O treinador da equipa B leonina, João de Deus, estava, no final do jogo, incrédulo com o sucedido na partida frente ao Sporting de Braga B

João de Deus não escondeu o descontentamento no final do encontro frente ao Sporting de Braga B com o trabalho da equipa de arbitragem. “Estamos a entrar no surrealismo do futebol, está a começar a ser surreal. Quando o árbitro me pede desculpa pelo que aconteceu e não precisava de pedir. Errar todos erramos. Eu erro, os jogadores erram, erramos todos em qualquer momento da vida. Este jogo era importante para nós, vínhamos de um jogo mau. Trabalhámos todos muito para inverter a situação e não cometer os erros que vínhamos a cometer. Durante a semana fomos todos inexcedíveis”, realçou, em declarações à Sporting TV, antes de abordar o lance polémico do primeiro golo dos bracarenses.

“Nunca pode, num desporto colectivo, um golo acontecer… custa-me falar. A equipa de arbitragem fez um golo hoje e isto não pode acontecer. Tem mesmo de acabar, todos erramos e equivocamos, mas assim não dá. Isto não é nada. O que vou dizer aos meus miúdos? Não posso dizer nada aos meus miúdos, fomos melhores na primeira parte, criámos oportunidades, jogámos futebol, fizemos tudo para marcar, mas não marcámos. Começámos a segunda parte a jogar com dez, fomos bravos, empatámos com mérito, crença e vontade, mas o jogo já tinha sido adulterado. Este jogo foi adulterado”, destacou o técnico da equipa B dos verdes e brancos.

Por fim, João de Deus pediu que situações destas não se voltassem a repetir e disse que, enquanto pai, se for para viver lances como o do golo do Sporting de Braga B não quer que o seu filho jogue futebol. “Bem sei que a 2.ª liga não tem a mesma visibilidade da 1.ª, mas aquilo que eu gostava é que este lance passasse, fosse visto e que não se repetisse nos estádios portugueses. Não se repete este, de certeza, mas repetem-se outros. Isto foi terrível, acaba com tudo. Não quero alongar-me muito mais. Estou eu aqui a dar a cara e a assumir a derrota. O treinador João de Deus é responsável pela derrota em casa da equipa B com a equipa do Braga. Já o pai João de Deus não quer que o filho João de Deus de cinco anos jogue futebol se for assim. Eu não quero”, finalizou. 

O Sporting CP perdeu na recepção ao Sporting de Braga, num encontro marcado por um primeiro golo dos visitantes caricato, com a equipa de arbitragem em destaque pela negativa

Os leões, orientados por João de Deus, foram derrotados na recepção ao Sporting de Braga (2-1), em jogo da 21.ª jornada da Ledman LigaPro que fica marcado por uma arbitragem muito polémica. O primeiro lance de perigo do encontro surgiu logo aos dois minutos para os bracarenses, com o avançado Panyukov a finalizar depois de um cruzamento no lado esquerdo. Pedro Silva evitava o golo com uma enorme defesa.

O jogo estava equilibrado na Academia Sporting, com muita luta a meio campo, até que, aos 12 minutos, decorre um lance que teve tanto de polémico como de caricato. Sualehe bateu um livre para a área, Leonardo Ruiz, de cabeça, assistiu Pedro Delgado, com o médio a aproveitar e a bater Tiago Sá. Até aqui tudo normal. A questão é que o árbitro auxiliar, depois de começar a correr para o meio-campo em gesto claro de validação do golo, comunicou com o árbitro principal e voltou atrás na decisão. A demora até ao veredicto originou a que os jogadores leoninos festejassem junto à linha final. Só que marcado rapidamente o livre, seguia jogo, com o Braga B a "apanhar" a equipa do Sporting CP completamente descompensada. Xadas, à entrada da área, rematou em arco, em bola indefensável para Pedro Silva, jogada naturalmente sucedida de muitos protestos da equipa e dos adeptos presentes em Alcochete.

No espaço de dois minutos (20’ e 21’), os leões criaram duas boas oportunidades para restabelecer a igualdade por intermédio de Pedro Delgado. Em dois lances semelhantes, o médio dos verdes e brancos arranjou espaço para o remate, o primeiro a ser interceptado pela defensiva bracarense e o segundo a ser defendido por Tiago Sá, com Sualehe a não conseguir emendar na recarga. O encontro entrou depois numa toada de maior domínio do Sporting CP, mas foram os minhotos que criaram perigo, com Xadas, numa jogada rápida de ataque, a surgir com espaço no lado direito e a cruzar rasteiro, valendo à equipa leonina o grande corte de Kiki a evitar males maiores.

Ao intervalo, João de Deus colocou em campo o júnior Abdu Conté no lugar do capitão de equipa Mauro Riquicho e voltou a ter uma contrariedade logo aos 48 minutos, com Ivanildo Fernandes a ser expulso por acumulação de cartões amarelos. Com menos um elemento em campo, os leões tiveram que organizar a equipa: Pedro Empis passou para lateral-direito, Sualehe baixou no terreno para a lateral-esquerda e o recém-entrado Abdu Conté juntou-se a Kiki no centro da defesa. Em inferioridade numérica, a equipa leonina não baixou os braços, lutou muito e foi recompensada, aos 65 minutos, com Ronaldo Tavares em campo há poucos minutos, a aproveitar uma defesa incompleta de Tiago Sá a remate de Bilel para, de baliza aberta, restabelecer a igualdade. Mais lances de relevo só aos 81 minutos, com os bracarenses a voltarem à liderança do marcador. Passe de Inácio a rasgar para o lado esquerdo, com Thales a cruzar para a área e, depois de um desvio que levou a bola ao poste da baliza de Pedro Silva, Ogana desviou para o fundo das redes.

Já em tempo de compensação, no último suspiro, os jovens leões ficaram a milímetros do empate num livre. Abdu Conté aproveitou um ressalto e cabeceou a bola, que raspou a trave da baliza defendida por Tiago Sá. Logo a seguir, apito final e derrota leonina mergulhada em muita polémica.