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Opinião

Os Cinco Violinos

Por Juvenal Carvalho
17 Set, 2020

O vírus travou o Troféu Cinco Violinos. Mas uma coisa é segura. Nenhuma pandemia nos fará deixar de idolatrar estes Heróis do nosso contentamento. Será uma história de amor eterno… sob o signo do Leão!

No passado domingo, e devido ao fenómeno da actualidade, a maldita COVID-19, que trouxe o alarme em forma de pandemia, e que tanto tem afectado a saúde pública e a economia à escala mundial, fomos surpreendidos pelo cancelamento do Troféu Cinco Violinos. Sim, a pandemia também infecta “Leões”, tendo sido decidido não realizar o jogo com o SSC Napoli.

Com a tristeza inerente à não realização de uma homenagem que tanto simbolismo tem para os Sportinguistas, decidi escrever estas linhas, e de os tentar homenagear eu, que como quase todos nós, apenas sabemos dos Cinco Violinos pela sua História, e com que História eles a pincelaram em tons de verde e branco.

Comecei por aprender rapidamente os seus nomes. Jesus Correia, Vasques, Travassos, Albano e Peyroteo. Depois, ainda longe dos tempos do Google e das redes sociais, procurei saber mais e mais. Não era fácil, então. Mas perguntando aos mais velhos, fui sabendo que no tempo deles, a única verdadeira ‘pandemia’ era aquela que arrasava os adversários das mais diversas formas. Não tenho o jeito que o ‘nosso’ saudoso António Silva teve no filme ‘Leão da Estrela’ para fazer o relato de um jogo deles, que culminou com um pontapé na mesa de jantar a celebrar mais um golo. Um dos muitos e muitos golos com que dizimavam os adversários.

Eram para os adversários um verdadeiro tormento. Muitos, se fossem vivos aos dias de hoje, ainda teriam insónias e pesadelos provocados por estes cinco ‘Leões indomáveis’.

Jesus Correia era a classe pura em forma de velocidade; Manuel Vasques, o ‘Malhoa’, o cerebral; José Travassos, o célebre Zé da Europa, o talento; Albano, o extremo repentista; e o goleador dos goleadores, Fernando Peyroteo, decididamente o ‘matador’

Na vasta história não nos orgulhamos apenas destes nossos Heróis. Ela continuou e eles infelizmente já não estão no mundo dos vivos. Só que a História, essa, não se apaga. E quem não tem memória não tem História. Os Cinco Violinos, na passagem terrena, pareceram até ‘extraterrestres’, tal a capacidade. Com três deles tive conhecimento e travei amizade… Falo de Vasques, com quem convivi na velha central de Alvalade, onde trabalhava, com Travassos em petiscadas com amigos comuns, e com Jesus Correia tive o privilégio de fundar o Núcleo do Sporting CP de Paço de Arcos, vila onde residi e de onde ele era natural. Tantas e tantas horas de conversa. Tantos ensinamentos. Quanto Sportinguismo deles bebi e respirei.

O vírus travou o Troféu Cinco Violinos. Mas uma coisa é segura. Nenhuma pandemia nos fará deixar de idolatrar estes Heróis do nosso contentamento. Será uma história de amor eterno… sob o signo do Leão!

COVID-19, mais COVID-19… e mais incertezas no futebol…

Por Tito Arantes Fontes
17 Set, 2020

(...) É desnecessário continuarmos com o instalado clima de “guerra civil”… já todos percebemos que não nos leva a lado nenhum, que só nos enfraquece e nos prejudica

Estes dias estão complicados e teimam em complicar-se e em não desistirem de se complicarem… a pandemia de COVID-19 continua aí e parece que com outra força, infectando mais e – por isso mesmo – preocupando mais.

Tivemos a notícia nos últimos dias de várias infecções no seio da nossa equipa de futebol. É matéria que naturalmente muito preocupa a generalidade dos Sportinguistas. Desde logo porque já se percebeu que há critérios distintos para abordar essa matéria… nas provas nacionais é de uma forma, a Liga olha para o assunto de um modo, a Federação de outro… a Direção-Geral da Saúde até já disse que para cada região, para cada situação, poderá existir uma forma específica de actuar, diferente e distinta de outras que eventualmente tenham já ocorrido ou estejam a ocorrer. E nas provas da UEFA ainda poderá ser de modo diverso, sendo que – por situações já ocorridas no passado – o adiamento dos jogos não é a solução que mais parece agradar à UEFA, mas – isso sim – a derrota da equipa infectada por falta de comparência! Foi o que sucedeu já nesta época no jogo entre os kosovares do FC Drita e os irlandeses do Linfield FC, nas eliminatórias da Champions, que os últimos ganharam administrativamente por 3-0… por falta de comparência! O caso foi avaliado pelo Comité de Controlo, Ética e Disciplina da UEFA e depois validado pelo Comité de Apelo! Ou seja, a UEFA trata os jogadores infectados com COVID-19 como “simples” lesionados. É, pois, um tempo difícil e incerto este tempo de pandemia… e muita tinta para muito critério injusto, incerto ou díspar irá ainda correr…

É neste quadro que vimos ser adiado o nosso querido e muito esperado Troféu Cinco Violinos… seria um jogo grande, contra o SSC Napoli, uma das melhores formações italianas dos últimos anos e certamente um teste importantíssimo para a nossa equipa. Jogo que seria, pois, precioso de indicações para Rúben Amorim afinar ainda mais o nosso jogo, experimentando os nossos jogadores e o seu modelo de jogo contra uma squadra de indiscutível valia internacional. Foi pena. E com pena ficámos.

A esta hora que escrevemos ainda não sabemos mesmo se teremos a nossa estreia no campeonato, no próximo sábado, com o Gil Vicente FC, que também tem o seu plantel devastado pelo SARS-CoV-2… a Liga mantém, por enquanto, que o jogo se realizará… vamos ver como tudo evolui. E, muito especialmente, no caso dos nossos jogadores (e – naturalmente – dos outros também) esperar que o confinamento, isolamento e tratamento surta os efeitos desejados e permita a recuperação segura e nos timings sanitários adequados.

Naturalmente que este vírus convida, igualmente, a uma ponderação sobre a vida e – no concreto – sobre a vida do nosso Clube. Sobre o modo como nos relacionamos. Sobre o modo como teremos de ultrapassar as nossas fracturas. É desnecessário continuarmos com o instalado clima de “guerra civil”… já todos percebemos que não nos leva a lado nenhum, que só nos enfraquece e nos prejudica.

Neste quadro vamos ter as assembleias gerais do Clube e da SAD no final deste mês de Setembro. É assunto que abordaremos em próxima crónica.

Até lá… Votos imensos de SAÚDE!!! Muito especialmente dedicados ao nosso plantel, desejando a sua rápida e segura recuperação!

VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!!!!

 

P.S. – Ai, a política no futebol… ai, ai… os actos que se pretendem justificar como não sendo políticos, mas que afinal são mesmo… são políticos… e até queimam, corroendo… é mau, é mesmo muito mau que assim seja!

De 1968 a 2021

Por André Bernardo
03 Set, 2020

É crítico voltar ao normal, mesmo que seja um “novo normal” com as devidas cautelas, mas do qual o sector do desporto não deve ser excluído

Em 1968:

Paul R. Ehrlich ficaria célebre pelo bestseller “The Population Bomb” onde previu que centenas de milhões de pessoas iriam morrer à fome nos anos 70 e 80 devido ao fenómeno de crescimento populacional. Felizmente, este prognóstico não se veio a confirmar.  

Dick Fosbury deixava o mundo de boca aberta, revolucionando o salto em altura nos Jogos Olímpicos do México. Desde então, todos os atletas utilizam a técnica de Fosbury, saltando a trave de costas. Mas até então ninguém o tinha feito e a técnica predominante era saltar de frente. Fosbury inovou, arriscou e fez História revolucionando a modalidade.

Vítor Damas agarrava a titularidade da baliza do Sporting Clube de Portugal, tornando-se o número de 1 dos ‘números 1’ de sempre, imortalizando o seu nome na História do Clube e do desporto nacional. O homem que se tornou ídolo e, como os verdadeiros ídolos, sem querer sê-lo.

São três histórias paralelas que apenas coincidem no ano, mas que podemos trazer para 2020.

Época 2020/2021:

“A única coisa que devemos temer é o próprio medo”. Ultrapassada a fase de maior incerteza acerca das consequências da pandemia de COVID-19, parece-me que neste momento a frase do discurso inaugural de Roosevelt, precisamente num contexto pós-crise da “Grande Depressão”, aplica-se na perfeição.

É crítico voltar ao normal, mesmo que seja um “novo normal” com as devidas cautelas, mas do qual o sector do desporto não deve ser excluído. Previsões pessimistas como as de Elrich paralisam o Mundo e nós temos de trabalhar para contrariar esse risco.

1 milhão e 894 mil foi o número de espectadores em Portugal que no passado dia 23 de Agosto assistiram à final da Champions League, registando o melhor resultado do ano de audiências televisivas. Não se pode ignorar a evidência destes números, assim como a contribuição que os clubes e o desporto têm para a melhoria do bem-estar social e da saúde pública. O Sporting Clube de Portugal, como maior potência desportiva nacional, lidera esta contribuição.

Será infelizmente ainda sem público que a 5 de Setembro arranca o Troféu Stromp nas modalidades, tema a que damos destaque nesta edição do Jornal. O Pavilhão João Rocha será o palco deste regresso que tem a marca do ADN do Clube, em homenagem a uma das figuras ímpares da nossa História. Mais uma vez, a força do eclectismo do Sporting CP será representada no campo e pelo Esforço, Devoção e Dedicação dos nossos atletas e treinadores.

Tal como Fosbury nos mostrou, cabe-nos responder ao actual contexto encontrando novas soluções para superar este novo caminho. Por isso, e apesar da incerteza que ainda paira sobre a próxima época, deixo aqui algumas iniciativas que vamos levar a cabo em 2020/2021 e que a seu tempo serão apresentadas com maior detalhe (outras apresentaremos ao longo da época e conforme a evolução do contexto e das decisões governamentais entretanto tomadas):

Novo Cartão de Sócio e Gamebox.  Tal como já anunciado, o novo cartão de Sócio, além de uma nova imagem, reunirá também as funcionalidades de Gamebox Estádio, Cartão de abastecimento Repsol e estará dotado da tecnologia Contactless. Um passo importante na melhoria da experiência do Sócio e da pegada ecológica do Sporting CP, reduzindo a emissão de plástico. Por ser também Gamebox aguardamos a clarificação das condições de público no caso do futebol para iniciar a emissão dos cartões, de forma faseada, já com a nova numeração.

Digital. Lançaremos dois novos projectos digitais, o SportingNumMinuto até ao final do ano, e uma nova Loja Verde Online até ao início da época 2021/2022. O primeiro é um microsite que permitirá, além de se tornar Sócio ou de regressar, efectuar a adesão ao débito directo, pagamento das quotas e subscrição da Gamebox (fase 2) em menos de um minuto com recurso a dois ou três passos, num processo de autenticação com um fluxo de adesão simplificado e desenvolvido sob o conceito de PWA (progressive web app).

Comunicação. O Jornal Sporting retomará a partir do próximo dia 17 de Setembro as edições semanais. Já lançámos uma nova rubrica no YouTube – Inside Sporting – que permite aos nossos seguidores uma visão mais próxima do dia-a-dia do Clube. E para reforçar esta vista mais íntima, avançaremos também para a criação de um podcast.

Merchandising. Das várias novidades destaco por enquanto o lançamento de uma nova linha de “Vintage Limited Editions” que terá início com a réplica de uma camisola icónica em homenagem a uma lenda do Clube. Esta nova colecção, como o próprio nome indica, voltará atrás no tempo, seja para homenagear atletas, como já foi feito com Yazalde, seja para assinalar e recordar épocas de referência.

Marca. Eu Sou Damas, Eu Sou Jordão, Eu Sou Carlos Lopes… Eu Sou Sporting. A História do Sporting CP foi escrita por vários destes nomes. Vamos homenagear estas lendas e imortalizar os seus nomes nos campos da Academia, nas portas de entrada do Estádio e do Pavilhão.

Eles são a referência para os de hoje.

Eles foram verde e branco por fora, e Leões por dentro.

 

Editorial da edição n.º 3784 do Jornal Sporting

Sinais

Por Miguel Braga*
03 Set, 2020

(...) Numa altura em que se multiplicam eventos com público, ainda que com restrições, o desporto em Portugal continua a ser uma excepção para as nossas autoridades de Saúde

Arranca este fim-de-semana o Troféu Stromp, sinal de regresso a alguma normalidade, muito embora ainda sem o público desejado nas bancadas do Pavilhão João Rocha. Numa altura em que se multiplicam eventos com público, ainda que com restrições, o desporto em Portugal continua a ser uma excepção para as nossas autoridades de Saúde.

Terminou também no passado domingo o estágio da equipa principal de futebol do Sporting Clube de Portugal. Além da habitual carga de treinos em fase de pré-época, o Algarve foi também o palco ideal para Rúben Amorim testar as soluções de que dispõe para avaliar a composição final do plantel.

À experiência de nomes como Coates, Vietto ou Neto, juntaram-se reforços de qualidade como Feddal, Adán ou Nuno Santos, e a irreverência da juventude no talento de Nuno Mendes, Eduardo Quaresma ou Tiago Tomás. As boas notícias é que ainda há vários nomes, como Max, Matheus Nunes ou Šporar, que nos dão garantias de uma equipa competitiva e cada vez mais confortável com as ideias de jogos e dinâmicas introduzidas pela equipa técnica. E sim, Jovane Cabral, Gonzalo Plata, Antunes, Daniel Bragança, Borja, Porro, Inácio, Rodrigo Fernandes, Wendel e também a magia do nosso Harry Pote, são todos sinais de boa construção do plantel para atacar esta época. E até porque ainda não fechou o mercado de transferências, seja a solução interna ou externa, alguns nomes ainda se vão juntar a este lote para fechar o plantel do Sporting CP.

Também no Algarve, Stefan Ristovski envergou pela primeira vez a braçadeira de capitão do Clube. E fez questão de assinalar o feito nas redes socias, realçando “a honra e o orgulho enorme” da façanha. Sinal de que os homens também se fazem destes momentos e de que o Clube tem nas suas fileiras quem respeita e percebe a grandeza do Sporting CP.

Já está marcada a primeira jornada da Liga NOS e o kick off da temporada 2020/2021 teve lugar no magnífico cenário da Real Companhia Velha. Sobre o mesmo, umas notas. Primeiro, o sinal de que algo precisa de mudar na média de faltas por jogo em Portugal – seja pelo apito rápido, por jogadas menos claras dos jogadores ou vontade dos treinadores – quem não se lembra das instruções de Ricardo Soares, treinador do Moreirense FC, no jogo contra o Sporting CP –, a verdade é que a nossa Liga é a mais faltosa entre iguais (números disponibilizados pela Liga no “Futebol em Números 2019-20 – Report Estatístico das Competições Profissionais”), sendo por isso o tempo útil de jogo e o espectáculo prejudicados. Um sinal claro que devemos melhor, clubes, mas também arbitragem: um sector que deveria ser mais aberto, mais crítico e menos corporativo. A bem de todos. Mas infelizmente, o sinal de que a mudança está longe de acontecer, veio com a atribuição do Prémio Prestígio a Valentim Loureiro, dirigente condenado no âmbito do Apito Dourado.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Sevilha, 1983… quanto SCP

Por Juvenal Carvalho
03 Set, 2020

O SCP é muito mais do que cada um de nós. Assim o queiramos, sem futilidades. Um Leão, mesmo que ferido, nunca se abate. Somos da raça que nunca se vergará!

Ter o privilégio de escrever umas linhas para o Jornal do nosso Clube permite-me rebobinar momentos de Sportinguismo militante. Sportinguismo puro e genuíno. Sportinguismo até arrebatador e, como o clima na capital da Andaluzia, naquela viagem para disputar a extinta Taça UEFA de 1983/1984, completamente tórrido.

Corria a década de 1980. Iniciava-se uma época em que como sempre partíamos com infundadas esperanças, sobre a liderança de Josef Venglos, e havíamos até sido campeões no ano de 1982. As bolinhas do sorteio destinaram ao Sporting CP a deslocação a Sevilha. Uma deslocação relativamente curta, mas inesquecível. Jamais esquecerei quando saí de casa, morava então ainda no Bairro de Lisboa que me fez crescer para o Mundo, a ‘minha’ Bica, e fui ter com o meu amigo Tó, então ainda uns putos, para irmos para Sevilha para uma excursão que partia de Alvalade, da velhinha central do antigo estádio.

Lá chegados, era uma imensidão de autocarros que nunca antes havia visto. Eram dezenas e dezenas que se fizeram à estrada. Durante a viagem cruzavam-se com centenas de carros e até outros autocarros de diversas proveniências do país. O asfalto pintava-se de verde e branco. Chegados a Sevilha horas antes do jogo, a temperatura era de mais de 40 graus. O que era isso perante a indomável massa humana que foi ver o nosso Sporting CP. A cada esquina e cruzamento, eram aos magotes os Sportinguistas. A cada ‘tasco’ que se entrava para beber uma ‘caña’, o ambiente era Leonino e exacerbado.

Ainda faltava muito para o jogo, quando eram milhares os Leões que pintavam de verde o mítico Estádio Ramón Sánchez Pizjuán. Houve mesmo um Sportinguista que irrompeu pelo relvado antes do começo do prélio com uma enorme bandeira do Sporting CP, com os Leões em êxtase e os sevilhanos atónitos com o que presenciavam. Sei que posteriormente, e até antes, teremos tido milhares no apoio ao Sporting CP, mas esta foi a minha primeira experiência quando adolescente. O Sporting CP terá uma história imensa de grande apoio. Eu próprio já vivenciei muita jornada de fervor Leonino, mas admito que Sevilha 1983 foi o meu primeiro ‘banho’ de Sportinguismo além-fronteiras. Deu para perceber a nossa dimensão e o nosso amor ao Clube. O resultado desse jogo foi 1-1, e na segunda mão, em Alvalade, com um golo miraculoso do ‘mago’ António Oliveira aos 88 minutos, ganharíamos por 3-2 e seguiríamos em prova.

Jamais esquecerei Sevilha. Jamais esquecerei esse momento inolvidável, dos diversos que tive o privilégio de vivenciar por dentro enquanto dirigente e por fora enquanto adepto.

O Sporting Clube de Portugal, por tudo isto, é muito mais do que cada um de nós. Assim o queiramos, sem futilidades. Um Leão, mesmo que ferido, nunca se abate. Somos da raça que nunca se vergará!

Época nova, vida nova

Por Pedro Almeida Cabral
03 Set, 2020

(...) Como sempre, derrotas moem, empates preocupam e vitórias animam. Mesmo a feijões, o Sporting Clube de Portugal só pode jogar para ganhar

No futebol, o ano não muda em Dezembro. Cada vez que acaba uma época, algures em Maio, é que começa um novo ano. Discutem-se reforços, contratações, dispensas, preparações, estágios, estratégias e tácticas. Os jogos de pré-época, não sendo determinantes, são seguidos atentamente. E já se sabe que, mesmo que não contem para o ‘totobola’, são indício válido de como jogará a equipa e do seu espírito competitivo. Como sempre, derrotas moem, empates preocupam e vitórias animam. Mesmo a feijões, o Sporting Clube de Portugal só pode jogar para ganhar.

Neste ano atípico, quando o campeonato já devia ter começado, ainda estamos na pré-época. Até agora, nos dois jogos que foram mais que um treino, duas vitórias seguidas contra o Portimonense SC e a Belenenses SAD.

Contra o Portimonense SC valeu o triunfo, numa reviravolta com algumas rotinas a sobressaírem. Foi notória a falta de destreza no ataque, com a construção do perigo a esfumar-se antes de chegarmos à grande área adversária. Destaque para a lateral-esquerda, com Nuno Mendes a revelar qualidade em todo o corredor, prometendo muito, combinando bem com Pedro Gonçalves, que esteve mais à esquerda, mas que até tem apetência natural pelo centro do terreno. Tiago Tomás carimbou a vitória não desperdiçando o primeiro remate que fez no jogo, como convém a com um ponta-de-lança moderno.

Mais revelador foi o embate com a Belenenses SAD, com vitória por 3-1. Houve Nuno Mendes e Pedro Gonçalves no nível superlativo do jogo anterior. Adán mostrou boa leitura de jogo e Šporar não desperdiçou o terceiro golo. Também o jovem Gonçalo Inácio deslumbrou com os seus passes longos e Daniel Bragança confirmou o seu apurado posicionamento, que lhe permite fazer boas recuperações. Merece todo o destaque Tiago Tomás, com uma assistência e um golo. Apesar da tenra idade, parece mostrar frieza suficiente para marcar abundantemente. Quanto ao colectivo, é certo que o adversário era acessível, mas também se diga que houve mais acutilância ofensiva, com um melhor jogo sem bola, sendo evidente o dedo de Amorim no jogo subido e no ataque móvel de Jovane Cabral e Tiago Tomás.

Faltará ainda compor o plantel com mais um central, essencial para o esquema táctico de Amorim, e um extremo, para dar mais profundidade ao ataque. Veremos o que sucede e como correm os próximos jogos de preparação. Até agora, a época nova parece mesmo trazer uma vida nova que promete.

Época 2020/2021: primeiras impressões

Por Tito Arantes Fontes
03 Set, 2020

Parece-nos que temos um conjunto de jogadores mais equilibrado, com muito jovem talento e com alguns jogadores de indiscutível valia, experiência e maturidade

Começou a pré-época referente à temporada de 2020/2021. Assistimos – pela televisão, bem entendido – aos dois jogos que fizemos no Algarve (Portimonense SC e Belenenses SAD). Foram ambos partidas típicas desta fase de construção de uma equipa. Muitas substituições nos dois jogos (sensivelmente a meio da segunda parte foram simultaneamente efectuadas dez substituições, ou seja, a quase totalidade dos atletas, permitindo – porque nos dois jogos os onze iniciais foram “trocados” – observar todos os jogadores que actuaram num total de 90 minutos cada, critério que também se aplicou aos guarda-redes, ainda que com troca no intervalo dos jogos).

Confirmámos a valia dos nossos jovens talentos. São mesmo talentos! Tiago Tomás faz-me lembrar o nosso eterno Liedson... Nuno Mendes é indiscutivelmente jogador de valia internacional... e vimos dois novos talentos a aparecerem: Gonçalo Inácio (que presença na área e que “passe a 40 metros”!) e Daniel Bragança (melhor jogador da Segunda Liga no ano passado, respira qualidade na posição, na postura em campo e no “toque de bola”... não foge no “miolo do campo” e entrega-se à luta... precisa só de “ganhar corpo”... e isso, como se sabe, é possível!). E confirmámos também a qualidade do ‘Pote’ (Pedro Gonçalves, um talento natural que se sente em cada pormenor), do Nuno Santos (um Capel de cabeça levantada), do Antunes (que vontade de mostrar!), do Porro (empenho), do Feddal (maturidade e experiência de uma grande Liga como a espanhola) e do próprio Adán. Parece-nos que temos um conjunto de jogadores mais equilibrado, com muito jovem talento e com alguns jogadores de indiscutível valia, experiência e maturidade. Com mais algum toque... tenhamos esperança que ainda consigamos mais algum reforço que seja mesmo ‘reforço’!

Infelizmente, a arbitragem nacional já fez das suas... como que a anunciar que connosco esta época vai ser como sempre... a vontade de prejudicar o Sporting Clube de Portugal é manifesta... desta feita um inacreditável pontapé de penálti marcado contra nós numa farsa merecedora de cartão amarelo ao jogador do Portimonense SC (do qual tivemos de recuperar, para ganhar com mérito e categoria o jogo) e um cartão amarelo no jogo com a Belenenses SAD ao Porro, que não fez “farsa” nenhuma... como manifestamente se viu... enfim... arbitragem nacional... o costume, sem emenda e sem perdão!

Noutras bandas, segue o folclore do costume... depois do ridículo “encavinanço”, andam agora atrás de jogadores que não querem vir para Portugal... e de outros da segunda divisão espanhola... com 16 golos marcados na última época, cinco dos quais de penálti... gastando o maior valor de sempre do futebol português num jogador... parece comédia e da má... problema deles e dos mais de 100 milhões que este ano esbanjam... já vejo no hor izonte mais uma “operação coração” travestida de fantástico e heróico empréstimo obrigacionista... ou seja, mais dívida!

Façamos o nosso trabalho! Façamos a reconstrução da nossa equipa de futebol!

VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!!!

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Por André Bernardo
20 Ago, 2020

O objectivo cada ano é, e será sempre, melhorar relativamente ao ano anterior e entrar em cada jogo para ganhar

… aos últimos 38 anos no futebol é o que todos os Sportinguistas querem e, obviamente, no imediato, ao quarto lugar da época passada. 

A questão de sempre é: como?

Podemos alterar somente a capa do livro e persistir em tentar escrever direito por linhas tortas ou então alterar o paradigma e iniciar um novo capítulo com páginas de linhas direitas. 

LINHAS DIREITAS
A pré-época de 2020/2021 vai arrancar no futebol com nove jogadores da formação com uma média de idades inferior a 21 anos. No total do plantel a massa salarial será aproximadamente 18 M€/ano menor relativamente a Setembro de 2018. O ano de 2020 marcará também o regresso da equipa B, após a desistência de há duas épocas em consequência da despromoção para o terceiro escalão do futebol português.  

Foi assim que há dois anos nos propusemos, entre outras coisas, a iniciar um novo capítulo com base na formação (não apenas no futebol), calibrado por contratações dentro dos limites que permitam ao Clube assegurar competitividade mantendo uma estrutura de custos sustentável a médio e longo prazo. A dose que equilibra o modelo pode variar ao longo do tempo e conforme o contexto, mas o modelo não só está definido, como está a ser executado.

E dois anos passados estamos mais perto do rumo que definimos e de ter as linhas direitas.

ESCREVER DIREITO
Linhas direitas é a base para escrever direito, mas não o garante por si só. Tal como o volume de investimento é uma condição necessária para assegurar competitividade com os nossos rivais, embora não suficiente. As evidências mostram com clareza que existe um denominador comum entre os clubes que lideram as principais ligas europeias e que é o fosso financeiro que separa estes clubes versus os seus rivais. Depois há quem invista de forma mais eficiente que os demais.

No que diz respeito ao investimento do Sporting CP nas últimas três janelas de transferências, até porque mais uma vez a criatividade prolifera, gastámos 31,3 M€ em 11 contratações, mais 7,5 M€ por Vietto (no âmbito do acordo por Gelson de 22,5M€*).O Clube registou 80 saídas de jogadores (algumas são renovações), 38 definitivas e 42 temporárias.

Estratégia fundamental para a já referida redução dos custos estruturais com a massa salarial.

No mercado de Inverno de 2018/2019 saíram 28 jogadores, dez definitivamente, 18 temporariamente, e entraram sete jogadores pelo valor de 12,3 M€

No mercado de Verão de 2019/2020 contrataram-se cinco jogadores (incluindo Neto a custo zero e Vietto) pelo valor de 20,5 M€ (13 + 7,5), e entraram mais três jogadores por empréstimo. Saíram 46 no total, 27 de forma definitiva e 19 temporariamente.

No último mercado de Inverno contratou-se apenas Šporar por 6 M€, vendeu-se Bruno Fernandes e emprestámos cinco jogadores.

As análises não devem ser estritamente resultadistas, mas, em resumo das duas épocas pós-invasão a Alcochete, o Sporting CP ganhou no futebol a Taça da Liga e a Taça de Portugal no mesmo ano, feito inédito e que selou a melhor época dos últimos 17 anos e obteve um terceiro e quarto lugares de classificação na Liga NOS. 

O objectivo cada ano é, e será sempre, melhorar relativamente ao ano anterior e entrar em cada jogo para ganhar. E, portanto, na última época queríamos ter escrito mais direito nas linhas ainda tortas. Porém, demos passos fundamentais para endireitar as linhas com a subida de jovens talentos da formação à equipa sénior, a contratação de um treinador e de avanços positivos na consolidação financeira. Quanto ao último, a recuperação de credibilidade financeira está a ser crucial em momento pandémico e crítica na abordagem ao actual mercado de transferências, muito atípico.

ARRANCAR PÁGINAS 
Não podemos arrancar as páginas dos últimos 18 anos, nem as de Alcochete em 2018, nem as da COVID-19. Na minha opinião nem devemos. É preciso olhar para elas com boa memória para nos relembrar dos resultados que, por razões diversas, essas narrativas trouxeram, e do contexto e condicionantes que continuamos a enfrentar. 

Apesar disso, e da ausência na Champions League, já conseguimos contratar os principais targets que tínhamos definido, mantendo-nos em cumprimento com o fair play financeiro

A credibilidade demora muito a construir, mas muito pouco a ser destruída.

ÉPOCA NOVA, NOVA PÁGINA
Iniciamos a pré-epoca com os seguintes jogadores made in Sporting CP: Joelson Fernandes (17 anos), Tiago Tomás (18), Nuno Mendes (18), Gonçalo Inácio (18), Eduardo Quaresma (18), Daniel Bragança (21*), Rodrigo Fernandes (19), Luís Maximiano (21), Jovane Cabral (22).

E contamos com as seguintes novas inclusões: Pedro Porro (20), Antunes (33), Pedro Gonçalves (22), Feddal (30). 

To be continued

 

Editorial da edição n.º 3783 do Jornal Sporting


* correcção à edição impresa e digital do Jornal Sporting onde foi publicado o valor de 30M e a idade de 18 anos. Por estes lapsos, aqui rectificados, as nossas desculpas.

Recomeços

Por Miguel Braga*
20 Ago, 2020

Será uma época onde o Esforço, a Devoção e a Dedicação de cada um serão fundamentais e cruciais para atingirmos a desejada Glória colectiva

Os inícios de época são alturas de esperança, de acreditar, de crença. Que vamos conseguir mais e melhor, levando o Clube e os sonhos dos Sócios, adeptos, jogadores, staff e direcção ao porto desejado.

A época que começa, nas várias modalidades, é uma época atípica, diferente daquilo que todos nós já vivemos: a incerteza relativamente à presença do público nos estádios e pavilhões, o receio de um mercado de transferências peculiar, a ameaça de uma pandemia que parou o país e o Mundo e que nos deixa desconfiados do dia de amanhã.

É neste contexto que as várias equipas do Sporting Clube de Portugal se preparam para o futuro que aí vem. Com a certeza de que, mais do que nunca, esta será uma época onde o Esforço, a Devoção e a Dedicação de cada um serão fundamentais e cruciais para atingirmos a desejada Glória colectiva. Este é o caminho que todos, Sócios, adeptos, jogadores, staff, dirigentes e colaboradores do Clube têm de percorrer.

Esta semana regressaram os trabalhos à Academia Sporting com a esperança renovada em atingir os objectivos que a estrutura se propõe a conquistar. Temos a experiência de jogadores internacionais consagrados, a irreverência da juventude da nossa formação e a chegada de reforços com ambição e qualidade que nos permitem sonhar com uma época que recoloque o Sporting CP no lugar que merece. Temos também um treinador ambicioso, conhecedor do futebol nacional e com uma ideia clara do que quer dentro de campo. Esta combinação só nos pode encher de uma esperança verde e branca, desejosos que a bola volte a rolar, idealmente e se as autoridades o permitirem, com público nas bancadas a apoiar a armada de Rúben Amorim.

Esta semana que passou, o Estádio José Alvalade foi também palco de uma meia-final da Liga dos Campeões e a nossa Academia foi a arena onde o Paris Saint-Germain se treinou para alcançar pela primeira vez na sua história a presença na final da prova principal do continente europeu. Mais uma vez, o trabalho não visível de uma larga equipa Leonina (e não só) permitiu a realização da competição. A todos os envolvidos, os meus parabéns.

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

O Fábio, um amanhã de esperança

Por Juvenal Carvalho
20 Ago, 2020

Este menino será apenas um dos muitos que nunca nos viram ganhar um campeonato nacional de futebol, mas que são incondicionalmente Sportinguistas

Sou, comum dos mortais, alguém que amando incondicionalmente o Sporting Clube de Portugal, tem momentos nos quais não consegue reagir sem tristeza aos hiatos de tempo em que não conseguimos conquistar títulos na modalidade que mais peso tem no nosso Clube, que é obviamente o futebol.

Passei os 50 anos, e apesar de ter apenas ideia de ter ganho cinco campeonatos na minha existência, sendo até em 1974 ainda muito criança, alguém que nunca se demoveu, que nunca desistiu, que acima de tudo consegue viver o Sporting CP acima das vitórias do futebol, que apesar de estarem muito aquém das que gostaria de ter, procura ter sempre uma inabalável esperança a cada começo de época.

E este ano, ou no começo da nova época, como preferirem, e naquele que é o maior período sem conquistar um campeonato nacional na nossa história, estranhamente fui marcado por um episódio que achei diferente, e que a mim, apesar de homem de poucas crenças, me deu um alento, e como se diz na gíria, uma grande fezada.

Numa esplanada na cidade do Porto, onde bebia um café, estava sentado um senhor numa mesa ao lado, quando de repente apareceu uma criança equipada ‘à Sporting’, que aos gritos disse ao avô, vinda de jogar à bola, que tinha marcado muitos golos que dedicou ao Šporar, ao Wendel, ao Coates e ao Matheus Nunes.

Aquele menino era o Fábio, a quem me apresentei, mostrando-lhe o meu cartão de Sócio que lhe fez brilhar os olhos. Estabeleci ali desde logo uma animada e Leonina conversa com ele, dizendo-lhe que também eu vivia assim como ele o Sporting CP desde menino. Ele, nascido na cidade do Porto, e com pais portistas e o avô, um ‘velho Leão’, a quem ele seguiu as pisadas, mostrou um fervor pelo Clube, que os tenros oito anos de idade não o demovem de não ter visto ainda o Sporting CP ganhar um campeonato. Este é dos que deveria dar lições a muitos adultos na arte de amar o Clube.

Este menino, o Fábio, será apenas um dos muitos meninos que nunca nos viram ganhar um campeonato nacional de futebol, mas que de Norte a Sul, bem como nas ilhas e ainda espalhados pelo mundo, são incondicionalmente Sportinguistas.

Dirão os que não sabem o que é vivenciar o Sporting CP, que estranho é este fenómeno de sermos menos ganhadores e ainda arrastarmos tantos jovens. Pois é, mesmo tendo perdido algumas gerações de jovens, porque quem ganha capta mais, uma certeza tenho. Enquanto houverem “Fábios”, o Sporting Clube de Portugal não morrerá.

Aos profissionais do Sporting Clube de Portugal, que iniciaram agora a época 2020/2021, um humilde pedido. Façam o Fábio feliz. Porque com ele feliz, todo o universo Leonino o ficará.

Lutem por cada bola como se fosse a última. Queremos ter amanhãs de esperança. Isso está nos vossos pés!

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