Exibição de valor acabou em derrota frente ao FC Bayern München (3-1)

De volta ao palco europeu, a equipa principal de futebol do Sporting CP caiu perante o FC Bayern München por 3-1, esta terça-feira, em partida da sexta jornada da fase de liga da UEFA Champions League.

Dificilmente haveria maior ‘teste de fogo’ à invencibilidade Leonina – terminada nos 12 jogos – do que visitar o imponente Allianz Arena (ou Fußball Arena München, como é designado nas provas da UEFA), casa do crónico campeão do futebol alemão, onde nenhum clube português venceu e que esta temporada, sob a liderança do ex-jogador Vincent Kompany, assinou o melhor arranque da História das principais ligas europeias (16 vitórias em 16 jogos). A tudo isso ainda se juntaram, do lado verde e branco, uma série de importantes baixas (Pedro Gonçalves, Francisco Trincão e Geovany Quenda), mas os comandados de Rui Borges deram uma resposta de muito valor e, além de terem sabido bater-se, até estiveram a vencer em Munique.

Um autogolo de Joshua Kimmich – mérito para a jogada de João Simões – inaugurou o marcador aos 54 minutos depois de uma valorosa exibição defensiva dos Leões na primeira parte. Depois, contudo, o FC Bayern München comprovou o facto de ter o ataque mais temível da Europa e num intervalo de quatro minutos fez a reviravolta que encaminhou a vitória, para a qual se fez valer, em particular, das bolas paradas para fazer dois dos três golos.

Perante um FC Bayern München praticamente na máxima força - Luis Díaz, suspenso, foi a única baixa de peso - e intratável especialmente no seu reduto (agora, com dez vitórias em dez jogos), Rui Borges teve de reinventar o ataque verde e branco e operou um total de quatro alterações ao ‘onze’ utilizado no dérbi com o SL Benfica (1-1): partindo de uma base de três centrais, João Simões, Maxi Araújo, Matheus Reis e Eduardo Quaresma foram titulares, enquanto Gonçalo Inácio (em dúvida) e Hidemasa Morita começaram num banco de suplentes repleto de juventude (Rodrigo Ribeiro, Flávio Gonçalves, Salvador Blopa e Eduardo Felicíssimo) e ainda sem Daniel Bragança.

É de destacar que com esta titularidade, Matheus Reis igualou Rui Patrício como o jogador da História do Sporting CP com mais jogos na UEFA Champions League (26) – feito que Inácio (não foi utilizado) está a um jogo de igualar também.

Nesta noite fria em Munique, os Leões cedo procuraram mostrar, acima de tudo, muita organização frente ao expectável domínio dos alemães, que por sua vez queriam dar uma resposta a nível europeu, uma vez que perderam – única derrota da temporada – na jornada anterior da Champions (3-1 com o Arsenal FC). E prova dessa mesma intenção foi o golo do jovem talento Lennart Karl (17 anos) logo aos cinco minutos, embora prontamente invalidado por fora-de-jogo.

Nas bancadas, os mais de três mil Sportinguistas – entre os cerca de 75 mil espectadores que encheram o estádio bávaro – cumpriram o seu papel de forma categórica com um apoio bem audível e incansável à sua equipa, a qual se manteve num verdadeiro teste de paciência e, sobretudo, muito rigor praticamente em exclusivo no seu meio-campo, tentando quando possível sair em transição. Embora sem ser ‘sufocante’, o FC Bayern München foi rondando a área verde e branca e somando aproximações sem grande pontaria inicialmente até que, aos 24 minutos, Rui Silva teve de ‘voar’ para sacudir um perigoso pontapé cruzado de Serge Gnabry.

Mas, praticamente a seguir, foi Manuel Neuer quem teve de intervir entre os postes, porque uma arrancada de Geny Catamo e consequente cruzamento ficou à beira de resultar em autogolo - uma receita replicada, mais tarde, com sucesso. Antes, o melhor que os Leões tinham conseguido fora um cabeceamento muito desenquadrado de Matheus Reis a partir de um canto, mas aos poucos conseguiram encontrar alguns caminhos para ter mais bola e também contra-atacar, especialmente pelas alas.

Já o perigo, até final da primeira parte, pertenceu sempre à equipa da casa, cujo ‘cerco’ se intensificou nesta recta final, mas esbarrou no poste e em Rui Silva. Aos 37 minutos, o ferro negou um golo de fora da área a Harry Kane – goleador-mor do emblema da Baviera - e, aos 44’, o guardião verde e branco levou a melhor num cara-a-cara com Lennart Karl. Pelo meio, um cabeceamento do central Josip Stanišić também não passou longe do alvo.

Ainda assim, prevaleceu o nulo e para trás ficou um sofrido mas irrepreensível primeiro tempo por parte do Sporting CP frente à mais goleadora das equipas de entre as principais ligas europeias – e actualmente segundo melhor ataque da UEFA Champions League.

A segunda parte, no entanto, começou de maneira bem diferente: com os Leões mais afoitos com bola e mais perigosos. A desequilibrar sobre a esquerda, Alisson Santos ensaiou um cruzamento/remate rasteiro que não saiu muito longe do poste e ao qual Suárez não chegou a tempo da emenda para a baliza. Uma reentrada positiva que, a seguir, tornou-se de sonho.

A sair a jogar desde o pontapé de baliza, Alisson Santos conseguiu novo desequilíbrio, soltou para a arrancada de João Simões no corredor e o jovem médio, chegado à linha, cruzou e encontrou um desvio de Joshua Kimmich para a própria baliza. Aos 54’, o Sporting CP colocou-se a vencer em casa do FC Bayern München e foi enorme a festa verde e branca.

Além disso, nos instantes seguintes, os Leões até mostraram a sua melhor versão no relvado do Fußball Arena München, cada vez mais capazes com bola, só que foi nesta altura que, depois de dois remates à figura de Rui Silva – de Kimmich e Karl – apareceu a resposta definitiva do líder invicto da Bundesliga para mudar o jogo.

Tudo começou num canto, onde Gnabry apareceu sozinho ao segundo poste para repor a igualdade e, apenas quatro minutos volvidos, Karl entrou na área e bateu Rui Silva, virando o resultado num ‘abrir e fechar de olhos’. Além disso, uma confusão entre os jogadores das duas equipas acabou por resultar num cartão amarelo a Morten Hjulmand, que assim falhará a recepção ao PSG na próxima jornada da Champions.

O FC Bayern München, revigorado, subiu de produção e antes da entrada nos últimos dez minutos chegou também ao 3-1, novamente aproveitando uma bola parada. Desta feita, uma segunda bola sobrou na área para o central Jonathan Tah, que de frente para a baliza só teve de atirar para o fundo das redes. Um golpe duro e definitivo na partida.

Depois de Rui Borges ter refrescado os Leões com as entradas de Ricardo Mangas, Georgios Vagiannidis e Fotis Ioannidis, o Sporting CP ainda voltou a espreitar o ataque, porém um corte na ‘hora h’ evitou que Suárez conseguisse reduzir a diferença no marcador, que não mexeu mais até final.

Confirmada a derrota na Alemanha, o Sporting CP mantém os dez pontos somados na Champions e caiu da zona de apuramento directo, enquanto o FC Bayern München, agora com 15 pontos, juntou-se ao topo da tabela.

Para os Leões a UEFA Champions League regressa apenas em 2026 e, agora, voltam a virar atenções para a Liga já com a recepção ao AFS em perspectiva no próximo sábado (20h30).

Sporting CP: Rui Silva [GR], Iván Fresneda, Ousmane Diomande, Eduardo Quaresma (Georgios Vagiannidis, 80’), Matheus Reis, Maxi Araújo (Salvador Blopa, 90+2’), Morten Hjulmand [C], João Simões (Hidemasa Morita, 90+2’), Geny Catamo (Fotis Ioannidis, 80’), Alisson Santos (Ricardo Mangas, 66’), Luis Suárez