As Leoas
19 Nov, 2020
O mundo do Desporto é de homens e mulheres e de muitas Leoas que de verde e branco nos orgulham e que hoje fazem capa da edição n.º 3794 do Jornal Sporting
Editorial da edição n.º 3794 do Jornal Sporting
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O mundo do Desporto é de homens e mulheres e de muitas Leoas que de verde e branco nos orgulham e que hoje fazem capa da edição n.º 3794 do Jornal Sporting
Editorial da edição n.º 3794 do Jornal Sporting
(...) Quanto a Antónia Braga recordará, com certeza, este ensaio como um dos momentos mais brilhantes da sua carreira. Ainda para mais, contra o eterno rival. Parabéns, Leoa!
O dia estava cinzento e o jogo empatado a zero a meio da segunda parte. Depois da mélêe, ou formação ordenada, ainda atrás da linha dos 22 metros, a equipa adversária comete uma falta – fora-de-jogo – assinalada pelo árbitro. A falta é prontamente marcada pela nossa equipa e com apenas um passe a bola chega a Antónia Braga. O que se passou a seguir foi digno de registo para a posteridade: primeiro com Antónia Braga a passar por fora e em velocidade por duas adversárias; depois, a libertar-se de mais uma com uma troca de pés digna do australiano David Campese; por fim, a corrida vitoriosa até à linha de ensaio contrária, traduzida num sprint de mais de 80 metros com 15 camisolas vermelhas a correr atrás. Foi muito bonito de se ver. O ensaio acabou convertido por Isabel Ozório e o resultado não mais se alterou até ao final: Sporting CP 7-0 SL Benfica.
As nossas Leoas do râguebi estão a honrar a história da modalidade no Clube – a primeira secção de râguebi do Sporting CP faz praticamente 100 anos, data de Outubro de 1922. Apesar de não fazer parte do nosso imaginário recente, a verdade é que a mesma faz parte da nossa história, tendo chegado até nós através da vontade do inigualável Salazar Carreira – que numa viagem a França importou o conceito das camisolas listadas, certamente depois de ver um jogo de râguebi. O autor dos dez mandamentos do Sporting CP fez mesmo parte dessa primeira equipa de 15, conquistando inclusivamente o primeiro campeonato da História do râguebi em Portugal. Em 1926, o Sporting CP deu mais um contributo para a modalidade no nosso país, sendo membro fundador da Associação de Râguebi de Lisboa.
Apesar do sucesso inicial da modalidade, a mesma foi encerrada nos anos 30 e só viria a regressar na década seguinte, fruto da debandada de atletas oriundos do Ginásio Clube Português. No entanto, não foi possível voltar aos anos de glória da modalidade: vencemos apenas dois Campeonatos Regionais de 2.ª categoria nos anos 40 e 50, contra cinco Campeonatos Regionais de 1.ª categoria e outros cinco Campeonatos Regionais de 2.ª categoria nas décadas de 20 e 30. Foi por isso que sem muito espanto ou contestação o râguebi foi uma das três modalidades que o Clube extinguiu em 1964 juntamente com o badminton e o voleibol.
Em pleno século XXI são as nossas Leoas que dão cartas no râguebi, com um palmarés recente recheado de vitórias, tanto nacionais como internacionais. Quanto a Antónia Braga recordará, com certeza, este ensaio como um dos momentos mais brilhantes da sua carreira. Ainda para mais, contra o eterno rival. Parabéns, Leoa!
* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal
(...) E eu sou dos que sempre acreditei no futuro pela base da formação com a inclusão de outras mais-valias, não de hoje, mas de sempre. Serei um romântico? Se calhar sim. Mas ser do Sporting CP tem que ter sempre o seu lado de romantismo
Sabemos todos, e é reconhecido pelos adversários, que somos um Clube eminentemente formador. Um Clube que ao longo dos anos tem dado o crème de la crème ao futebol mundial.
Que deu duas Bolas de Ouro ao Mundo através de dois craques, vindos ambos em tão tenra idade para Alvalade. Falo, como todos vocês o sabem, de Luís Figo, vindo do UFC “Os Pastilhas”, clube da margem sul do Tejo, e de Cristiano Ronaldo, este detectado na Madeira, e vindo do CF Andorinha em tão boa hora para o nosso Sporting CP.
Estes são apenas os rostos principais de tantos, que ao enumerar todos, não só não teria espaço nesta coluna, como correria ainda o risco de me esquecer de alguns, por tão extenso ser o número. Por isso, estes dois representam todos os outros, e foram tantos que espalharam classe nos palcos do futebol mundial, e outros continuam ainda a fazê-lo a cada fim-de-semana.
Este é decididamente o nosso ADN. É com ele que teremos de continuar a trilhar o futuro. E se de futuro falamos, o presente é um bom tónico para alicerçar um futuro que todos queremos de sucesso.
E que melhor esperança num futuro que queremos já ali, e coroado de sucesso, do que ter no nosso plantel tanto jovem da nossa “cantera”. De Luís Maximiano a Tiago Tomás, passando por Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes, Daniel Bragança, João Palhinha, João Mário, Matheus Nunes – este chegado para os sub-23 – Joelson Fernandes e Jovane Cabral, e ainda com vários outros na antecâmara da equipa principal, e que são chamados com regularidade por Rúben Amorim aos treinos da equipa principal.
Como tenho dito, e o discurso de dentro para fora é na minha opinião o correcto, pensando no jogo a jogo, sabendo que o caminho será longo e muito se terá que jogar, a aposta nos jovens da casa, alicerçada em contratações cirúrgicas e que acrescentem valor, terá de continuar a ser a aposta. Mesmo nos anos em que pouco ganhámos – infelizmente ganhamos menos do que todos desejávamos – foi este o rumo que nos faz ainda ser tão grandes e respeitados.
Estamos assim todos esperançados que o caminho do futuro seja já por ali. E o ali é o tentar escancarar o sucesso que anda arredio. Mas com trabalho de qualidade estamos sempre mais perto de, primeiro diminuir o fosso que foi sendo cavado para os principais opositores, para depois acreditar que o fim do mais longo período de abstinência de títulos possa ser a realidade que fará pintar de novo o país de verde e branco.
E eu sou dos que sempre acreditei no futuro pela base da formação com a inclusão de outras mais-valias, não de hoje, mas de sempre. Serei um romântico? Se calhar sim. Mas ser do Sporting CP tem que ter sempre o seu lado de romantismo. Neste belo romance de uma vida que tenho – temos todos – com o nosso Clube.
Capeta, jogadora enamorada pela baliza adversária, já várias vezes foi determinante no sucesso da nossa equipa de futebol feminino
Raramente escrevi esta crónica destacando uma jogadora ou um jogador. Por uma simples razão. A maioria dos desportos praticados no Sporting CP são colectivos e dependem muito mais do jogo conjunto do que da inspiração individual. Mas se se pode falar numa regra desta escrita, é porque há lugar para a excepção. E essa merece-a inteiramente a nossa Ana Capeta, uma avançada, que vagueia bem lá na frente, onde quer que haja oportunidade para fazer golo. Foi sobretudo graças a ela que levámos de vencida o SL Benfica no primeiro dérbi da época. Dobrou Capeta em dois golos de belo efeito e ajudou a construir uma vitória importante para que o Sporting CP recupere o título de campeão, que não é nosso desde 2018.
Este campeonato arrancou perro. Confesso que não sou grande entusiasta desta Liga com duas zonas geográficas. Talvez a intenção seja potenciar uma fase final mais disputada. Mas o resultado tem sido uma fase inicial pouco interessante. Também por isso aguardava o jogo de sábado com expectativa, contra o adversário de maior calibre desta fase. O Sporting CP apresentou-se mais compacto do que na época passada e com o jogo mais controlado. O primeiro golo, para ver e rever, é ainda na primeira parte, um tiro portentoso, ao alcance de poucos pés direitos dos campeonatos nacionais (incluindo masculinos). Pura arte em movimento. Na segunda parte, Capeta repetiria a dose com um remate cruzado em força para o fundo da baliza benfiquista. Raquel Fernandes fecharia a contagem com uma excelente desmarcação e finalização à matadora. Vitória categórica frente a um dos candidatos ao título com exibição convincente. Não se pode pedir mais.
Capeta, jogadora enamorada pela baliza adversária, já várias vezes foi determinante no sucesso da nossa equipa de futebol feminino. Sportinguista não esquece do golo marcado contra o SC Braga no campeonato de 2018, um remate em arco em jeito tipicamente capetiano, mesmo a fechar a partida. Como também se lembra do golo de Capeta que nos valeu a Taça de 2017. Ou dos três golos que levaram para o Museu a Supertaça também de 2017. Há um efeito Capeta que resolve jogos e que, juntamente, com toda a nossa equipa orientada por Susana Cova, esperemos que dê títulos nesta época.
(...) Afinal não somos mesmo iguais a “outros”, aos “outros desse poder bicolor” que corrói o desporto em Portugal… o processo Cashball pariu (como já ouvi dizer) um “cashnada”! Ao melhor estilo da “montanha pariu um rato”!
1. CASHBALL – foi recentemente divulgada a notícia do arquivamento do denominado “Processo Cashball” no que ao Sporting CP e aos seus antigos dirigentes diz respeito. A notícia não podia ser melhor! Afinal, no que ao SCP e aos Sportinguistas diz respeito, o processo não apurou nada. Muito pelo contrário! O processo continua – isso sim – contra o denunciante! Ou seja, virou-se o “feitiço contra o feiticeiro”! E fica a nossa fundada ideia que afinal este processo e todo o “circo mediático” que ululantemente se formou à volta do mesmo foram uma enorme cabala montada para denegrir o SCP! Uma agenda que foi urdida para nos prejudicar! Sei muito bem quem eram os dirigentes na altura – presidente Bruno de Carvalho e André Geraldes, ex-team manager do nosso Clube – e a verdade é que não mereceram, nem eles (nem nós) tudo porquanto e quanto a este processo diz respeito tiveram (tivemos) de passar! Fomos na altura enxovalhados em todo o lado! Andamos, aliás, a ser enxovalhados nestes últimos dois anos e meio, sempre que alguém se lembra de trazer esse assunto para a mesa de discussões, a fim de o usar e utilizar como “arma de arremesso”! Estamos a falar de corrupção! Estávamos! Afinal não somos mesmo iguais a “outros”, aos “outros desse poder bicolor” que corrói o desporto em Portugal… o processo Cashball pariu (como já ouvi dizer) um “cashnada”! Ao melhor estilo da “montanha pariu um rato”! E importa ainda apurar o que já foi noticiado e está no relatório da Polícia Judiciária (PJ). Estou, naturalmente, a referir-me ao facto – conforme relata o Expresso – de no relatório da PJ se mencionar que o empresário denunciante, ora arguido acusado, ter recebido 30 mil euros do Correio da Manhã (CM) para dar uma entrevista sobre os alegados pagamentos corruptos a árbitros de andebol e jogadores de futebol. O director desse jornal já veio dizer que essa alegação é “surreal” e que tem a certeza que não saiu “um cêntimo do orçamento do CM” para pagar qualquer entrevista. As voltas que a vida dá…
2. IPDJ – outra enorme polémica prende-se com as notícias sobre outro processo em investigação pelo Ministério Público. Trata-se das inenarráveis afirmações imputadas ao ministro da Educação que terá dito (e – entre outras coisas – é isso que o inquérito irá apurar) que o “Benfica está acima da lei! Nós não podemos tratar todos os clubes de igual modo. O SLB tem mais adeptos do que a população de alguns países”… e – para não ficar só – o secretário de Estado do Desporto terá adicionado ainda mais frases como esta “Mas você pensa que alguma vez o SLB vai deixar de jogar no seu estádio?”… vi isto escrito na imprensa do nosso Portugal, em títulos, em notícias várias… e pergunto, mas estou a ler bem? Mas será isto admissível? Todas estas frases terão sido produzidas no âmbito de reunião com o anterior presidente do IPDJ, curiosamente dispensado antes de ter terminado o seu mandato. É obvio que tudo “isto” tem de ser apurado! E é obvio que se existir algum fundamento de verdade nestas notícias então o senhor ministro e o seu secretário de Estado já devem saber o que têm mesmo de fazer. Não se podem tolerar afirmações deste tipo no nosso Portugal! São inadmissíveis. E muito me estranha que não tenha vindo ainda ninguém das mais altas figuras do Estado falar nisto. Porque “isto” mexe com milhões de portugueses! Muitos mais milhões do que aqueles que parecem merecer tanto “respeitinho”! E – noutras ocasiões – sim, ouvimos essas figuras pronunciarem-se! Somos um Estado de direito! Ninguém, nenhum cidadão, nenhuma entidade colectiva, está acima da Lei! É básico que assim seja! É democrático! E é bom recordar que a Luz – a mesma Luz (anterior estádio), mas em 1970, no tempo da “outra senhora” – foi interditada por oito jogos, depois de célebre jogo com o CF “Os Belenenses” em que houve invasão de campo e o árbitro foi protegido por um jogador e grande figura desse clube chamado Toni. Será que 46 anos depois do 25 de Abril se perdeu a coragem de tratar as coisas como devem ser tratadas? Não pode ser!
3. O MEU ÚLTIMO ARTIGO – há momentos na vida em que as coisas nos saem bem. Deve ter sido o que me aconteceu com a coluna que escrevi na semana passada. Nunca recebi tantos comentários (largas, muitas largas dezenas). Confesso que todos muito positivos e elogiosos. Fiquei contente. É humano. Ainda bem que “toquei” em tanta gente. Recebi muitos telefonemas, e-mails, SMS e mensagens de WhatsApp. Um deles tocou-me de modo muito especial, pois dá nota de… “é como tu dizes, temos uma capacidade única de renascer… dá-me um consolo imenso pensar que os meus três netos, todos eles já Sócios, irão poder ter e usufruir deste maravilhoso Clube que é o nosso e dos nossos Filhos e já foi dos nossos Pais e Avós! É uma enorme alegria poder viver o SCP desta maneira. Vitorioso, organizado, com valores, forte e com futuro. Vamos continuar a sonhar. Jogo a jogo. Mas sempre com a mesma paixão pelo Clube, independentemente dos órgãos sociais. Unidos, como tu bem apelas!”. É esta a nossa massa associativa! Gente que não desiste, que nunca desiste! Gente que transmite aos filhos, aos netos, o que recebeu dos pais e dos avós! Nós somos uma Família! Sim, com muitos problemas, como todas as Grandes Famílias sempre têm! Mas uma Família! A Família SPORTING! Obrigado, meu amigo e colega advogado, Bernardo Ferreira!
São os verdadeiros escudeiros dos tempos modernos, fiéis companheiros de luta, independentemente dos resultados, nas horas boas e nas menos boas, sempre presentes na longa estrada da competição
Nesta edição do Jornal Sporting damos a conhecer os guardiões da nossa camisola. São eles que cuidam, preparam e estimam o equipamento com que os nossos atletas entram em campo. São os verdadeiros escudeiros dos tempos modernos, fiéis companheiros de luta, independentemente dos resultados, nas horas boas e nas menos boas, sempre presentes na longa estrada da competição. São também os primeiros a chegar e os últimos a sair depois de suadas as camisolas (páginas 14 a 18). São anos e anos dedicados ao Clube, aos jogadores, ao Desporto Nacional. A todos, o nosso muito obrigado.
O último fim-de-semana foi novamente 100% vitorioso. Onde entrámos em campo, conseguimos trazer a vitória, elevando o nome do nosso Clube, construindo as bases de uma época que se apresenta longa, difícil, num contexto nunca vivido, com as bancadas dos estádios e dos pavilhões ainda despidas de adeptos. Vivemos, de facto, numa altura única, mas contamos e queremos contar com o apoio de todos os Sportinguistas. Esperamos que em breve, ou o mais rapidamente que as nossas autoridades permitirem, possamos contar com todos nas bancadas a apoiar as nossas equipas e os nossos atletas. Este terá de ser o caminho do Sporting CP.
Uma palavra também para um dos maiores atletas de sempre do nosso país, Bessone Basto, uma lenda Leonina viva, homem de vários desportos, atleta de excelência que provou o seu valor em mais do que uma modalidade. É de homens assim que é feita a nossa História, do seu suor, das suas vitórias e superações. A grandeza do Sporting é também carregada nos seus ombros (páginas 3 e 4).
Os campeonatos ainda agora começaram, mas é de assinalar o facto de o Sporting CP estar na frente em mais do que uma modalidade. No futsal, a equipa de Nuno Dias tem o registo imaculado de sete vitórias em sete jogos, sendo que até ao momento Cardinal é o máximo goleador da prova com nove golos e Merlim o rei das assistências, com oito. No basquetebol, depois da extraordinária vitória na Taça de Portugal, os Leões de Luís Magalhães também se encontram invictos, liderando a prova com cinco vitórias em outros tantos jogos. No hóquei em patins, os pupilos de Paulo Freitas cederam apenas um empate e conquistaram seis triunfos, liderando também a classificação. No andebol o campeonato está ao rubro e a equipa de Rui Silva implacável, com nove vitórias em nove partidas.
Last but not the least, no futebol conseguimos o melhor arranque dos últimos anos, com a equipa de Rúben Amorim na frente da Liga NOS, sendo até à data a única equipa sem derrotas do campeonato. As exibições e os golos de Pedro Gonçalves, a segurança de uma defesa comandada pelo nosso capitão, a consistência de João Palhinha e a magia de João Mário, a presença de vários jogadores oriundos da nossa formação, a garra contagiante de Nuno Santos, mas especialmente o espírito de grupo construído, são factores que permitem a todos sonhar. Neste caso, tão importante como sonhar, será fazê-lo com os pés bem assentes na terra, nunca fugindo do objectivo delineado por toda uma estrutura: jogo a jogo, apenas e somente isso. As contas serão feitas no final.
* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal
Sabemos que estamos numa fase inicial da época desportiva. Mas como também todos o sabemos, o caminho faz-se caminhando. E parece que estamos a trilhar o caminho certo que nos pode fazer ouvir bem alto o Rugido do Leão
Depois de um sábado completamente ganhador, com vitórias no hóquei em patins ante o FC Porto, e com dose tripla de conquistas frente aos vimaranenses em basquetebol, voleibol e futebol, e todas elas em forma de passear classe, eis que no domingo de manhã, e com uma noite bem dormida, com o sono dos justos de um Leão feliz, acordei cedo não só para ler a imprensa, mas sobretudo para ver a equipa B de futebol, onde estão na forja mais Leõezinhos para dar o salto – saltou-me à vista a forma como Pedro Marques cheira o golo –, mas vê-se classe sobretudo naquele colectivo, quando terminado o jogo com mais uma vitória e a confirmação da liderança, e no intervalo do começo de mais uma conquista do nosso voleibol – mais tarde também o futsal haveria de dar mais um “chocolate”, continuei sintonizado na Sporting TV e vi o sempre fantástico programa Porta 10-A.
E se todos eles são com vultos da vida Leonina, este foi com uma referência da minha adolescência, e que simbolizou como poucos o momento vivido nos dias de hoje pelas equipas representativas do Sporting CP: garra, alma, alegria e fome de conquista.
Falo de António Nogueira. Um Leão, que chegado tarde – 29 anos – ao Clube do seu coração desde menino, não deixou de pincelar a sua marca com a conquista de um Campeonato Nacional e uma Taça de Portugal, na dobradinha de 1981/1982, e deixou sobretudo aquilo que expressou na entrevista. Uma vontade indomável, em que espalhou classe, mas sobretudo uma garra inusitada e uma vontade de vencer que acabaria por surgir de forma natural. Falou com estima de Malcolm Allison – o célebre “Big Mal”, treinador campeão dessa época, bem como de todos os colegas de equipa de então, mas sobretudo do “trio maravilha” formado por António Oliveira, Manuel Fernandes e Rui Jordão, que eram na realidade de uma categoria ímpar. Foi um recordar de tanta coisa da minha parte enquanto o ouvia deliciado.
E ao recuar no tempo com a forma emocionada com que António Nogueira falava do “seu” Sporting CP, situei-‑me também no momento actual. Vejo na nossa equipa de futebol, bem como nas restantes modalidades, uma vontade e uma alegria de jogar que nos garante um momento que nos pode trazer alegrias futuras. Sabemos todos que estamos ainda numa fase inicial da época desportiva. Mas como também todos o sabemos, o caminho faz-se caminhando. E parece que estamos a trilhar o caminho certo que nos pode fazer ouvir bem alto o Rugido do Leão.
Termino como por vezes ecoa no estádio e no pavilhão através do nosso speaker. Continua, Sporting... continua!
A longa caminhada do campeonato ainda agora começou. Falta muito futebol. Mas há algo que podemos dar como assente: este é o Sporting CP que Sócios e adeptos querem ver jogar
Aproveitando a pausa para os jogos das selecções, é altura de fazer um balanço do percurso da nossa equipa no campeonato. Sete jogos disputados e o Sporting CP lidera a classificação com seis vitórias e um empate contra o FC Porto. É a equipa que mais vezes marcou, com 19 golos, tendo sempre concretizado, pelo menos, dois golos. Aliás, nos últimos três jogos, marcou, ao todo, 11. Também somos a equipa que menos golos sofreu, com apenas quatro tentos concedidos. Somente por uma vez o Sporting CP sofreu dois golos, contra o FC Porto. Em quatro das seis vitórias, a nossa baliza manteve-se inviolada, sem que Adán tivesse de ir buscar a bola ao fundo das redes. Números que demonstram consistência defensiva, oportunidades de golo e um colectivo empenhado. E que acabam por ter reflexo nalgumas prestações individuais: Pote é o melhor marcador da primeira liga, com sete disparos certeiros, sendo até dos jogadores europeus que mais rapidamente está a marcar golo, como indica o sempre interessante GoalPoint.
Uma prestação que não surge por acaso. Houve uma profunda renovação que se tem revelado acertada. No último jogo, contra o Vitória SC, alinharam como titulares pelo Sporting CP nada mais nada menos do que oito jogadores que no ano passado não faziam parte da equipa. Já falámos de Pote. Mas também temos de falar de Adán, Feddal, Porro, Nuno Santos, Palhinha e João Mário. Tal como de valores que começam a ser seguros: Nuno Mendes, Tiago Tomás, Matheus Nunes e Daniel Bragança. Isto numa equipa que deixou de contar com Mathieu, Vietto, Acuña e Wendel. Afinal, não houve uma renovação, houve sim uma autêntica revolução. O Sporting CP mudou muito desde a época passada. Mas mudou muitíssimo bem. Sobretudo porque contratou quem precisava para onde precisava, desde a baliza até à frente. Tendo feito negócios que demonstram acompanhamento atento da realidade do futebol nacional. O caso de Nuno Santos é exemplar. O extremo, que mostrava muita qualidade no Rio Ave FC, não sendo titular indiscutível, leva três golos e três assistências.
Palavra final para Rúben Amorim, que aplica as suas convicções tácticas de forma convicta e é um exímio comunicador, para dentro e para fora. A forma como preparou a pré-época e como tem gerido os recursos da Academia confirma o seu valor. Um balanço nesta altura é apenas isso, um balanço. A longa caminhada do campeonato ainda agora começou. Falta muito futebol. Mas há algo que podemos dar como assente: este é o Sporting CP que Sócios e adeptos querem ver jogar.
Vamos ter no futuro, mais breve que tarde, horas difíceis. Pois bem, preparemos esses momentos para em unidade nos defendermos! Porque só unidos poderemos vencer!
Fomos no sábado à noite a Guimarães, berço da nacionalidade! E que bem que jogámos. Categórico! Pujante! Entrada de Leão! Jogo controlado! Quase todo o jogo foi mesmo muito bem controlado. E aquela permanente sensação de que qualquer percalço seria sempre resolvido. A mesma sensação, aliás, que temos quando atacamos… a sensação de que todos os nossos ataques podem resultar em golo! Parece simples! Até parece mesmo simples! Mas não, não é! É fruto do trabalho, da dedicação, do empenho, da devoção, do querer, do esforço! Dá gosto ver esta equipa a jogar. O melhor ataque e a melhor defesa do campeonato. Líder incontestado à 7.ª jornada. Com quatro pontos de avanço sobre a dupla de segundos classificados e sete sobre o quarto classificado. Todos favoritos para este campeonato, no qual – nós, Sporting CP – iríamos fazer figura de corpo presente, lambendo continuadamente as nossas feridas. Esse foi o “programa” apresentado e anunciado em todos os areópagos do nosso futebol. Repetido à exaustão por todos os “cientistas” do ludopédio nacional. Bem, mas depois… depois começou o campeonato nacional e esses seres… do alto da sua cátedra demoraram a ver, demoraram a acreditar… demoraram a perceber… porque eles, esses “pseudocientistas”, afinal não percebem nada de nada! Não percebem nada de bola! Sim, dessa, da “redondinha”! Mas o Rúben Amorim, sim! O Rúben Amorim percebe! O tal que era caro demais, que não valia nenhum milhão… quanto mais dez! Calaram-se, esses “crânios” calaram-se! Essas “luminárias” fundiram-se! E oxalá assim continuem… reduzidas ao triste espectáculo de terem de balbuciar tropegamente razões para desdizerem o que ainda há escassas semanas bolsavam… quando se entretinham com fel a denegrir o Sporting CP! E impiedosamente calcavam em cima do nome do nosso grande amor… o Sporting Clube de Portugal!!! Mas este Clube, este nosso SCP, é gigante, é enorme, é lendário! E – qual fénix – renasce, renasce sempre! Agora temos um grande treinador, uma bela equipa, fizemos óptimas e cirúrgicas contratações, mantivemos os jogadores experientes que deveriam compor o nosso balneário, promovemos enormes talentos da nossa Academia! Mas – na altura em que esse trabalho foi feito, jogador a jogador, um por um – eles não viram, eles não perceberam… eles nem sonharam… porque eles, afinal, de bola… nada sabem! De Sporting nada percebem!
E agora nós, Leões, estamos todos na hora de – em uníssono e com os pés bem assentes no chão – apoiarmos o nosso SCP! Ajudarmos. Acarinharmos a nossa equipa. Vamos ter no futuro, mais breve que tarde, horas difíceis. Pois bem, preparemos esses momentos para em unidade nos defendermos! Porque só unidos poderemos vencer! E sim, em cima de nós, virá desabar o dilúvio desse obscuro, tentacular e subterrâneo “poder bicolor”, que – atarantado, roído pela inveja, pelo ciúme – espreita a sua hora, a hora de nos destruir, pela insídia, pelo veneno, pela deslealdade!
Entretanto, enquanto o SCP fazia o seu “trabalho de formiga”, outros – quais “cigarras” – prepararam a sua equipa com muitas dezenas de milhões… e que belos espectáculos têm proporcionado! Palhaçadas contínuas! Hilariantes! E conseguiram mesmo “truplicar” o anedotário nacional! Uns pândegos… essas autênticas toupeiras de circo! E que – depois de terem eleito o seu “koreano” líder – todos os dias continuam a ver nascer novas buscas, novas suspeitas… até se gozar a bom gozar no nosso planeta Terra com o prémio que o nosso povo já lhes atribuiu… o Prémio Buskas!!!
Por último, nas modalidades vamos também de “vento em popa”… o aperitivo na tarde de sábado foi, aliás, a bela vitória sobre os dragões, dizimados com quatro golos sem apelo nem agravo no nosso fantástico Pavilhão João Rocha!
VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!!!
Júlio de Araújo fez isso e muito mais. Homem de grandes ideias e visão, fez de tudo para apetrechar a equipa de futebol com um grande treinador
Desde o início dos tempos que o Sporting Clube de Portugal prima por ser pioneiro no Desporto no nosso país. A nossa História, dos nossos atletas e dirigentes, é um mar de vontades que lutaram contra várias correntes, fazendo do Sporting CP aquilo que ele é, com os nossos valores e vontade de vencer. Nesta edição do Jornal Sporting recordamos um pouco da segunda década do século XX que foi repleta em acontecimentos que marcaram para sempre o Clube.
A começar pela criação do nosso Jornal – na altura “Boletim do Sporting” – que nasceu para ser o primeiro dos clubes portugueses, mas também fazer frente aos adeptos e seguidores do eterno rival e da pressão por si exercida sobre os árbitros e a uma certa discricionariedade da imprensa desportiva de então. Foi pela mão do presidente Júlio de Araújo (páginas 3 e 4) que se começou a escrever sobre a égide do Leão, num primeiro número com a sua “Razão de Ser”.
Foi também por esta altura que o Sporting quis deixar de ser apenas de Lisboa para se estender ao país, com a criação do movimento das filiais e delegações, multiplicando o seu número de associados em dez vezes, dando ao Clube outra força, outra vitalidade, outra raça. Mais uma vez, foi a visão e a resiliência de Júlio de Araújo que permitiu ao Clube este crescimento exponencial.
Mas Júlio de Araújo fez isso e muito mais. Homem de grandes ideias e visão, fez de tudo para apetrechar a equipa de futebol com um grande treinador. E foi assim que o Sporting CP se sagrou pela primeira vez Campeão de Portugal, ganhando ainda dois Campeonatos de Lisboa. Desportista convicto, foi um ávido praticante de várias modalidades, contribuindo mais tarde para a hegemonia do Clube tanto no atletismo como na natação.
Tão importante foi o registo que fez para a História dos primeiros anos do Clube a pedido de Francisco Gavazzo. Mais tarde, já na década de 1960, voltou a contribuir para o nascimento do livro de Eduardo Azevedo, “História e Vida do Sporting Clube de Portugal”, sendo por isso responsável por grande parte da vida do Clube que nos chegou por esta via.
Miguel de Cervantes escreveu um dia que “a História é testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro”. Conhecer a História do Sporting CP ajuda-nos a preparar o caminho que temos e queremos percorrer. É tempo de unir esforços e de perceber que aquilo que nos une, o Sporting CP, tem de ser sempre superior às nossas diferenças. Em todas as modalidades o melhor remédio são as vitórias, mas também a atitude competitiva, o querer fazer mais e melhor, o continuar a lutar, se necessário, contra tudo e contra os demais. No próximo fim-de-semana voltamos a competir em várias frentes depois do recuo do Governo relativo às competições extrafutebol profissional.
Quem não recua sobre a proposta de divulgação do áudio do VAR é o Sporting CP. No universo do Desporto há vários exemplos que deveriam ser seguidos e contribuiriam para continuar o processo da credibilização da arbitragem em Portugal. A ler (nas páginas 28 e 29) a entrevista a Pedro Azevedo, antigo árbitro e actual comentador do programa Raio-X Sporting, da Sporting TV.
Por último, no passado mês de Outubro, o Clube disse adeus a duas figuras emblemáticas: Gomes Ribeiro, “um homem que nos vai fazer muita falta”, segundo as palavras de Aurélio Pereira; e Joaquim Miranda, paraquedista, ex-pugilista e antigo campeão nacional na categoria de pesos-pesados ao serviço do Sporting CP. Exemplos de esforço, devoção e dedicação que tanto contribuíram para a glória do nosso Clube. Às suas famílias e amigos, os nossos mais sinceros sentimentos.
* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal