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Foto D.R.

"Chegamos sempre aonde nos esperam"

Por Jornal Sporting
26 Jul, 2018

Editorial do director interino para a edição n.º 3.686

No prefácio de uma das suas últimas obras, n' A Viagem do Elefante, Saramago citou o Livro dos Provérbios: "Chegamos sempre aonde nos esperam". Este sábado será indubitavelmente marcado pelo regresso da equipa de futebol profissional à sua casa – a Academia é a oficina de trabalho –, colocando um ponto final no (demasiado) longo período de defeso, no qual nem o Mundial serviu para desviar as atenções do país de Alvalade. Compreensível e incontornável.

No entanto, uma coisa é o relato, mais ou menos imparcial, da realidade que vivemos e outra é o que realmente cada um sente quando se veste a rigor para, em comunhão com a família leonina, puxar por quem preenche os nossos sonhos de magia futebolística, desde as defesas de Viviano aos cortes com fuga em ataque vertical de Acuña, passando pelas bombas de Bruno Fernandes, do talento emergente de Francisco Geraldes e Matheus Pereira, até ao holandês voador, autor de 70 golos nas duas épocas que leva de leão ao peito. Aliás, com mais duas épocas de igual desempenho e Bas Dost terá marcado mais golos em quatro anos no Sporting do que nos restantes anos de carreira todos juntos.

Os exemplos atrás referidos não são, de todo, aleatórios. Nem mesmo a escolha de Viviano, o novo guardião da nossa baliza Vítor Damas, bem escudado pela Curva Sul, perfeitamente alinhada – como se pode ler no comunicado conjunto ontem divulgado publicamente por todos os intervenientes – com a Comissão de Gestão na recepção à equipa escolhida para atacar mais uma temporada. Bas Dost, Bruno Fernandes e Acuña chegaram precisamente aonde os esperavam. "Este é o meu Clube. Amo este Clube", atirou o n.º 28 – número mítico – na apresentação do seu regresso, explicando ainda o que sentiu depois de 15 de Maio e o que o levou a permanecer em Alvalade. Bruno Fernandes garantiu publicamente que, apesar do pedido do seu agente para aumentar o salário, ele próprio recusou e continuou com os mesmos valores iniciais.

Numa altura em que se torna difícil separar o trigo do joio, com tamanha avalanche de (des)informação, que se fique pelas emoções. Pelo que os sentimentos revelam, deixando a componente profissional para as áreas estritamente necessárias ao alcance dos objectivos. Representar um Clube não é um mero desempenho físico, técnico e táctico e Cristiano Piccini demonstrou-o na perfeição. Esteve apenas um ano a representar o Sporting, mas a sua mensagem de despedida – agora no Valência [ver pág. 7] – revelou um tão profundo respeito pelo Clube que acabou por servir de mote comparativo a outras saídas bem mais dolorosas. Não pela saída em si, mas pelas circunstâncias. O Valência contratou não apenas um bom activo para a sua equipa – chamada à squadra azurra é uma hipótese que ganha cada vez mais força... –, mas um espírito esclarecido e com princípios certamente apreciados por todos. Para estes, Alvalade terá sempre a porta aberta. Obrigado, Piccini.

Por último, mas não menos importante, o oitavo título nacional de clubes de atletismo de pista ao ar livre. Octocampeãs – com o respectivo poster nas páginas centrais. A história do atletismo no Sporting daria outro editorial, a secção que mais títulos, nacionais e internacionais, tem proporcionado aos longos destes 112 anos. Braga foi o palco escolhido e as leoas voltaram a mostrar a raça que as molda na verdadeira universidade do atletismo português. Isto é o Sporting!