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Opinião

Um 25 de Abril de esperança

Por Juvenal Carvalho
29 Abr, 2021

Com os pés assentes e com a convicção que será árduo este caminho que ainda falta, lutem e ganhem por nós, o Sporting Clube de Portugal merece. Sobretudo vocês merecem tanto

O título desta coluna de opinião não tem qualquer conotação de cariz político, nem é seguramente esse o meu propósito, para mais no jornal de um Clube, o nosso Sporting Clube Portugal, que pela sua imensa expressão humana, acolhe as mais diversas ideologias, raças e credos.

O 25 de Abril, neste ano de 2021, teve a particularidade, após 47 anos passados da data que marcou a revolução, de levar a nossa equipa de futebol a Braga, e de acima de tudo demonstrar uma “revolução” marcada por tanta garra, por tanta crença, por tanta vontade de ser feliz. Tudo isso foi, nesta data marcante, uma “revolução” com sangue, suor e lágrimas. Aos 17 minutos, numa daquelas coisas tão típicas de só acontecer ao Sporting CP, já jogávamos com dez, quando Gonçalo Inácio, assim a modos de cada tiro cada melro, fez duas faltas e levou dois amarelos. Não quero entrar no campo das críticas porque sim, mas que o rigor com que nos presenteiam está muito acima dos nossos rivais em compita, é por demais evidente, e só não o vê quem não quer. Mas se pensavam que o Leão ia ficar ferido de morte, eis que foi dado o mote do toca a reunir, naquilo que tem sido a imagem de marca desta equipa liderada por Rúben Amorim, o “pai” do tão conseguido #OndeVaiUmVãoTodos, e que tem um grupo de trabalho tão unido que ninguém pode acusar seja quem for de não lutar por cada bola como se fosse a última, e por cada jogo tendo como objectivo, e sob a lógica de três em três pontos a somar.

Foi pois, com uma vontade indómita, que para o fim estaria guardado o melhor momento, quando Matheus Nunes, aos 82 minutos, num pontapé cheio de convicção fez tremer as redes bracarenses e a cinco jogos do fim, manter o Leão na liderança e a acreditar que o sonho pode ser possível, com a convicção de que nada está ganho, mas com a certeza de que tudo o farão por isso, com uma crença feita de trabalho.

E se de trabalho falamos, o próximo jogo será frente ao Nacional da Madeira, e tem como data o dia 1 de Maio, o Dia Mundial do Trabalhador. Será pois mais uma jornada para vestir o fato‑macaco aludindo à data. Porque pese as ausências por castigo de Antonio Adán, Gonçalo Inácio e Tiago Tomás, numa coincidência, apenas mais uma com foros de tão curiosa como interessante, será novamente com aquilo que só os desta têmpera são feitos. E estes rapazes já provaram que são feitos de Sporting.

Chegados aqui, não preciso de pedir. É claro e notório que a cada jogo esta equipa quer ser feliz e fazer feliz a inúmera família Leonina, deixando a pele em campo.

Com os pés assentes e com a convicção que será árduo este caminho que ainda falta, lutem e ganhem por nós, o Sporting Clube de Portugal merece. Sobretudo vocês merecem tanto.

Heróis

Por Pedro Almeida Cabral
29 Abr, 2021

(...) É assim que tem sido a nossa equipa nos 29 jogos do campeonato, mesmo nos que não ganhámos. E será assim que entraremos em campo nos cinco jogos que faltam. Se a sorte protege os audazes, sorri ainda mais aos heróis

Os campeonatos fazem‑se de histórias. Este já leva muito que contar. Desde os miúdos que agarraram o lugar, como Nuno Mendes ou Tiago Tomás, até aos golos do capitão Coates, feito ponta‑de‑lança, passando pelos decisivos tentos de Matheus Nunes contra o SC Braga e o SL Benfica, os 29 jogos do Sporting Clube de Portugal no campeonato têm sido uma caminhada inesquecível. Porém, nada será tão lembrado como o heróico jogo contra o SC Braga do passado domingo.

Raras vezes uma equipa de futebol se superou de forma tão perfeita. Com uma entrada titubeante face à organização ofensiva dos bracarenses, seria Gonçalo Inácio a marcar o jogo, com uma expulsão, decorridos somente 18 minutos. Para muitos que consideravam que Rúben Amorim andava a fazer leituras pouco clarividentes, o nosso míster deu uma resposta esclarecedora. De imediato, baixou as linhas e orientou a equipa para jogar num simples ferrolho 5‑4, defendendo a baliza de Adán com todos os jogadores que tivessem duas pernas. Ao intervalo, as entradas de Neto e Matheus Nunes deram ainda mais consistência a esta estratégia. O brilhantismo esteve em fazer com que uma equipa tão empenhada em defender nunca voltasse a cara à vitória. Só um onze extremamente motivado e confiante poderia fazer este jogo: dentes cerrados cá atrás, olhos focados lá à frente, na baliza adversária. Isto é trabalho de treinador. Quem acompanha o campeonato desde o início, sabe a valia superior que tem Amorim no conhecimento do jogo e no treino psicológico de jogadores tão novos. E, por isso, tantos sabiam que a vitória podia chegar.

E chegou mesmo, aos 81 minutos. Uma jogada estudada, um entendimento sublime, um golo que arrancou exuberantes festejos ao mais contido Sportinguista. Foi Porro quem fez sinal a Matheus Nunes para se desmarcar, que enganou toda a defesa do SC Braga e conseguiu um precioso avanço de alguns metros para bater o guardião adversário. Depois, restava não mexer em nada, guardando um pouco mais a bola, como fez Plata, que entrou nos minutos finais.

Não é possível vencer um jogo destes, com um a menos e a lutar contra um vendaval atacante, sem sofrimento, abnegação e sabedoria. É desta massa que são feitos os heróis, atingindo o que muitos acham impossível. É assim que tem sido a nossa equipa nos 29 jogos do campeonato, mesmo nos que não ganhámos. E será assim que entraremos em campo nos cinco jogos que faltam. Se a sorte protege os audazes, sorri ainda mais aos heróis.

 

… Qual “estrelinha”… É estofo… e de Campeão!!!!

Por Tito Arantes Fontes
29 Abr, 2021

(...) E todos, todos os demais, os que jogaram o tempo todo, os que jogaram parte do tempo, os que entraram no decurso do jogo e os que não entraram… todos unidos na batalha… e todos em uníssono a gritar bem alto o nome do SCP!

Extraordinária Equipa!!! Orgulho nos nosso Jogadores (todos, sim, com J bem maiúsculo!)!!! Sabemos que andávamos ansiosos, alguns com  “tremeliques”, outros já descrentes… tudo porque estávamos a ver o “outro”, o obscuro e subterrâneo “poder azul” a aproximar‑se… anunciando – através da “autorizada” voz do octogenário que ainda lá está – de modo soberbo e com bazófia… que se tudo fosse “normal”… pois, o campeão seriam “eles”… e tudo isto acompanhado pelo exército de comentadores que diariamente já davam o SCP por irremediavelmente perdido… e “eles” a cumprir o desígnio da sua resiliência e do seu “destino”…

Mas, afinal… o SCP em cerca de 110 minutos – de dois jogos – virou do avesso toda essa parafernália de “especialistas”! A nossa jovem equipa, magistralmente treinada por Rúben Amorim e superiormente comandada em campo pelo Imperial Coates, deu a volta a toda essa situação! Primeiro com os últimos 15 minutos do jogo com a Belenenses SAD… a perder 2‑0 a sete minutos do fim… reduzimos aos 83 e empatámos aos 90+4 minutos! Foi – como já escrevi na semana passada – um empate do querer! Um empate, afinal, importantíssimo! A manter o SCP como única equipa invencível do Campeonato à 28.ª jornada! A seguir era em Braga… um jogo dificílimo… e o que se passou foi épico! Foi histórico! Foi heróico! Foi uma demonstração de como esta equipa sabe sofrer! Sabe unir‑se! Sabe defender a sua fortaleza, a nossa baliza! A jogar com dez jogadores desde os 18 minutos… com todos nós a “sofrer por fora”… a assistir aos nossos miúdos a darem tudo! A serem estóicos! Disciplinados! A mostrarem a raça e a fibra de que são feitos! A lutarem pelo que parecia impossível! Foi soberbo! Uma exibição fantástica do El Comandante Coates… Marechal do SCP! Uma soberba prestação do Adán com defesas impossíveis! Um alucinante golo do miúdo da Ericeira… Matheus Nunes! E todos, todos os demais, os que jogaram o tempo todo, os que jogaram parte do tempo, os que entraram no decurso do jogo e os que não entraram… todos unidos na batalha… e todos em uníssono a gritar bem alto o nome do SCP! No fim… no fim foi o festejo desta importantíssima vitória! E a confirmação – se necessário fosse – do insofismável ESTOFO DE CAMPEÃO desta Equipa do SCP!!!

O SCP jogou três vezes esta época com o SC Braga! Três vitórias! Quatro golos marcados! Nenhum sofrido! Em duas das partidas acabámos a jogar com dez jogadores! Neste embate jogámos com dez desde o minuto 18… quase 80 minutos em inferioridade numérica! Estes números são avassaladores! E, por certamente ter ficado em estado catatónico, o “trolha” calado desta feita ficou… a 15 pontos do líder SCP… a discutir o 5.º lugar com o FC Paços de Ferreira… coitado… o “trolha”…

Soares Dias fez mais uma miserável “exibição”… que o devia envergonhar! Mas sendo filho de quem é… não se envergonha mesmo e mantém é a tradição familiar… sendo que a culpa até nem é nem da sua mãe, nem da sua avó… é do pai e dele! Uns “velhos” conhecidos que há décadas prejudicam, jogo atrás jogo, o SCP! Este ano Soares Dias tinha já sido um dos artífices do “roubo” no nosso jogo em Famalicão… Luís Godinho no apito, Soares Dias no VAR… foi um fartar vilanagem… penálti por assinalar sobre o João Mário, expulsão do Pote, golo anulado ao Coates… de tudo houve nesse jogo e tudo para nos prejudicar! Agora, neste jogo, Soares Dias não usou o habitual critério de “gestão de jogo” nos dois amarelos a Gonçalo Inácio e expulsou este nosso jogador à segunda falta cometida pelo SCP na partida! Insatisfeito com o mal que nos ia fazendo, Soares Dias poupou Fransérgio à expulsão aos 18 minutos por indiscutível falta feia sobre o Palhinha, não assinalou evidente penálti sobre o Coates aos 60 minutos (carga nas costas do tamanho do Sameiro!), não mostrou amarelos de lei ao André Horta aos 73 e 77 minutos (ou seja, expulsão!)… e sempre, sempre foi (des)gerindo o jogo, apitando mal e sem critério… e no findar do jogo mostrou inexplicável amarelo ao Adán, quando quem ia marcar o pontapé de baliza era o Luís Neto… que ia a correr para esse efeito! Ou seja, sem qualquer propósito de “perder tempo”! Este foi o quinto amarelo do Adán, que fica suspenso no próximo jogo… o quinto amarelo para um guarda‑redes… feito quase único nos campeonatos espalhados por esse mundo fora… sendo que dos históricos três únicos casos existentes em Portugal, dois foram para guarda‑redes do SCP (Tiago no ano em que fomos campeões em 2001/2002)! Elucidativo! 

Estamos na liderança do Campeonato! Temos seis pontos de vantagem sobre o segundo classificado… que anda desesperado, arrastando‑se em medíocres exibições… com o CD Nacional, com o Vitória SC e agora empatando com o FC Moreirense… num jogo em que os jogadores azuis treinaram à exaustão o seu “mergulho para a piscina”… sendo que só por uma vez o árbitro mostrou o necessário amarelo por simulação evidente! Porquê, Hugo Miguel? No fim do jogo… bom, no fim do jogo foi mais um episódio degradante do “mau perder” e da “raiva” de um tal Sérgio Conceição, protótipo do arruaceiro… javardo, como ele já disse referindo‑se a si próprio! E depois, depois foi a vergonhosa agressão – nas barbas do presidente do FCP que nem um gesto esboçou para apaziguar a situação! – a jornalistas às portas do estádio do FC Moreirense! Esperamos para ver o que o “Conselho de Disciplina da Cláudia” vai fazer… quantos dias vai aplicar para imediata suspensão do treinador do FCP? Na sua quarta expulsão no campeonato nesta época… recorde absoluto dos treinadores de clubes portugueses! Coisas do ADN dizem uns… outros há que dizem que são mas é coisas da frustração! Quanto à agressão… e depois do clamor nacional e internacional de repúdio unânime de situações deste tipo… sempre quero ver o que sucederá no âmbito da justiça desportiva contra o FCP e da justiça penal contra o agressor e seus eventuais mandantes! Aguardemos, pois!

ONDE VAI UM VÃO TODOS!!!

VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!!!

O regresso dos pequenos heróis

Por Miguel Braga*
23 Abr, 2021

Ao vencer o SC Farense e empatar com a Belenenses SAD, a equipa de Rúben Amorim conseguiu não só manter a liderança do campeonato, como aumentar para uns nunca antes vistos 28 jogos seguidos sem conhecer o sabor da derrota

“Estava com saudades, já não jogava com os meus colegas e amigos há algum tempo”. É assim que um dos nossos miúdos resumiu o regresso da formação aos relvados. E neste caso, os relvados dividem-se em vários espaços: Alcochete, Pólo EUL e Academias Formação Sporting (págs. 12 a 14). Depois da paragem total, depois dos treinos condicionados, depois dos treinos através de plataformas electrónicas e em casa, a vida voltou em forma de futebol jovem, com a alegria característica, com a vontade própria da juventude, com o desejo de um dia pisar com a camisola do Sporting CP o relvado do Estádio José Alvalade que parece, lá ao fundo, estar atento ao desenvolvimento dos jovens Leões e das jovens Leoas.

A equipa feminina de futebol consolidou a liderança no Campeonato Nacional com uma vitória por duas bolas a zero frente ao CS Marítimo (pág. 10). Tão importante como a vitória, a marca atingida por Ana Borges, Ana Capeta e Joana Marchão: 100 jogos de Leão ao peito – isto depois de Fátima Pinto e Tatiana Pinto terem conseguido o mesmo feito já no decorrer desta época. Ana Capeta resumiu desta forma a façanha: “É mais um sonho cumprido com a camisola do Sporting CP, o meu clube do coração. Para mim é um prazer enorme vestir esta camisola todos os dias e fazer 100 jogos ainda torna tudo mais especial”. A todas, o nosso obrigado.

A cara do voleibol português faz hoje 50 anos. Em entrevista ao Jornal Sporting (págs. 16 a 19), Miguel Maia anuncia a sua despedida agradecendo com a humildade dos campeões: “Ficam grandes momentos, colegas, treinadores, directores e, acima de tudo, grandes adeptos e um sentido de orgulho em vestir esta camisola e estar dentro das instalações do Clube”. É um até sempre de um dos grandes atletas nacionais.

E se Miguel Maia é certamente uma lenda Leonina, outro que conseguiu esse estatuto é o búlgaro Ivaylo Iordanov (págs. 3 e 4), a quem, na década de 1990, e com apenas 28 anos, foi diagnosticada esclerose múltipla. Jogador internacional pelo seu país, com participações em fases finais do Campeonato do Mundo, fez 70 golos e 222 jogos, conquistando uma Taça de Portugal (1994/1995), uma Supertaça (1995) e um Campeonato Nacional (1999/2000).

Regressando ao presente, destaque também para a entrevista do capitão da equipa de basquetebol do Sporting CP (págs. 20 e 21). James Ellisor é o espelho da ambição verde e branca para a modalidade: “o nosso objectivo sempre esteve definido: sermos campeões nacionais. (…) Continuamos a trabalhar diariamente para melhor e agora chegou a hora de demonstrar porque é que terminámos a fase regular em primeiro”. Próxima meta: a conquista da Liga Placard.

Quem nos habituou a muitas conquistas foi João Matos, o capitão do futsal, que agora é também o jogador com mais jogos de Leão ao peito na modalidade (pág. 22), com um total de 605 jogos pelo Clube. Apesar de não ter marcado, João Matos foi titular na vitória por 4-1 frente ao ACDR Caxinas (pág. 23).

Entrámos na recta final da Liga NOS, com jogos de cinco em cinco dias, e uma liderança nunca vista para os lados de Alvalade nas últimas décadas. Aliás, ao vencer o SC Farense e empatar com a Belenenses SAD, a equipa de Rúben Amorim conseguiu não só manter a liderança do campeonato, como aumentar para uns nunca antes vistos 28 jogos seguidos sem conhecer o sabor da derrota. O mote dado pelo timoneiro na noite de Famalicão continua, mais do que nunca, a fazer sentido: “Onde Vai Um, Vão Todos!”, em todos os minutos que ainda faltam disputar. E o nosso apoio continuará a ser ouvido.


Editorial da edição n.º 3816 do Jornal Sporting
* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

O futebol e os cata-ventos

Por Rodrigo Pais de Almeida
23 Abr, 2021

(...) Da minha parte ficas já com a garantia, irei onde vocês forem, como vocês forem e quando vocês forem, para mim é inegociável desde que nasci! Lá estarei convosco! SEMPRE!

Parte da beleza e das paixões que o futebol desperta tem a ver com o facto de muito se escrever, se falar, se discutir, mas a sua dose de imprevisibilidade, e por vezes de irracionalidade, tornarem os 90 minutos do jogo num espectáculo único e que nos leva a sofrer, a rir, a chorar, tudo no mesmo encontro.

O trajecto imaculado da equipa principal de futebol profissional do Sporting Clube de Portugal ao longo da presente Liga NOS tem sido alvo de inúmeras análises, justificações, estudos. Se, no início, a desconfiança era total face a um plantel e staff tão jovens, os resultados primeiro, as exibições depois, e a consistência por último lugar levaram a que se fosse invertendo o discurso para de candidatos à Liga Europa darem esta equipa como candidata a um lugar de Champions.

A conquista contundente da Taça da Liga, depois de vencer o Campeão Nacional em título nas meias‑finais e a equipa da casa na final, elevou a fasquia inicial e esta equipa começou a ser vista como um verdadeiro “case study”. Não sofria golos. Era muito eficaz pois em poucas oportunidades construía vantagens que depois conseguia guardar. Era pragmática na abordagem aos jogos. Sabia até onde podia ir e como ir, para depois segurar, sofrer e sempre acreditar. Não tinha um futebol avassalador com inúmeras oportunidades. Tinha um jogo seguro, fluído, sólido do ponto de vista defensivo, e conseguia levar os jogos até final com vantagens que lhe permitiam somar os três pontos.

A genialidade da comunicação do treinador, a capacidade de levar os jogadores a transcenderem‑se face àquele que era apontado como o seu real valor, o edificar as raízes de uma equipa baseada em 13 jogadores da sua Academia de formação, e os resultados… Sempre os resultados… A imprensa, os comentadores, os adeptos, os Sócios, todos rendidos ao jovem talento Rúben Amorim. Quando invicto ele continuava a afirmar que a Liga NOS é muito longa e quando menos se espera os obstáculos se iriam erguer, escreviam que era falsa modéstia. Todos se iam esquecendo dos objectivos iniciais. Do ponto de partida. Do que custou erguer e chegar a este ponto.

Nos últimos quatro jogos o Sporting CP consentiu três empates e viu o seu mais directo perseguidor aproximar‑se pontualmente da sua performance. Continuando líder. Continuando com vantagem. E permanecendo invicto. Mais ou menos conhecedores face ao que se passou no rectângulo de jogo, rapidamente tudo se coloca em causa. Tudo se eleva para lá da sua importância. Tudo se questiona!

Futebol é também isto. É ter de aceitar que em Setembro o mesmo indivíduo diga e escreva tudo, em Dezembro o seu contrário, em Fevereiro dá uma volta ao texto, e em Abril completa a sua bela pirueta. Escrever sobre o futebol para alguns com agenda própria e que perdem a vergonha ao esquecerem que hoje em dia a tecnologia e a internet não permitem apagar a história, não é mais do que um exercício de malabarismo, de equilíbrios, uma tentativa de navegar ao sabor das ondas e das marés, e que fazem inverter o que pensam conforme a direcção dos cata‑ventos. Quando a coisa vai bem, vamos TODOS bem. Quando a coisa vai menos bem, ELES vão menos bem!

Com isto esquecem exactamente o que é futebol. Nunca vão saber o que é futebol. Que é um desporto e que a sua beleza advém da dimensão física, técnica, psicológica, mas também da sua incerteza face ao resultado porque é um desporto de competição e que se joga contra adversários. Vivem a paixão do seu clube em função de quem lá está e não do amor genuíno de o querer ver vencer e elevar os seus ideais e valores. Vivem do momento e em função dos seus interesses futuros.

O Sporting CP nos últimos quatro jogos conquistou seis pontos dos doze possíveis. Permanece invicto. Permanece líder. Mas viu o perseguidor aproximar‑se. Mas dos 28 jogos já disputados nesta Liga NOS, foram precisamente nestes quatro jogos aqueles onde mais vezes rematou à baliza dos adversários (média superior a vinte remates nestes quatro jogos). Foram os quatro jogos onde menos remates concedeu (média de dois remates à baliza concedidos por jogo). Foram os quatro jogos onde os adversários tiveram menos acções na área Leonina (média inferior a cinco acções). E foram os jogos onde o Sporting CP teve mais acções nas áreas adversárias (média superior a vinte e cinco acções).

Os adversários começaram a perceber como o Sporting CP joga” – pois sim, condicionam a saída por fora para envolver por dentro invertendo essa tendência da equipa, mas o Sporting continua a chegar a zonas de finalização, altera a forma de atacar em número de unidades, em dinâmicas e em ideias. “A equipa tem dificuldade em circular a bola porque os médios estão lentos” – mas as basculações de flancos são constantes, a profundidade é dada nos corredores ao invés das costas porque os blocos defensivos dos adversários baixaram muito no terreno e não dão esse espaço. “O treinador tem de mexer na equipa e nos jogadores” – se há treinador que altera a plasticidade da equipa ao longo dos 90 minutos com jogadores e com funções dos mesmos em campo esse alguém em Portugal chama‑se Rúben Amorim. Chegamos ao ponto de questionar porque é que o nosso Campeão Europeu e um dos mais experientes jogadores é o batedor de penáltis. E por último “Rúben Amorim tem de deixar de ser teimoso”.

Pois bem, caro Rúben Amorim: como tenho memória, como sou coerente, como escrevo livremente e com o único propósito de partilhar com os Sportinguistas o que penso, deixa‑me dizer‑te que vivo e convivo muito bem com a tua teimosia. A teimosia que te leva a defender intransigentemente o Sporting CP, os nossos jogadores, o nosso jovem plantel e uma ideia que há oito meses só estava na tua cabeça e de mais dois ou três “loucos” que acreditavam em ti. Uma ideia que não muda pelo que dizem, pelo que escrevem, ou pela forma como tantos “artistas” te tentam atingir.

“Onde vai um vão todos” é fácil de dizer. De soletrar. De cantar. De escrever. Mas é mais difícil de praticar em toda e qualquer circunstância! Sobretudo quando o resultado é menos bom. Mas são precisamente esses momentos que marcam, que fazem a diferença e é quando mais precisamos de todos. Faltam seis finais esta época. E ainda conto viver mais uns quantos anos. Da minha parte ficas já com a garantia, irei onde vocês forem, como vocês forem e quando vocês forem, para mim é inegociável desde que nasci! Lá estarei convosco! SEMPRE!

Chegado está o momento

Por Juvenal Carvalho
23 Abr, 2021

Somos um caso raro no desporto português no que toca ao ADN de vitórias. Perante estes dados objectivos, vos asseguro. O caminho do futuro será por aqui

É recorrente. Vem esta altura da época e eis que está chegado o momento de todas as decisões nas mais diversas modalidades e frentes em que o nosso Sporting Clube de Portugal se encontra a competir, e tantas elas são.

Se o futebol é a alma mater e a modalidade que faz pulsar os corações Leoninos com maior intensidade, porque é a modalidade rainha, e esta época com a particularidade do sonho ser perfeitamente possível numa lógica do jogo a jogo, também nas modalidades designadas de alta competição os momentos das grandes decisões estão a chegar. 

Por ordem alfabética, e começando pelo andebol, em que mesmo que difícil, será no Dragão Arena que tudo se decidirá, e a palavra desistir não faz parte do léxico Leonino. Sabendo de antemão que a tarefa é hercúlea, será para vingar a derrota no ‘João Rocha’ que nos apresentaremos. Além disso está igualmente garantida a presença na final four da Taça de Portugal, e o objectivo é o de sempre: ganhar

No basquetebol, e numa época em que, devido ao calendário atípico provocado pela COVID‑19, já conquistámos as Taças de Portugal de 2019/2020 e 2020/2021, assegurámos também o primeiro lugar da fase regular, e com ele a garantia de que, a iniciar o play‑off frente ao Vitória SC, teremos de fazer da nossa “casa” uma muralha inexpugnável para trazer para o nosso Museu um troféu que nos foge desde 1982. 

No futsal, depois das conquistas da Taça de Portugal e da Taça da Liga, está igualmente quase assegurada a primeira posição da fase regular, e com ela a garantia das decisões serem também no nosso ‘João Rocha’, o que nos confere alguma margem de conforto. Igualmente por decidir está a fase final da UEFA Futsal Champions League, que nos últimos dias deste mês terá como palco a localidade croata de Zadar. O primeiro adversário serão os russos do CPRF e a ambição de uma grande presença está bem vincada. Ainda para mais sabendo que para os pupilos de Nuno Dias o céu é o limite.

No hóquei em patins, este ano será no play‑off que tudo se decidirá. E para esta fase da competição, a iniciar ante AD Valongo, por termos sido segundo classificado na fase regular, as ambições estão intactas. Acreditamos que não só no Campeonato Nacional, mas também na Liga Europeia, este ano com final four totalmente portuguesa, os comandados por Paulo Freitas, desde a “muralha” Ângelo Girão aos homens de pista à sua frente, será de espírito de missão que estamos imbuídos para as conquistas. Difícil? Sim. Possível? Claro.

Para o fim deixo o já terminado voleibol. O rescaldo da época para os comandados de Gersinho é positivo, pese o titubeante em alguns momentos, num grupo de trabalho quase todo novo em relação à época transacta. A cereja no topo do bolo foi a conquista da Taça de Portugal ante o eterno rival na final.

Com tanto por jogar, e com o que já foi vencido e ainda almejamos ganhar, é clarividente e factual. Somos um caso raro no desporto português no que toca ao ADN de vitórias. Perante estes dados objectivos, vos asseguro. O caminho do futuro será por aqui. Pela continuidade da nossa imagem de todos os tempos: o eclectismo que nos diferencia! 

Saber sofrer

Por Pedro Almeida Cabral
23 Abr, 2021

Continuamos em primeiro lugar isolados, onde todos os outros candidatos ao título queriam estar. Continuamos a ter o segundo melhor ataque e a ter, de longe, a defesa menos batida

Defrontou o Sporting Clube de Portugal um irreconhecível clube, a Belenenses SAD, num dos dérbis de Lisboa. Em tempos de (agora já moribunda) Superliga, é uma oportunidade para pensar no que sucede quando os clubes se desprendem da sua circunstância histórica e do calor dos seus adeptos. Saldou-se o encontro por um empate a duas bolas, tendo o Sporting CP só alcançado o ponto solitário na última jogada, um pontapé de penálti marcado por Jovane Cabral.

Não foi um jogo feliz. Já na primeira volta, a Belenenses SAD tinha causado muitas dificuldades, conseguindo perturbar o fio do nosso jogo com alguma facilidade. A história repetiu-se. Um penálti falhado e um erro de Adán atrapalharam a possibilidade de chegar à vitória. Podia discorrer agora sobre o menor rendimento de algumas das peças do nosso 11. Mas prefiro ver o grande jogo que fez Nuno Mendes. Do alto dos seus 18 anos, esteve destemido e alegre, mudando até de posição para central, não lhe pesando a camisola nem a desvantagem dos dois golos durante 81 minutos. Prefiro focar-me em Jovane Cabral, uma vez mais decisivo a saltar do banco, conquistando e marcando o penálti que valeu o empate. Prefiro recordar Nuno Santos, a esticar o jogo em todo o comprimento, com agilidade e leveza, tendo feito o cruzamento para o golo de Coates. E prefiro também lembrar o nosso capitão Coates, imperial a defender e inteligente a marcar o seu quinto golo no campeonato. Quando não vão uns à luta, vão outros.

Mau grado este malfadado empate, temos seis jogos até final do campeonato. São 18 pontos em disputa. Continuamos em primeiro lugar isolados, onde todos os outros candidatos ao título queriam estar. Continuamos a ter o segundo melhor ataque e a ter, de longe, a defesa menos batida. É ainda um nosso jogador o melhor marcador, Pedro Gonçalves. Dos seis jogos que faltam, empatámos apenas um na primeira volta. Os pontos de vantagem sobre o nosso mais directo perseguidor não são um fosso intransponível. Mas quem lidera é o Sporting CP. E é a mesma equipa que já conquistou o único troféu da época, a Taça da Liga, que não perdeu ainda esta época com rivais e que ganhou ao SL Benfica em casa para o campeonato, após nove anos sem o conseguir. Saibamos agradecer mais a esta equipa, que tanto fez para chegar aqui, do que a exigir-lhe, desmedidamente, este mundo e o outro, e as vitórias que precisamos virão. É altura de saber sofrer com este empate. Mas também é altura de seguir para os próximos jogos agradecidos pelo que a equipa já nos deu e ainda vai dar. A começar já no domingo, contra o SC Braga.

 

Orgulho e confiança… Aí vamos nós… para já a Braga… para ganhar!!!

Por Tito Arantes Fontes
23 Abr, 2021

(...) Invencíveis, continuamos invencíveis! Os únicos invencíveis! E continuamos a fazer história… nunca nenhuma equipa do SCP esteve 28 jornadas invencível!

Acabou há pouco o nosso jogo com a Belenenses SAD. Jogo difícil, ingrato… matreiro, velhaco para o SCP! Um conjunto de infortúnios que se foram acumulando… até chegarmos aos 54 minutos da partida e – sem que nada o justificasse – estávamos a perder por 2‑0… quase que sem a própria Belenenses SAD perceber como… dois remates “azuis”, dois golos… um numa jogada em que “cobrimos” mal na nossa defesa… daquelas jogadas em que se sucedem momentos para resolver a situação e em que – ao invés – se acumulam más decisões… o outro golo num único e singular erro do nosso Adán… sim, o nosso Adán que tantas e tantas vezes nos tem “oferecido” fantásticas defesas, desta vez – porque é humano – baqueou… e fez o que nunca faz… deu fífia! Para agravar a situação falhámos um penálti no final da primeira parte… falta nítida sobre o Nuno Mendes e o João Mário não conseguiu meter a “redondinha” dentro da baliza Vítor Damas!!!

Com tudo isto, pensei – pensei mesmo – que chegava o dia da nossa primeira derrota no Campeonato! À 28.ª jornada! Mas enganei‑me… felizmente enganei‑me mesmo e redondamente! O nosso SCP, a jovem equipa que temos, fez das “tripas coração”… e não desistiu, nunca desistiu! E partiu para um jogo de crença! De acreditar! De querer! Com inteligência! Com argúcia! Com as alterações que Rúben Amorim foi introduzindo e que melhoraram e soltaram o poder atacante do futebol do SCP! E a equipa porfiou! Batalhou! Lutou! Mostrou um enorme carácter! Uma enorme força! Uma inquebrantável mentalidade! Demonstrou‑nos, a nós, Sportinguistas, que é – de facto – uma Grande Equipa! Pois só uma Grande Equipa sobrevive a um jogo assim… sem nunca se “perder”, sem nunca “baixar os braços”, sem nunca se “oferecer”… sem nunca desistir!

Tenho ORGULHO nesta Grande Equipa do SCP! Fez 26 remates… marcou dois golos… o primeiro pelo nosso “avançado” Sebastián Coates, numa cabeçada como mandam as regras “de cima para baixo” a fuzilar o guarda‑redes adversário! Bem sei… já estávamos no minuto 83… o tempo já nos “fugia debaixo dos pés”… mas foi um alento… o alento que seria possível alcançarmos algo mais… alento sobretudo para nós, adeptos sofredores, porque para os jogadores, esses, esses nunca desistiram! E continuaram a porfiar e a acreditar… e sim, em cima dos 94 minutos (o árbitro tinha dado exactamente quatro minutos de compensação!) foi marcado novo penálti por mão nítida de um defesa “azul” após passe de cabeça que se avizinhava mortífero de Jovane a amortecer a bola para Paulinho na entrada da pequena área… penálti que Nuno Almeida (o árbitro de serviço e que – desta feita – mostrou que, quando quer, até sabe ser bom árbitro, como foi neste jogo!) assinalou de imediato! E que foi validado pelo VAR! Jovane encarregou‑se da marcação – com uma “calma olímpica” de enaltecer – converteu‑o e fez o empate do nosso contentamento… porque para mais o jogo já não dava e porque tínhamos sofrido na pele as agruras madrastas dos “deuses do futebol”…

Temos 28 jogos feitos, 21 vitórias e sete empates! Invencíveis, continuamos invencíveis! Os únicos invencíveis! E continuamos a fazer história… nunca nenhuma equipa do SCP esteve 28 jornadas invencível! É recorde Sportinguista e foi alcançado por esta equipa! Recorde destes jogadores, um a um, de todos… do Adán ao TT! Do Rúben Amorim! Desta Direcção! Do presidente Frederico Varandas!

A verdade é que somos mesmo muito fortes! Temos mesmo uma Grande Equipa! Fizemos até agora uma época verdadeiramente extraordinária! Já vencemos a Taça da Liga! E continuamos – com a vantagem que resultar dos demais jogos desta jornada que, enquanto escrevo, ainda não se realizaram – sempre e em qualquer situação como líderes destacados do Campeonato… com sete, seis ou quatro pontos de avanço sobre o segundo classificado… o tal clube do “colinho” que há 40 anos beneficia do “apoio” constante do “sistema”! E que despudoradamente ainda reclama, ainda barafusta por tudo e por nada… o clube que – é bom recordar – só não perdeu em Alvalade porque o árbitro desse jogo nos escamoteou um penálti que ainda chegou a assinalar e reverteu a expulsão de um defesa “azul” que deveria mesmo ter ocorrido no decurso do jogo!

Por último – assumo, aqui e agora – quero o que Todos e cada Um dos Sportinguistas quer… quero mesmo ser Campeão! Pela 23.ª vez na história do futebol português quero ser Campeão! É para isso que – jornada a jornada – lutamos! E hoje fiquei mesmo optimista! Desde logo porque – se necessário fosse – hoje, neste jogo, esta nossa equipa demonstrou à saciedade que podemos mesmo contar com ela! Mesmo nas agruras, mesmo nos jogos “velhacos”! O trabalho feito até agora é excelente! A valorização do nosso plantel é inquestionável! E sim… eu tenho ORGULHO neste SCP! Tenho ORGULHO nesta Equipa do SCP! Tenho FÉ! E ACREDITO…

É com este estado de alma que vamos atacar os seis jogos que nos faltam do Campeonato! Positivos! Alegres! Confiantes! Orgulhosos! Vamos à luta que nem Leões! No próximo domingo em Braga… sim, é mesmo para GANHAR!

ONDE VAI UM VÃO TODOS!!!

VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!!!

Mais um capítulo de Glória

Por Miguel Braga*
15 Abr, 2021

Sem a possibilidade de contar com o nosso treinador no banco – uma vez que foi expulso por palavras que não disse já depois do apito final –, mas com a certeza que todo o plantel e restante equipa técnica está pronto para a batalha que se segue

É preciso recuar ao ano da revolução, concretamente às épocas de 1974/1975 e 1975/1976, para encontrar um feito igual, a conquista consecutiva de duas Taças de Portugal de basquetebol (págs. 12 a 17). Ainda para mais, quando falamos de uma modalidade que regressou ao Clube apenas em 2018. Um dos obreiros destas conquistas é José Tavares, com quem o Jornal Sporting conversou por estes dias. E apesar do regresso ser recente, a História Leonina já contou com várias lendas que encantaram à volta dos cestos. Exemplo disso mesmo é Manuel Sobreiro (págs. 3 e 4), a prova que até no basquetebol os homens não se medem aos palmos – com “apenas” 1,68 metros de altura foi internacional por Portugal e conquistou de Leão ao peito três Campeonatos Nacionais e três Taças de Portugal. Ainda sobre a modalidade, uma nota final: foi bonito de se ver que no final da conquista, os responsáveis do Clube quiseram que Juvenal Carvalho e Edgar Vital (págs. 16 e 17) se juntassem à fotografia para a posteridade. É sinal de que o nosso basket é uma verdadeira família com memória colectiva.

No Luso, a equipa de Paulo Freitas carimbou o passaporte para a final four da Liga Europeia de hóquei em patins – a primeira que será composta em exclusivo por equipas portuguesas (págs. 18 e 19). As quatro melhores equipas do país e da Europa têm novamente encontro marcado para daqui a um mês (15 e 16 de Maio). Somos o campeão em título e temos como missão lutar até ao último minuto. Que Girão, Platero, Font e companhia continuem esta caminhada.

No atletismo continuamos a coleccionar títulos, com mais uma demonstração de força e competência em Almeirim no Campeonato Nacional de marcha em estrada e no Campeonato de Portugal de dez mil metros (pág. 22). João Vieira sagrou-se campeão nacional pela 60.ª vez, enquanto Carla Salomé Rocha venceu pela quarta vez (a segunda consecutiva) a competição feminina. Nos homens, Miguel Marques ficou pela prata e alcançou um novo recorde pessoal.

Este fim-de-semana, o Altice Arena será o palco do Campeonato da Europa de Judo e o Sporting CP é o clube português mais representado na prova (págs. 26 e 27). Não só temos seis atletas em representação do país, como a selecção será orientada pelo nosso Pedro Soares.

Amanhã, a equipa liderada por Rúben Amorim desce até ao Algarve para medir forças com o SC Farense. Para trás fica o jogo com o FC Famalicão (págs. 6 e 7) e a sequência de acontecimentos derivados – e mais um recorde que esta equipa atingiu, igualar o maior número de jogos sem perder no mesmo campeonato, num total de 26. O foco está agora no próximo jogo. Sem a possibilidade de contar com o nosso treinador no banco – uma vez que foi expulso por palavras que não disse já depois do apito final –, mas com a certeza que todo o plantel e restante equipa técnica está pronto para a batalha que se segue. Em nome do Sporting CP e do futebol em Portugal.

Por último, destaque ainda para o próximo ‘ADN de Leão’ que contará com Nuno Mendes (pág. 28). E se o podcast tem sido uma das apostas e estrelas da Comunicação do Sporting CP este ano, o jovem jogador internacional é com certeza também uma grande aposta do Clube e uma das estrelas da Liga NOS. Um momento a não perder.


Editorial da edição n.º 3815 do Jornal Sporting
* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

As vitórias do Sporting CP e de Rúben Amorim

Por Rodrigo Pais de Almeida
15 Abr, 2021

Rúben, gostar do Sporting CP não é fácil (…) e não é para qualquer um… Mas habitua‑te, porque impossível mesmo é deixar de o amar!

Era de antever um jogo muito disputado com o FC Famalicão. A entrada de Ivo Vieira para o comando da equipa minhota conseguiu finalmente colocar um plantel de enorme qualidade e com potencial para outros patamares a praticar um bom futebol e com resultados condizentes com essa realidade. Com um futebol de apoio na construção e jogadores muito rápidos na frente e nos corredores. Com uma equipa confiante e com atletas à procura de chamar a atenção dos “grandes”. Com um treinador inteligente, experiente e conhecedor do futebol português. Uma equipa que se encontrou para este último terço da Liga NOS para fazer jus ao potencial de equipa europeia que tem.

Rúben Amorim procurou baralhar o meio‑campo famalicense ao recuar Pedro Gonçalves para a posição oito e ao adiantar João Mário para o apoio lateral/frontal a Paulinho e Tiago Tomás. Rapidamente respondeu Ivo Vieira com o recuo de Gustavo Assunção para terceiro central e aglomerando no bloco central ao condicionar também a saída de jogo pelas alas do Sporting Clube de Portugal e ao direccioná‑lo para a superioridade numérica da sua equipa. Poucos duelos. Poucas oportunidades. Bola dividida. E uma primeira parte onde o empate se ajustava e só satisfazia aos forasteiros.

A equipa do Sporting CP precisava de mais bola, de bola mais rápida entre corredores e de profundidade. As entradas de Daniel Bragança e Matheus Reis empurraram o Sporting CP para uma segunda parte de muita qualidade ofensiva na construção de oportunidades de golo e de segurança defensiva que facilmente controlava as parcas investidas do seu adversário (apenas uma defesa de Adán na segunda parte, na realidade, a sua única defesa nos últimos dois jogos, tão poucos têm sido os remates consentidos à baliza).

À semelhança de Moreira de Cónegos, aconteceu futebol. E em futebol nem sempre a melhor equipa, a que jogou melhor, a que construiu oito vezes mais oportunidade do que o adversário, a que dominou o jogo…. Ganha. As entradas de Jovane e Nuno Santos ainda acrescentaram critério até chegar à finalização, mas a eficácia falhou. A subida de Coates na tentativa de acrescentar centímetros ainda proporcionou mais duas situações de golo nos derradeiros minutos, mas a bola teimou em não entrar. O Sporting CP fez tudo. Os jogadores deram tudo. Mas o empate persistiu e castigou duplamente a equipa de Rúben Amorim.

Faltam oito jogos para terminar a Liga NOS. Depois do empate em Famalicão na primeira volta a equipa perdeu apenas mais dois pontos até final da mesma. Este é um tónico e um guião para os oitos encontros que faltam. Aliás, nestes dois empates consecutivos a única coisa que faltou foi a bola entrar. O futebol é também isto, momentos. E este é um momento para dar a volta, de regressar aos três pontos de acordo com a realidade do que se passa no rectângulo de jogo, e de mostrar as garras Leoninas empurrando a bola para beijar as redes dos adversários. É isso que esperamos todos para a primeira de oito finais, em Faro, já amanhã.

Nota final para as palavras de Rúben Amorim na antevisão do jogo da última jornada da Liga NOS “O treinador é que pode perder o campeonato… o Sporting CP já o ganhou…”. Os Sportinguistas não estão habituados a um discurso frontal e realista como este de Rúben. Alguns podem, num momento de maior exaltação, depois de dois empates, esquecer o ponto de partida desta temporada quando previam que estivéssemos apenas a lutar pelo acesso a um possível lugar na Liga Europa. Outros não acreditavam nos objectivos, na forma de os alcançar, nas pessoas que o lideravam e, em Abril, a oito jogos do fecho da Liga NOS assistem estupefactos à performance estável, segura, sólida e consistente que esta equipa vai apresentando.

Dizes que o Sporting CP já ganhou e eu não podia estar mais de acordo, Rúben. Mas já ganhou muito para além do recorde dos 26 jogos consecutivos invicto que acabou de estabelecer. Já ganhou pela forma como o fez e que abre um novo horizonte no Clube. O Sporting CP já ganhou porque teve a coragem de apostar no momento certo e nas pessoas certas para encabeçar um projecto para o futebol do Clube. O Sporting CP já ganhou porque nesse projecto recuperou o seu ADN de Leão, de clube dotado de uma Academia de Formação ao nível das melhores do Mundo e onde se forma a grande parte do seu plantel sénior de futebol profissional. O Sporting CP já ganhou porque tem hoje uma equipa onde os Sócios se revêem muito para além da excelência dos resultados alcançados. O Sporting CP já ganhou porque se sente nestes jogadores, nesta equipa técnica e em quem lidera o Clube uma verdadeira, clara, radical e convincente mudança de atitude e forma de ser e de estar.

Uma atitude que se diferencia pela forma e pelo conteúdo. Porque relativiza a vitória da mesma forma que confia nos momentos menos bons. Porque resiste à tentação de responder à letra aos ataques fora do campo dos rivais e de outros artistas colocando‑os no lugar de indiferença de onde nunca devem sair. Porque comunica com clareza, firmeza e confiança quando o futebol é “apenas” isso, futebol. Porque não entra em crises prematuras de histeria colectiva e de autoflagelação. Porque trata valores, ideias e ideais de forma inegociável, e que nunca qualquer resultado os fará desviar ou mudar o seu rumo!

Sabes, Rúben, tu também já ganhaste. No dia em que aceitaste sair da tua zona de conforto e aceitar a “louca” ideia de Frederico Varandas e Hugo Viana para encabeçares o seu projecto para o futebol do Clube. No dia em que acreditaste que o Sporting Clube de Portugal era o local certo para desenvolveres o teu percurso profissional. No momento em que entraste na Academia e percebeste o potencial imenso deste Clube, destas gentes, deste amor infindável e que nunca esmorece. No jogo em que disseste “Onde Vai Um Vão Todos” e em que à nossa equipa ligaste os nossos corações até onde ela tiver de ir. E porque aceitaste desde o dia em que chegaste que a atitude e a forma de estar neste Clube estava em mudança e era o primeiro passo para voltar a vencer!

Rúben, gostar do Sporting CP não é fácil pelo histórico de incerteza, de autoflagelação, de “crises de meia idade” ou pelas “dores de crescimento”… Não é para qualquer um, Rúben… Mas habitua‑te, porque impossível mesmo é deixar de o amar!

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