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Português, Portugal

Por cada Leão que cair outro se levantará...

Por Juvenal Carvalho
12 Mar, 2020

Revejo-me na plenitude nesta frase de António Oliveira, então dedicada a seu pai, que faleceu no mesmo dia em que ele, com um hat trick, e com um golo fabuloso de ângulo impossível, "aviou" os jugoslavos do Dinamo Zagreb, em Alvalade

Esta frase, que se eternizou em lápide que aos dias de hoje, passadas quatro décadas, ainda perdura no tempo e no espólio 'Leonino', foi proferida por António Oliveira, um dos jogadores mais geniais e empolgantes que vi passar pelo Sporting Clube Portugal, e que com Manuel Fernandes e Rui Jordão formaram um trio avançado que fez as delícias de milhares e milhares de Sportinguistas, e por acréscimo as minhas, as de um adolescente daquele tempo, que era eu, e que percorria o país, de lés-a-lés, e até o estrangeiro, para os ver jogar.

Revejo-me na plenitude nesta frase de António Oliveira, que foi então dedicada a seu pai, que faleceu no mesmo dia em que ele, com um hat trick, e com um golo fabuloso de ângulo impossível, "aviou" os ainda jugoslavos, hoje já croatas após a independência, do Dinamo Zagreb, em Alvalade, em jogo europeu que ficará ad eternum para a nossa história.

Esta frase trouxe-me à memória, até porque era o presidente à data dessa declaração, uma efeméride do passado dia 8 de Março 2013, que assinalou a partida do mundo dos vivos, faz sete anos, do para mim eterno presidente João Rocha, aquele que me marcou indelevelmente no meu coração de Leão.

Costumo mesmo dizer aos amigos mais chegados que sou da "geração João Rocha", aquele que mesmo com críticos, porque a liberdade de opinião é salutar, mas que fez um Sporting CP uno e indivisível, e que nos faz ainda hoje nos ufanarmos do Leão rampante, dos títulos atrás de títulos nas modalidades, de termos tido cerca de 15 mil atletas, diversos de alto gabarito nacional e internacional, e de, até mesmo no futebol, o nosso calcanhar de aquiles do pós-cinco violinos, conseguiu, nos 13 anos da sua presidência, três Campeonatos Nacionais, três Taças 
de Portugal e uma Supertaça, num pecúlio muito satisfatório.

Do tempo de João Rocha e também de efemérides levadas pelo advento das redes sociais, a minha página de facebook lembrou-me, como memória de três anos, de uma visita minha ao lar onde se encontrava, para visitar o Vitor Araújo, o adepto mais marcante de toda a História do Sporting CP. Lembrei-me dele e dos tempos imemoriais com ele vividos.

Falar de João Rocha e de Vitor Araújo, um na liderança, outro na bancada – em tudo em que houvesse Sporting CP, havia o Vitor – é falar de tanta História, de tanto orgulho… de tanto Sporting Clube de Portugal. Obrigado a ambos, e também a António Oliveira. Todos eles foram tão importantes no meu crescimento como Sportinguista!

 

Teresa Machado (22.07.1969 – 28.02.2020)

Por Juvenal Carvalho
05 Mar, 2020

Até Sempre, Campeã!

Existem momentos e crónicas que nunca são desejados. Este é o momento. Esta é a crónica. Para mais quando me penalizo por não a ter escrito em vida, a quem, e sabendo-a a passar uma fase muito difícil da sua ainda tão curta vida, por causa de uma maldita doença oncológica, tanto a tinha merecido. 

Teresa Machado, a campeã das campeãs, mulher de valor e de valores, de uma têmpera como poucas e oriunda da região de Aveiro, mais propriamente da Gafanha da Nazaré, concelho de Ílhavo, e que Júlio Cirino, o seu treinador de uma carreira e de uma vida, a descobriu e a lançou literalmente para o estrelato. Que a fez uma campeã de dimensão nacional e internacional. 

Chegou ao nosso clube no ano de 1986 e saiu em 2003 com um ano apenas de interregno. Foi a melhor lançadora portuguesa de todos os tempos no peso e no disco, da qual na última disciplina é ainda detentora do recorde nacional, com a marca brilhante de 65,40 metros que data de 1998. Obteve no total, e em ambas as especialidades, 53 títulos de Campeã Nacional. Com marcas de grande relevo. Esteve presente em quatro Jogos Olímpicos, sete Campeonatos Mundiais, três Campeonatos Europeus, e representou a Selecção Nacional 52 vezes com classificações extraordinariamente valorosas, foi Prémio Stromp, foi Prémio Rugido de Leão. Foi também galardoada por Núcleos. Era imensamente reconhecida por toda a diáspora Leonina. Onde ia era motivo de imenso reconhecimento, que o seu perfil de pessoa humilde, que por relatos de quem a conhecia melhor era de brincadeira fácil e de uma humildade arrebatadora.

Com a sua partida do mundo dos vivos ainda tão nova – completou apenas o meio século de uma vida cheia de conquistas – deixou o Sporting clube de Portugal e o Desporto português mais pobre.

Sendo o atletismo uma modalidade na qual o historial do nosso Clube é tão farto de conquistas da pista à estrada, passando pelo crosse, com inúmeras vitórias individuais e colectivas, a Teresa é seguramente uma atleta que ficará na galeria dos imortais. Falar, enumerando, de tantos e tão bons nomes do nosso atletismo seria seguramente motivo, até pelo historial ímpar do nosso atletismo, motivo para me esquecer de muitos, até por falta espaço. É que são na realidade muito(a)s os que estão no galarim dos imortais do Sporting Clube de Portugal. Teresa Machado está incontornavelmente entre esses. O currículo fala por si. Quase duas décadas de Leão ao peito enobreceram-nos.

Termino como comecei. Ate sempre, campeã. E obrigado…muito obrigado por tudo!

O futuro é já ali…

Por Juvenal Carvalho
27 Fev, 2020

Gonzalo Plata, um menino equatoriano, de apenas 19 anos, espalhou magia na equipa principal ante o Boavista FC, onde foi o melhor em campo

O passado fim-de-semana trouxe-nos um Sporting Clube de Portugal que nos faz ter esperança num futuro melhor.

Sim, já vivemos muito melhores momentos no futebol de formação. Sim, já fomos o clube formador de, entre muitos outros craques, Luís Figo e Cristiano Ronaldo, que foram ‘só’ os melhores do Mundo e são, com tanto orgulho nosso, nados e criados em Alvalade, onde ambos chegaram ainda em idade infantil, para saírem para o estrelato, o primeiro pela porta do FC Barcelona e o segundo pela do Manchester United FC.

Será este o Sporting CP, que além destes dois ‘monstros’ do futebol mundial formou outros grandes nomes do futebol nacional e internacional, que queremos, e teremos, que dar continuidade. E se falei do fim-de-semana passado, o mesmo se deve a ter visto um hino ao futebol e à superação da nossa equipa sub-23 ante o nosso eterno rival, mas sobretudo, e muito mais do que pelo resultado, apesar de saber sempre bem degustar uma vitória ante o eterno rival, para mais numa ‘remontada’ de 0-2 para 3-2, observei talento. Talento inato. E se é notório que temos ali matéria-prima de qualidade, que terá que ser exponenciada, no sábado além de ter sobressaído um colectivo forte ficou-me na retina – na minha e não só – a excelente qualidade técnica e a execução brilhante de um golo que fez as delícias dos que amam futebol, por parte de Nuno Moreira, bem como de outro de Tomás Silva, que consumaria a reviravolta. Foi lindo assistir à capacidade de execução de ambos, mas sobretudo perceber que na antecâmara da equipa principal poderão estar outros meninos para se colarem a Luís Maximiano, Rafael Camacho e Pedro Mendes no plantel principal e voltarmos paulatinamente aos tempos de ouro do nosso futebol juvenil, que fez escola na Europa e no Mundo, e em que fizemos disso a nossa bandeira com um orgulho inabalável.

Fomos anos a fio a fonte alimentadora da selecção nacional. Foram os ‘Aurélios’ em 2016, já antes tinham sido tantos e tantos outros. Os tempos de hoje, infelizmente, e por um conjunto de circunstâncias que não vale a pena escalpelizar, não são tão brilhantes. Mas teremos de inverter o caminho formando melhor e recrutando talento em fase inicial. E é com base neste talento em fase inicial que termino falando de Gonzalo Plata, um menino equatoriano, de apenas 19 anos, que espalhou magia na equipa principal ante o Boavista FC, onde foi o melhor em campo, e que tem pinceladas de génio que me fazem acreditar num futuro fantástico 
para ele.

Hoje o futebol é muito feito de scouting e teremos que ser mais e melhores nessa componente. A hora é de melhorar o que está menos bem, e sobretudo de acreditar no futuro!

O Dinis é feito de Sporting CP!

Por Juvenal Carvalho
20 Fev, 2020

O Dinis tornou-se um Herói. Uma criança de quem os pais se podem orgulhar. De quem o Sporting Clube de Portugal se deve orgulhar

Dinis Paulo. 10 anos. A fazer a sua segunda época ao serviço do Sporting Clube de Portugal. É este o currículo de um menino, que entre outros, joga nos benjamins do futsal do Sporting CP.

Tudo isto continua a ser o que era, e o Dinis continuará a servir o nosso Clube e sobretudo a desfrutar de jogar de Leão ao peito na modalidade que elegeu para praticar. Mas a partir do passado sábado, este menino, o Dinis, teve um gesto que o diferenciou. Um gesto que se tornou viral. Um gesto que o enobreceu a ele e que fez o Sporting CP sentir um orgulho imenso em o ter no seu seio. Este menino, quando o árbitro assinalou erradamente um penálti contra o eterno rival, e com o resultado – o menos importante neste escalão – empatado a zero, decidiu dizer ao árbitro que viu a bola a bater no rosto do outro menino do clube rival em vez de ter sido na mão. O árbitro ajuizou em função do que tinha visto aquele menino, voltou atrás na decisão e “deu” ao Dinis um cartão branco que simboliza o fair play.

Quem estava no pavilhão terá assistido in loco a um gesto de um significado tremendo que também a eles os orgulhou. Quem estava a ver o directo na Sporting TV, que em boa hora decidiu dar este jogo, ficou tão atónito quanto feliz. 

Depois foi literalmente viral a passagem das imagens na imprensa, nas redes sociais, em todo o lado. Literalmente em todo o lado.

O Dinis tornou-se um Herói. Uma criança de quem os pais se podem orgulhar. De quem o Sporting Clube de Portugal se deve orgulhar. De quem os fundadores, onde estiverem, se podem orgulhar.

O Sporting CP, de quem Francisco Stromp dizia que não é o Sporting CP que se orgulha do nosso valor, nós é que devemos sentir-nos honrados por ter esta camisola vestida, deverá estar feliz, onde estiver, por ter este menino de Leão ao peito. 

O Dinis ganhou o campeonato do fair play e o Sporting CP pode realmente orgulhar-‑se por ter a camisola vestida no corpo daquele menino ainda pequeno no tamanho, mas gigante na atitude e na nobreza de carácter.

Se falei em Stromp, por tanto para nós simbolizar, lanço daqui um repto em forma de pedido aos elementos que compõem o Grupo Stromp. Porque não o Dinis ser agraciado com o Prémio Stromp em 2020? Acho que o eterno Associado número 3 se orgulharia disso. 

Obrigado, Dinis. Um orgulho imenso ter-te no nosso seio. Vais ser seguramente um grande Homem do amanhã.

E o Sporting Cube de Portugal?

Por Juvenal Carvalho
13 Fev, 2020

Que se erradique de vez a violência e o insulto. Não é esse o nosso ADN, nem nunca foi

Mais do que uma mensagem de paz, o Sporting Clube de Portugal precisa sobretudo de ter essa mesma paz. Precisa de erradicar estados comportamentais de pessoas que decididamente se comportam de uma forma pouco saudável e que em nada abonam a favor do Clube. E falo do presente, pensando no futuro, que se não passar pela união em torno do símbolo, que é seguramente o nosso bem maior, será seguramente difícil de ter retorno. E quando falo de união em torno do Clube, não estou obrigatoriamente a falar de unanimismos.

Em democracia, prevalecem as urnas. Sei que no Sporting Clube de Portugal, como em qualquer clube ou instituição que se paute pelas regras da democracia, existe sempre, e ainda bem, quem discorde e apresente até soluções. O que é decididamente importante, até para fazer crescer quem lidera, que como qualquer humano erra. É essa a condição do humano, seja ele qual for. 

Eu não estaria de bem com a minha consciência, e quem me conhece sabe que tenho sido voz pouco com tanta coisa no passado recente e até menos recente, se criticasse quem não segue concordante com as decisões do actual Conselho Directivo.

Discordar, repito, é sempre bem-vindo, se com a apresentação de soluções e não com o bafiento da insurreição porque sim. Para isso comigo não contam. Nem agora, nem anteriormente.

No domingo muitos Sportinguistas manifestaram-se contra o estado actual do Clube. Nada contra quem se manifesta, se ordeiramente. Tudo contra quem extrapola para o insulto, para a agressão a dirigentes e neste caso, até a filhos adolescentes desses mesmos dirigentes. Se os fundadores, aquele grupo de jovens de então, que à época quiseram um Sporting CP grande, tão grande como os maiores da Europa, ressuscitassem, seria com manifesta tristeza que achariam possível este estado de coisas.

Não existe acto mais desprezível do que cuspir em alguém, quanto mais numa criança. E isso aconteceu no passado domingo no tempo que mediou entre o jogo de futsal ante o eterno rival e o jogo de futebol frente ao Portimonense SC. É mesmo tudo o que o nosso Sporting CP não precisa. Precisa sempre de opinião. Essa faz-nos crescer. Já a agressão e o insulto, esses fazem-nos regredir. E o caminho do futuro do SCP não se faz sem existir paz. Quem sou eu, que não um mero associado com mais de quatro décadas para dar conselhos a alguém. Aliás, nem preciso de dar conselhos quando está em equação o nosso Grande Amor.

Acabem com isto. Que o nosso ‘ista’ seja apenas e só o de Sportinguista. Acima de todo e cada um de nós, só mesmo o Sporting CP. Que se erradique de vez a violência e o insulto. Não é esse o nosso ADN, nem nunca foi. Quem não pensar assim estará seguramente a mais no Clube de Stromp!

 

Foi bonita a festa, pá!

Por Juvenal Carvalho
06 Fev, 2020

Somos decididamente o exemplo inacabado de um clube ecléctico como nenhum outro

A tarde do passado sábado, dia 1 de Fevereiro de 2020, com um Pavilhão João Rocha ao rubro, não nos trouxe à memória uma frase batida, como muito bem cantava o também Sportinguista Sérgio Godinho no seu "Vagalume".

Trouxe-nos sim à memória o regresso do dérbi dos dérbis no basquetebol, um quarto de século depois, num pavilhão com um ambiente "à Sporting CP" a fazer as delícias dos dois milhares e meio de Leões que vibraram com uma estrondosa vitória sobre o eterno rival. Num ambiente único e que provou que os Sportinguistas não só gostam do Clube, como também do basquetebol, e que teve ainda a particularidade de muitos dos presentes no pavilhão nem serem nascidos aquando da extinção da modalidade em 1995, ainda mais impacto e brilhantismo teve.

Além do jogo, o Sporting CP provou que tem memória e que tem história. E decidiu homenagear, com plena justiça, o último director da modalidade antes da extinção. Edgar Vital, antigo jogador, treinador e dirigente, de quem eu tive o privilégio de ter sido seu braço direito anos a fio, e que é o homem que mais anos tem de basquetebol na história do Clube, foi galardoado. Estava dado o mote. Os comandados pelo coach Luís Magalhães também quiseram entrar na homenagem a esta lenda da modalidade. 

E sob o comando dos bases Ty Toney, Diogo Ventura e Francisco Amiel, com o cerebral e pendular James Ellisor, com o "monstro" Abdul Abu a varrer as tabelas, com os tão úteis quanto lutadores Cláudio Fonseca e João Fernandes, com o atirador Pedro Catarino, e com o 'one man show' Travante Williams a partir literalmente tudo, foi feita história muitos anos depois, com o reencontro em casa com o eterno rival a ser marcado por uma histórica vitória (81-75).

Se no início falei de Sérgio Godinho, para o fim parafraseio Chico Buarque, com o tão seu: "foi bonita a festa, pá".

Sobretudo aquela que foi a alegria daquele menino, que marcou um momento de televisão único, com foros de viral nas redes sociais, ao festejar o último cesto do Sporting CP no jogo, a bater com a mão do lado do coração e a mostrar o emblema de lágrima no olho. Só pela alegria daquela criança, bem como de outros jovens, mas sobretudo de todos os Leões presentes, e não só, valeu a pena.

Que esta tenha sido a primeira das muitas vitórias que este projecto bem conseguido nos tenha trazido. Uma certeza tenho: O Sporting CP precisava de ter basquetebol. O basquetebol precisava de ter o Sporting CP. Não é por acaso que somos, em ano de regresso, o clube com melhor média de assistências nesta modalidade.

Somos decididamente o exemplo inacabado de um clube ecléctico como nenhum outro. Ah, e não menos importante: O mais vitorioso, como diz a História. E que história tem o Sporting CP!

 

Uma História. Uma ‘Religião’

Por Juvenal Carvalho
30 Jan, 2020

O Sporting CP tem mesmo uma História que não se apagará jamais

Nos tempos actuais, o que mais se fala é da devassa de um Mundo cada vez mais deficitário nos valores. No desrespeito entre pessoas. Na corrupção em que estão mergulhados vários sectores da nossa sociedade, e em que o desporto, e sobretudo o futebol, obviamente, não são excepção; é na História – na História imensa do nosso SCP – que muitas vezes me refugio para encontrar no alento do passado, algo que me faça tentar acreditar no futuro.

Cresci, e isto de ter passado o meio século de vida traz-nos ensinamentos e memórias positivas… a crescer – passe o pleonasmo, com um Sporting Clube de Portugal de pioneirismo. De ideias muito à frente. De ser mais do que o Clube de Carlos Lopes, de Joaquim Agostinho, de Manuel Fernandes, de António Livramento e de tantas outras lendas do Desporto português. De ser essencialmente o pioneiro em tanta questão desportiva, e sobretudo de valores sociais que perduram no tempo.

Sou, como costumo dizer à boca cheia, muito mais de um todo do que de idolatrar pessoas. Mas existe no Sporting CP a valia do reconhecimento e da gratidão, e eu não abdico disso. E para mim, nos tempos de João Rocha – Presidente entre 1973 e 1986 – que apanharam os meus anos de menino e de adolescente, vivi momentos inolvidáveis e o Sporting CP era para mim como que uma autêntica ‘religião’.

Com quanto orgulho eu vi, além de um somatório incrível de títulos e de eclectismo sem paralelo, com um número de atletas em todas as modalidades que jamais tivemos, o Clube ser pioneiro em tanta coisa. Jamais me esquecerei, e a História não se apaga, da viagem à China em 1978, nos tempos em que os dois países ainda não tinham sequer relações diplomáticas. Da viagem a Angola, no pós-independência deste país, com várias modalidades do Clube a deslocarem-se a Luanda, para gáudio de tantos Leões africanos. Da recepção, em 1984, do então presidente dos EUA, Ronald Reagan, na Casa Branca, ao presidente João Rocha acompanhado do campeão Carlos Lopes.

Apagar estes tempos não consigo. O Sporting CP tem mesmo uma História que não se apagará jamais. Que nós, os actuais, e os vindouros, interiorizemos tudo isto. Este pioneirismo. Este reconhecimento. Esta imagem de marca de uma Instituição como o Sporting CP, não poderá ser apagada jamais. Não temos que estar todos a pensar e a defender um caminho de ‘carneirismo’. O que temos é de defender o essencial. E o essencial chama-se Sporting Clube de Portugal. Tudo o resto é acessório e passa. 

Até nós! 

 

As tertúlias…

Por Juvenal Carvalho
23 Jan, 2020

Pensemos então Sporting CP. Sobretudo no que conta e que todos deveremos venerar: o símbolo!

O tempo passa. A sociedade evoluiu. Até o clima já não é o que era. Também no Sporting Clube de Portugal os tempos de hoje são diferentes.

O que uns, hoje, apelidam de evolução, outros, quiçá mais saudosistas em termos sociais e clubísticos, em tudo vêem tempos piores, mais perigosos, ou mesmo de pura regressão.

No Sporting CP, se calhar estarei no lote dos saudosistas, mas com mente aberta para os tempos actuais e até para os futuros.

Mas quando falo do nosso Clube, lembro-me sempre do velho ditado de que quem não tem memória, não tem história.

E eu prezo-me de ter memória, e o nosso Clube de ter uma imensa história.


E como tenho memória, dou por mim a recuar no tempo e a recordar as inúmeras tertúlias Leoninas então existentes. Quando ao fim de um dia de trabalho ou de escola o caminho era para Alvalade, para falar de Sporting CP na antiga central ou na 'Toca do Lagarto', ou ainda na sala de sócios, denominada de 'Joaquim Agostinho'. Era um grupo vasto de Leões que acaloradamente discutiam Sporting CP. Nem sempre concordávamos uns com os outros. Mas debatíamos civilizadamente, com o bem do Clube como denominador comum. De tantos que conheci, recordo o Coelho, o Pinheiro, o Eduardo, o Vasconcelos, o Timóteo, o Rui, o Jojó, o Marinho, o Quim, etc. Eu era um puto quando comparado com eles. Mas 'bebi' de todos eles ensinamentos que guardo ainda nos dias de hoje. Falávamos de tudo o que fosse modalidade. Não tínhamos dirigentes como ídolos. Apenas os respeitávamos pelo desempenho do cargo. Era tudo olhos nos olhos. Discussões até exacerbadas.

Hoje tudo isso acabou. Chegaram as novas tecnologias e vieram as conversas virtuais e até ofensas entre pessoas que não se conhecem sequer. Vale tudo. Se não gostas de determinada conduta logo és rotulado de algo depreciativo. O 'eu' e os egos, qual feira de vaidades, prevalecem. 

Sente-se e respira-se um Sporting CP diferente. Para uns, melhor. Para outros, onde me incluo, para não ser antipático, diferente.

Sim, tenho saudades de vivenciar as velhas ‘tertúlias Leoninas’ que eram puras, genuínas, e com fervor. 

Tão puras, que não tinham vírus ou, mais british ainda, bugs. Não tinham sequer qualquer outro interesse que não o Sporting CP. Tudo era diferente e facial. Tudo mudou desde então, até o Sporting CP. 

O que em mim nada mudará é o amor que sinto pelo Clube em detrimento das pessoas. Sou dos que me curvo só pelo símbolo. Porque temos mais de cem anos de histórias para contar, e sobretudo porque todos passamos. Fica o símbolo.  Mas também este, será aquilo que nós quisermos que o seja doravante. 

Pensemos então Sporting CP. Sobretudo no que conta e que todos deveremos venerar: o símbolo! 

 

O ‘Chefe’ Lino

Por Juvenal Carvalho
16 Jan, 2020

Foi a ele [Mário Lino] que me ‘apresentei ao serviço’ (...) fez-me várias perguntas para me testar e perguntou-me quantos anos tinha de filiação clubista

A História do Sporting Clube de Portugal começou a ser escrita a 1 de Julho de 1906, quando um grupo de jovens da época se juntaram para fazer um Clube que desde logo quiseram Grande, tão Grande como os Maiores da Europa, cujo lema Esforço, Dedicação, Devoção e Glória perdurou no tempo até aos dias de hoje.

Começou aí um sonho que atravessou gerações atrás de gerações. Que conquistou títulos atrás de títulos. Que tem campeões olímpicos, mundiais e europeus. Que é uma incomensurável imagem de marca no país e além-fronteiras.

O mesmo, ao longo dos tempos tem sido servido por grandes nomes do deposto, desde treinadores a jogadores, passando por alguns dirigentes.

A mim, enquanto jovem, porque sempre ‘bebi’ tudo do que era a História do Sporting CP, parecia-me inacessível saber algo mais desses grandes vultos do nosso Clube, as referências por quem me curvava perante a sua dimensão.

Quis, contudo, o destino que cedo chegasse a dirigente pela porta do basquetebol. Desde então, aqueles que eram os meus ídolos, as minhas referências, aqueles que nunca julguei conhecer ao longo do percurso de vida, afinal passaram a cruzar-se comigo nos corredores do estádio. Ainda me lembro, quando tive a primeira reunião da comissão instaladora do Núcleo Sportinguista de Paço de Arcos – de que fui presidente durante dois mandatos –, de ter cumprimentado pela primeira vez o ‘violino’ Jesus Correia. Quase não me apetecia lavar a mão direita, aquela com que o cumprimentei, durante os dias seguintes, tal a emoção. Posteriormente viria a conhecer todos os outros, excepto o maior goleador de todo o sempre, Fernando Peyroteo. Foi tão bonito saber por eles o que vivenciaram e o que ganharam, bem como saber ainda por diversos ‘magos’ de diversas modalidades, que não os enumero, para não esquecer de nenhum, as suas estórias de vida e de Sporting CP.

Mas todo este início de texto se deve ao facto de na passada semana uma referência do Sporting CP ter feito 83 anos de vida. Falo de Mário Lino. E porque Mário Lino me inspirou para ser tema desta coluna de opinião? Porque chegado eu ao futebol juvenil do nosso Clube logo no início deste século, era ele o chefe de departamento. Foi a ele que me ‘apresentei ao serviço’. Que me fez várias perguntas para me testar e me perguntou quantos anos tinha de filiação clubista. Que me perguntou se estava preparado e se gostava mesmo de ingressar como delegado no futebol juvenil.

Aquela sensação inicial marcou-me. Percebi logo ali que aquele que foi um dos vencedores da Taça dos Vencedores das Taças em 1963/1964 e campeão nacional como jogador e como treinador no nosso Clube, e que me havia habituado a idolatrar pelo que representava, e sem o conhecer pessoalmente, era alguém diferente e especial.

Daí para cá sempre o tratei por ‘chefe’ Lino. Sim, ele era o Chefe. O ‘chefe’ Lino. 

Que Leão imenso! 

 

Todos seremos poucos...

Por Juvenal Carvalho
10 Jan, 2020

Para que o futuro seja de união – unanimismo é outra coisa, e que abomino – teremos de pensar no Sporting CP acima das pessoas

Dizer que o Sporting Clube de Portugal é enorme é um facto indesmentível e comprovado pelos milhares de troféus que estão expostos no nosso Museu, onde estão retractados 113 anos de uma história imensa, numa obra fantástica, cujo 'pai' do projecto foi Mário Casquilho, um grande e dedicado Leão e amigo.

Hoje não quero falar de passado, por mais que ele nos orgulhe e que nos faça ser de longe o clube que mais conquistas nacionais e internacionais temos no desporto nacional, só batidos, no que concerne aos títulos europeus, pelos colossos espanhóis Real Madrid e Barcelona. 
Quero sim falar de presente, e alavancar o futuro em forma de esperança, inerente ao verde, que é a cor da mesma. Hoje, é indesmentível que pelas mais variadas ordens de razão estamos mais distantes entre nós. Que  o advento das redes sociais nos trouxeram novos e piores tempos, mas a verdade é que temos que ver positivismo onde por vezes nos custa a acreditar nele.

É real que neste país se fala na belenensização do nosso Clube há já algum tempo. É real que até no poder político-desportivo se quer criar um clube grande a Norte e outro a Sul, numa mais do que preconizada bipolarização. É também real que entre esses dois clubes a guerra surda pelo domínio pelo lado ‘sujo’ do futebol é até aberrante.

Mas também é real que se no futebol ganhamos muito pouco para a dimensão do nosso Clube, ainda somos aos dias de hoje um fenómeno de popularidade. E também é real que temos milhares de adeptos espalhados pelo país e pelo estrangeiro, muitos deles jovens – acima de todas as expectativas para quem não ganha –, e de Norte a Sul e Ilhas, sobretudo por acção dos Núcleos do Sporting CP.

Para que o futuro seja de união – unanimismo é outra coisa, e que abomino – teremos de pensar no Sporting CP acima das pessoas. Temos tido dezenas de presidentes e centenas de dirigentes que passam, ficando o Clube. Sou, aliás, marcado pela minha geração, e se tenho que idolatrar alguém a seguir ao símbolo e aos fundadores, será João Rocha, que é para mim o eterno presidente.

Dirão que sou um romântico e que vejo o Sporting CP dessa mesma forma. Não, sou mesmo um tipo com massa crítica, e que não tem amarras nem sou yes man de nada nem de ninguém.

Sou é do Sporting CP nas vitórias e mais ainda nas derrotas, coisa que no futebol temos infelizmente décadas de insucesso. 

Sem dar conselhos, porque quem sou eu para o fazer além de um mero associado a caminho das cinco dezenas de anos de filiação, o Sporting Clube de Portugal é muito mais do que cada um de nós. Sem estarmos unidos no essencial, o fosso de hoje será ainda maior amanhã.

 

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