quando vai à bola? Jogará em subtileza ou em força? Lutava com ele procurando ‘descobri-lo’, conhecê-lo e tentava explorar as suas fraquezas possíveis”.

Esta adaptabilidade às circunstâncias do jogo era, também, característica base dos ‘Cinco Violinos’ – uma orquestra que, segundo explica Peyroteo, nunca tocava de improviso, obedecendo a um trabalho metódico e disciplinado. Era um organismo adaptável e mutável, em constante ajuste ao meio ambiente – que é como quem diz, ao adversário e ao jogo. Os primeiros minutos destinavam-se a isso mesmo, ao estudo dos traços do oponente, por forma a empregar o sistema táctico mais adequado para explorar as fraquezas do rival. “O princípio básico era iniciar a partida no regime de cautela e reserva e, por isso mesmo, a defesa era reforçada pela colaboração de um interior. Mas nem por esse motivo deixávamos de tentar o ataque logo que as circunstâncias o permitissem, de modo a surpreender o adversário”. Não havia, portanto, modelos rígidos. “A velha e saudosa equipa dos ‘violinos’ não experimentava dificuldades em cambiar de sistema logo que nisso reconhecia vantagem (...). Não utilizávamos o ‘4-4-2’, a ‘diagonal’, o sistema de ‘ferrolho’ ou qualquer outro processo táctico rígido, definido e assente como padrão imutável”, clarifica o ‘Stradivarius’. Só assim foi possível a conquista de três Campeonatos em três anos de ‘orquestra’, assim como a proeza de vencer o campeão francês Lille por 8-2 ou o Atlético de Madrid, em Espanha, por 6-3 – neste último, por exemplo, a estratégia assentava em fazer o adversário acreditar que a força do ataque assentava no avançado-centro, o que se traduziu no maior espaço concedido a Jesus Correia, que marcou... os seis golos da partida. Uma vez mais, os números não enganam.

Afinar os instrumentos para soar a orquestra

Por Jornal Sporting
21 Nov, 2015

A importância de Szabo e a estreia de Peyroteo com um 'bis' ao Benfica

Estava dado o veredicto: “Sinhor Férnando ter jeiteira mas precisar trabalhar muito. Bom pontapé, bom côrrida. Precisar muito ‘treining’ dê técnica de ‘foot-ball’”. No seu português macarrónico ­– inversamente proporcional aos conhecimentos límpidos de futebol –, o treinador húngaro Joseph Szabo avaliava a prestação do primeiro treino, à experiência, de Peyroteo (que chamava sempre de ‘Sinhor Férnando’). Um treino de duas horas que começava com a promessa de ser breve, mas que terminava com o jogador, acabado de chegar do Sporting de Luanda, à beira de um esgotamento físico. Fez passes de todas as formas e rematou à baliza com o próprio Szabo no lugar do guarda-redes – a ‘desmascarar-lhe’ as artimanhas, por sinal: Peyroteo decidira atirar ‘ao boneco’ para que, se o remate saísse mal, ainda houvesse uma margem até aos postes. “Sinhor Férnando: assim ser canja! Querer furar bariga de guarda-redes? Atirar para junto dê postes!”, advertiu o técnico, que o obrigou a correr para apanhar cada bola enviada para fora da baliza. 

Apesar do veredicto final não parecer muito entusiasta, Szabo viu em Fernando Peyroteo, chegado aos 19 anos a Lisboa no paquete Niassa, a centelha do talento. Nesse mesmo dia, informou a Direcção que estava interessado na contratação do jogador e, no dia seguinte ­– em que Peyroteo só se conseguiu levantar da cama ao meio-dia, tais as dores que tinha no corpo – estava o novo avançado a assinar, sem ler, o contrato que o ligaria aos ‘leões’.

Daí até ao primeiro treino em conjunto com a equipa não demorou muito. Eram 7h15 da manhã e Peyroteo era dos primeiros a chegar. Para todos era um dia normal, mas não para a jovem promessa. As pernas não o deixavam mentir: tremiam como varas verdes. Embora nos primeiros instantes os jogadores mais experientes lhe tivessem dirigido algumas piadas numa tentativa de praxe, assim que começou a rolar a bola todos o ajudaram ­– incluindo Soeiro, um dos melhores avançados da história do Clube, que Peyroteo viria a substituir, relegando-o para a posição de interior esquerdo. E assim, apesar dos nervos, apesar da inexperiência, apesar de tudo, Peyroteo marcou três golos ao mítico guarda-redes Azevedo, dando logo nas vistas dos companheiros. Aníbal Paciência, por exemplo, não teve dúvidas em dizer-lhe: “Estou certo que o lugar de avançado-centro vai pertencer-te”. Szabo, pedagogo por excelência, em vez de lhe alimentar o ego, apontou-lhe os erros – “estar mal dê desmarcação; andar perdido em campo; não saber cortar jogada” – obrigando-o a treinar até às 10h30 (mais uma hora do que os restantes companheiros) para emendar o que não tinha sido bem feito. 

Aliás, daí em diante, Peyroteo passou a treinar sempre mais duas vezes por semana do que os colegas, por indicação de Szabo. Às quartas e sextas-feiras, além dos exercícios atléticos – Szabo era obcecado por este aspecto do treino – o treinador ensinava pormenores tácticos e técnicos, chegando ao ponto de informá-lo a respeito das características de cada um dos seus companheiros de equipa e de lhe dar aulas de táctica com bonecos, depois do duche – o que, muitas vezes, o fez perder a ‘matinée’ de cinema, já com bihete comprado. “Sinhor Férnando, seu cinema ser este. Deixar garotas! Fazer-se primeiro grande jogador de ‘foot-ball’ e ter, dêpois, todas garotas dê Mundo... Cárágo, Fernando, ser um sarílio para atender todas! Ir ver, Férnando”, dizia-lhe o técnico, lembrado por Peyroteo no seu livro de memórias. Nessa mesma obra, aliás, o maior goleador do futebol mundial atribui ao técnico húngaro grande parte do seu sucesso como jogador e demora-se a explicar as regras dos seus treinos. As sessões começavam às 8h da manhã, mas todos tinham que estar equipados e preparados para entrar em campo às 7h45 – Szabo entrava no balneário, de fato de treino e boina na cabeça, e dava três apitadelas com o seu apito: quem não estivesse, seria castigado com 10% do seu ordenado. Quando chovia muito, e perante as ‘manhas’ dos jogadores, era pronto na resposta: se não treinassem na chuva, como fariam se os jogos acontecessem nas mesmas condições climatéricas? Ah, e claro, recomendava aos seus jogadores distância das mulheres durante o fim-de-semana. “Ficharem torneira dê nêmoros dê mininas. Atenção, fazer muito mal e precisar canetas para jogo”, recorda Peyroteo, que muito estranhou, de início, a intensidade das sessões de trabalho do técnico húngaro. “Em Luanda, os treinos limitavam-se a uma ou duas voltas ao campo, para aquecer os músculos, e depois um treino de futebol com onze homens de cada lado”, relata.

12 de Setembro de 1937, Campo das Salésias, Torneio Triangular. De um lado o Sporting, do outro o Benfica, os eternos rivais. Para Peyroteo poderia ser mais um ‘derby’, não fosse aquele o seu primeiro jogo oficial com a camisola do Sporting. Enquanto os seus colegas, habituados já àquelas andanças, viam o jogo como um treino, Peyroteo tremia com os nervos – aliás, um dos directores do Clube, em tom de gozo, receitou-lhe chá de tília para acalmar e teve de ser Szabo a ligar-lhe os pés, tarefa de que o próprio Peyroteo sempre se encarregou. Quem brincasse com o novato jogador, tinha a sua sentença traçada: perdia 10% do salário. Entrado em campo, ao fim de dois remates, Peyroteo já tinha esquecido os nervos, o público em alvoroço e a responsabilidade que tinha nas costas, apontando dois dos cinco golos com que os ‘leões’ bateram as ‘águias’ (5-3). A façanha tem ainda mais valor quando se sabe que aquela era a primeira vez de Peyroteo num campo relvado e com ‘pitons’ debaixo dos pés. Estava lançado o início auspicioso de uma carreira fulgurante.

Dos jogos à sombra dos eucaliptos à ginástica sueca

Por Jornal Sporting
21 Nov, 2015

Infância e adolescência de Peyroteo em Humpata, Moçâmedes, Sá da Bandeira, Nova Lisboa, Luanda... até à Metrópole

Por trás de um grande homem costuma estar sempre uma grande mulher que, no caso de Fernando Peyroteo, foi também a mãe, Maria da Conceição. E um professor de ginástica, acrescente-se. Pode parecer estranho, despropositado, mas a verdade é que as duas maiores influências na infância e adolescência do avançado entroncaram na família e no mestre Ângelo de Mendonça, perspicaz farol que apontou a luz em termos físicos para o homem se transformar em máquina à frente das balizas apesar de nem tudo terem sido rosas no seu início de vida.

Nascido a 10 de Março de 1918 em Humpara, no distrito de Huíla, Fernando foi o penúltimo filho de uma família com 12 (!) crianças, as primeiras três do primeiro casamento de José de Vasconcelos Peyroteo, que saiu da metrópole para assumir um cargo superior no estudo e traçado de caminhos de ferro. Todavia, a saúde pregou-lhe uma partida, daquelas que marcam todos à sua volta: já em Moçâmedes, foi vítima de uma violenta crise cardíaca. E a mãe, com 12 filhos para sustentar e apenas dois a trabalhar (que mal ganhavam para si), decidiu ser superior aos mais superiores e, entre as aulas como professora oficial, deu ainda lições particulares, aguentando a família como um exemplo que marcou o dianteiro para a vida.

Foi à sombra dos eucaliptos onde tantos descansam que Peyroteo começou a jogar futebol, tendo desde logo como primeira paixão os troncos irregulares que faziam de baliza e onde apontava tantas vezes com sucesso as bolas de trapo, de borracha e, quando havia dinheiro entre o grupo de crianças, as que tinham o peso das de futebol. Era a sua grande perdição – e tinha seis irmãos que também jogavam –, apesar de praticar os mais variados desportos (inclusive com melhores condições a nível de professores e infra-estruturas do que o próprio futebol) como ginástica, natação, remo, ténis, equitação e atletismo. Foi nesse período de escola que Ângelo de Mendonça, descrito como um dos maiores ginastas voadores que também fazia paralelas, barra fixa e argolas, foi ter consigo e explicou-lhe que, se quisesse ser jogador de futebol, teria de começar pela preparação física. Fernando ouviu e deixou--se ir: durante dois anos, fez ginástica sueca (passou depois para os aparelhos), deixou o futebol mais ‘a sério’, nadava e jogava basquetebol. Se já era um predestinado, conseguiu assim potenciar ao máximo aquilo que Deus lhe tinha dado, sempre com uma enorme verticalidade, humildade e correcção. Foi dessa forma que, mais tarde, quando o irmão Mário lhe pediu para voltar para o Sporting de Moçamedes, respondeu da seguinte forma: “Se é uma ordem, obedeço-te; se for um pedido, recuso-me”. E não foi mesmo, ficando no Atlético – tempos antes, um responsável do clube tinha pedido que saísse da sala onde estava a ver os mais velhos a jogar bilhar por causa do diferendo com os seus irmãos mais velhos. “Hoje o senhor manda-me embora mas lá virá o tempo em que pedirá para voltar”, tinha exclamado em lágrimas na altura. “E chegará a hora de lhe dizer que não volto. Hoje sou garoto, mas vou ser homem”, disparou antes de sair da sala. Tinha razão. E não voltou.

Após um convite do Sporting de Lourenço Marques recusado por ser muito novo para ficar sozinho, Peyroteo rumou a Sá da Bandeira, onde o irmão Álvaro era gerente do Banco de Angola da localidade (em paralelo tinha fundado o Desportivo da Huíla). Foi ali que passou a jogar no Académico, a equipa do Liceu Diogo Cão. E foi ali que defrontou... o irmão: depois de ter atingido Álvaro no nariz, que ficou a sangrar, levou nas orelhas quando chegou a casa da... cunhada ‘Mariazinha’. Foi também nesta altura que passou pela equipa de esgrima, antes de rumar a Nova Lisboa, onde estivera antes, pasme-se, com uma companhia de artistas amadores de teatro na revista ‘Vidairada’ (além de três ou quatro números, ainda acompanhou uma jovem fadista à viola). Quando se preparava para assentar arraiais por lá, o amigo Norberto fez-lhe chegar uma proposta melhor em Luanda, como escriturário na Repartição de Contabilidade da Fazenda Pública, e passou então a envergar a camisola do Sporting de Luanda, que se transformou no ‘melhor do Mundo’.

Em Abril de 1936, a mãe fez-lhe chegar uma carta onde dava conta da viagem que teria de fazer até à Metrópole por imposição dos médicos. Após um beberete de despedida na sede do Sporting local, Fernando recebeu 1.500 angolares para despesas de viagem e um breve conselho – que, sem qualquer tipo de compromisso, fosse visitar as instalações do Sporting Clube de Portugal. Logo ele que pensava ir oferecer os seus préstimos à Académica, por se tratar da cidade dos estudantes. A história, essa seria bem diferente. E começou na viagem no ‘Niassa’, que chegou à barra de Lisboa a 26 de Junho de 1937 para uma aventura que viria a fazer história no futebol.

Árbitro para o Sporting-Benfica

Por Jornal Sporting
19 Nov, 2015

Jorge Sousa nomeado para quarta eliminatória da Taça de Portugal

Jorge Sousa, árbitro de 40 anos da Associação de Futebol do Porto, foi o juiz nomeado para dirigir a recepção do Sporting ao Benfica, a contar para a quarta eliminatória da Taça de Portugal.

Esta será a segunda vez na presente temporada que o internacional arbitra jogos dos ‘leões’, depois de ter estado na final da Supertaça, também contra o Benfica (vitória por 1-0 no Algarve, em Agosto).

O Sporting-Benfica realiza-se no próximo sábado, dia 21, às 20 horas no Estádio José Alvalade.

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