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Opinião

Objectivo Arsenal

Por Miguel Braga
02 Mar, 2023

Editorial da edição n.º 3913 do Jornal Sporting

O Sporting CP entrou na Dinamarca com um único objectivo: vencer o FC Midtjylland e garantir a passagem aos oitavos-de-final da Liga Europa. E o jogo correu da melhor forma para a equipa de Rúben Amorim, com quatro golos sem resposta e a eliminatória no bolso, num jogo seguro e sem sobressaltos. “Parece-me que tudo nos correu bem, mas fizemos por isso. Mesmo assim temos a situação do Edwards isolado no meio-campo, temos de fazer melhor e não conseguimos. Foi muito por aí que o adversário nos criou perigo, em cantos. Mesmo assim podemos fazer melhor. A expulsão depois facilitou o jogo”, afirmou o nosso treinador.

Sim, foi o terceiro Paulinho em campo – sendo que os primeiros são o nosso roupeiro e o nosso avançado – que acabou expulso ao minuto 38, quando o Sporting CP já vencia por um golo, deixando a equipa dinamarquesa a jogar com dez – o golo foi apontado pelo capitão Coates, que continua a fazer história. El Capitán ultrapassou José Travassos na tabela de jogadores com mais jogos de Leão ao peito e é agora o 19.º nessa lista de astros Leoninos. O tal cartão vermelho ao terceiro Paulinho acentuou a tendência verde e branca e foi com naturalidade que Pedro Gonçalves fez mais dois golos e com uma total ausência da mesma que Gartenmann marcou um dos autogolos mais caricatos desta competição europeia.

Com estes dois remates certeiros – o primeiro, um daqueles para mais tarde recordar – Pedro Gonçalves já passou o número de golos da época passada, provando ser, mais uma vez, um jogador com uma relação muito especial com a baliza adversária: em 2020/2021 fez 23 golos e três assistências; em 2021/2022, 15 e 11; esta época tem, até ao momento, 16 e sete. Que continue assim, é o desejo de todos os Sportinguistas. E que o novo seleccionador nacional esteja atento à qualidade e números de Pedro Gonçalves e de todos aqueles Leões que podem e devem sonhar com a representação em campo pelo seu país.

Ditou o sorteio do dia seguinte que o Sporting CP recebesse em Alvalade o Arsenal FC, de Inglaterra, no próximo dia 9 de Março. Sobre o nosso adversário, as palavras de Hugo Viana: “Vamos defrontar o actual líder da Premier League, o que por si só é demonstrativo da sua qualidade e do bom momento que atravessam. São apontados como os favoritos não só nesta eliminatória, mas também na própria competição, algo que não nos impede de ter a ambição natural de quem representa um clube como o Sporting CP”, rematando depois: “Estamos preparados para todos os contextos competitivos de elevada exigência, e entraremos em campo com essa postura.”

Antes deste jogo internacional contra uma das equipas do momento do futebol europeu, Rúben Amorim sabe que tem pela frente uma deslocação ao Algarve para jogar contra o Portimonense SC e que o foco dos jogadores deve estar na conquista da vitória: jogo a jogo, objectivo a objectivo e no final da época faremos as contas.

Chaves para a vitória

Por Miguel Braga
23 Fev, 2023

Editorial da edição n.º 3912 do Jornal Sporting

O Estádio Municipal Eng.º Manuel Branco Teixeira foi o palco do encontro entre o GD Chaves local e o Sporting Clube de Portugal. O resultado final foi de 2-3, mas a crueza dos números não expressa a clareza da vitória Leonina.

Liderados em campo por Pedro Gonçalves – recorde-se que depois de dar os primeiros passos no mundo do futebol no Vidago FC, Pote fez dois anos no GD Chaves nas remotas épocas de 2008/2009 e 2009/2010 −, os pupilos de Rúben Amorim entraram bem no jogo e tiveram a arte e engenho para levar de vencida a equipa transmontana. Tal como o treinador afirmou no final da primeira volta da Liga Portugal, a equipa precisa de fazer melhor do que nas primeiras 17 jornadas. E a verdade é que, comparativamente a essa primeira volta, já foram recuperados cinco pontos no início da segunda.

Se Pote foi líder em campo – e com mais dois golos atingiu 12 no campeonato e 14 no total da época, estando apenas a um golo do registo da época anterior −, Adán voltou às defesas importantes, Gonçalo Inácio provou (uma vez mais) que é um dos mais talentosos jogadores portugueses da sua geração na posição de defesa-central, Diomande disse ‘presente’ na sua primeira titularidade de verde e branco e Ugarte foi o pêndulo perfeito, com desarmes para todos os gostos e um acerto no passe acima dos 90%; Bellerín mostrou que é reforço e Paulinho fez uma exibição que só não foi capa de jornal por pouco – o nosso avançado viu dois golos seus (bem) anulados por meros centímetros de deslocação.

Ou seja, a equipa demonstrou estar preparada para o difícil encontro na Dinamarca, frente ao FC Midtjylland, que se realiza hoje ao final da tarde. Recordemos que no encontro da primeira mão em Alvalade, a equipa de Rúben Amorim empatou a uma bola, interessando por isso e apenas a vitória em solo dinamarquês. “Tudo o que se passa dentro de campo é responsabilidade minha, o ambiente que o Clube tem é responsabilidade dos adeptos. Sei que é muito difícil e os adeptos têm a sua razão de estar chateados. Há fases difíceis e outras melhores, mas há um caminho a percorrer, todos juntos”, afirmou o treinador no final da partida. Acreditemos que a equipa vai conseguir passar à próxima eliminatória da Liga Europa. Quem está dentro de campo deve sentir o nosso apoio.

No atletismo, e depois de as equipas feminina e masculina terem vencido os respectivos Campeonatos Nacionais de clubes em pista coberta, o Sporting CP voltou a demonstrar porque é a maior potência nacional na modalidade. Entre mulheres e homens, os atletas Leoninos conquistaram 16 medalhas de ouro, vários outros lugares no pódio, alguns recordes pessoais e marcas de qualificação para os Europeus em pista coberta. A chave para este sucesso é a conjugação de talento e trabalho por parte de atletas, técnicos, staff e toda uma estrutura de apoio.

Por último, destaque para a emissão do centésimo ADN de Leão, que teve como protagonista Paulinho, o roupeiro que é mais conhecido do que o primeiro-ministro António Costa. Uma figura ímpar e querida de todos os portugueses, que é indissociável do espírito verde e branco. A todos os que contribuíram para tornar o ADN de Leão como o podcast de desporto de referência em Portugal, o meu mais sincero obrigado: os nossos hosts, Joana Cruz, Ana Galvão e o sempre presente Guilherme Geirinhas; e a nossa equipa: André, Filipe, Inês, Bernardo, Júlio, Ivo, Ana, Tatiana, Sérgio, Andreia, Miguel, Rui e Mariana, todos os demais que nos ajudaram e, claro, todos os que, do lado de lá, seguem o podcast.

Querer

Por Pedro Almeida Cabral
23 Fev, 2023

Nos últimos dias, alcançámos vitórias que são mais do que meros triunfos. Por circunstâncias várias, não defrontámos somente adversários. Havia algo para derrotar. Ou o peso da história ou o da competição. Em última análise, jogávamos contra nós próprios. E quando assim é, só com superação é que podemos sair do campo com a leveza que traz o dever cumprido.

Começámos sábado. A nossa equipa de juvenis de futebol foi vencer ao SL Benfica no Seixal. Dois golos marcados contra um concedido. Nunca verdadeiramente o SL Benfica esteve perto de ganhar. Marcaram Pedro Sanca e Manuel Mendonça. O tento concedido foi nos momentos finais, praticamente sob o último apito. Podia ser só um bom resultado dos juvenis. Mas foi outra coisa. Há cinco anos que neste escalão não ganhávamos aos benfiquistas na casa deles. A última vez havia sido em 2017, ainda com Luís Maximiano e Rafael Leão em campo. Registos como este existem para acabarem. Foi o que sucedeu.

No domingo, entrámos no rinque do Pavilhão João Rocha para defrontar o SL Benfica e procurar seguir em frente na Taça de Portugal. Ganhámos por 5-1, sem margem para dúvidas. Uma muralha chamada Girão fez as despesas do jogo. Golearam Nolito, João Almeida, João Souto e Toni Pérez. Um grande triunfo assente numa rigorosa solidez defensiva, enfrentando Nicolía e companhia olhos nos olhos, nunca deixando o SL Benfica ganhar fluidez no ataque, como assinalou o nosso treinador Alexandro Domínguez. Desde o regresso do hóquei em patins ao Sporting Clube de Portugal, ganhámos todas as competições, nacionais e europeias. Falta só mesmo a Taça de Portugal. A última vez que a erguemos foi em 1990. Entrámos no rinque contra 33 anos de história. E seguimos em frente.

Na segunda-feira, jogo fora do campeonato, contra o sempre difícil GD Chaves. A história das nossas deslocações à cidade flaviense está recheada de acasos e infelicidades. E após ter alcançado um empate no jogo anterior contra o FC Midtjylland no último momento da partida, as expectativas eram elevadas. O Sporting CP jogou contra alguma intranquilidade. Mas Pote, Nuno Santos e Ugarte souberam trazer os três pontos. É a jogar como jogámos a espaços neste jogo que vamos subindo de forma.

Nestes três jogos, houve muito querer do Sporting CP para chegar à vitória. E ela chegou com a naturalidade de quem sabe que a merece. É continuar. 

Vençam por nós!

Por Juvenal Carvalho
23 Fev, 2023

No momento em que muitos  Sportinguistas estarão a ler a edição de hoje do Jornal Sporting, seja na versão em papel, seja no formato digital, os nossos jogadores de futebol estarão altamente concentrados em terras nórdicas, mais propriamente na Dinamarca, país natal de Peter Schmeichel, uma das lendas do futebol mundial e que será sempre marcante na nossa história, porque dezoito anos depois, na época de 1999/2000, foi um dos obreiros de iniciarmos a viragem para o novo século com o título de campeão nacional, sendo mesmo um "monstro" na defesa das nossas redes. Estarão a poucas horas de realizar um jogo em que, acredito, como todos os que trazem o Leão no coração, nos querem oferecer a vitória e a tão importante continuidade nas competições europeias de futebol.

E se escrevi altamente concentrados, é porque sei do trabalho e da seriedade de um grupo que como o nosso treinador Rúben Amorim afirmou no pós-jogo da primeira mão, que as pernas pesam e que as ideias não são tão esclarecidas, porque sendo o momento menos bom é factual, e não há como fugir a essa realidade, o momento é de inverter o ciclo menos bom. 

E eu, que não sou o melhor dos optimistas, mas estou longe de ser o pior dos pessimistas, acredito que hoje o momento será o da viragem do que tem sido menos bom. 

E acredito, porque sinto que não é por falta de crença, de vontade e de dedicação dos nossos atletas que as coisas não têm saído bem. A forma como o "capitão" Sebastián Coates festejou o golo que nos deu a igualdade ante o FC Midtjylland é disso exemplo paradigmático. O punho cerrado, o ir buscar a bola rápido, a alegria do grupo, num momento em que a descrença se abatia sobre cada um de nós, prova o acreditar até ao fim.

Ao ver o jogo pela televisão, e tão descontente estava, como cada um de vós, e até os jogadores, porque ninguém mais que eles quer que as coisas corram bem, achei aquele momento o da reviravolta na eliminatória. 

E estou confiante nisso. Claramente confiante. Porque como naquele velho ditado popular que diz que 'não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe', sem fazer futurologia, e depois da vitória em Chaves, qual mola galvanizadora, quero mesmo acreditar que o caminho das vitórias possa ter vindo para ficar. 

Não era sequer nascido aquando da vitória na Taça das Taças de 1964, celebrizada pelo golo do 'Cantinho do Morais', e recordo com imensa tristeza a noite de 18 de Maio de 2005, e a derrota na final da Taça UEFA em pleno Estádio José Alvalade ante os russos do CSKA de Moscovo − assumo mesmo que chorei de tristeza, e que também vi mais vezes do que queria sairmos logo na primeira eliminatória das provas europeias, ainda não havia as fases de grupos, o Sporting CP tem enormes responsabilidades e um prestígio que fala por si a defender.

E é na base da honra, da dignidade, e do prestígio que o símbolo do Leão rampante acarreta, que faço daqui um apelo ao nosso grupo de trabalho em terras escandinavas: Vençam por nós.

A vossa felicidade será sempre a nossa felicidade. Lutem por cada bola como se fosse a última das vossas carreiras. O caminho do sucesso fica assim muito mais próximo. 

Eu acredito!

Uma semana difícil

Por Miguel Braga
16 Fev, 2023

Editorial da edição n.º 3911 do Jornal Sporting

Dizem as regras não escritas do futebol que quem não marca sofre. Foi essa a sina da equipa de Rúben Amorim no último clássico frente ao FC Porto. Mais uma vez, a equipa e o futebol jogado pelo Sporting CP foram superiores ao rival do Norte, mas, nestas coisas, o resultado, a vitória e os três pontos eram objectivo e isso, infelizmente, não foi atingido. “Deveríamos ter ido para o intervalo a vencer e depois, num ressalto de bola, sofremos o golo, que tornou tudo mais difícil”, confessou o nosso treinador. “Perdemos nos detalhes, não porque o FC Porto jogou melhor do que nós ou nos empurrou”.

Rúben afirmou também que a vontade e missão da equipa é vencer “todos os jogos”. “Esse é sempre o nosso objectivo, independentemente da classificação. Quinta-feira cá estaremos para ganhar na Liga Europa”. Que assim seja.

No fim-de-semana, a equipa B do Sporting CP também não foi feliz na deslocação à Amora. Pior do que a derrota da nossa equipa, apenas o comportamento absolutamente lamentável do vice-presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Setúbal no final da partida. Apesar das imagens de vídeo que foram noticiadas, Pedro Peixoto ainda se tentou justificar de algo que, pura e simplesmente, não tem justificação. Alguém com estas responsabilidades e que se comporta assim num recinto desportivo, não pode fazer parte do futebol. Injustificável.

Em Inglaterra, também foram considerados como injustificáveis os erros graves do VAR em jogos do passado fim-de-semana, com Howard Webb, antigo árbitro inglês e líder do organismo que representa os árbitros profissionais ingleses (PGMOL), a não deixar cair os erros em saco roto. No espaço de dias, Webb substituiu quem errou da competição – em linguagem futebolística, foram imediatamente para a jarra – e assumiu perante Brighton e Arsenal os erros do VAR ocorridos nos respectivos encontros e consequentes explicações.

O treinador dos gunners, Mikel Arteta, apesar da revolta – “só ficarei satisfeito quando me derem os dois pontos de volta” – enalteceu a atitude de Webb, agradecendo “o pedido de desculpas e as explicações que foram realmente abertas para serem justas”, reforçando que “todos cometem erros e erros fazem parte de nós”. “Eu sou o primeiro a dizê-lo no nosso trabalho. Mas isto foi outra coisa. Acho que são claras as consequências do que aconteceu”. Um dia, quem sabe, em Portugal a culpa também não morrerá solteira.

No atletismo, os nossos atletas femininos e masculinos voltaram a fazer história ao vencerem os títulos nacionais em pista coberta. Para as nossas Leoas, foi o 28.º e 13.º título consecutivo, para os nossos Leões, foi a 19.ª vitória do nosso historial, mantendo uma tradição na modalidade que remonta a décadas e que faz parte do nosso ADN. Os resultados são certamente testemunho do compromisso do Clube com a excelência, do inegável talento dos nossos atletas e do incansável trabalho de todos os treinadores e staff. A todos, os mais sinceros parabéns.

Uma semana agridoce

Por Juvenal Carvalho
16 Fev, 2023

Fugir aos resultados negativos do futebol que, inquestionavelmente, é a modalidade rainha e faz mexer como nenhuma outra com as emoções do universo Sportinguista, é algo que nunca o farei, nem seria intelectualmente honesto da minha parte. No passado domingo a derrota no clássico deixou-me triste, e até a pensar que o que falta da época quanto aos objectivos a que nos propusemos, é muito menos do que aquilo que todos expectávamos e desejaríamos.  

Como Associado do Clube já muito perto de fazer os cinquenta anos de filiação, e que infelizmente já vivi diversas épocas decepcionantes, muitas mais do que aquelas que quereria, foram também as conquistas que mais mexeram comigo, principalmente os campeonatos que vi ganhar, e cuja memória me faz lembrar. Falo dos de 1974, 1980 e 1982, ainda na fase de criança e de adolescente, e os de 2000, 2002 e 2021, estes já na fase adulta não foram muitos, mas tão felizes me fizeram. 

No entanto, quem me conhece bem sabe que não me refugio nas derrotas do futebol para valorizar as vitórias das nossas modalidades, porque tenho mesmo uma particular paixão pelo eclectismo. Mas a realidade é que no espaço de tempo que mediou a saída da anterior edição do nosso jornal para esta, foram várias as conquistas importantes do nosso clube. Das quais destaco as tão importantes vitórias nas competições europeias de andebol, onde ao vencermos os austríacos do Alpla Hard assegurámos desde logo a presença nos oitavos-de-final da EHF European League, e que ainda no hóquei em patins o caminho da próxima fase da WSE Champions League começa igualmente a ser uma realidade muito próxima, com as duas vitórias já alcançadas no grupo onde estamos inseridos. 

Mas não ficaram por aqui, porque também no plano interno muitas foram as vitórias que marcaram o passado fim-de-semana. Destaco das demais as do  basquetebol e do voleibol,  que asseguraram a presença na final four da Taça de Portugal em ambas as modalidades, que o futsal e o andebol também ganharam e continuam na liderança dos seus campeonatos, e que, aquilo que foi a cereja no topo do bolo, e naquela que é indubitavelmente a modalidade mais ganhadora, o atletismo venceu brilhantemente, tanto nos masculinos, que marcou o regresso aos títulos dos nossos homens, como nos femininos, que ganham como respiram, e têm dominado a larga escala, os Campeonatos Nacionais de pista coberta realizados na cidade de Pombal. 

Mais dois títulos para engalanar o nosso Museu, que não foram os primeiros, nem serão seguramente os últimos desta época desportiva, num Clube com um universo tão vasto de conquistas.

Ao sentimento negativo da derrota do futebol, que foi bem amarga e como que uma machadada naquilo que ainda ambicionávamos, que era pelo menos a presença directa na Champions League da próxima época, veio também uma sensação doce, que foram as muitas vitórias das nossas modalidades. 

Num clube em que a exigência é sempre muita, e que a vitória terá que ser sinónimo de ser quase obrigatória, ninguém pode estar contente com o desempenho do futebol. Mas também, − e as contas das grandes decisões serão sempre feitas mais para o fim, a semana foi bastante positiva para as nossas modalidades. Um sentimento agridoce, mas com a esperança inerente ao verde da nossa cor para que todos juntos nos unamos em torno do símbolo. Nas vitórias... mas sobretudo nas derrotas.

Honrar Moniz Pereira

Por Pedro Almeida Cabral
16 Fev, 2023

Na centenária história do Sporting Clube de Portugal, há muitas personalidades que sobressaem. Não só pelo que deram ao Clube como pelo que deram ao país. Aliás, como a história do desporto em Portugal se confunde com a história do Sporting CP, há quem seja simultaneamente uma figura nacional e uma figura do Clube. Moniz Pereira é um desses casos. Conhecido pelo seu papel fundamental no desenvolvimento do atletismo em Portugal, foi um artífice de campeões Sportinguistas como Carlos Lopes ou Fernando Mamede, mas também Francis Obikwelu e Naide Gomes. Não poderá haver honra maior do que recordar alguém por uma frase que condense a sua maneira de estar. É o caso de Moniz Pereira de quem se lembra sempre o famoso dito: “Há treino todos os dias!”. Sob uma aparente simplicidade, o que queria dizer é que o sucesso é resultado de aperfeiçoamento e crescimento pessoal constantes. E que isso só se consegue com esforço, dedicação e devoção permanentes. Todos os dias.

Fez no domingo passado 102 anos que Moniz Pereira nasceu. Esteja onde estiver, terá apreciado deveras o fabuloso triunfo do seu Clube de sempre que ocorreu, coincidência estelar, nesse mesmo dia. Fomos novamente campeões nacionais de pista coberta, tanto em femininos, o que já vinha sendo um hábito, como em masculinos, ganhando por meio ponto ao SL Benfica. Uma dobradinha atlética para juntar à de 2021, a última vez que a conseguimos. Para ver em perspectiva: em femininos, foi o 28.º título, o 13.º de seguida. Já em masculinos, foi o 19.º título.

Embora a prova tenha tido prestações femininas marcantes, como Patrícia Mamona a igualar a melhor marca do ano, com 14,41m, ou Marta Onofre, a dominar o salto com vara, foi nos masculinos que a competição foi até ao fim. A última prova do certame, a estafeta dos 4X400, foi decisiva, pois tanto Sporting CP como SL Benfica tinham os mesmos pontos. Mas bastava terminarmos num dos dois primeiros lugares, o que veio a acontecer. De destacar também os nossos reforços ucranianos, Andrii Protsenko, que saltou 2,17m, e Roman Kokoshko, a lançar o peso a 21,66m, obtendo a pontuação máxima nas suas provas. Tal como Nuno Pereira, nos 3.000 metros.

Assim se fez a história dos triunfos Leoninos, com um Sporting CP em crescendo. Recordo que em Julho passado, nos campeonatos nacionais de atletismo, vencemos em femininos e em masculinos fizemos a mesma pontuação que o SL Benfica. Na altura, teve de se fazer desempate pelos triunfos individuais, ganhando o adversário. Mas ficou a clara sensação que, brevemente, regressaríamos ao pleno do atletismo nacional. Provavelmente, desde aí, treinámos todos os dias, com o espírito de Moniz Pereira. O resultado está à vista.

Uma modalidade com história

Por Juvenal Carvalho
09 Fev, 2023

Desde sempre que o atletismo me fascina. E desde a estrada ao crosse, passando pela pista e pela pista coberta. Em muito jovem, quantas vezes apanhei o 15, o eléctrico que fazia o trajecto Praça da Figueira − Cruz Quebrada, para ir ao Estádio Nacional, e outras vezes também o  autocarro 32 em direcção ao Estádio Universitário de Lisboa, para ver, em ambos os locais os Campeonatos Nacionais ou a Taça Dr. Fernando Amado, ou até ir à Aldeia das Açoteias − ainda recentemente, fenómeno das redes sociais, vi uma foto em que aparecia com amigos da claque Torcida Verde, no pódio, a festejarmos no Algarve mais uma conquista europeia, uma das muitas, na já longínqua década de 80, era o tempo do Prof. Mário Moniz Pereira, Carlos Lopes, Fernando Mamede, Ezequiel Canário, Domingos e Dionísio Castro, etc. 

Ia invariavelmente sozinho, porque os meus amigos mais chegados eram mais de ver futebol − eu também, mas adoro desporto e tenho vários focos, desde que lá esteja o símbolo com o Leão rampante. 

E no passado domingo, a manhã foi parecida com esses momentos, só que pela via das novas tecnologias. Cedo me levantei e logo procurei um stream onde pudesse ver a Taça dos Campeões Europeus de Crosse. Encontrado que estava, parte substancial da manhã domingueira foi com o telemóvel ligado a ver as provas. Estivemos em todas as competições em disputa, o único clube a fazê-lo − sub-20 masculinos e femininos, seniores masculinos e femininos, e na estafeta mista, também em seniores. 

Não alinho em vitórias morais, e assumo que não foi sem uma secreta esperança que acordei mais cedo para ver o Sporting CP ganhar pelo menos mais um título europeu, que seria o quadragésimo terceiro.

Se não ganhámos, até porque a "armada" espanhola do Playas de Castellon foi verdadeiramente inacessível, conseguimos de forma brilhante dois segundos lugares e a respectiva prata com a subida ao pódio colectivo nos seniores masculinos e na estafeta mista. Só os mais mal-intencionados podem falar em fracasso. Sim, sei que já fomos dominadores nesta competição. A história fala por si e não se apaga. O Professor Mário Moniz Pereira, onde estiver, e ele que era um ganhador, que era demasiadamente competitivo e que era de máxima exigência, estará, contudo, feliz. E feliz, sobretudo pelo reaproximar do topo de novo. Ser vice não é ganhar. É factual. Mas só quem não sabe o sacrifício destes atletas, onde era aliás latente o sentido de dever cumprido e de tudo terem feito para trazer para o Museu os títulos, pode achar que o que foi conseguido não foi relevante.

Longe vão os tempos de grande hegemonia de Portugal nas provas de crosse europeu.  

O Sporting CP tem 15 títulos nesta competição em seniores masculinos, conseguidos entre 1977 e 2018, e dois em femininos − 2018 e 2019, o que é elucidativo do peso do nosso Clube nesta modalidade. Também fomos campeões europeus de pista em ambos os géneros. Logo, temos obrigações acrescidas. O atletismo é uma verdadeira fábrica de campeões e de trabalho ao longo da história. São inúmeros os atletas que nos representaram com sucesso. Enumerar todos, tanto homens como mulheres, seria impossível por falta de espaço. Durante este mês disputam-se ainda os nacionais de pista coberta, desde as camadas jovens aos seniores.

Existem títulos para conquistar e outros para reconquistar. Cabem sempre mais taças num Museu, o nosso, repleto de conquistas nesta modalidade, mas que quer sempre mais. E o atletismo preenche por lá tanto espaço. 

PS - Que o golo de Youssef Chermiti em Vila do Conde tenha sido o primeiro de muitos.

Todos

Por Pedro Almeida Cabral
09 Fev, 2023

Os últimos dias ficaram marcados por sucessivas vitórias do Sporting Clube de Portugal. Com mais ou menos dificuldade, as nossas equipas venceram jogos importantes para as competições em que participam. Quer fosse num relvado ou numa quadra, o Sporting CP soube jogar e fazer jogar para chegar à vitória. E fê-lo de forma colectiva, com todos. Podia falar de várias modalidades. Mas escolho somente duas. 

No que ao futebol diz respeito, alcançámos uma suada e merecida vitória no campo sempre difícil do Rio Ave FC. A equipa soube manter-se combativa mesmo quando o ferrolho dos vilacondenses se mostrava intransponível. O meio-campo tardava em construir jogadas de perigo. E quando as esboçávamos, esbarravam no duplo autocarro da equipa adversária. Foi então que Gonçalo Inácio inventou meio golo com uma longa assistência rasgada para Chermiti. E foi Chermiti, na sua segunda titularidade na equipa principal do Sporting CP, a marcar o tento da vitória. Logo na primeira e única oportunidade que teve. Há quem diga que o guardião do Rio Ave FC foi mal batido. Mas afirmar isso assim é desmerecer o nosso jovem jogador que, em tão pouco tempo, mostra detalhes e movimentações prometedoras. Aliás, como titular, Chermiti tem nos dois jogos uma assistência e um golo. Quantos não gostariam de se estrear assim no futebol profissional? Nas comemorações do golo viu-se toda a equipa unida, como deve ser. 

Foi também um grande resultado colectivo a nossa clara vitória sobre o FC Porto em basquetebol. Ganhámos por 80-74 no Pavilhão João Rocha. Para quem tinha dúvidas sobre a excelente época que temos vindo a fazer nesta modalidade – já com dois títulos, a Supertaça e a Taça Hugo dos Santos –, aqui está a resposta. Vingámos a derrota para o campeonato sofrida em Novembro. Quem acompanhou o jogo viu que chegámos com naturalidade aos 17 pontos de avanço. Algum relaxamento no final permitiu aos portistas encurtarem distâncias, mas sem nunca porem em causa o resultado. Ainda assim, houve tempo para um fabuloso jogo de Marcus Lovett Jr. com 25 pontos e os habituais bons desempenhos de Travante, Ventura e Patton. Foi também um triunfo da equipa, com o nosso treinador a não regatear elogios e a apontar para o que ainda podemos melhorar.  
São dois jogos que ilustram bem que nos desportos colectivos só a união vence. Quando jogamos desasados, só com alguns, podemos ganhar, mas será sempre com alguma sorte. Quando jogamos com todos, a vitória está sempre mais próxima.

Jogar para ganhar

Por Miguel Braga
09 Fev, 2023

Editorial da edição n.º 3910 do Jornal Sporting

Na noite fria de Vila do Conde, a equipa de Rúben Amorim conseguiu o principal objectivo: a vitória e a conquista dos três pontos. Não terá sido a melhor exibição da equipa, nem tão pouco o jogo com mais oportunidades de golo, mas é nestas alturas que me lembro sempre da velha máxima do antigo treinador do Sporting CP e ex-seleccionador nacional, Paulo Bento, em 2005: “Queremos ser uma equipa que vá melhorando, mas que ganhe. Não nos interessa jogar como nunca e perder como sempre”. A crua realidade do futebol às vezes é esta: em certos jogos, o importante são mesmo os três pontos. E convém lembrar também a análise de Rui Malheiro no Record: “Não se deve, contudo, subtrair mérito ao Rio Ave FC, belicoso na pressão e bem organizado em momento defensivo”. Esta partida teve ainda a particularidade de ser a quarta vitória consecutiva do Clube sobre o Rio Ave FC sem sofrer golos – o que acontece pela primeira vez nos mais de 60 jogos disputados entre ambas as equipas. 

O jogo que parecia estar bloqueado acordou na passagem para o minuto 84: Gonçalo Inácio levantou a cabeça e fez um daqueles passes a lembrar a geometria de Franz Beckenbauer; Youssef Chermiti recebeu e colocou a bola no fundo da baliza do Rio Ave FC. Foi uma explosão de alegria no campo e outra nas bancadas, com o jovem jogador a correr na direcção dos adeptos Leoninos e a ser engolido por estes. “Já esperava por este momento há muito tempo”, confessou o avançado na flash interview. “Estive lesionado e agora voltar a marcar… sei que é uma grande responsabilidade representar o Sporting CP, represento os meus colegas da formação”, concluiu.

Em dois jogos da segunda volta, o Sporting CP já recuperou dois pontos relativamente à nossa primeira volta. É o caminho a seguir e a vontade que o treinador já expressou publicamente. As contas só se fazem no final do campeonato, por isso, o importante será amealhar o maior número de pontos possíveis, jogo a jogo, sem pressão adicional. “Mais do que tudo era importante ganhar, ser consistente nas vitórias. É importante para o crescimento da equipa. Já não penso na classificação”, afirmou Rúben Amorim no final do jogo com o Rio Ave FC. 

No próximo fim-de-semana, o Sporting CP joga frente ao FC Porto. Além dos três pontos, o desejo é que o espectáculo seja verde e branco, no relvado e nas bancadas. Para isso, precisamos do nosso público, do apoio de todos a uma só voz. Domingo, às 18h00, será dado o pontapé de saída.

PS − O Sporting CP lançou esta semana uma Edição Limitada em homenagem a Cristiano Ronaldo, no ano em que se comemoram 21 anos da sua estreia oficial na equipa principal do Sporting Clube de Portugal. A Box Cristiano Ronaldo inclui a réplica da camisola desse jogo de estreia e, também, um livro inédito que relata os seus 7 anos de formação no Sporting CP, para se tornar em CR7. A não perder.

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