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Opinião

Coisas das mulheres de César

Por Miguel Braga
03 Fev, 2023

Editorial da edição n.º 3909 do Jornal Sporting

É uma expressão com mais de 2000 anos e que, de uma maneira ou outra, a grande maioria das pessoas já ouviu: “À mulher de César não basta ser séria, tem de parecer séria”. Há quem diga que a história aconteceu quando Pompeia, uma das mulheres do imperador romano, deu uma festa exclusivamente feminina para a qual um jovem incauto se disfarçou para marcar presença. Foi descoberto e expulso da mesma, mas a mancha na reputação de Pompeia nunca se apagou. Noutras fontes, foi o próprio César que lançou um rumor sobre Calpúrnia quando estaria perdido de amores por Cleópatra, manchando irremediavelmente a reputação da sua terceira mulher. Independentemente da origem, a expressão viveu até aos dias de hoje, salvaguardando que o ser e o parecer devem, em último caso, estar alinhados em nome da ética e da moral.

Isto a propósito de uma notícia veiculada esta semana, no dia do jogo entre FC Porto e CS Marítimo. Segundo O Jogo, “o FC Porto chegou a acordo com o CS Marítimo para o pagamento de uma dívida de um milhão e 50 mil euros, ainda a propósito da transferência de Pepe para o Real Madrid CF, em 2007” – o caso arrastou-se durante anos, até que, no ano passado, o Tribunal Judicial da Madeira condenou o FC Porto ao pagamento de um milhão e 50 mil euros ao clube insular pela referida transferência. Ainda de acordo com o mesmo jornal, o FC Porto terá “assumido a vontade de pagar a verba em causa de forma voluntária, havendo também um acordo com os insulares para a liquidação em prestações.”

Numa indústria que tem tanta importância para o país, mas que infelizmente tem casos judiciais que perduram no tempo e outros com finais prescritos, aconselharia a prudência em não ser tão voluntarioso na data em questão. Faria assim tanta diferença que a dívida fosse liquidada passadas umas semanas ou que o tivesse sido há um mês?

Compreende-se a vontade dos dirigentes de um clube em receber uma quantia que reclama há 15 anos e não está, de todo, em causa a idoneidade dos jogadores ou da equipa técnica. Em causa, está apenas um modus operandi que em nada ajuda o futebol português. A vida e o futebol não são apenas sobre as leis e os contornos da legalidade. E valores como a ética não devem ser remetidos para a porta dos fundos. Tal como dizia Oscar Wilde, “chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão a olhar. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está a olhar chamamos de carácter”. Com uma ética destas, assusta pensar no carácter.

PS – na primeira jornada da segunda volta, e no jogo que colocou frente-a-frente FC Porto e CS Marítimo, Sérgio Conceição foi novamente expulso. Escrevo novamente porque foi a 22.ª expulsão da carreira do treinador, a 12.ª desde que defende os azuis e brancos. É a chamada força das reincidências…

Segunda Volta

Por Pedro Almeida Cabral
03 Fev, 2023

Cumprida a primeira volta do campeonato, iniciámos a segunda com uma vitória retumbante perante o SC Braga. Foi um Sporting Clube de Portugal de faca na boca e golo no pé que levou a melhor sobre os bracarenses. Cinco tentos marcados sem resposta mostraram um Sporting CP transfigurado e com boas indicações para a segunda metade da prova. Quando muitos agoiravam, esquecendo que perdemos a Taça da Liga contra o FC Porto como sabemos, a turma de Amorim soube dar uma resposta à altura do Clube.

Rúben Amorim não facilitou como, aliás, nunca facilita. Uma das características mais vincadas do nosso treinador é não ter receio de fazer o que pensa que tem de fazer. Talvez se estranhasse a titularidade de Esgaio e de Chermiti. Mas um e outro cumpriram com distinção a missão que lhes foi dada. O defesa direito conseguiu até fazer esquecer Pedro Porro, vendido por uma soma estratosférica nos últimos dias de mercado. Esgaio fez não só a melhor exibição da época como uma das melhores com a camisola do Sporting CP. Percorreu o corredor direito com segurança, defendendo atrás e assistindo à frente. Já Chermiti soube responder ao desafio da titularidade com uma boa exibição. Sem exuberâncias, foi prático e denotou visão no jogo da grande área, ao oferecer o golo a Morita no 2-0 e com movimentações sem bola que arrastam defesas. Só por estas duas apostas ganhas Amorim já tinha vencido.

Mas houve mais. Morita fez uma exibição memorável. Marcou dois golos e esteve até perto do hat-trick. Calcorreou o meio-campo de forma aguerrida e sentiu os espaços para golo de forma surpreendente. Tivemos ainda o melhor Pote da época, com influência decisiva em três dos golos. Saint Juste revelou porque foi contratado: um central rápido, mortífero nos duelos e com baterias para os 90 minutos. Oxalá as malfadadas lesões não o tornem a atormentar.

Não foi, contudo, um jogo perfeito. Há movimentos a aperfeiçoar e rotinas a construir. Ainda assim, para as 16 finais que faltam são sinais prometedores. Apesar de tudo, a segunda volta inclui recepções ao FC Porto e ao SL Benfica, bem como deslocação em Lisboa, como a visita ao Casa Pia AC. Não estamos no lugar que deveríamos estar. Mas lá chegaremos. Com esta atitude e acerto, só poderá ser assim.

Unidos pelo símbolo

Por Juvenal Carvalho
03 Fev, 2023

'Temos que estar unidos'. Foi este o tópico principal que extraí do que disse o nosso treinador Rúben Amorim, sem se refugiar em desculpas fáceis ou em lugares comuns no pós-jogo que ditou a derrota contra o FC Porto, na final da Taça da Liga. Sem nunca − é a sua forma de estar no futebol − se referir a João Pinheiro, um árbitro que, e aqui já são palavras minhas, é sempre muito 'infeliz' quando apita o Sporting CP, sobretudo quando entra em equação este adversário. Será 'coincidência', admito eu, sem que tenha vontade alguma de ironizar com este tema.

E é neste 'temos que estar unidos', porque como Rúben Amorim acrescentou ainda que os tempos estão difíceis, que deveremos fazer regra. Como fizemos no célebre 'onde vai um vão todos'. Estados de euforia diferentes, momentos do Clube completamente antagónicos, mas com um denominador comum, o superior interesse do Sporting Clube de Portugal. 

E porque a época ainda não terminou e temos objectivos, mesmo que não os que pretendíamos, já que inequivocamente a época de 2022/23 está a ser atípica, que essa união será de ouro e pode ser determinante.

Sendo o futebol aos dias de hoje uma indústria poderosa, e sabendo que não será fácil chegar aos lugares de acesso à Liga dos Campeões, será por aí que nos teremos que agarrar com determinação. Os milhões de euros vindos da participação nessa competição serão vitais para o nosso futuro e para que tenhamos equipas mais competitivas.

E aí o 'temos que estar unidos' será fulcral. Porque muito, no exterior, irá acontecer para nos tentar desviar do essencial. E será discordando entre nós, e criticando o que tiver que se criticar com respeito uns pelos outros −  sou dos que detesto unanimismos que não pelo símbolo − que não podemos perder o foco. E o foco imediato é o de dignificar o Sporting CP na Liga Europeia, está já perto o duelo com os dinamarqueses do FC Midjtylland, e não baixar os braços para o objectivo da "Champions" ainda ser alcançado. 

E o não baixar os braços foi demonstrado de imediato pelo querer do nosso grupo de trabalho com a reacção determinada pela goleada (5-0) infligida ao SC Braga apenas quatro dias depois da "pinheirada" em Leiria. Uma simbiose perfeita entre a equipa e os espectadores, foi também determinante. Por tudo isto, e já na próxima segunda-feira, teremos com o Rio Ave de dar mais um passo para alcançar o objectivo possível. Por mais que nos castiguem jogadores cirurgicamente, por mais que tentem, não vale desmobilizar, nem nós... nem os rapazes que envergam a "verde-e-branca" o faremos.

As Primaveras da vida já me deram muita experiência, e já vivi no nosso Clube vários momentos semelhantes a este. Mesmo muitos mais do que quereria ter vivido. Uma coisa quero acreditar, e independentemente dos momentos que atravessarmos, sejam eles melhores ou piores, uma coisa é mais do que óbvia: o símbolo está sempre, e em que circunstância for, acima de qualquer um de nós. Desistir não faz parte do ADN do leão.

Rumo à final

Por Miguel Braga
26 Jan, 2023

Editorial da edição n.º 3908 do Jornal Sporting

O Sporting CP garantiu a presença na final da Taça da Liga depois de vencer o FC Arouca por 2-1, garantindo a sua sétima presença no encontro decisivo da competição – o que representa um total de 44% de finais possíveis – e a terceira consecutiva.

Com os dois golos marcados na noite de terça-feira, Paulinho reforçou a sua condição de melhor marcador de sempre na Taça da Liga com um total de 20 remates certeiros ao serviço de três equipas: Sporting CP, SC Braga e Gil Vicente FC. Além disso, os oito golos na presente prova representam o máximo atingido até hoje por qualquer jogador numa só edição.

Outro jogador que merece destaque individual é Nuno Santos. O jogador foi o primeiro atleta verde e branco a atingir a marca de rating 10 desde que existe a plataforma GoalPoint: “Autor de quatro remates (metade enquadrados), assistiu Paulinho para o tento inaugural, criou ainda mais duas ocasiões flagrantes de golo (foram três no total), chegou aos 11 passes para finalização (número que não está ao alcance de todos), criou 11 passes progressivos, três acções com a bola na área do opositor, quatro passes super progressivos e acertou metade dos seis centros que arriscou”. Elogios e números que certamente chamarão a atenção do novo seleccionador nacional Roberto Martínez.

Com esta vitória e passagem ao jogo seguinte, o Sporting CP passará também a ser a equipa com mais jogos na Taça da Liga, com 66 partidas. E há mais de seis anos que uma equipa não alcançava uma série de 12 vitórias na Taça da Liga. Números que reforçam a pretensão verbalizada pelo treinador de voltar a vencer a competição da qual somos (bi) detentores do título.

Nestes dias de final four de Taça da Liga, o Sporting CP lançou mais um conteúdo, o Sporting Confidential, nas suas redes sociais e Sporting TV, onde mostramos o dia-a-dia da ala profissional de futebol na Academia Cristiano Ronaldo, com as respectivas explicações de jogadores e staff sobre a vida em Alcochete. Um conteúdo filmado, editado e emitido a cada dia que antecede mais esta final. Hoje, quinta-feira, será disponibilizado o quarto episódio.

Uma palavra final também sobre a boa organização da Taça da Liga, que mais uma vez teve Leiria como palco de operações: animação e espectáculo também se fazem fora das quatro linhas e quando assim, são o público e o futebol quem ganha. No próximo sábado, independentemente do adversário – à data de fecho deste texto, o mesmo ainda não é conhecido, FC Porto ou Académico de Viseu FC – esta é mais uma oportunidade para os nossos Sócios demonstrarem porque são a melhor massa associativa do Mundo. Juntamente com todos os nossos adeptos, o desejo é que pintemos a cidade do Lis de verde e branco.

Mais que um clube

Por Juvenal Carvalho
26 Jan, 2023

Chamando para título desta coluna de opinião o lema do FC Barcelona ('Més que un club'), o mesmo apropria-se igualmente ao Sporting Clube de Portugal, sem que com isso esteja a correr o mínimo risco de qualquer tipo de plágio. Porque, é inequívoco, somos realmente muito acima de um clube, e desde que fomos fundados no dia 1 de Julho de 1906, o nosso papel tem ido muito além do plano meramente desportivo, porque ao longo do tempo se estendeu tanta vez para o foro da sociedade e no caso que me leva a escrever no dia de hoje, para o humanismo e para a inclusão que tanto nos orgulha, honra e enobrece.

Que para além do Esforço, da Dedicação, da Devoção e da Glória do nosso lema, está também o Orgulho... orgulho esse de pertencer a tão nobre Instituição.

Duas jovens ucranianas, como tantas outras, que foram obrigadas a sair do seu conforto familiar devido à tão ignóbil invasão das tropas russas ao seu país, chegaram em Setembro de 2022 a Portugal, e numa história de vida que tocou no coração aos responsáveis do nosso Clube, pediram para praticar a sua modalidade de eleição, no caso o rugby, e logo tiveram o acolhimento na secção e no grupo de trabalho, a equipa sénior feminina, como sendo duas das "nossas" desde sempre. Também elas, movidas pelo altruísmo, que nem as barreiras linguísticas as demoveram, propuseram-se a dar aulas de rugby a crianças dos cinco aos 12 anos de idade. Uma forma de reconhecimento de alguém culturalmente muito evoluído e que sabe estar na vida.

Falo de Anastasiia Kryzhanovska (Nastia), 27 anos, e de Tetiana Tarasiuk (Tanya), 29 anos, ambas naturais de Odessa, e internacionais pela Ucrânia, que mais do que se sentirem seguras no nosso país, encontraram também no rugby do Sporting CP o seu porto de abrigo, onde se sentem como se estivessem em casa com o tão  nobre acolhimento e postura dos responsáveis da nossa secção de râguebi, cuja modalidade é conhecida como um desporto que tem como essência o saber estar, e praticado por gente de uma enorme nobreza de carácter.

Agora o tempo é da Nastia e da Tanya serem felizes de Leão ao peito. De desfrutarem do facto de estarem num clube que não só as recebeu de braços abertos, como quer também que elas sejam mais umas das nossas e se sintam em casa. Acima dos ensaios, dos pontapés de penalidade, das placagens, e de tudo o que envolve o jogo que elas amam.

Ser do Sporting CP é realmente algo que, como costumo dizer, não se explica, sente-se. E a Nastia e a Tanya um dia mais tarde, ainda por cá, ou já regressadas à sua pátria livres desta guerra, não esquecerão seguramente o nosso Clube. São, pois, parte integrante do Clube de Stromp. Porque a história não se apaga. E quando a mesma é feita de episódios como este, é fantástica. Simplesmente fantástica.

Sejam felizes, Nastia e Tanya!

Oito em Onze

Por Miguel Braga
19 Jan, 2023

Editorial da edição n.º 3907 do Jornal Sporting

O Sporting Clube de Portugal conquistou a Taça Hugo dos Santos 2022/2023 de basquetebol, jogando e vencendo na final a AD Ovarense por 71-79. Apesar de ainda estarmos em Janeiro, este foi o segundo troféu da presente temporada – recorde-se que a equipa liderada por Pedro Nuno Monteiro conquistou também a Supertaça em Setembro passado após vencer o SL Benfica por 89-84.

Jogada no formato final four, a Taça Hugo dos Santos teve como palco o Pavilhão Multiusos de Gondomar. O jogo da meia-final foi com o FC Porto, sendo que ao intervalo a equipa vencia por 35-47, com Travante Williams e Marcus LoVett Jr. em grande nível, com dez pontos cada. Na segunda parte, o FC Porto aumentou a pressão e conseguiu encurtar a distância pontual, estando a apenas cinco pontos de igualar o marcador. No entanto, a equipa não vacilou no capítulo da eficácia e, aproveitando os lances livres, chegou ao final do encontro com uma vitória por 84-97. Estava cumprida a primeira missão.

O jogo ficou também marcado por um jogador da equipa adversária ter ameaçado um colega de profissão com um gesto de um tiro na cabeça. O jogador em causa foi excluído da partida, mas exige-se da Federação mão pesada para este comportamento que deveria ser banido dos recintos desportivos.

No dia da final, e como equipa detentora do troféu (2021/2022), os comandados de Pedro Nuno Monteiro registaram uma entrada muito forte, assim que soou o apito inicial. Com Joshua Patton em grande destaque, o Sporting CP chegou ao intervalo a vencer por expressivos 30-47.

No terceiro quarto, logo após o intervalo, a equipa Leonina manteve-se igual a si própria: competente, focada e a lutar pelo objectivo, contra uma AD Ovarense sem grande resposta. Já no último período, o adversário tentou encurtar a distância no marcador e conseguiu estar a sete pontos, com um 69-76 no marcador. Mas, rapidamente, a eficácia dos Leões voltou a dilatar a vantagem, oferecendo uma vitória que nunca esteve em causa por 71-79.

Esta foi a segunda Taça Hugo dos Santos consecutiva do Sporting CP. E foi o oitavo troféu conquistado em 11 possíveis desde que a equipa sénior masculina da modalidade regressou ao palco maior do basquetebol nacional: “Fomos a nove finais e só perdemos uma. Esta secção está talhada para estes momentos. A direcção tem mérito porque tem escolhido as pessoas certas. A equipa teve algumas mudanças, mas continua num caminho vitorioso. Temos potencial para ganhar muito mais. Se me tivessem dito há quatro anos que ia ganhar oito títulos de 11 possíveis não ia acreditar”, afirmou o capitão Diogo Ventura. Um exemplo de superação e competência que só pode orgulhar o mundo Sportinguista. 

Imparáveis

Por Pedro Almeida Cabral
19 Jan, 2023

Mais um fim-de-semana, mais um título para o basquetebol do Sporting Clube de Portugal: a Taça Hugo dos Santos de 2022/2023! Desde 2019 que é assim. O regresso da histórica modalidade ao Clube tem sido avassalador. Conquistámos o Campeonato Nacional de 2020/2021 e não fora a pandemia a interromper a competição e creio que teríamos ganho igualmente o de 2019/2020. Também fizemos nossas as três últimas Taças de Portugal de 2019/2020, 2020/2021 e de 2021/2022. E já estamos apurados para os quartos-de-final da edição de 2022/2023, a realizar em Fevereiro próximo. Os títulos não ficaram por aqui. Arrecadámos para o Museu Sporting as Supertaças de 2021/2022 e de 2022/2023, bem como a Taça Hugo dos Santos de 2021/2022. Contas feitas, são oito títulos conquistados em 11 possíveis: apenas não conquistámos a Taça Hugo dos Santos de 2019/2020 e de 2020/2021, bem como o campeonato da época passada.

A reativação do basquetebol Leonino é mesmo uma história de sucesso. Erguer uma equipa competitiva e ganhadora numa modalidade que não tem fundas raízes em Portugal seria sempre desafiante. O que só sublinha a capacidade que tivemos para construir plantéis equilibrados, instilar mentalidade ganhadora e ter confiança para os jogos decisivos.

O que vimos nesta recente conquista foi a aplicação prática do que tem sido feito. Entrámos muito bem no sábado contra o FC Porto. Ganhámos o jogo por uns tranquilos 97-84. Chegámos até a ter 15 pontos de avanço. Marcus LoVett Jr. com 25 pontos esteve impecável. Infelizmente, este jogo ficou marcado por uma lamentável cena do base do FC Porto, Teyvon Myers, que apontou uma pistola figurada com os dedos à cabeça de António Monteiro, acabando expulso. São gestos como este que não podem ter lugar no desporto. O jogo da final veio domingo, com mais uma vitória sem contestação, perante a AD Ovarense, por 79-71. Depois da Supertaça ganha em Setembro frente ao SL Benfica, foi o segundo troféu da época. A equipa vareira nunca chegou a estar perto de estar na frente no marcador. Uma entrada fulgurante, com vantagem de 13 pontos, ditou o rumo dos acontecimentos. Patton foi o MVP, com 18 pontos, nove ressaltos e seis desarmes. Na hora de receber a Taça, era visível a alegria dos nossos capitães Diogo Ventura e João Fernandes. E como gostei de os ver, eles que estão na nossa equipa desde o regresso triunfante da modalidade há quatro anos. São eles parte fundamental do esteio para ter um basquetebol tão titulado.

Palavra final para as declarações do nosso treinador, Pedro Nuno, quando referiu que a equipa parece talhada para estes grandes momentos, em que só se pode ganhar ou perder. É o retrato fiel de como temos jogado e ganho desde 2019. A época ainda tem muito para jogar, mas se tivermos esta atitude e concentração, mais conquistas virão.

Ganhar é o nosso desígnio

Por Juvenal Carvalho
19 Jan, 2023

Escrevi aqui, na coluna de opinião da semana passada, que o "meu" dérbi, aquele que faz parar o país, me tirava do sério e que tudo o que o antecedia era de ansiedade. E foi. Nada mudou no que escrevi.

O que não estava preparado era para um fim-de-semana tão intenso nas emoções vividas. Daqueles 'à Sporting', que mexem com conquistas, e elas chegaram naturalmente, passados que estão apenas quinze dias desde a entrada do ano de 2023.

Se o dérbi no futebol trouxe intensidade, imprevisibilidade, e a paixão de todo um histórico entre ambos, e com ele um empate a dois golos que não me deu a felicidade e a tal noite mal dormida a rebobinar os lances, porque gosto sempre que o Sporting CP ganhe, a verdade é que o fim-de-semana foi de emoções muito fortes. Não só para mim, mas para tantos de vós. E começou logo na sexta-feira, no futsal, com o 'João Rocha' esgotado para assistir ao melhor dérbi do mundo da modalidade que mais uma vez caiu para nós, naquela sorte que dá muito trabalho para alcançar o êxito. A sorte de ter Nuno Dias na liderança de um grupo habituado a ganhar naturalmente, quase como respira. 

A noite foi épica e o 6-4 final com o pavilhão ao rubro prenunciava um fim-de-semana muito positivo para as nossas cores.

E assim foi. No "meu" basquetebol, porque se não escondo o amor incondicional ao todo que é o Clube, menos posso deixar de referir a minha ligação afectiva de muitos anos a esta modalidade, os ares do Norte fizeram bem aos comandados de Pedro Nuno Monteiro, que somaram à conquista da Supertaça no início da época a Taça Hugo dos Santos, ao vencer respectivamente na meia-final o FC Porto (97-84) e na final a AD Ovarense (79-71). Chegou assim a conquista do oitavo troféu em onze possíveis desde o regresso em 2019. E também aqui nada é por acaso, mas sim com a marca indelével da competência. Com ele veio também a dedicatória do coordenador da secção Nuno Baião − de quem fui seu dirigente na equipa sénior ainda tão jovem − e do "capitão" Diogo Ventura − que carácter, que humildade − desta conquista a Edgar Vital, que faleceu à precisamente um ano. Onde estiver, estará feliz pelo reconhecimento. O exemplo de que ter memória é ter história. E o nosso Clube tem uma história imensa. Mas as emoções − e as conquistas −, que mesmo não estando presente acompanhei por informações de responsável da secção, não ficaram por aqui. Chegou também mais um troféu para o ténis de mesa, que depois da conquista da Supertaça no início da época, venceu a 34.ª Taça de Portugal da sua história. E que história, que marca um domínio de décadas nesta modalidade.

Estão assim conquistados os primeiros troféus de modalidades colectivas em 2023, sendo que no plano individual também o êxito esteve na ordem do dia, com o nosso marchador João Vieira a sagrar-se campeão nacional na prova de 35km estrada. Outros chegarão. Será incontornável. Afinal, é este o nosso desígnio e tantas vezes com a superação a ser o registo. O registo que nos leva a tantos êxitos.

O "meu" dérbi

Por Juvenal Carvalho
12 Jan, 2023

Existem momentos que nem a inesperada derrota na Madeira, apesar da tristeza que a mesma me provocou, como sempre que as coisas nos correm menos bem, em que abrimos o coração, e são esses momentos, na irracionalidade do futebol, que nos fazem também ser “irracionais”. Sim, o meu rival de sempre, e que funciona como que um “ódio” de estimação será sempre o SL Benfica. Como costumo dizer entre amigos Sportinguistas, gosto que eles percam, até nos treinos. É assim que vejo hoje, e se ainda não me passou até agora, decerto que me ficará para todo o sempre, o meu sentimento pelo rival... o nosso eterno rival. 

Desde muito criança, e os meus amigos estão muito acima de que clube forem, porque os amigos de sempre não têm clube, ideologia política ou crença religiosa que me afaste deles, que sempre vi o rival com pouca simpatia. Aquela antipatia derivada de ser o clube que, passem os anos que passarem será o eterno rival − inimigo é outra coisa.   

E porque esta semana iremos ao Estádio da Luz, vou, como disse no início deste texto, abrir o coração. É o momento, e já vivi tantos, até porque desde cedo me apaixonei pelo Sporting CP, que estranhamente fico nervoso e diferente na semana que o antecede.  

É uma semana que, independentemente da classificação do momento, e desde que me conheço, até que chegue a hora do jogo, o meu pensamento está no pontapé de saída. Como que uma sensação estranha me invade. Procuro não ler muito sobre o mesmo, evito até ver espaços televisivos, onde tantos opinam, que me levem a ele antes da sua realização. 

Parece-me mesmo que os dias são maiores e que nunca mais chega o momento de a bola começar a rolar. Chegado o momento, seja ao vivo ou pela televisão, estou completamente fora do registo. Sofro desmedidamente. Nem sei se digo palavrões ou se o meu léxico durante os 90 minutos é o meu estado normal em modo dérbi. Sou, pois, um irracional, que só vê faltas contra o adversário, penáltis a cada queda na área do adversário, etc.

Esta semana estou, pois, estranhamente nervoso. E assumo que quero ganhar os jogos todos, e a todos, sabendo que isso não é possível, mas o dérbi é o meu jogo de todos os tempos. Aquele que me tira do sério. Aquele que se ganhar não consigo dormir a rebobinar os grandes momentos. Aquele que se perder fico com um humor pouco recomendável. 

E isto é jogo após jogo. Ano após ano. Será assim ad eternum. Só volto à normalidade no dia seguinte. Que este seja mal dormido pela excitação da vitória.

Decididamente, são o meu rival, sendo que o desporto não é uma guerra. "Guerra" são aqueles 90 minutos!

PS - Partiu Ferenc Mészáros e com ele tanto da minha memória de adolescente. Que guarda-redes. Que classe. Que campeão. Até sempre, magiar do cabelo comprido e do bigode farfalhudo. 

Mészáros

Por Pedro Almeida Cabral
12 Jan, 2023

Custa sempre quando um ídolo desaparece. Ainda para mais, quem tanto nos fez sonhar. Partiu há dias Ferenc Mészáros, o antigo guarda-redes internacional húngaro do Sporting Clube de Portugal, campeão em 1982. Numa altura em que não se exigia aos guardiões que fossem muito altos, Mészáros media apenas 1,83m. Tinha, porém, outros atributos para compensar. O “Leão de Budapeste”, como ficou conhecido, era exímio na reposição da bola em jogo. Num excelente livro sobre a histórica época de 1981-1982, intitulado Big Mal e Companhia, da autoria do Sportinguista Gonçalo Pereira Rosa, ficamos a saber como Malcolm Allison exigia este movimento, que foi uma imagem de marca. Lá ia a bola rápida para Freire ou Oliveira, os extremos do Sporting CP nesse ano de dobradinha. Mas Mészáros fazia mais. Com elegância, defendia bolas impossíveis, saltando a distâncias consideráveis. Desde a saída de Damas, ocorrida anos antes, que a baliza Sportinguista tinha ficado órfã de classe na defesa das redes. Foi o húngaro que finalmente esteve à altura e acabou por ser fundamental na campanha dessa época, que ainda rendeu a Supertaça no início da época seguinte.

Para mim, Mészáros é apenas uma memória muito enevoada, porque era muito miúdo e o Sporting CP chegava-me aos soluços, quando o meu pai não estava entretido a puxar-me para outro clube lisboeta. Porém, recordo bem a sua figura característica, com bigode e farto cabelo a condizer. Dessa equipa inesquecível, onde o trio mais conhecido eram Manuel Fernandes, Jordão e Oliveira, não podiam faltar na defesa Carlos Xavier, Eurico e Mário Jorge, bem como os médios Nogueira e Ademar. Sabemos bem o que custa ser campeão em Portugal pelo Sporting CP. Por isso, cada vez que relembro um campeonato que presenciei, fica um orgulho Leonino que não desparece.  

PS: No último fim-de-semana, a derrota na Madeira perante o CS Marítimo ficou marcada por lances com influência no resultado. Ao minuto 50, não foi assinalado um claríssimo penálti sobre Pedro Porro. Não podem restar dúvidas quando se vê Léo Pereira a empurrar pelas costas o jogador Leonino. Não bastasse o empurrão, houve também um toque com o pé esquerdo no tornozelo do espanhol. Infelizmente, para o Sporting CP, um erro parece nunca vir só. Logo a seguir, ao minuto 51, nova falta por assinalar, com os mesmos protagonistas. É certo que foi fora da grande área maritimista. Porém, teria de resultar em livre directo e cartão amarelo. Nada foi assinalado. O jogo seguiu e acabou como se sabe. Os anos passam, os campeonatos jogam-se e, mesmo com VAR, há erros clamorosamente reincidentes contra o Clube. Merecíamos mais.

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