Your browser is out-of-date!

Update your browser to view this website correctly. Update my browser now

×

Um por todos, todos pelo futebol

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

Ebru Koksal debruçou-se sobre a importância dos direitos televisivos

“Sempre achei que a Turquia e Portugal tinham muitas semelhanças em relação ao futebol. Mas vejo que também no trânsito: demorei uma hora e meia a fazer 30 quilómetros, de Cascais a Lisboa”, atirou Ebru Koksal no início da sua intervenção. A nota de humor abriu a terceira intervenção do painel dedicado às ‘Novas (e convencionais) fontes de receita para os clubes’, do II Congresso ‘The Future of Football’, no qual a consultora da FIFA e da UEFA abordou os direitos televisivos.

A intervenção, logo após Steve Rickless (CEO da Triple Play), que se debruçou sobre as novas fontes de receita ancoradas na tecnologia, veio colocar a ênfase numa das tradicionais formas de obter receitas para os clubes. E sustentada em números: nos principais cinco mercados (ligas inglesa, alemã, espanhola, italiana e francesa), 48% do total das receitas cem dos contratos com as televisões, o que representou, em 2013/14, 5,4 mil milhões de euros. “Hoje é mais e na próxima época vai ser ainda mais, quando o novo acordo for assinado”, apontou a oradora, que deu a Premier League como líder destacado neste tipo de receitas: a título de exemplo, o clube da principal divisão inglesa que menos ganhou em direitos televisivos em 2013/14 ganhou mais, ainda assim, do que a maioria dos clubes europeus, com excepção de cinco.

Ebru Koksal debruçou-se, em seguida, sobre a questão da centralização dos direitos televisivos. “Sei que Portugal é um dos poucos países na Europa em que os direitos não são comercializados de forma centralizada”, disse a oradora, que enunciou as vantagens da centralização. “Permite tirar o maior partido possível. Se todos agirem em conjunto, isso leva a um aumento do interesse do público, do interesse comercial e os clubes mais juntos têm mais massa crítica e força do que isoladamente. Mas tudo isto só faz sentido se todos os clubes participarem nesse objectivo comum de fazerem dinheiro juntando forças”, declarou.

A consultora FIFA e UEFA referiu-se ainda aos modelos de distribuição, salientando que a prioridade deve ser o benefício de todos e aumentar o ‘bolo’ global. “A ideia é que com a centralização todos fiquem a ganhar e é importante assegurar que quando se envolvem todos os clubes do sistema ninguém fique a perder”. Outra questão controversa é a percentagem de receitas que os organizadores das competições retêm – que é importante minimizar, segundo a oradora. Na Noruega, por exemplo, esse valor é de 32% e em França 19%. Na Grécia, 10% das receitas vão para o fundo de polícia. “Os gregos lá saberão porquê...”, atira Ebru Koksal. Depois de enunciar o modelo de distribuição de algumas das principais ligas – por exemplo, em Espanha 50% das receitas são distribuídas equitativamente, 25% em função da notoriedade e os outros 25% de acordo com os resultados das últimas cinco épocas – a oradora deu o exemplo de modelos de ligas mais pequenas, que poderiam servir de exemplo para Portugal, como a Áustria (50% distribuídos equitativamente e outros 50% de acordo com minutos jogados por jogadores austríacos), a Holanda (100% em função dos resultados dos últimos dez anos) ou a Suíça (50% distribuídos equitativamente, 25% pelos resultados e os outros 25% de acordo com o valor comercial dos clubes, avaliado por uma entidade independente).

Em jeito de conclusão, o desafio é que “os clubes se juntem e encontrem a fórmula de distribuição mais conveniente para todos, nomeadamente sem prejudicar os maiores clubes”.