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Foto D.R.

Citius, Altius, Fortius

Por Jornal Sporting
12 Jul, 2018

Editorial do Director interino do Jornal Sporting na edição n.º 3.684

De quatro em quatro anos, Mundiais de futebol e Jogos Olímpicos – para falar nos dois mais mediáticos eventos desportivos do Mundo, a par do Mundial de râguebi –, reúnem na mesma competição os melhores intérpretes das respectivas modalidades. O desporto de alta competição, pela razão atrás explicada, proporciona espectáculos impressionantes na permanente tentativa de superar as marcas que já tinha feito história, renovando assim os heróis que, tal como Camões escreveu nos Lusíadas, da morte se vão libertando, numa eternidade reservada aos predestinados.

Este discurso serve de mote à notória falta de cultura desportiva que, muitas vezes, graça pelo país num claro atropelo ao espírito mais puro do desporto, demasiadamente marcado pela futebolização que, num plano mais largo, funciona como o eucalipto, secando tudo à sua volta. Aliás, basta perceber a importância que o futebol assume entre as dezenas de modalidades que compõem os Jogos Olímpicos para se perceber o alcance do que devem ser as boas práticas de uma saudável cultura desportiva.

A secção de atletismo do Sporting Clube de Portugal, considerada como uma verdade universidade nacional da modalidade, proporcionou um novo momento de Glória ao Clube e aos seus Sócios e adeptos, no passado fim-de-semana, em Leiria, no Campeonato de Portugal de pista ao ar livre, individual. Foram 21 títulos de campeão nacional, 48 pódios, três deles completamente lotados de camisolas verdes de leão rampante ao peito: nos 5.000m, Sara Moreira (1.ª), Catarina Ribeiro (2.º) e Susana Godinho (3.º); nos 200m, Rosalina Santos, Lorene Bazolo e Filipa Martins; no salto com vara, Marta Onofre, Leonor Tavares e Cátia Pereira.

Falamos precisamente das mesmas especialidades do atletismo que colam os espectadores à televisão, de quatro em quatro anos, para as ver.

A secção, liderada por Carlos Lopes – primeira medalha de ouro nacional em Jogos Olímpicos – e com a coordenação técnica de Carlos Silva, não podia dar melhor seguimento ao riquíssimo legado deixado pelo professor Mário Moniz Pereira, ele próprio a eterna referência do atletismo nacional e figura maior da história centenária do nosso Clube.

Temos sempre de colocar as diferentes realidades numa perspectiva de modo a que não haja injustiças nas avaliações quanto ao grau de importância de um título conquistado. Seja em que modalidade for. Isto num Mundo ideal, naturalmente. Mundo ideal que continua nas mãos de cada um, tal como a reciclagem. É um trabalho individual, a de separar convenientemente os resíduos, em nome de um bem maior, comum. A cultura desportiva pode inserir-se no mesmo plano. Apoiar a equipa de futebol não constitui, por si só, argumento de defesa aos amantes do desporto. Esses, sentem tanto gosto e orgulho no título nacional de hóquei em patins, celebrado 30 anos depois do último, como com o título dos iniciados de Pedro Coelho, alcançado na última jornada do campeonato e frente ao eterno rival.

O Sporting, pelo seu extraordinário ecletismo, é um clube que propicia essa veia mais apurada de uma cultura desportiva que se quer no caminho da ideal. A grandeza leonina, tão bem espelhada no nosso Museu, percorre as modalidades apresentando como cartão de visita uma das histórias mais brilhantes do deporto nacional. De sempre. Entre os maiores, há sempre um leão. Ou vários. E leoas! Para além da diversidade, há também a igualdade de género. Mulheres de e com garra!

Obrigado a todos os nossos atletas. O trabalho do Jornal Sporting também fica, assim, muito fácil, pelo orgulho dos relatos que fazemos.