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Português, Portugal

"A memória ajuda-nos a lidar com o agora, mas também é necessária para prever o futuro"

Por André Bernardo
24 Nov, 2022

Editorial da edição n.º 3899 do Jornal Sporting

A frase acima, título deste editorial, não é da minha autoria. É uma citação de António Damásio. Tomo-a de empréstimo em homenagem ao importante passo que o Museu Sporting deu esta 2.ª feira, ao passar a integrar a Rede Portuguesa de Museus (RPM).

Somos o primeiro e único Clube credenciado para tal, sendo um motivo de enorme orgulho o certificado recebido. Ele certifica, acima de tudo, o fantástico trabalho do nosso Museu na preservação da memória colectiva do Sporting Clube de Portugal e da sua História. Cabe ao(s) Museu(s) a tarefa de representação de uma identidade colectiva, “cobrindo” o esquecimento da memória individual, construindo-a através dos registos factuais que usa como instrumentos para que as histórias que conta sejam História.

É a partir da memória que se constrói a identidade, da verosimilhança dos factos a idoneidade e, recuperando a frase de Damásio, é também ela que nos orienta o presente, mas também o futuro, através da predição, imaginação e criatividade.

O excelente trabalho do neurocirurgião português, e os avanços recentes da neurociência, permitem-nos saber hoje que a memória, e o processo de consciência e decisão humano, é construído com base na memória, em conjugação com o juízo de valor dado pelas emoções.

O Museu Sporting é, sem dúvida, um Museu de Emoções e um inestimável património cultural, agora em rede e colaboração com os seus pares.

Saibamos saborear este importante passo que hoje celebramos, conscientes de que temos muitos por dar no futuro para fazer crescer a experiência do Museu Sporting para o nível da História do clube que ele representa. O rumo de dar lugar nuclear ao nosso Museu está assumido. Teremos de ter capacidade de investir para, passo a passo, percorrer este caminho ao longo dos próximos anos.

Parabéns Museu Sporting! Parabéns Sporting CP! 

 

Passageiros no tempo

Por André Bernardo
20 Jan, 2022

Uma nova forma de Estar, a mesma maneira de Ser

Ready. Set. GO…

A pistola disparou. Estava dado o sinal de partida.

Eram “três” as voltas que tínhamos que recuperar em atraso para os restantes participantes. Carregávamos uma lesão numa perna diagnosticada como crónica e que nos arrastava há cerca de 40 anos. Mas, adicionalmente, na outra perna tínhamos acabado de contrair uma gravíssima lesão. O imprevisto aconteceu e a prova passou a ter obstáculos desconhecidos e nunca vistos nos últimos 100 anos. As probabilidades de ganhar eram ínfimas.

O desafio e compromisso não era apenas de ganhar esta prova, era o de ganhar e passar o testemunho para que o próximo que entrasse em prova conseguisse continuar arrancando, pelo menos, em circunstâncias de igualdade.

Prestes que o Sporting CP está de cortar a meta deste mandato, e de entregar o testemunho a quem os Sócios decidam fazê-lo, hoje transcrevo aquilo que é a realidade de um Dia de Sporting, que resume brevemente aquilo que nestes cerca de três anos e meio foi feito.

O Sócio ou adepto poderá ir deixar o seu filho ao remodelado Multidesportivo, na tranquilidade de saber que os balneários são novos.

Poderá aguardar confortavelmente no renovado hall, ou mesmo saciar a fome no Choupana Café Stadium*, em alternativa às antigas vending machines. E, enquanto espera, pode entreter-se com um dos conteúdos Sporting, sendo que o maior problema que enfrentará será o de ter que escolher entre as várias opções, desde o Inside Sporting, ao Backstage ou ao Podcast ADN de Leão, entre outros.  

Se preferir, pode optar por passear pela primeira Megastore do Sporting CP, estreada no último mês de Agosto. Lá dentro encontrará a maior variedade de opções de marca Sporting que o Clube já disponibilizou, inclusive uma prancha de Surf Sporting (em parceria com a ORG). Em alternativa pode comprar um dos produtos oficiais do Sporting CP com a Nike, considerada recentemente pela consultora FinancePR a marca mais valiosa do sector de roupa do mundo.

Preferindo não esperar pode sempre ter efectuado a compra na nova Loja Verde Online e seleccionando a opção de pick-and-go na loja e assim só terá que recolher.

Caso tenha ido de carro, e acedido pelo helicóide da entrada 1 (junto ao edifício Visconde Alvalade), é provável que fique decepcionado com o estado pouco cuidado do acesso, e posteriormente identifique várias melhorias a fazer no parque em si. Se é o caso, deixará de assim ser muito brevemente, uma vez que este mês têm arranque as obras de remodelação, tanto do acesso helicóide, como do parque de estacionamento.

Se o motivo de visita é um dia de jogo de futebol, um dos maiores orgulhos que vai ter será o de entrar no Estádio José Alvalade por uma das sete portas (antes eram quatro) a honrar o nome de uma das principais lendas do Clube, em homenagem à herança do Sporting CP.  

Ao entrar uma mancha verde de cadeiras novas vai absorver-lhe o raio de visão, interrompida apenas pelo branco das cadeiras que escrevem SCP.

O conforto que as novas cadeiras entregam é o mesmo de saber que a equipa que vai entrar em campo tem por base uma aposta na Formação, resgatando o melhor do nosso ADN passado, e em prol da sustentabilidade financeira futura do Clube. Trabalhada diariamente na Academia Cristiano Ronaldo. Academia onde os recursos humanos foram premiados pela ECA pelo seu trabalho e modelo implementado, e onde os quartos da ala profissional e da formação foram renovados. Onde existem relvados novos, um Campo 9 a ser finalizado, um novo Campo 10 a ser preparado e um plano de expansão com muitas outras novidades já aprovado.

Assistirá ao jogo sendo campeão de futebol, 19 anos depois, e eclecticamente orgulhoso dos últimos anos de pico de sucesso nas variadas modalidades.

Fico-me por aqui naquele que é o meu Editorial número 40, e último até às próximas eleições por ser também parte de uma lista candidata.

A primeira estafeta está ganha, mas não completa. A transmissão de testemunho que hoje podemos orgulhosamente passar, tem acima de tudo a virtude de ter assumido uma nova forma de Estar, mantendo a mesma maneira de Ser – Sporting.

*ainda não concluído e por inaugurar

 

Editorial da edição n.º 3855 do Jornal Sporting

The Green Quest

Por André Bernardo
23 Dez, 2021

É Dia de Jogo...

Os raios de sol entram pela chávena de café sentada à minha frente que deixa sair um fumo quente. É um dia frio de Inverno que o sol quis aquecer.  É Dia de Jogo e vesti a minha camisola vintage em homenagem ao Damas.
Falta mais de uma semana para o Natal, ainda não são 9h00 da manhã, mas já há fila para entrar. Eu estou na esplanada cá fora e o fumo que sai do café, por alguma razão, transpira tranquilidade. Tiro o casaco e estendo a mão ao livro que está ao lado da chávena, mas sou interrompido pelo empregado que, olhando para a minha camisola, me relata que este ano teve das maiores alegrias da vida dele.  É jovem e nunca tinha sido campeão.

O empregado sai e começo a ler um dos contos curtos do livro que comprei que fala sobre o “The Great Shoe Spill de 1990”.

The “Great Shoe Spill” (“O grande derramamento de sapatos”) é o nome pelo qual ficou conhecido o incidente com o cargueiro Hansa Carrier que transportava 21 contentores de ténis da Nike. A 27 de Maio de 1990, no trajecto entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos, o barco enfrentou uma forte tormenta no Pacífico Norte, perto do Alaska, que levaria à queda de cinco contentores, deixando 61.000 pares de ténis da Nike à deriva no mar alto. 

O acontecimento viria a tornar-se mediático, não pelo derrame em si, mas porque uns meses mais tarde vários ténis viriam a dar à costa. Tal como descrito no livro “Primeiro no Canadá, a vários quilómetros de distância do lugar do acidente e, durante os meses seguintes, em várias praias americanas na direcção Sul – Washington, Oregon, Califórnia. As correntes marinhas conduziam os ténis no sentido dos ponteiros do relógio, como querendo mostrar o passo do tempo”.

Hoje os ponteiros do relógio marcam que faltam dois dias para o Natal.  
É praticamente impossível reservar uma mesa para almoçar ou jantar, ou não encontrar uma fila onde quer que seja. Porque as pessoas querem juntar-se, ou estão a preparar-se para o fazer. 
Independentemente do significado que cada um atribui ao Natal ele tem um valor simbólico.
E porque carrega valores e princípios tem uma força distinta, vira crença. 

As vitórias reforçam o ânimo, não a crença. E isso faz toda a diferença. 

Todos os ténis da Nike do cargueiro Hansa Carrier tinham um número de série que permitiu à marca reconhecer a sua identidade original. 

Isto faz-me um click, interrompo a leitura, pego no telemóvel e vou à Loja Verde Online comprar a camisola da Nike que lançámos – Identity Jersey – sob o mote: “Somos todos diferentes, mas somos todos Sporting”

Entretanto recebo uma mensagem de Whatsapp para aprovar os vídeos para o lançamento das novidades do projecto de Surf e Skate.

O Surf deu à costa da Nazaré um pouco por fruto do acaso da natureza como o incidente do Great Shoe Spill.

E é uma das melhores demonstrações da capacidade que o Desporto tem de dinâmica de transformação positiva. 

O passo que o Sporting CP deu no Surf e Skate, anunciado no passado dia 20, vai mais além do próprio Desporto. É uma passada importante numa procura por esse caminho.
Caminho que chamámos “The Green Quest” e ao qual damos destaque no Jornal Sporting, desvelando um pouco do que vai ser. 

Feliz Natal a todos os Sportinguistas!

Editorial da edição n.º 3851 do Jornal Sporting

Isto é o Sporting

Por André Bernardo
22 Jul, 2021

Antes de ontem colocámos as primeiras pedras da Cidade Sporting e no próximo sábado, dia 24, damos mais um importante passo neste caminho com o “soft launch” da nossa nova loja no Estádio José Alvalade

Foi durante o torneio de Wimbledon de 1979 que Mark H. McCormack, fundador de um dos maiores grupos de agenciamento de desportistas – a IMG1 – convenceu André Heiniger, chairman mundial da Rolex, a patrocinar a construção de um novo marcador electrónico e sistema de controlo de tempo.

Até então, todos os esforços do primeiro tinham sido em vão e Heiniger considerava que o investimento seria um desperdício de dinheiro, sobretudo tendo em conta a publicidade concorrente de outras marcas.

É o próprio McCormack que relata esta história num dos seus livros e onde revela que sabia que para convencer o patrão da Rolex tinha que o fazer sentir a experiência de assistir ao torneio de Wimbledon in loco. E é precisamente o que finalmente sucede em 1979 quando, após a experiência do jogo, Heineger terá dito “Isto é Rolex”.

Recorro a esta história como analogia, salvo as devidas diferenças e não por a Rolex ser uma marca premium, por aquilo que tem sido o caminho percorrido até à data para cumprimento da nossa missão de dar ao Sócio e adepto do Sporting uma experiência de excelência. O que queremos é que, em toda a vivência com o Clube, ao final do dia todos sintam “Isto é o Sporting”.

Consideramos que estamos hoje muito mais perto desse objectivo, mas com plena consciência dos muitos passos por dar até ao destino final.

Antes de ontem colocámos as primeiras pedras da Cidade Sporting e no próximo sábado, dia 24, damos mais um importante passo neste caminho com o “soft launch” da nossa nova loja no Estádio José Alvalade. A mesma foi desenhada e está pensada precisamente para que a visita se converta numa experiência.

A abertura oficial ocorrerá em meados de Agosto, na mesma altura em que temos previsto estarem completas também as obras de remodelação que darão uma nova cara ao Multidesportivo.

Nesta edição divulgamos alguns detalhes daquilo que poderá experimentar nesta nova verdadeira LionStore e, daqui para a frente, trabalharemos em evolução constante, dia-a-dia, para que possa viver experiências únicas. 

Reset

Na mesma linha, também no âmbito desportivo, iniciaremos esta época em evolução constante, jogo a jogo, com foco num objectivo maior de estabilizar um modelo de sustentabilidade definido lá atrás e que ainda está a ser percorrido.

Não esquecemos a experiência de uma época de excelência e icónica nos 115 anos de História do Clube, mas fazemos Reset2.

Reiniciamos o sistema para uma nova época e a cada jogo faremos também Reset, apagando os erros do jogo anterior, guardando no HD3 (memória permanente) o positivo, começando em estado “inicial” um novo jogo. E assim continuamente. 


1- IMG: Internacional Management Group; 2- Reset: designação em inglês do acto de reiniciar um sistema de computador; 3- HD: Corresponde a Hard Drive, que é o disco rígido de memória permanente de um computador

 

Editorial da edição n.º 3829 do Jornal Sporting

A18 D18

Por André Bernardo
24 Jun, 2021

2021 é o culminar de um caminho que começou lá atrás e que se desvela no seu clímax esta época

O ano de 2021 marcará para sempre um Antes e um Depois na História dos quase 115 anos do nosso Clube.

No passado domingo, o hóquei em patins conquistou o Campeonato Nacional, depois de já se ter sagrado bicampeão europeu, selando uma época imortal com registo de autor: Sporting Clube de Portugal.

Por feliz coincidência, foram 23 os títulos desta época, tal como são 23 os títulos de Campeão Nacional que alcançámos no futebol.
Não é, porém, fruto do acaso a forma como chegámos até aqui.
Na realidade, o ano de inflexão é 2018 e há, por isso, um Antes de 2018 (A18) e um Depois de 2018 (D18). 

2021 é o culminar de um caminho que começou lá atrás e que se desvela no seu clímax esta época.
E esta nova era alcança vários domínios.

Quando, na próxima época, o Sportinguista Campeão voltar a casa, regressará à Cidade Sporting, passeando por uma Artéria Verde em pista de Tartan, que liga o Estádio ao Pavilhão.

Percorrerá o caminho na expectativa de entrar na sua casa-mãe finalmente ‘pintada’ de Cadeiras Verdes.

Mas antes, ainda cá fora, poderá passar pelo novo recinto de Street Basket, apreciar a pintura de arte urbana e tentar a sua sorte a marcar um triplo.

E, apenas uns metros à frente, terá à sua espera uma verdadeira LionStore para poder comprar uma nova marca que o aguarda, ou então simplesmente para levantar a compra que já efectuou na nova Loja Verde Online.

Entrará pelo Multidesportivo renovado, e em obras para a remodelação de todos os balneários.

Poderá ver o novo relvado e sentir o cheiro fresco da relva, com a satisfação de saber que nos últimos três anos grande parte dos relvados dos campos da Academia Cristiano Ronaldo foram substituídos e um novo foi criado, estando um plano de expansão aprovado para continuarmos a crescer.

Terá também a tranquilidade de saber que pela primeira vez no seu Clube existe uma política de Recursos Humanos que olha pelos seus, com novos espaços de trabalho, e que foi lançado um Modelo de Gestão de Performance – Pratica.

E ainda que está em curso um projecto de Transformação Digital no Clube.
E por isso sabe que o depois de 2021 está a ser assegurado com muitos projectos em desenvolvimento pela frente.

Porque o Sporting de 2021, e desde Setembro de 2018, Pratica, Respira e Transpira o ADN do Sporting CP todos os dias e grita, orgulhosamente, bem alto Eu Sou.

2021: o Ano do Leão.

 

Editorial da edição n.º 3825 do Jornal Sporting

E Se 2021 não for como 2021?

Por André Bernardo
17 Jun, 2021

Muitos Parabéns e obrigado ao Jorge Fonseca, à equipa de futsal e a todos os que pertencem ao Universo Sporting, por terem tomado uma decisão, por terem tomado a decisão de Ser Sporting

E Se Jorge Fonseca não tivesse sido Campeão do Mundo duas vezes?

E Se o Sporting CP não tivesse feito a sua melhor época de sempre no futsal?

E Se estivéssemos a caminhar para o vigésimo ano sem o título nacional no futebol?

E Se há quase 115 anos José Alvalade e os seus congéneres não tivessem tomado a decisão que tomaram?

E Se?

Num estudo efectuado em Harvard a estudantes universitários, 70% responderam considerarem-se procrastinadores. Em bom português, sete em cada dez destes estudantes adopta o lema “É p’ra amanhã, deixa lá não faças hoje”*.

Não decidir é em si mesmo uma decisão. Uma que nos deixa à mercê do acaso ou do status quo mais do que devia.

E uma coisa é certa, se não tivéssemos alterado o nosso rumo, o Sporting CP de hoje seria uma ilusão.

Recupero, a propósito, parte de três editorias que escrevi anteriormente:

[Edição 3775] - “É necessário que tudo mude para que tudo (Não) fique na mesma”

“Tanto no Jornal Sporting como em toda a nossa restante estratégia, viemos mudar para que o futuro do Sporting Clube de Portugal mude de facto para melhor, num regresso ao seu ADN de pioneirismo, vanguardismo, união e inclusão. 

Não esperamos que seja fácil e relembro as palavras de Maquiavel a esse propósito: “Devemos convir que não há coisa mais difícil de se fazer, mais duvidosa de se alcançar, ou mais perigosa de se manejar do que ser o introdutor de uma nova ordem, porque quem o é tem por inimigos todos aqueles que se beneficiam com a antiga ordem, e como tímidos defensores todos aqueles a quem as novas instituições beneficiariam”.”

[Edição 3776] - “Regresso ao Futuro – A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”

“Regressando ao Futuro” até à data actual, e olhando em retrospectiva, haveria certamente caminhos diferentes ao que trilhámos. 

No âmbito desportivo poderíamos não ter investido os poucos recursos disponíveis na retenção de 89 atletas das camadas jovens, não ter alterado o modelo de rendimento desportivo, não ter feito obras na Academia, ter deixado continuar os miúdos sem rede de transportes, ou não ter renovado os relvados dos campos de treino.

No âmbito operacional poderíamos ter negligenciado os nossos colaboradores que nunca tinham tido um processo colectivo de revisão salarial, protelado o investimento urgente em instalações e equipamentos obsoletos, não ter iniciado um projecto de transformação digital ou ter enveredado por um caminho de soluções ‘chave na mão’.

Existe um caminho, aparentemente mais fácil, de apresentar soluções rápidas e de cosmética, mas que compromete sempre o futuro.

A luz ao fundo do túnel existe e o caminho para lá chegar está identificado. Mas não é um percurso curto. E prometer atalhos para saídas mais rápidas é entrar na mesma senda de sempre, em que a luz ao fundo do túnel revela ser um comboio que vem em sentido contrário e atropela o futuro do Sporting CP por mais dez anos.

Achamos que é fundamental a continuação desta maratona, assim como é também agora crítico encontrar novas respostas para uma situação diferente.”

[Edição 3795] – “Porque 2021 não será como “2021”

Qualquer marca é consequência da percepção gerada por dois factores: i) a sua herança; ii) a experiência que as pessoas têm com os vários pontos de contacto com a mesma.

Quanto à primeira, cabe-nos com orgulho recuperar a nossa identidade de Ser Sporting e transmitir o nosso ADN único. E só tem ADN quem tem um código de valores que preserva. 

Quanto à segunda, uma marca tem de entregar aquilo que “promete” na experiência que fornece aos seus nos diversos pontos de interacção existentes. E como tal, falando somente no plano extradesportivo, a experiência que queremos dar no nosso Estádio/Pavilhão/Academia, nos nossos canais digitais, entre outros pontos, são temas que temos identificados e que requerem um ponto de viragem.

Temos um projecto muito bem definido para isso e, apesar das limitações financeiras, os Sportinguistas ‘vão poder ver porque 2021 não será como “2021”’.

Nas incertezas da vida, uma coisa é certa: se tivéssemos vivido na dúvida da acção não tínhamos vivido “à nossa maneira”, se tivéssemos vivido no conforto da certeza não tínhamos evoluído, se não tivéssemos tomados muitas decisões que tomámos, uma delas Ser Sporting, nenhum de nós seria quem é. E se nenhum de nós fosse quem é, o Sporting Clube de Portugal não seria o que é.

Muitos Parabéns e obrigado ao Jorge Fonseca, à equipa de futsal e a todos os que pertencem ao Universo Sporting, por terem tomado uma decisão, por terem tomado a decisão de Ser Sporting.  Desfrutemos de um ano pleno de Glória na História do Sporting Clube de Portugal.

* Excerto da letra da música “É P’ra Amanhã…” de António Variações.

 

Editorial da edição n.º 3824 do Jornal Sporting

Como irmãos

Por André Bernardo
04 Jun, 2021

Esta vitória é acima de tudo uma conquista de um grupo que, tal como todos hoje em dia no universo do Sporting, foi recebido como família, que se trata mutuamente como família, e que sente que o Sporting CP é a sua família

A equipa de basquetebol do Sporting Clube de Portugal voltou, viu e venceu. Em concreto, no espaço de dois anos, duas taças de Portugal, e um título de Campeão nacional. São conquistas muito especiais, com nota de destaque para a última, por vários motivos.

Especial porque é conquistada numa recta final de um ano que já colocou no Museu Sporting e na História do Clube dois títulos Europeus – futsal e hóquei em patins (bicampeão) – e a conquista do título de Campeão Nacional de futebol, 19 anos depois, e da Taça da Liga.

Muito especial porque a última tinha ocorrido há 39 anos, em 1982.

Especialíssima porque o Sporting CP há três anos não tinha basquetebol. Deixou de ter pela primeira vez precisamente em 1982, após ser bicampeão. A modalidade foi retomada, nos escalões “inferiores”, em 1984, mas seria de novo extinta em 1995. E, portanto, este título timbra este regresso em plena Glória.

E finalmente hiperespecialíssima porque ela é consequência de uma causa que vou resumir na frase: “Somos como irmãos”.

A frase não é minha, foi dita ontem. em bom inglês, pelo jogador norte-americano Micah Downs em entrevista após o jogo: “We are like brothers”.

Escrevi-o no meu anterior artigo e repito: “Nada vem do Nada”.

Esta vitória é acima de tudo uma conquista de um grupo que, tal como todos hoje em dia no universo do Sporting, foi recebido como família, que se trata mutuamente como família, e que sente que o Sporting CP é a sua família.

E Micah chegou há apenas quatro meses.

O acumular de conquistas que se estão a alcançar este ano têm este mesmo registo, descrito pelos próprios intervenientes.

Porque todos os dias têm de ser dias de Sporting.

Porque este é o ADN Sporting, na vitória ou na derrota. Porque isto é uma família. Porque Isto é o Sporting CP!

 

Editorial da edição n.º 3822 do Jornal Sporting

Nada será como Antes, Amanhã

Por André Bernardo
14 maio, 2021

Esse caminho hoje venceu contra todas as probabilidades. Alteremos as probabilidades e não o caminho

01 Foi sem mais nem menos que o telefone tocou.

Eu estava numa varanda madrilena, em casa de uns amigos, a celebrar um aniversário quando a notícia chegou. O céu não caiu, a terra não se abriu sobre os pés porque, na verdade, não há tempo para isso e também não há palavras que o consigam descrever. A morte bateu à porta pela voz de quem mais estava a sofrer com ela.

Não são momentos que se consigam esquecer porque mesmo querendo eles voltam sem avisar. Porque, quando menos se espera, o mais pequeno detalhe nos faz recordar. Nesse momento sabemos que o Acaso nos tirou o tapete e só ele “tem os que mais ama”1. E desde então todos os momentos felizes se tornam diferentes, porque aquilo que desejamos é que essa pessoa cá estivesse. Mas ela não está.

E, num qualquer momento vago, a memória recupera do baú a mais improvável lembrança de uma música esquecida. Ouço o som de um dos discos de vinil dos meus pais a tocar a inesquecível voz de Elis Regina cantando “Nada será como Antes, Amanhã”.
 

02 Foi sem mais nem menos que o telefone tocou.

Eu vivia naquela que me parecia ser uma fase normal da minha vida e, no preciso momento que o telefone tocou, repetia religiosamente a minha rotina, tomava o mesmo pequeno-almoço de sempre, no mesmo sítio de sempre. Do outro lado da linha, um amigo tinha tomado uma decisão e dizia-me que “em Nome do Sporting” ou fazíamos isto ou Nada seria como Antes. Não veio em tom de convite e também não teve resposta. O telefone desligou.

E, num qualquer momento vago, inadvertidamente, a memória traz-me um livro, o primeiro que li (que não de banda desenhada) quando era criança e que pousava entre muitos outros numa das prateleiras cheia de livros que existiam lá por casa. Na altura, o título chamou-me a atenção e decidi aventurar-me a lê-lo. Chamava-se “As aventuras de João Sem Medo”2. E nada foi como Antes, porque a partir dali a leitura ganhou para mim um lugar onde antes encontrava resistência.

O Acaso tem coincidências que a razão desconhece e sei hoje que os contos que deram origem ao livro foram inicialmente publicados em 1933 na gazeta infantil de nome “O Senhor Doutor”.

Na terra de “Chora-Que-Logo-Bebes” houve alguém que decidiu subir o Muro e entrar na “Floresta dos Entes Fantásticos.”

Não posso deixar de assinalar esta passagem do livro:

“- Bem… Os homens nunca se contentam... E eu a falar franco, fartei-me deste Imprevisto-Anárquico do Sonho em que vivi e agora apetece-me voltar a provar aquilo a que chamamos Realidade... Além disso... Ouve: vou dizer-te um segredo... mas promete-me que não o revelas a ninguém… Prometes? … Na verdade, o fito principal do meu regresso talvez seja o de tentar revolucionar Chora-Que-Logo-Bebes... endireitar as espinhas dorsais das pessoas... secar as lamentações covardes dos choraquelogobebenses... pregar a reorganização viril da vida em novas bases…”.

E foi assim que soube que a partir daquele dia, no momento em que o telefone tocou, “Nada será como Antes, Amanhã”.
 

03 Foi sem mais nem menos que o telefone tocou.

Era a voz preocupada de quem tem laços de sangue e tinha acabado de ouvir nas notícias que membros do Conselho Directivo do Sporting CP tinham sido agredidos. Tranquilizei os meus pais, mas não consegui convencê-los nesse momento do porquê de continuarmos nisto sem necessidade.

Às vezes a memória é curta e o extraordinário parece tornar-se ordinário até que o pior acontece e Nada passa a ser igual ao que era Antes.

Ex nihilo nihil
(Nada vem do Nada)

Não foi sem mais nem menos que chegámos até aqui.

Quando abraçámos este desafio não o fizemos porque era fácil, mas sim porque era difícil.

Campeões ou não, acreditamos que o caminho que escolhemos desde 2018 é o correcto e consistente com o ADN do Sporting CP.

Não acertámos em todas as decisões, como aliás ninguém acerta.

Não escolhemos o caminho das pedras, mas escolhemos não seguir o caminho das panaceias, recusando “que nos cortem a cabeça para não pensar, não ter opinião nem criar piolhos ou ideias perigosas”3.

E também não cortamos a cabeça a quem pensa diferente.

O custo de outros caminhos sempre veio a um preço demasiado alto, às vezes quase insustentável.

“Todas as famílias felizes se parecem, todas as infelizes são infelizes à sua maneira”.

Esta é a célebre frase que dá início ao romance Anna Karenina, de Tolstói. Com base nela surgiu o princípio de Anna Karenina, que dita que uma falha num qualquer factor determina que um evento ou sistema falhe. E que, por consequência, para que um evento seja exitoso nenhum dos vários factores pode falhar.

Todos os caminhos estão sujeitos às incidências do Acaso. Encontrámos vários neste percurso, inclusive a maior pandemia mundial dos últimos 100 anos.

Para que o Sporting CP fosse campeão todos os factores tiveram de contribuir. Há factores que nós controlamos e outros que não. Tivemos que lidar com todos eles.

Esta vitória deve fazer-nos a todos parar, reflectir e efectuar um exame de consciência.

A força do Sporting CP como um todo diminui sempre que haja apenas um de nós que coloca os seus interesses pessoais acima do Clube e tenta dividir para reinar.

O Sporting CP foi Campeão dentro de campo porque soube primeiro ser Campeão fora dele.

Que o nosso caminho continue a ser o de dar um passo à frente sem ter que dar dois atrás.

Que o nosso caminho, que terá momentos altos, mas também outros menos altos, seja de união e, no seu equilíbrio, de crescendo contínuo.

Que o nosso caminho seja o de motivar pela persuasão e pelo exemplo e nunca pelo medo.

Porque o último inevitavelmente capitula e o primeiro perdura.

Numa realidade paralela, algum factor podia ter falhado e podíamos não ter sido Campeões. Porém, a vitória do caminho já estava assegurada.

Esse caminho hoje venceu contra todas as probabilidades. Alteremos as probabilidades e não o caminho.

Não esqueçamos nunca que o caminho até aqui foi longo.

O desafio era exigente e, por isso, é altíssima a recompensa que todos os Sportinguistas merecem e conquistaram.

E que fique evidente para todos três coisas que deviam ser óbvias:

I. União não surge nos momentos bons, os momentos bons surgem porque existe União;

II. aqueles que em qualquer vitória sorriem sempre são a maioria;

III. apenas a nossa força interna nos vai permitir superar os factores que nós não controlamos, para não serem eles a controlar-nos a nós.
 

04 Foi sem mais nem menos que o telefone tocou.

A voz, antes preocupada, era agora de alegria e orgulho. O Sporting CP era campeão.

E a memória trouxe-me todos os momentos que aqui refiro e outros marcantes de uma caminhada cheia deles. Mais do que deveria ter tido...

Cada um terá vivido a felicidade desta vitória à sua maneira. Eu hoje partilho um pouco da minha, com aqueles que queria que cá estivessem, com aqueles que me fizeram cá estar, com aqueles que viveram comigo esta travessia, e com os que não conheço, mas que têm em comum comigo o Sporting CP. Na certeza, mas também na esperança, de que “Nada será como Antes, Amanhã ou Depois de Amanhã”.

1. Referência à letra da música “125 Azul”, dos Trovante; 2. Obra literária de autoria de José Gomes Ferreira; 3. Citação do livro “As aventuras de João Sem Medo”.
 

Editorial da edição n.º 3819 do Jornal Sporting

We can be Heroes…

Por André Bernardo
07 maio, 2021

(...) num Império de colossos do futsal, o Rei é o Sporting CP

Estamos no ano 50 Antes de Cristo. Toda a Gália está ocupada pelos Romanos…Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis Gauleses resiste ainda e sempre ao invasor. (…)

Este é o texto que figura sobre um mapa da Gália na primeira página de todos os livros de banda desenhada de Astérix e que nos relata as aventuras desta aldeia de heróis Gauleses contra o todo-poderoso Império Romano.

 

Le Grand Fossé

Num dos livros desta colecção – “O Grande Fosso” – “algures na Gália, tudo parece tranquilo numa aldeia semelhante à de Astérix. No entanto, passam-se aí coisas bastante invulgares. De facto, a aldeia está dividida por um grande fosso (…).

É grande o fosso que separa, em termos de orçamento, o plantel da equipa de futsal do Sporting CP, dos seus competidores na recente conquista da UEFA Futsal Champions League.

Mas num Império de colossos do futsal, o Rei é o Sporting CP.

Campeões Europeus de futsal. Foi numa “ocupada Gália” do futsal que a equipa dos nossos irredutíveis Heróis Leoninos, com nove cadetes da formação, aniquilaram o MFK KPRF – campeão russo –, o Inter FS – campeão espanhol e cinco vezes campeão europeu – e, finalmente, o FC Barcelona – que era o detentor da Champions League.

O Sporting CP consegue assim o incrível registo de duas Ligas dos Campeões em apenas três anos.

Como se consegue colmatar este fosso externo a nível europeu? Com uma poção mágica que mistura União, ADN e Resiliência. 

 

1. União: Encontrámos o Inimigo…

Em 1970, numa edição especial para a celebração do primeiro “Dia da Terra”, outra popular banda desenhada, chamada Pogo, criação do norte americano Walter Crawford Kelly Jr., imortalizaria a ilustração com a frase “Encontrámos o Inimigo, e ele somos Nós”. Nesta edição, Pogo observa uma floresta poluída de lixo.

A vitória da equipa de futsal começou antes de se concretizar dentro de campo.

O ego é um dos principais inimigos do Homem e, claramente, o de qualquer equipa ou organização.

As palavras de Nuno Dias, que aqui abaixo transcrevo, dizem tudo. O fosso de fora extingue-se assim que se eliminam os fossos e os egos de dentro.

“Este grupo que veio à Croácia é a definição de equipa. Nunca tivemos nada assim (…) Não sei se o mundo do futsal, em Portugal mais propriamente, faz ideia do feito que o Sporting CP alcançou”.

 

2. ADN

A vitória do futsal é também a vitória da consolidação de um modelo único e transversal ao Clube de aposta na Formação. Mas vai além disso, pois o nosso ADN é feito de várias moléculas das quais a Formação é uma delas.

Ele é feito de um regresso dos valores que nos fazem Ser Sporting, que nos edificam e que nos permitem um caminho sustentável e não autodestrutivo.

É este ADN que nos permite percorrer um caminho, infelizmente demasiado solitário, num combate a um Império invadido pelo compadrio, violência e interesses instalados.

 

3. Resiliência: Em Nome do Sporting CP

Dizia Churchill que “Coragem é a primeira de todas as qualidades humanas, porque é a que garante as demais”.

As soluções fáceis e imediatas são sempre mais sedutoras. Prometê-las é sempre mais fácil. Ceder aos interesses instalados e ao populismo também. Seguir o status quo e não combater o sistema é mais confortável. Trilhar o caminho do médio longo prazo, muitas vezes feito de um trabalho invisível até ele ver a luz do dia, é difícil.

O percurso do Futsal nesta edição tem algo de épico. Não apenas pela dimensão da vitória em si, mas por uma alteração de paradigma que ele também representa, pela presença de miúdos que são ainda juniores, pela cavalgada sobre os principais candidatos e por uma segunda parte com uma remontada digna de filme.

Não podia deixar de enaltecer neste texto também a resiliência do meu colega de Direcção Miguel Afonso que tutela a pasta das modalidades. Neste caminho, o seu carro foi apedrejado, foi cobardemente agredido e viu os agressores cuspirem na cara da sua própria filha. Manteve-se firme, em nome do Sporting CP, quando tinha todas as razões para sair.

Obrigado, Miguel. Obrigado, Futsal. Obrigado a todos os Sportinguistas que incondicionalmente colocam o Sporting CP em primeiro lugar. Esta vitória é acima de tudo uma vitória do nosso ADN. Parabéns a todos! Parabéns, Sporting CP!

O “caminho faz-se caminhando”, “guardando as pedras”, e com “sangue, suor e lágrimas”: “Onde Vai Um, Vão Todos”.

E é em nome do Sporting CP que sugiro a todos que coloquem o vídeo exclusivo da Sporting TV, com o discurso motivador do nosso capitão João Matos ao som do épico “We can be Heroes…” [facebook.com/watch/?v=2780478948928800].

E, nota final, a poção não é mágica, mas a forma de a preparar sim. É feita desde 1906 com Esforço, Dedicação, Devoção e Glória.

 

Epílogo do livro “O Grande Fosso”

Texto: “É sobre a abóbada estrelada de tutatis que os habitantes da aldeia de Astérix festejam alegremente o regresso dos seus heróis (..)”.

 

Balões de conversa:

Personagem 1 – “Esta história do Grande Fosso parece realmente inverosímil!”.

Personagem 2 – “De facto, é tão absurda que as gerações futuras não vão acreditar nela!”.

Fim do Episódio. Campeões da Europa de futsal.

 

Editorial da edição n.º 3818 do Jornal Sporting

O Campeonato das Cadeiras Partidas

Por André Bernardo
29 Abr, 2021

Anunciamos hoje, em primeira mão no Jornal de clube mais antigo do Mundo, que o nosso Estádio vai ter novas cadeiras… e serão verdes!

A Teoria das Janelas Partidas

O que é que um carro abandonado no Bronx/Nova Iorque, Palo Alto/Califórnia ou no Lumiar/Lisboa podem ter em comum? E o que é que isso pode ter a ver com o Sporting Clube de Portugal?

A resposta à primeira pergunta é a Teoria das Janelas Partidas, segundo a qual sinais visíveis de desordem social, comportamento anti-social ou crime criam um ambiente urbano que encoraja mais comportamentos anti-sociais, mais desordem e mais crime.

A teoria pode sintetizar-se no seguinte exemplo que lhe deu nome: se existir uma janela partida num edifício e a mesma não for reparada, a tendência é para que o edifício rapidamente fique com todas as janelas partidas. E isto é verdadeiro para qualquer bairro, independentemente da natureza do seu estrato social.

A “lógica” é que uma janela partida durante muito tempo sem ser reparada mostra sinais de que ninguém se importa, gerando-se um efeito contaminador de “partido por cem, partido por mil”.

A Teoria foi introduzida em 1982 por James Q. Wilson e George L. Kelling, mas viria a tornar-se mais popular quando foi utilizada no âmbito da implementação de uma política de combate ao crime na cidade de Nova Iorque.

A resposta directa à pergunta inicial foi dada por um teste efectuado pelos autores do estudo, que colocaram um carro abandonado no Bronx e outro no bairro de Palo Alto para concluir que, a partir de danos visíveis de abandono, o efeito de vandalismo era idêntico em ambas as regiões, apesar das diferenças de estrato socioeconómico entre elas.

Em suma: o “Espaço” importa. Obviamente pelo efeito real de conforto, porque sinaliza exteriormente sinais, de cuidado ou descuido, porque psicologicamente interfere animicamente na motivação/disposição humana e finalmente porque induz comportamentos. 

E a solução é desenhar espaços que induzam, inconsciente ou conscientemente, a bons comportamentos e à imagem pretendida, encarando os problemas enquanto eles são pequenos, não os deixando escalar.

E o que tem isto a ver com o Sporting CP? A resposta a esta pergunta é: Cadeiras Verdes.

Anunciamos hoje, em primeira mão no Jornal de clube mais antigo do Mundo – e cujos detalhes do projecto pode consultar nesta edição – que o nosso Estádio vai ter novas cadeiras… e serão verdes!

Após 18 anos, pela primeira vez desde a construção do novo estádio, e após um ano de pandemia que impediu a presença dos nossos Sócios e adeptos no recinto, substituímos as cadeiras. E é assim que daremos as boas-vindas a todos à Cidade Sporting, na sua casa-mãe: o Estádio José Alvalade.

Rúben Amorim disse, e bem, que o “Campeonato do Futuro” do Sporting CP já está ganho. Dentro de campo pela retoma da aposta na Formação, fora dele pelo projecto e trabalho contínuo que está a ser feito na requalificação das infra-estruturas (e não só), no âmbito do segundo e quarto pilares estratégicos, em que definimos:

2.º Pilar – Infra-estruturas

“O rendimento das Pessoas é, em grande parte, resultado das condições de espaço e equipamento que as mesmas têm para trabalhar”.

4.º Pilar – Interacção com o Sócio

“Estádio/Pavilhão: Melhorar a experiência do ponto de vista de conforto, tecnologia, prestígio e imagem”.

Neste campeonato lutamos sobretudo com o Sporting CP, em que cada um tem de contribuir para a preservação do nosso ADN e património, para que a cada dia gostemos ainda mais daquilo que vemos quando nos olhamos ao espelho.

2021 não vai parecer 2021.

Bem-vindos à Cidade Sporting!

Bem-vindos ao (novo) Estádio José Alvalade com Cadeiras Verdes!

 

Editorial da edição n.º 3817 do Jornal Sporting

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