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Opinião

6 de Agosto de 2003

Por Juvenal Carvalho
06 Ago, 2020

Quando abriram as portas, eu, como todos os leões presentes, contemplaram de sorriso aberto o novo estádio

Quando este jornal chegar às bancas, estão passados no tempo 17 anos desde que o actual Estádio José Alvalade foi inaugurado.

O tempo voa. Ainda me lembro de como eu – apesar de triste de ver partir o que havia sido inaugurado em 1956, e que tantos e tão bons momentos da minha juventude por lá passei –, vivi esse dia. Lembro-me de cada passo que dei nesse dia quente de Agosto de 2003. Com quem estive, com quem entrei para o novo Estádio. De estar ansioso por lá estar a vivenciar a nossa nova ‘casa’.

Quando abriram as portas, eu, como todos os leões presentes, contemplaram de sorriso aberto o novo estádio. Uma lágrima de emoção veio-me aos olhos quando Dulce Pontes cantou como só ela o seu ‘Amor a Portugal’. Outra quando o ‘violino’ e meu amigo Jesus Correia, que partiria do mundo dos vivos meses depois, deu o pontapé de saída do novo estádio. Foram momentos inolvidáveis. Mais uns a somar ao que o Sporting  Clube de Portugal nos tem proporcionado.

O convidado de luxo foi o Manchester United FC orientado por Sir Alex Ferguson, com um conjunto de grandes jogadores. Quis o destino que o ‘nosso’ Cristiano Ronaldo fosse a estrela daquela noite. Brilhou muito alto o talento daquele menino de então. Pôs em êxtase todos os presentes e os olhos de Alex Ferguson estavam incrédulos. De imediato levou o nosso Cristiano Ronaldo e estava dado o mote para ser o melhor do mundo que tanto nos orgulha.

Esse jogo, em que Fernando Santos era o nosso treinador e o nosso Clube era presidido por António Dias da Cunha, terminou 3-1 a nosso favor. Luís Filipe acabaria por entrar eternamente para a história do novo estádio por ter sido dele o primeiro golo. O primeiro de muitos das mais diversas formas e efeitos.

O novo Estádio José Alvalade já assistiu, desde a sua inauguração, a quatro conquistas da Taça de Portugal, três da Supertaça e duas da Taças da Liga por parte do nosso Sporting Clube de Portugal. Já assistiu, até, em 2006 a uma final da então Taça UEFA. Um momento que tinha tudo para ser inolvidável e que acabou com uma derrota ante os russos do CSKA Moscovo e com os Leões – eu também me confesso – banhados em lágrimas de tristeza.

Já lá vivemos momentos marcantes e exibições de gala. Infelizmente ainda não fomos coroados com um título nacional neste já tão longo jejum. Aquele que é mesmo o maior da nossa história. Todos ansiamos por ele. Queremos que aconteça mais cedo que tarde. A nossa História merece. Os Sportinguistas querem-no.

Acima de tudo o novo estádio é o nosso local de culto. Porque apesar dos momentos menos bons, ser do Sporting Clube de Portugal não se explica… sente-se!

E é na nossa ‘casa’ que devemos extravasar o nosso sentimento pelo símbolo. Para o ano o nosso estádio atinge a maioridade. Que nos traga o título de campeão. Tanto o merecemos!

Época 2019/2020… 2020/2021… e arbitragem!

Por Tito Arantes Fontes
06 Ago, 2020

(...) Essa mesma comunicação social trata mal e vergonhosamente os temas que dizem respeito ao Sporting CP

Acabou a turbulenta época 2019/2020. Uma época que fica para a história pela COVID, pela paragem de todas as provas, pelos jogos sem público… pela tristeza que a todos esta situação provocou.

Venha, pois, a época 2020/2021! Uma temporada que será seguramente diferente, desde logo porque se inicia muito mais tarde… não no início de Agosto, mas no final Setembro! Mais de um mês depois! E que se desenrolará em moldes que ainda desconhecemos… não sabemos se com ou se sem público… não sabemos, ninguém sabe… nem o Governo, nem a OMS, nem a ONU… ninguém sabe…

Mas sabemos, isso sim, que para uns – os tais que nesta época, como sempre, iam ganhar tudo… a caminho do “penta” segundo há escassos meses apregoava o seu presidente… e que em 2020 não ganharam nada… – isso não importa nada! E – por isso – assistimos diariamente a um “pornográfico espectáculo de saloice” e irresponsabilidade, com notórios momentos narcísicos e uma monumental exibição de incoerência e de gastos de novo-riquismo altamente lesivos da coesão social! E totalmente desproporcionados para o momento de contenção nacional, europeia e mundial em que estamos a viver… todos! Este triste e nefasto espectáculo é – infelizmente e de modo indecoroso – alimentado e suportado por alguma comunicação social que em muitos casos, máxime no “órgão vermelho do “pravda da queimada”, só vem demonstrar – se necessário fosse – o quão a mesma está “capturada” por essa “má moeda”… por esse “mau exemplo”… que, como é público, começa fragosamente a ruir… desde logo, porque tantas e tantas vezes o Ministério Público lhes bate à porta… uma vez atrás de outra… de modo sucessivo e continuo… num verdadeiro corrupio de processos, de investigações, de acusações…

Essa mesma comunicação social trata mal e vergonhosamente os temas que dizem respeito ao Sporting CP. É recordar a capa desse mesmo “pravda” na janela de transferências do último Inverno em que se anunciava a toda a largura da primeira página a venda em saldo da equipa do Sporting CP… afinal só saiu um jogador, o Bruno Fernandes, na segunda melhor venda de sempre do futebol português! E dos outros jogadores… não saiu nenhum! Onde estavam, pois, os “saldos”? Não os vi! Ninguém os viu! O “pravda” também não viu… e de desculpas… alguma primeira página? Nenhuma!

Nos últimos dias, não contente nem satisfeita, essa mesma comunicação social tem-se posto a falar das dívidas do SCP. E – convenientemente, qual agenda escondida – não fala dos créditos! E não fala do que grassa por esse mundo fora, nos clubes de todo o mundo… nos sistemáticos pedidos de escalonamento de dívida que todos apresentam e fazem… no SCP isso é sinónimo de um estado pré-falimentar, nos outros clubes do mundo é sinónimo de “boa gestão”! Haja um pingo de vergonha!

De igual modo, as anunciadas e propagadas contratações do SCP arrastam-se nessa mesma comunicação social, não se concretizando porque o Clube não tem dinheiro… mas, hélas, as contratações de outros, “abençoados” pelo azul celeste e como demonstração da “boa gestão” que têm, anunciam-se que só se fazem depois desse celestial universo ter realizado as elevadas maquias de hipotéticas vendas que deseja fazer… pena, pois, que se usem de modo tão descarado e despudorado “dois pesos e duas medidas”, contraditórios e inversos, para anunciar exactamente a mesma coisa… a necessidade que os clubes nacionais têm de realizar dinheiro para poderem efectuar aquisições! E claro que nem importa falar dos outros… daqueles que contraem dívida, aumentam desmesuradamente empréstimos obrigacionistas, antecipam de modo monumental as receitas de televisão dos próximos anos, quase esgotando essas verbas… e anunciam e alimentam “novelas” sobre jogadores de 33 anos a serem pagos em “suaves prestações” de dezenas de milhões até que os mesmos sejam mesmo quarentões… e isso é motivo de aplauso… estranho mundo este! Em que se valorizam as “cigarras” e se desprezam as “formigas”! Em que o “circo do imediato” e do “show off” é valorizado face a normas e procedimentos de gestão sensata e equilibrada!

Arbitragem – foi divulgada a classificação atribuída na época 2019/2020 aos árbitros pelo Conselho de Arbitragem da FPF (e é bom lembrar que o “famoso” Lucílio – o homem que vê o que não existe e não vê o que existe! – faz parte desta secção de “classificação dos árbitros”)… ganhou o “inefável” Soares Dias… e quem aparece em segundo lugar, quem é? Pois… esse mesmo, a “pinheiral figura”! O homem dos três “abetos”, desculpem dos três pontapés de penálti contra o SCP em Alvalade, esta época, no jogo com o Rio Ave FC… o mesmo que só marca penáltis contra o SCP… e que nunca os assinala – que existiram mesmo! – a favor do SCP! Esta matéria da arbitragem – tema que considero fulcral no combate Sportinguista do passado, de hoje e do futuro, sejam quais sejam os dirigentes do Clube – será objecto de futura e continuada atenção minha, se possível com “balanço recordatório” do que nos aconteceu na época que agora terminou. Temos “factores internos” para a má época realizada, mas também temos “factores externos”!

Numerologia

Por André Bernardo
23 Jul, 2020

O Clube é dos Sócios, mas todos os Sócios têm de ter a possibilidade de poder decidir

106 625 
É o número de Sócios activos do Sporting Clube de Portugal após a Renumeração. Inclui todos os Sócios com quotas regularizadas e aqueles com quotas em atraso até um máximo de dois anos (Abril de 2018). 

72 863 
É o número de Sócios que tinha quotas em dia após a conclusão da Renumeração. Valor 33% superior ao de 2015: 54 711. 
Na última Renumeração, em 2015, o critério adoptado foi incluir todos os Sócios com quotas por regularizar desde 2005, abrangendo assim um período de dez anos, versus os dois anos actuais, terminando com 120 435 Sócios activos.

8 141
É o número de Sócios que regressaram no âmbito da campanha “Eu Sou – Renumeração 2020”, e que resultou num registo recorde de quotização, superando um milhão de euros.  No período da campanha, o valor total de quotização ultrapassou os dois milhões de euros. Após apuramento contabilístico divulgaremos os números exactos. 
Não há lugar a numerologia, estes são os números. É relevante sim interpretá-los ao abrigo do contexto em que eles ocorrem. E em tempos de pandemia, com desporto à distância e a pior crise dos últimos 100 anos à porta, é de salutar a forte participação de todos os Sportinguistas.

Parabéns ao Sporting CP!


177 é o número de Sócios que marcou presença na Assembleia Geral (AG) de 30 de Junho de 2014. Na AG de 5 de Outubro de 2014 foram 360.

136 é o número de Sócios que participou na AG de 2 de Outubro de 2016.

83 é o número de Sócios que marcou presença na AG de 23 de Junho de 2017. 135 na AG de 29 de Setembro de 2017.

22 408 é o número recorde de participação de Sócios numa Assembleia, de natureza eleitoral, registado no passado dia 8 de Setembro de 2018. 
São também números que retratam que é uma ínfima parte dos Sócios que participa nas decisões do Clube. Mesmo na Assembleia de maior participação, o número é relativamente baixo comparado com o potencial de Sócios que poderia participar. É revelador da actual incapacidade do Sporting CP em disponibilizar uma ferramenta capaz de assegurar a participação a todos os Sócios. A ferramenta existe, chama-se I-Voting. É a mais segura, mais abrangente e mais eficaz, mas os estatutos têm de a permitir. O Conselho Directivo já apresentou proposta à Mesa da Assembleia Geral e foi nomeada uma comissão de trabalho para revisão dos estatutos no que concerne estritamente a este ponto. Neste caso, decidindo uma vez, os Sócios passam a poder decidir para sempre alterar os números de participação nas decisões do Clube. Como sempre, os Sócios decidirão. O Clube é dos Sócios, mas todos os Sócios têm de ter a possibilidade de poder decidir

PS – 200 é o número de jogos de Leão ao Peito do nosso capitão. Obrigado, Sebastián Coates.

 

Editorial da edição n.º 3781 do Jornal Sporting

Uma questão Central

Por Miguel Braga*
23 Jul, 2020

A todos, mas em especial a Jérémy Mathieu, que agora nos deixa, muito obrigado. O Sporting Clube de Portugal será também sempre vosso

Nos últimos anos, tivemos a oportunidade de ver em campo dois dos melhores defesas-centrais que já jogaram no nosso país. De um lado, Jérémy Mathieu, que, entretanto, anunciou a sua reforma, do outro, Sebastián Coates, El Patrón, que esta semana atingiu a singela marca de 200 jogos de Leão ao peito. Foi uma dupla que trouxe ao Clube mais classe, esforço, devoção, dedicação, atingindo por vezes também a glória, deixando em campo muito suor e lágrimas pelo Sporting Clube de Portugal. Coates continuará em campo e Mathieu ficará agora a torcer por nós fora dele. Nas páginas centrais desta edição do Jornal Sporting poderá ver a radiografia desta história contada a dois, um francês e um uruguaio que o destino quis juntar em Lisboa.

Coates e Mathieu fazem parte de uma elite de centrais que construíram a defesa do Clube nas últimas décadas. Confesso que desde que me lembro de ver futebol, o Sporting CP sempre teve naquela posição pilares das suas equipas, patrões, homens fortes e de carácter. Se na versão nacional nomes como Eurico, Morato, Venâncio ou Beto (o mais marcador entre iguais com 25 golos) fizeram as honras da casa, foi do estrangeiro que o Sporting CP trouxe o talento para aquela posição central no terreno de jogo.

Além dos já referidos, há, porém, outros nomes que conquistaram o pleno direito de fazer parte do imaginário colectivo do Sporting CP. Sem ordem futebolística ou de importância em campo, destacaria sempre a classe de Nourredine Naybet (que fez apenas 73 jogos pelo Clube), o imperador Marco Aurélio (172 jogos), o esquerdino André Cruz com a sua colocação em campo e nos livres directos (que nos valeram 15 golos em 105 jogos), o primeiro Campeão do Mundo de Selecções a jogar em Portugal, Anderson Polga, que fez mais de 300 jogos (342 para ser exacto) com a camisola do Leão e, por fim, Luizinho. O tal central que provou que os defesas-centrais não se medem aos palmos (tinha “apenas” 1,79 m) e que era titular da selecção brasileira que encantou o Mundo em 1982 – e da qual faziam parte nomes como Zico, Falcão, Sócrates, Toninho Cerezo, Eder ou Roberto Dinamite. Um momento certamente inesquecível foi aquele golo nos instantes finais contra o Bologna FC em 1991, nos quartos-de-final da Taça UEFA, que nos permitiu passar e medir forças com o todo poderoso FC Internazionale Milano, de Walter Zenga, na eliminatória seguinte. Acabámos por cair nas meias-finais depois de uma exibição magistral em Alvalade e o Inter acabou por ser o vencedor da competição (ganhou na final, por 2-1 a outros italianos, da AS Roma).

A todos, mas em especial a Jérémy Mathieu, que agora nos deixa, muito obrigado. O Sporting Clube de Portugal será também sempre vosso.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

O ‘João Rocha’ está de volta!

Por Juvenal Carvalho
23 Jul, 2020

A próxima época terá que ser sob o signo do Leão. Aquele que nós aprendemos a amar e a trazer no coração, como canta a tão nossa Maria José Valério

Tenho o ‘defeito’ de ler os jornais desportivos de trás para a frente. Querendo saber tudo sobre as modalidades. É assim desde sempre, embora, como quase todos nós, seja Sportinguista muito por causa do futebol, pese a minha fase de criança me ter contemplado, e levado a ser um fervoroso defensor do eclectismo, devido a ‘monstros’ como Carlos Lopes e Joaquim Agostinho, para citar apenas dois de uma panóplia de atletas que marcaram para todo o sempre a imensa História do Sporting Clube de Portugal.

Este início foi só para vos situar na falta que sinto de ver as nossas equipas de pavilhão retomarem o regresso à luta pelos títulos. Felizmente, no passado dia 10 de Julho, a Direção-Geral da Saúde deu luz verde ao regresso à ‘nova normalidade’ das competições no andebol, basquetebol, futsal, hóquei em patins e voleibol, a partir do próximo dia 1 de Agosto.

Desta forma, e depois do malfadado vírus que em Março obrigou à suspensão das competições quando lutávamos por ganhar em todas as modalidades, inclusive liderávamos no basquetebol e no futsal, e em todas as outras dependíamos apenas de nós, em 2020/2021 lá estaremos de novo para dignificar o símbolo e fazer o que sabemos. Lutar pelas conquistas. Os tempos, sabe-se, não estão fáceis. O lado económico ditará regras, não só para o Sporting CP como também para os seus adversários directos. Agora teremos que ser ainda mais assertivos, para alcançarmos o tão propalado mais com menos.

Mas numa coisa tenho a certeza. Iremos estar na luta. Rui Silva, Luís Magalhães, Nuno Dias, Paulo Freitas e Gersinho, serão os ‘comandantes’ de umas ‘armadas’ que irão ser fortes. Até lá iremos seguramente começar a ter certezas sobre a composição dos plantéis. Com a premissa que teremos de estar na linha da frente para lutar para ganhar em todas. Aqui e na Europa. Claro que com mais hipóteses numas que noutras para almejar conquistas europeias que acresçam às actuais 35 já conquistadas, mas onde entrar o emblema do Leão, a obrigação é dignificar e lutar pela vitória.

Mesmo que 2020/2021 surja atípico devido à pandemia em que vivemos, o ansiado regresso ao ‘João Rocha’ começa a despertar aquele sentimento lindo de ver a ‘verde a branca’ a passear classe por onde passar.

Claro que o eclectismo do Sporting CP não se confina, termo agora tão em voga, às modalidades de pavilhão. São mais de meia centena as que temos no nosso Clube, e todas elas começam paulatinamente a regressar para uma nova época. A época passada, pelos motivos conhecidos, não nos foi permitido ganhar. A próxima terá que ser sob o signo do Leão. Aquele que nós aprendemos a amar e a trazer no coração, como canta a tão nossa Maria José Valério.

Agora, que está quase chegada a hora, é convosco: Nós acreditamos em vocês!

Mais do que um número

Por Pedro Almeida Cabral
23 Jul, 2020

(...) não consigo conceber que alguém queira o engrandecimento do Clube, exigindo títulos e glória, sem que isso implique quaisquer deveres

Como acontece a cada cinco anos, teve lugar há bem pouco tempo a renumeração dos Sócios do Sporting Clube de Portugal. É sempre um momento especial sentir o estreitamento da nossa ligação ao Clube. Não que o número mais baixo indicie maior ou menor Sportinguismo. Mas é sempre uma altura que nos lembra todo o nosso percurso associativo até aos dias de hoje, bem como o que significa ser Sócio do Sporting CP.

Não tinha pais Sportinguistas. Quis o acaso que nos meus verdes anos andasse numa escola a poucas centenas de metros do nosso antigo estádio. Por insistência minha, achando que deambular pelas imponentes arcadas desse estádio me fazia mais crescido, quis, desde muito novo, praticar um desporto lá. Qualquer desporto. E assim, pelos meus cinco anos, inscreveram-me na ginástica do Sporting CP. Foi quando me tornei Sócio do Sporting CP. Sob o olhar desgostoso do meu pai benfiquista, claro. Os anos foram passando e a ginástica ficou para trás. Exercendo o seu poder paternal de malus pater benfiquistus, o meu pai discretamente deixou de me pagar as quotas uns anos mais tarde, argumentando que não pagava quotas de outros clubes. Algures por aí, recordo com saudade o tempo em que o Senhor Amaro ia a nossa casa fazer a cobrança das quotas. Sempre se trocavam dois dedos de conversa sobre o Clube. Mal comecei a trabalhar, tendo recursos próprios, dirigi-me à secretaria do Clube para tornar a ser Sócio. O que nunca mais deixei nem vou deixar de ser.

Conheço bons Sportinguistas que sofrem pelo Clube tão ou mais que muitos Sócios. Procuro sempre convencê-los a fazerem-se Sócios. Não é somente pela garantia de que as quotas pagas vão direitinhas para o orçamento das modalidades, permitindo-nos vibrar e celebrar tantos títulos, nacionais e europeus, num Clube que é muito mais que futebol. É também porque não consigo conceber que alguém queira o engrandecimento do Clube, exigindo títulos e glória, sem que isso implique quaisquer deveres. É um sacrifício que todos temos de fazer para termos um Clube maior. Ser Sócio do Sporting CP é ainda entrar numa galeria de milhões de pessoas que, nos últimos 114 anos deram, nalgum momento da sua vida, um pedaço de si ao Clube. Fazer parte desta história, que se confunde com a história do desporto em Portugal, é um privilégio. Por isso, ser Sócio do SCP é muito mais do que um número.

Militância e amor Sportinguista

Por Tito Arantes Fontes
23 Jul, 2020

Somos mais de 106 mil Sócios! (...) Somos, também por isso e de modo indiscutível, um dos maiores clubes do mundo!

O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL procedeu à renumeração dos seus Sócios. Foi um processo “burocrático-administrativo” antecedido de uma campanha de manutenção e recuperação de quotas junto de Sócios que tinham deixado de pagar as mesmas de modo regular. Foi uma campanha de indiscutível sucesso. Bem gerida. Bem direccionada para os seus alvos. Sem “publicidade” desnecessária. Com resultados plenamente alcançados. E de indiscutível mérito! Só em Junho, o valor das quotas recebidas pelo SCP foi de mais de um milhão de euros! Impressionante!

Aproveitou-se o processo para – finalmente – se fazer uma renumeração capaz, o que não era feito há mais de dez anos. Foram, naturalmente, desconsiderados os Sócios que, entretanto e com nosso comum pesar, já partiram desta nossa vida terrena, bem como não se consideraram como Sócios todos aqueles que não tivessem quotas pagas de 2018 até ao presente. É, pois, uma fotografia real de Sócios activos aquela que agora o Sporting CP apresenta. Somos mais de 106 mil Sócios! Activos! Presentes! Vivos! Actuantes! Somos, também por isso e de modo indiscutível, um dos maiores clubes do mundo!

Neste processo cumpre também salientar o modo como o Clube sob gerir a “boa nova” do novo número de sócio junto da sua dedicadíssima massa associativa! Foi um excelente momento de Sportinguismo. Momento esse a que os Sócios corresponderam de modo grandioso. São inúmeros os Sócios, os grupos de Sócios, no Facebook e no WhatsApp, e por todo o lado, que trocaram milhares e milhares de mensagens inquirindo pelos novos números de Sócio, afirmando com garbo o seu! Dando notícia do seu reafirmado amor ao Sporting CP! Estou a falar de gente de todas as idades, de Sócios mais antigos e mais novos, de gente conhecida do universo Sportinguista e de gente anónima… todos, mas todos mesmo, unidos no seu Amor ao Sporting CP pelo seu novo número de Sócio! E todos os números são “bons”! Mas – porque a vida tem números mágicos – fiquei também a saber que um dos meus amigos Leões mais “doentes”, o Luís Mira, é o novo sócio 1000! A felicidade estampada no rosto e no coração deste nosso querido Sócio mais que cinquentenário! Uma felicidade genuína, verdadeira e autêntica… fantasticamente “infantil”, num cinquentão com quase dois metros de “envergadura”! A expressão do verdadeiro amor ao SCP! Fiquei, pois, deveras surpreendido com esta avalanche de emoções Leoninas pelo seu “novo número”… com a grandeza, a dimensão desses festejos! E a verdade é que não me devia ter espantado com todo este Sportinguismo… tenho, pois, de dizer mea culpa… estou a chegar aos 50 anos de Sócio e já devia saber que somos assim, de uma fé imensa, de uma esperança enorme, de um amor incondicional! Por isso somos gigantes, maiores como os maiores do mundo! Um Grande Clube, tão Grande como os maiores da Europa! Como o nosso Fundador José Alvalade quis! E assim o “dixit” em 1906! E assim “o” cumprimos! Todos os dias, todos os anos!

Futebol – fomos ao Dragão. Não ganhámos. Foi insuficiente, ainda que tenha sido digno o nosso jogo. O Rúben Amorim já disse que quer mais. Também queremos. Sabemos que temos uma equipa jovem, melhor dizendo, muito jovem. E sim, queremos apoiar e muito! E sim, também queremos mais! Rebobinei, no rescaldo desse jogo, a nossa equipa… e andei uns meses para trás, situando-me sempre nesta época… quem diria que sem Bruno Fernandes, sem Mathieu, sem Acuña, sem Vietto, sem Luiz Phellype… e com a juventude de Plata, Jovane, Nuno Mendes, Matheus Nunes, Quaresma e Max… mais os suplentes que jogaram Joelson, Camacho e Tiago Tomás faríamos um jogo tão igual com o agora declarado e destacado novo campeão nacional. Quem diria? Acreditemos, pois! Temos muita matéria-prima! E temos um Senhor Treinador! Deixemos, pois, o “folclore de milhões… inconsistente e incoerente” para outras paragens! E trabalhemos nós na verdadeira, autêntica, persistente e única fábrica de talentos em Portugal… Academia Sporting! É o nosso futuro! São os nossos meninos! É a nossa equipa!

VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!!!

Sporting CP, Kasparov e MTQ

Por André Bernardo
09 Jul, 2020

Qualquer estratégia começa com um objectivo futuro, que depois é trabalhado daí para trás. Hoje estamos muito mais perto do destino que definimos há dois anos atrás

No livro “A vida imita o Xadrez”, Garry Kasparov, ex-campeão mundial de xadrez, descreve que a base de cada jogada assenta no equilíbrio entre três conceitos: de material, de tempo e de qualidade (MTQ).

“O material descreve os nossos bens tangíveis. O tempo refere-se a quanto tempo demoramos a alcançar um objectivo específico. A qualidade, o elemento mais importante e um objectivo em si mesmo, representa o valor. O objectivo é ser bem-sucedido em cada uma das áreas e também investir e equilibrar os factores de forma correcta”.

São os mesmos factores que estão por trás de qualquer estratégia e que usarei como paralelismo ao tema da capa de hoje: “Eu Sou Formação”.

 

Material

Material é o elemento fundamental. No xadrez é o número e tipo de peças que a cada momento temos versus o nosso adversário. Noutros desportos são os jogadores. E para ter os melhores jogadores é preciso uma combinação variada de factores: capacidade financeira, os próprios verem valor no clube, capacidade de recursos com aptidão de identificar os melhores e uma estrutura capaz de os acolher e desenvolver. 

E isto faz-se com base numa estratégia pensada e com investimento. Mas exige tempo.

 

Tempo

“Tempo de tabuleiro” é o número de jogadas necessárias para alcançar um objectivo. Há duas maneiras de “ganhar” tempo: i) efectividade ii) dinheiro.

No primeiro temos de ser mais eficientes que os demais, seja estando um passo à frente, seja na melhor capacidade de desenvolvimento do material à nossa disposição. Foi o que conseguimos fazer com a introdução do modelo Centralizado no Jogador - que nos permite hoje ter na equipa principal seis jogadores de escalões menores que tiveram um desenvolvimento acelerado (ver entrevista central).

O segundo, dinheiro, passa pela possibilidade de ganhar tempo adquirindo material que consideramos aportar qualidade de forma mais imediata ou crítica no processo. E é o que fizemos, por exemplo, na contratação de Šporar e Rúben Amorim.  

Evidentemente, dependendo da situação financeira do Clube podemos partir de uma posição “aberta” (várias saídas possíveis) ou “fechada”.

Mas para chegar a ter uma posição aberta, que é o ideal, é fundamental dar prioridade aos factores dinâmicos versus estáticos. Ou seja, em cada momento perceber o que é mais importante para chegar ao destino final.

E se o material é um ponto de referência fundamental e o tempo é acção, estes dois elementos só fazem sentido guiados por um terceiro: qualidade.

 

Qualidade

O valor de uma peça no xadrez varia conforme a posição da mesma e o momento do jogo.

Todas as decisões envolvem um custo de oportunidade. Abdicar do melhor marcador da equipa, com salário anual de 6 M€, na fase final e decrescente da sua carreira é uma decisão táctica em nome de uma estratégia.

Alocar 12 M€ para a Academia Sporting (2 M€ até à data), 10 M€ num treinador que aposta na juventude, desenvolver um modelo centralizado no jogador e aplicar a reduzida liquidez na retenção de 89 recursos identificados como alto potencial, é um investimento na Formação com base numa estratégia definida desde 2018.

 

Tenacidade

Só erra quem decide. E só aprende quem reconhece os erros e não os repete. E todos queremos acertar mais e errar menos. Porém, existe uma crucial diferença entre teimosia e tenacidade.

E é por isso mesmo que aos factores MTQ , Kasparov acrescenta um outro factor decisivo: confiança, destacando que “as nossas tácticas devem ser guiadas pela nossa visão estratégica global e pelos nossos objectivos. (…) Essa força psicológica é a base. Se ela enfraquecer, toda a estrutura se desmorona”.

E, portanto, quem decide não pode andar a ziguezaguear ao sabor dos ventos da pressão.

Qualquer estratégia começa com um objectivo futuro, que depois é trabalhado daí para trás. Hoje estamos muito mais perto do destino que definimos há dois anos atrás. Nesta edição damos a conhecer aos Sportinguistas parte de um dos pilares desse futuro: a Formação.

 

* Editorial da edição n.º 3780 do Jornal Sporting

Não, obrigado

Por Miguel Braga *
09 Jul, 2020

O nosso rumo está traçado, o nosso grupo unido. Para desgosto de muitos, vamos ser fiéis a esse plano, cumprindo o nosso caminho, independentemente das pedras que coloquem na estrada

Fará no próximo dia 15 deste mês três anos desde que Marcos Acuña assinou pelo Sporting Clube de Portugal. Mais de mil dias de Leão ao peito, 132 jogos pelo Clube, duas Taças da Liga conquistadas e uma Taça de Portugal. Internacional argentino, com 27 presenças na “La Albiceleste”, Acuña faz da raça uma das suas imagens de marca, não desistindo de uma luta, de uma bola, de conquistar o seu espaço com “ganas” e com vontade de Leão.

Talvez por isso, Marcos Acuña transformou-se num alvo apetecível da intriga que gravita em volta do futebol português. Se dentro de campo, esse estigma paga-se com amarelos à primeira falta e vista grossa às constantes provocações de que é alvo, fora dele, a entrega e inconformismo de Acuña levaram à criação de novelas, de histórias paralelas fruto da criatividade e imaginação de quem quer atingir não só o jogador, mas especialmente o Sporting Clube de Portugal.

Diz-me a experiência e o respeito que tenho pela profissão que os jornalistas não inventam notícias. No entanto, há várias fontes que giram à sua volta, umas credíveis, outras nem tanto, umas que enfrentam a verdade, outras que a contornam a seu bel-prazer ou a pedido de um interesse alternativo ou não declarado. Uma táctica de guerrilha utilizada é lançar uma “notícia” tarde e a más horas, de forma concertada, com uma ou duas fontes alinhadas, de forma a passar a informação como certa e credível.

O Sporting Clube de Portugal orgulha-se de ter um grupo forte e unido, composto por pessoas íntegras, honestas, trabalhadoras e que tudo fazem para honrar o nome e a história do Clube. Todos os dias trabalham para isso, em conjunto e com o apoio de uma estrutura altamente profissional.

Ao longo dos anos, o modus operandi tem-se repetido, transformando o Sporting Clube de Portugal no alvo preferencial para o desvio de atenções, essas sim, razão de ser notícias, tanto nacionais, como até internacionais.

O nosso rumo está traçado, o nosso grupo unido. Para desgosto de muitos, vamos ser fiéis a esse plano, cumprindo o nosso caminho, independentemente das pedras que coloquem na estrada. Quem atira pedras assim deveria estar mais preocupado com o seu próprio telhado. Mais tarde ou mais cedo, a verdade virá ao de cima. E para que não restem dúvidas, Acuña está com o grupo e o grupo com Acuña. Tudo o resto são apenas tentativas de destabilizar o Clube.

Não, obrigado.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Miguel Maia, o ‘Rei Leão’!

Por Juvenal Carvalho
09 Jul, 2020

(...) Esse sonho, o de continuar de Leão ao peito vai manter-se. Irá fazer os 50 anos de Leão ao peito e vai querer continuar a ganhar. Como só ele sabe. Como só ele luta para isso

23 de Abril de 1971. A cidade de Espinho, também conhecida como Costa Verde, viu nascer Luís Miguel Barbosa Maia. Naquele dia, e naquela cidade, veio ao mundo aquele que viria a ser um dos maiores desportistas portugueses de todo o sempre. Um exemplo de classe. Um exemplo de abnegação. Um ganhador como só ele. Miguel Maia é mesmo um caso raro de longevidade por quem os anos parecem não passar, e que joga aos dias de hoje com a garra de um menino, a que umas mãos de ouro e uma intuição rara para o jogo e uma valia verdadeiramente inusitada, o diferencia dos demais.

Miguel Maia, tanto no voleibol de pavilhão como na praia, onde formou com João Brenha uma das melhores ‘duplas’ do Mundo, é um ídolo que tem atravessado gerações. A sua carreira iniciou-se cedo, já que em Espinho o voleibol é quase uma ‘religião’, mais propriamente na Académica de Espinho, onde se sagraria campeão nacional, bem como no Sporting de Espinho onde ganhou vários títulos nacionais e onde venceu ainda a CEV Top Teams Cup de 2000/2001, a única competição europeia da modalidade ganha até ao momento por um clube português.

Nunca escondeu o seu amor incondicional ao Sporting Clube de Portugal. Respira o Clube por todos os poros. Aos 20 anos de idade chegaria ao seu Clube do coração, e foi chegar, ver e vencer. Entre 1991/1992 e 1993/1994 sagrou-se sempre Campeão Nacional, numa equipa verdadeiramente fantástica. Veio a sair e posteriormente viu a modalidade ser suspensa. A cada entrevista, a cada aparição no universo Leonino falava no quanto queria de novo a modalidade no ‘seu’ Sporting CP. Eu sei do que falo, porque várias vezes abordei com ele esse tema. Moveu montanhas, não desistiu, e como quem porfia sempre alcança, em 2017 viu as portas do voleibol serem escancaradas no reino do Leão.

A história repetiu-se e foi de novo chegar, ver e vencer. Logo no ano do regresso, como ele preconizou, sagrou-se Campeão Nacional. Festejou com a alegria de um menino. Como se não houvesse amanhã. Estava concretizado o sonho. Esse sonho, o de continuar de Leão ao peito vai manter-se. Irá fazer os 50 anos de Leão ao peito e vai querer continuar a ganhar. Como só ele sabe. Como só ele luta para isso. Além de um fenómeno de classe, é um fenómeno raro de longevidade. Sei o quanto vale, e sei até que muito gostaria e muito ganharia o Sporting CP com os seus conhecimentos após terminar a carreira. Ele é da raça que nunca se vergará. Obrigado, Miguel Maia. E continua a fazer-nos felizes!

 

P.S. – Parabéns ao ténis de mesa. O penta é nosso. Venha o hexa!

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