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Opinião

Esforço, Dedicação, Devoção e Glória

Por Juvenal Carvalho
16 Jun, 2022

O andebol do Sporting Clube de Portugal aplicou na plenitude o lema do nosso Clube, no passado fim-de-semana em Matosinhos. O Esforço, a Dedicação e a Devoção foram o verdadeiro mote para alcançar a tão ansiada Glória, que deixou em êxtase os Sportinguistas presentes no pavilhão, e muitos foram, bem como os milhares que viram através da televisão a conquista da décima sexta Taça de Portugal da modalidade, a que acrescem ainda no palmarés duas Taças Challenge, − o que faz de nós o clube português que mais competições europeias ganhou na modalidade − bem como 21 Campeonatos Nacionais e três Supertaças, num palmarés digno da grandeza da nossa instituição. 

No Desporto fala-se muitas vezes em projectos e em 'anos zero'. Valendo isso o que vale, a verdade é que a forma como o Sporting CP este ano apostou na modalidade, de forma assertiva, e sobretudo a mudar o paradigma do que vinha sendo feito ultimamente.

Este ano, a juntar aos jogadores da nossa "cantera", como Manuel Gaspar, Francisco Tavares, Edmilson Araújo, Salvador Salvador e António Machado, a aposta foi em jovens − e que jovens − de tanto talento como os irmãos Martim Costa e Kiko Costa, este último não me lembro mesmo de ter visto algo parecido com apenas 17 anos,  que vieram acompanhar o seu pai e treinador Ricardo Costa, numa aposta muito acertada pela secção, a que juntaram ainda André José e o georgiano Erekle Arsenashvili, jovens promissores vindos do ABC de Braga, o guarda-redes tunisino Yassine Belkaid vindo do Vitória de Setúbal, os jovens cubanos Hanser Rodriguez e Ronaldo Almeida, num protocolo com Cuba que pode dar frutos futuros. Vieram ainda os espanhóis Natán Suarez, Josep Folqués e Mamadou Gassama, bem como o pivot dinamarquês Jonas Tidemand que se juntariam à maturidade nesse tão bom binómio experiência versus juventude, que asseguraram Matevz Skok, o "mago" Carlos Ruesga e o "bombardeiro" alemão Jens Schongarth, importantíssimos nesta conquista e na época excelente que o andebol fez.

Se no campeonato nacional foram detalhes e até o excesso de dureza permitida aos "dragões" pelos árbitros no jogo do 'João Rocha' que tudo decidiu, na Taça tudo mudou. Foram uns Leões famintos e esplendorosos que venceram na meia-final o eterno rival e na final com dois prolongamentos de sangue, suor e lágrimas, o rival do Norte,

Claro que em nada existe a perfeição e mesmo o que está bem pode ser melhorado. Mas objectivamente o que foi feito, e coroado de êxito, foi simplesmente fantástico. Agora, que está fechado o pano de 21/22, já ansiamos pela nova época, em que temos perspectivas de entrar na Champions League através de um wild card pelo segundo lugar alcançado no Campeonato Nacional.

Este Leão, pese ter contornos de "bebé", deixou o registo de umas unhas bem afiadas e uma marca identitária de tanto querer.

Agora é continuar o trabalho. A qualidade está lá. E quando assim é, o êxito fica mais próximo.

O Sistema que insiste em não mudar

Por Miguel Braga
09 Jun, 2022

Editorial da edição n.º 3875 do Jornal Sporting

Para modernizar e tornar mais transparente o futebol português, o Sporting CP apresentou esta semana na Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional várias propostas nesse sentido.

Da mesma forma que só nos podemos congratular pela aprovação da proposta para que as sanções de suspensão passem a ser cumpridas obrigatoriamente entre a data do primeiro e do último jogo oficial de cada época – acabando de uma vez por todas com os famigerados “castigos nas férias” −, não podemos deixar de lamentar que os nossos rivais tenham recusado a aprovação de medidas que melhorariam o futebol português.

Medidas estruturais, como o acesso às gravações das conversas entre a equipa de arbitragem e o VAR, para uso de prova em sede de procedimento disciplinar – para não ir mais longe e falar na constante resistência contra aquilo que já podemos ver em outras modalidades, como no rugby, em que os árbitros explicam as decisões aos capitães, explicação essa audível no estádio e nas transmissões de televisão, com inegável valor didáctico −, ou até outras, mais simples, como o mudar de lado do banco de suplentes, que permitiria minimizar a pressão das equipas da casa sobre as equipas de arbitragem.

Também o Conselho de Arbitragem da FPF deu parecer negativo à nossa proposta sobre os áudios argumentando que a FIFA e o IFAB são contra. Há dez anos também eram contra o VAR que hoje tem a importância que tem. Estar na vanguarda implica isso mesmo, mudar as mentalidades, liderar os processos.

Em Dezembro de 2020, o Sporting CP promoveu o webinar “VAR Future Challenges” que reuniu vários especialistas internacionais para auscultar problemas e debater possíveis soluções para melhor utilização da ferramenta que chegou para ficar no futebol: o VAR. Relembro que estiveram presentes Paddy O'Brian e Nigel Owens, árbitros internacionais de rugby (modalidade com a sua própria versão do VAR, designada TMO – Televison Match Official), Keith Hackett, antigo árbitro inglês de futebol, Greg Barkey, árbitro da MLS (Liga Norte-Americana de futebol), Gijs de Jong, secretário-geral da Federação Holandesa de Futebol, Alexander Ernst e Jochen Dree, da Federação Alemã de Futebol, Helena Pires, da Liga Portugal e também José Fontelas Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). 18 meses depois, parece que ainda não começámos a caminhar rumo a um futuro melhor.

A mudança requer coragem e não desculpas para justificar o desfasamento entre a reprovação das propostas apresentadas e o discurso público de alguns. O Sporting CP continuará a trabalhar em prol de um futebol mais transparente, mais justo e mais moderno. E, por certo, continuará também a lutar sempre contra este sistema instalado que insiste em não mudar.

Vantagem

Por Pedro Almeida Cabral
09 Jun, 2022

Em boa hora regressou o hóquei em patins ao Pavilhão João Rocha. Depois de um jogo no rinque do SL Benfica em que, de parte a parte, houve cenas que nada têm a ver com o desporto, o terceiro jogo da meia-final do Campeonato Nacional de hóquei em patins entre o Sporting Clube de Portugal e o SL Benfica foi exemplar. Por várias razões. A primeira foi que ambas as equipas se entenderam e jogaram sem picardias nem discussões. Como deve ser. Além disso, o embate foi um belíssimo espectáculo sobre rodas, fluído e emocionante, com jogadas bem desenhadas e golos fabulosos. Nas bancadas, os Sócios e adeptos responderam à convocatória do nosso treinador Paulo Freitas e recriaram um grande ambiente, empurrando a nossa equipa para uma clara vitória por 4-2. Por fim, talvez tenha sido o melhor jogo do Sporting Clube de Portugal este ano contra o SL Benfica. Vencemos. Mas sobretudo convencemos que podemos estar novamente na final e defender o título de campeões nacionais perante o FC Porto. 

Os triunfos são mais saborosos quando exigem mais de nós. E foi o que sucedeu. O SL Benfica entrou fulgurante e numa fase inicial do desafio adiantou-se no marcador. Mas os nossos hoquistas souberam reagir. Em vez de deixar os adversários abalançarem-se para o segundo e cavarem vantagem, o nosso “cinco” cresceu e partiu para cima do jogo. Ferran Font abriu a contagem e Gonzalo Romero, em recarga de livre directo, fechou a reviravolta ainda antes do intervalo. Na segunda parte, toda a ofensiva Leonina cresceu, com o SL Benfica a ficar mais recuado. Seria Alessandro Verona a dar corpo a esse domínio: desferiu uma potente stickada de fora da área ao ângulo e fez o golo da noite. João Souto, assistido por Ferran Font, faria o nosso quarto golo. O SL Benfica ainda reduziria marcando o segundo. Mas já era tarde para inverter o rumo da vitória Leonina, que não deixou dúvidas nem levantou hesitações.  

Estamos em vantagem na eliminatória. E uma vantagem é apenas isso mesmo: uma vantagem. Nada está ganho nem resolvido. Vamos sexta-feira ao Pavilhão da Luz cientes que estamos perto. Mas não estamos lá. É necessária toda a frieza, concentração e aprumo táctico para ganhar mais um jogo perante o SL Benfica. Como disse o nosso guardião Ângelo Girão antevendo esse jogo, “vamos dar tudo para vencer”. Pelo que jogou a equipa nesta memorável vitória, acreditamos todos que assim será.

Chen Shi Chao o "Senhor Ténis de Mesa"

Por Juvenal Carvalho
09 Jun, 2022

Ganhar é decididamente o nome do meio do nosso ténis de mesa. É de antanho. E por falar em antanho, eu ainda sou do tempo, como naquele tão bem conseguido slogan publicitário, de assistir a jogos fantásticos na sala da central do velhinho Estádio José Alvalade, tempo esse em que os jogos eram às sextas-feiras à noite e que entravam, quando equilibrados, e com a sala completamente cheia, literalmente pela noite dentro.

Do tempo em que pontificavam então José Alvoeiro, José Barroso, José Marquês e Ivanoel Moreira, entre outros, e em que pouco tempo depois, mais concretamente em 1989, haveria de chegar ao nosso país Chen Shi Chao, o "chinês voador". Quem diria que passados 33 anos, e com apenas um breve interregno de Leão ao peito, se tenha tornado um mestre, uma verdadeira lenda. É mesmo o "senhor ténis de mesa" do nosso clube... com três décadas com inúmeros troféus entre jogador e treinador. Que personifica na plenitude o ideal de Francisco Stromp. Chen Shi Chao, com quem privei fugazmente, pese ser espectador assíduo da modalidade, é um homem de grande humildade e carácter. Daquela têmpera com que se fazem os verdadeiros campeões.

Quando chegou a Portugal pontificavam então jovens como Pedro Miguel, Nuno Dias e João Portela, também eles integrantes de uma geração dourada com inúmeros títulos. Hoje, aos 61 anos de idade, Chen Shi Chao convive com as conquistas dos seus comandados com uma incrível naturalidade. No passado dia 7 de Junho o Sporting Clube de Portugal, ao derrotar os açorianos do Juncal, alcançou o seu trigésimo nono título de campeão nacional, com o primeiro a datar de 1946, a que junta mais 33 Taças de Portugal e 16 Supertaças. Um historial incomparável e sem paralelo na história da modalidade. Se hoje é Miguel Almeida o coordenador do ténis de mesa, um homem que me dá a honra de ser seu amigo, tal como Estevão Correia e Carlos Santos, também dois amigos e dirigentes de muitos anos que ainda por lá andam na modalidade que amam, não me posso esquecer de José Dias, Folga da Silva, e do também meu bom amigo Adérito Ribeiro, que deram tanto da sua vida em prol desta modalidade. Sendo o ténis de mesa uma modalidade universal, praticada por milhares e milhares, com a China a ser a sua "pátria", Chen Shi Chao é, aos dias de hoje, a figura maior no nosso Clube de uma modalidade com uma história imensa desde os primórdios da mesma. Tantas e tantas figuras nos deram alegrias atrás de alegrias. Quem diria que aquele jovem de então, chegado ao Sporting CP há 33 anos, se tornaria uma lenda do nosso Clube? Mas sim, é factual. Falar de ténis de mesa do nosso Clube sem falar de Chen Shi Chao, o nosso "mestre", é impossível. Mais uma vez foi o treinador campeão, liderando desta feita o trio de jogadores formado por Diogo Carvalho, Diogo Silva e Bode Abiodun.

 Parabéns a todos!

 

 

PS − No passado domingo, dia 5 de Junho, fui galardoado em Ílhavo pelo núcleo daquela cidade, presidido por António Rosa Novo, com o 'Moliceiro' ao "lado" de Edgar Vital, o meu 'pai' desportivo. Um orgulho imenso. Um momento que jamais esquecerei. Saí de lá ainda mais Sportinguista.

 

Ganhar é decididamente o nome do meio do nosso ténis de mesa. É de antanho. E por falar em antanho, eu ainda sou do tempo, como naquele tão bem conseguido slogan publicitário, de assistir a jogos fantásticos na sala da central do velhinho Estádio José Alvalade, tempo esse em que os jogos eram às sextas-feiras à noite e que entravam, quando equilibrados, e com a sala completamente cheia, literalmente pela noite dentro.

Do tempo em que pontificavam então José Alvoeiro, José Barroso, José Marquês e Ivanoel Moreira, entre outros, e em que pouco tempo depois, mais concretamente em 1989, haveria de chegar ao nosso país Chen Shi Chao, o "chinês voador". Quem diria que passados 33 anos, e com apenas um breve interregno de Leão ao peito, se tenha tornado um mestre, uma verdadeira lenda. É mesmo o "senhor ténis de mesa" do nosso clube... com três décadas com inúmeros troféus entre jogador e treinador. Que personifica na plenitude o ideal de Francisco Stromp. Chen Shi Chao, com quem privei fugazmente, pese ser espectador assíduo da modalidade, é um homem de grande humildade e carácter. Daquela têmpera com que se fazem os verdadeiros campeões.

Quando chegou a Portugal pontificavam então jovens como Pedro Miguel, Nuno Dias e João Portela, também eles integrantes de uma geração dourada com inúmeros títulos. Hoje, aos 61 anos de idade, Chen Shi Chao convive com as conquistas dos seus comandados com uma incrível naturalidade. No passado dia 7 de Junho o Sporting Clube de Portugal, ao derrotar os açorianos do Juncal, alcançou o seu trigésimo nono título de campeão nacional, com o primeiro a datar de 1946, a que junta mais 33 Taças de Portugal e 16 Supertaças. Um historial incomparável e sem paralelo na história da modalidade. Se hoje é Miguel Almeida o coordenador do ténis de mesa, um homem que me dá a honra de ser seu amigo, tal como Estevão Correia e Carlos Santos, também dois amigos e dirigentes de muitos anos que ainda por lá andam na modalidade que amam, não me posso esquecer de José Dias, Folga da Silva, e do também meu bom amigo Adérito Ribeiro, que deram tanto da sua vida em prol desta modalidade. Sendo o ténis de mesa uma modalidade universal, praticada por milhares e milhares, com a China a ser a sua "pátria", Chen Shi Chao é, aos dias de hoje, a figura maior no nosso Clube de uma modalidade com uma história imensa desde os primórdios da mesma. Tantas e tantas figuras nos deram alegrias atrás de alegrias. Quem diria que aquele jovem de então, chegado ao Sporting CP há 33 anos, se tornaria uma lenda do nosso Clube? Mas sim, é factual. Falar de ténis de mesa do nosso Clube sem falar de Chen Shi Chao, o nosso "mestre", é impossível. Mais uma vez foi o treinador campeão, liderando desta feita o trio de jogadores formado por Diogo Carvalho, Diogo Silva e Bode Abiodun.

 Parabéns a todos!

 

PS − No passado domingo, dia 5 de Junho, fui galardoado em Ílhavo pelo núcleo daquela cidade, presidido por António Rosa Novo, com o 'Moliceiro' ao "lado" de Edgar Vital, o meu 'pai' desportivo. Um orgulho imenso. Um momento que jamais esquecerei. Saí de lá ainda mais Sportinguista.

Rainhas

Por Pedro Almeida Cabral
02 Jun, 2022

Um jogo de futebol feminino não é só um jogo de futebol feminino. São 90 minutos em que também se joga contra o sexismo que ainda domina parte do desporto e que faz com que as modalidades femininas sejam vistas como subalternas em relação às masculinas. Por isso, quando entram em campo, as nossas 11 jogadoras estão também a combater este estado de coisas. Podiam estar, como estão os seus congéneres masculinos, apenas a defender pressionando, a fazer difíceis assistências ou a marcar belos golos. Mas não. Têm também que jogar para provar que o podem fazer tão bem como os homens. Pelo menos para alguns que ainda cultivam preconceitos como forma de vida. Ter que não somente jogar, mas provar que se sabe jogar é um peso que os homens não têm e não sabem o que é carregar. Virá o tempo em que tudo será diferente e palavras como as que escrevo deixarão de fazer sentido. Quando esse tempo chegar, serão lembradas as jogadoras de hoje, que abriram caminho para as jogadoras de amanhã. Entre elas, estarão, sem dúvida alguma, as nossas rainhas da Taça de Portugal deste ano.

Foi mais uma conquista histórica para o futebol feminino do Sporting Clube de Portugal. Depois das duas Taças seguidas de 2017 e 2018, veio a terceira Taça, a de 2022. Passámos a ser o segundo clube com mais vitórias na prova, a quatro do 1.º de Dezembro, deixando para trás o Futebol Benfica. Mas há mais história neste título. Mariana Cabral é a primeira a ganhar a Taça como jogadora (ao serviço do 1.º de Dezembro em 2012) e como (nossa) treinadora. O Sporting CP continua com um percurso imaculado: em três finais, três Taças.

Ganhámos por 2-1 num jogo emocionante. Do lado do Sporting CP, a consistência contruída ao longo da época, com linhas bem definidas e construção apoiada. Já o Famalicão FC apostava num futebol mais solto com incursões rápidas e recuperações de bola em zona adiantada do campo.

O primeiro golo castigou um penálti claro por mão do Famalicão FC. Joana Marchão não falhou e com remate forte de pé esquerdo abriu o marcador. Já na segunda parte, Chandra Davidson aproveitou uma bola perdida e marcou o segundo. Um golo inteiramente merecido da mulher do jogo, que, como se diz, “partiu” a defesa famalicense. Mas não estava o jogo sentenciado. A nossa guarda-redes Doris Bačić defendeu brilhantemente um penálti e, após o golo das minhotas ao cair do pano, soubemos segurar o resultado. 

No final, quando subiram à Tribuna do Jamor para erguer a Taça bem alto, as nossas jogadoras levavam a emoção espelhada no rosto. Eu, que por dever de ofício estava lá ao pé, testemunhei de perto que a felicidade da conquista que o desporto traz é das melhores recompensas. O que é exactamente igual para homens e mulheres. 

Obrigado, Professor!

Por Juvenal Carvalho
02 Jun, 2022

Em 2019, longos 24 anos depois de um abandono que deixou o eclectismo do Clube mais pobre, o Sporting Clube de Portugal regressou ao basquetebol pela porta grande.

E que melhor escolha para abrir a porta do regresso haveria de ter o nosso Clube, que não o treinador cujo êxito e ele funcionam como almas gémeas. Ganha quase como respira, naturalmente. A palavra vitória repetiu-se vezes sem conta no seu vocabulário.

Falo obviamente de Luís Magalhães. O trabalho, a competência e a capacidade foram o seu apanágio ao longo de uma carreira com conquistas atrás de conquistas por onde passou. Estava, ao momento do nosso regresso, afastado da modalidade por sua escolha pessoal. Vivia entre os States e o nosso país, mais concretamente por Aveiro, onde reside. Até que apareceu o Sporting no basquetebol e o seu telefone tocou.

Ele seguramente não me levará a mal que confidencie que desde a Austrália então me disse, numa conversa informal, à margem das negociações, lideradas por Miguel Afonso, que só o Sporting CP o traria de regresso. Pelo Clube, mas sobretudo pelo seu falecido irmão Arnaldo, que vivia o nosso Clube apaixonadamente, tão apaixonadamente que se o visse a treinar o "seu" Sporting, lhe daria a maior alegria da sua vida.

Três anos depois, mas apenas com duas épocas de competições oficiais por causa da pandemia COVID-19, o professor Luís Magalhães conquistou, em homenagem ao seu irmão Arnaldo, mas também, e claro, a todo o universo Sportinguista, seis troféus − um Campeonato Nacional, três Taças de Portugal, uma Taça Hugo dos Santos e uma Supertaça − e chegou aos quartos-de-final das provas europeias, mais concretamente da FIBA Europe CUP. 

Homem que respira basquetebol e que muitos não apreciam, uns por inveja e outros por mesquinhez, terá defeitos, porque é humano, mas vive da frontalidade, acredita no seu trabalho e tem a coragem de chamar os bois pelos nomes. Defende com unhas e dentes o seu grupo de trabalho e nestes três anos de sucesso não fugiu ao essencial, a defesa intransigente do Sporting CP. 

Devolveu a alegria aos Sportinguistas com a marca identitária do seu trabalho. As bancadas cheias de juventude são o reflexo das conquistas obtidas. Fez o basquetebol do Sporting CP respirar saúde alicerçada em êxitos. No passado dia 26 de Maio, ao "não querer alinhar nisto", visando a Federação Portuguesa de Basquetebol, disse adeus ao Sporting CP, mas também à modalidade. Confesso que fiquei triste como apaixonado da modalidade que servi no nosso Clube. Uma certeza todos teremos. O adeus de um campeão não é fácil de colmatar. Ele é um verdadeiro predestinado para conviver com o sucesso. É feito da têmpera de que são feitos os campeões. Tem tantos e tantos atributos. Fechou o seu ciclo. É a lei natural da vida. A mim, do ponto de vista pessoal, guardarei ad eternum a maior estima pelo professor. 

O basquetebol português ficou mais pobre com o seu adeus. A vida continua e o Clube também. Perdemos um treinador, mas ganhámos um adepto. Será sempre, e para sempre, um dos nossos.

Obrigado, professor Luís Magalhães!

PS - Parabéns ao futebol feminino pela conquista da terceira Taça de Portugal. Dois troféus conquistados numa época em ano de profunda renovação. Simplesmente brilhante.

Uma tarde de vitórias

Por Miguel Braga
02 Jun, 2022

Editorial da edição n.º 3874 do Jornal Sporting

Com a presença do Presidente da República e de vários responsáveis políticos e federativos, a equipa principal feminina de futebol do Sporting CP conquistou a Taça de Portugal, vencendo o FC Famalicão por 2-1. Para a história do jogo, ficaram as arrancadas e o golo de Chandra Davidson, a defesa do penálti por Doris Bačić, a frieza de Joana Marchão para o marcar e vários pormenores protagonizados pelas jogadoras de verde e branco. Quando a árbitra Ana Afonso apitou para o final do jogo, a explosão de alegria natural de quem tinha acabado de ganhar muito mais do que a Taça de Portugal. 

Comecemos pela treinadora, Mariana Cabral, que é a primeira mulher a vencer a Taça de Portugal como jogadora e treinadora. Um marco histórico e a certeza de que este é apenas o início de uma caminhada promissora. Apesar de não ter marcado na final, Diana Silva consagrou-se esta época como a melhor marcadora da História do futebol feminino do Sporting CP, com 112 golos em 134 jogos. Quem marcou, como referido anteriormente, foi a canadiana Chandra Davidson, que, com cinco golos em seis jogos, foi a melhor goleadora Leonina da competição (sendo também a segunda melhor marcadora da equipa esta temporada). E no dia 13 de Novembro de 2021, no dia do seu 28.º aniversário, Rita Fontemanha ultrapassou a marca de 100 jogos de Leão ao peito. 

Durante a época 2021/2022 estrearam-se na equipa principal dez jogadoras da formação do Clube. A saber: Bárbara Lopes, Vera Cid, Catarina Potra, Maria Ferreira, Joana Dantas, Maísa Correia, Carolina Rodrigues, Cristiana Martins, Ana Rita Oliveira e Andreia Bravo. 

No caso de Maísa Correia, de apenas 15 anos, estreou-se na segunda eliminatória da Taça de Portugal, frente ao UD Polvoreira, sendo assim a jogadora mais jovem de sempre a jogar pela equipa principal. Nesse mesmo jogo, Catarina Potra também escreveu o seu nome no livro dos recordes, ao ser a guarda-redes mais jovem de sempre a jogar pelo Sporting CP e a equipa final em campo era composta apenas por jogadoras da formação. Nota ainda para o facto de que das 24 atletas que constituem o plantel principal, 11 são jogadoras com o selo #MadeInSporting: Alícia Correia, Andreia Jacinto, Carolina Beckert, Carolina Jóia, Francisca Silva, Inês Gonçalves, Joana Martins, Mariana Rosa, Marta Ferreira, Neuza Besugo e Vera Cid.

Segundo os números divulgados pela Federação Portuguesa de Futebol, estiveram no Jamor 13.894 pessoas. Se é verdade que não conseguimos ultrapassar o recorde de público em competições nacionais, também o é que estabelecemos um novo recorde de assistência da final da Taça de Portugal feminina. Motivo de satisfação para os dois clubes e para a Federação, que também se empenhou nesta missão.

Depois de começar o ano a ganhar – o primeiro jogo oficial da época foi a vitória na Supertaça frente ao SL Benfica −, Mariana Cabral fechou a temporada com chave de ouro ao conquistar a terceira Taça de Portugal da modalidade para o Clube. Um orgulho que nos enche de esperança para o amanhã.

Uma questão de mentalidade

Por Miguel Braga
26 maio, 2022

Editorial da edição n.º 3873 do Jornal Sporting

Foi a quarta Taça de Portugal de futsal consecutiva, o sétimo título nacional seguido, o terceiro troféu conquistado esta época – depois das vitórias na Supertaça e Taça da Liga. Foi também o oitavo triunfo do Sporting CP nos últimos dez jogos disputados com o SL Benfica. Desengane-se quem pensa que esta equipa quer ficar por aqui: “Esta foi a Taça que me soube melhor, porque foi a última. Está mais complicado, pois os dérbis são cada vez mais intensos e decididos nos pormenores, mas dá‑nos um gozo ainda maior”, é a garantia deixada por Nuno Dias. A memória da final da Champions League de futsal ainda perdura: “Não conseguimos a Champions, mas tínhamos de dar uma resposta aos adeptos porque eles receberam‑nos muito bem em Alvalade e nunca faltou apoio”, foi a resposta de Tomás Paçó, autor do golo que desequilibrou a balança a favor do Sporting CP.

No basquetebol, o Sporting CP joga hoje no Pavilhão João Rocha o terceiro jogo da meia-final dos play-offs frente ao FC Porto – que, recorde-se, começou esta época com a encenação de uma possível desistência da modalidade, perdendo inclusivamente dois jogos por falta de comparência. Ainda antes do início dos jogos com o FC Porto, a equipa liderada por Luís Magalhães entregou no Museu Sporting os seis troféus conquistados desde a reactivação da modalidade em 2019 (foram seis troféus em oito possíveis). “A equipa foi constituída do zero e os outros clubes já tinham grupos de trabalho com excelentes jogadores. Nós tivemos de os procurar e fazer com que os jogadores acreditassem e se superassem. Naturalmente, essa superação individual e colectiva fez com que tivéssemos atingido estes resultados”, afirmou o treinador. O mesmo treinador que se expressou no final dos primeiros dois jogos frente ao rival do Norte e que deixou palavras que merecem profunda reflexão de quem manda no desporto em Portugal: “Desde o princípio da época que o FC Porto andou a brincar com o basquetebol. A Federação [Portuguesa de Basquetebol] não teve coragem e deixou que isto se arrastasse. Enxovalharam os árbitros todos e o basquetebol e depois é isto que acontece. O treinador do SL Benfica também já tinha avisado que isto podia acontecer e é o que se vê. Qualquer decisão do árbitro é contestada por tudo e por todos e depois não têm coragem para marcar as faltas que devem marcar e os maus comportamentos. Deixam isto chegar a um estado que não tem nada a ver com o basquetebol normal. Isto não era o basquetebol português”. Sim, isto não deveria ser o basquetebol nacional, nem um exemplo a seguir no desporto português.

Este sábado, a equipa feminina de futebol joga frente ao FC Famalicão a final da Taça de Portugal, no Estádio Nacional. A vitória é o objectivo da equipa de Mariana Cabral – que acabaria a época como começou, ou seja, com a conquista de um troféu. No início da semana a treinadora deixou uma certeza: “Desde o primeiro dia até agora sinto que a equipa cresceu muito e vamos continuar a crescer porque isto ainda não acabou. Ainda queremos crescer em alguns aspectos para depois também estarmos preparadas para a final da Taça de Portugal, que é um objectivo que ainda temos e que queremos concretizar”. Esse é o desejo de todos os Sportinguistas. Sábado, pelas 17h15, as jogadoras têm a palavra.

Glória na quadra

Por Pedro Almeida Cabral
26 maio, 2022

Não há palavras para o futsal do Sporting Clube de Portugal. Mesmo o mais eloquente Sócio ou adepto Sportinguista fica mudo perante números tão avassaladores da maior potência nacional do futsal. Ao todo, são 41 títulos europeus e nacionais, incluindo duas UEFA Futsal Champions League, 16 Campeonatos, nove Taças de Portugal, dez Supertaças e quatro Taças da Liga. São mais de 30 anos a dar títulos e alegrias a Sócios e adeptos. No que à Taça de Portugal diz respeito, a última, conquistada no fim-de-semana passado, tem um significado especial. Foi a nossa nona e valeu a distância de dois troféus a mais face ao SL Benfica, que tem sete e não conseguiu apanhar-nos. Mais do que isso:  foi a quarta Taça de Portugal seguida, o que nunca havia sido alcançado. Prosseguimos numa senda vitoriosa que já dura desde 2018 (em 2021 a Taça de Portugal não se realizou). E não devemos esquecer que nesse ano tínhamos somente cinco Taças, menos duas que o rival. Depois desta ultrapassagem dos últimos anos, somos o Clube que segue à frente no número de títulos conquistados em todas as provas nacionais. Destaque para o campeonato, em que temos o dobro dos títulos do SL Benfica. Cada vez que entramos na quadra, tudo fazemos para ganhar, com esforço, dedicação e devoção. A glória está à vista.

E que vitória foi a desta Taça de Portugal! Num jogo intenso e disputado no limite, houve de tudo e para todos os gostos. Golos espectaculares, reviravoltas no marcador e emoção quanto baste. Levou a Taça quem mais jogou e melhor explorou as falhas do adversário. Entrámos de olhos na baliza do nosso conhecido André Sousa. Tomás Paçó logo desenhou um golo de autor: interceptou a bola a Robinho, passou a Merlim, recebeu e rematou colocado, sem defesa possível. O segundo golo veio naturalmente, com Erick a desviar subtilmente um remate de Merlim. A resposta “encarnada” foi vigorosa: três golos seguidos e reviravolta no marcador. Só que o Sporting Clube de Portugal nunca se dá por vencido. E quem joga contra nós nunca pode dar-se por vencedor. Esteban empatou o jogo em oportuno desvio de remate de Merlim. O golo final, o 4-3 da vitória, só podia ser do nosso fixo Tomás Paçó, entrado ao segundo poste, cortesia na assistência do inevitável Merlim. Depois, foi só segurar a Taça resistindo ao 5x4 benfiquista, com paciência e rigor táctico. Uma Taça de Portugal inesquecível que entra para a longa galeria de confrontos perante o SL Benfica em que se jogou futsal de nível mundial. Segue-se o Campeonato Nacional, a última prova que falta disputar nesta época. Mas que eu sei que vamos lutar para vencer como se fosse o primeiro título a conquistar. Porque para o futsal do Sporting CP só interessam os títulos que faltam ganhar, não os que já ganhámos. 

O tempo passa. A paixão permanece

Por Juvenal Carvalho
26 maio, 2022

Na minha primeira coluna de opinião, escrita para o nosso Jornal com o título “Eclectismo a Imagem de Marca do Leão”, decorria então o mês de Março do ano de 2012, e na presidência do Clube estava o Eng. Luís Godinho Lopes, de quem fui crítico da sua liderança de forma pública, factor esse que não foi impeditivo de ter sido convidado para escrever semanalmente estas linhas, a convite de Rúben Coelho, não com o intuito de me calar, porque estou e estarei sempre acima de toda e qualquer pessoa, e sempre só pelo símbolo, com os meus defeitos e virtudes − essa coisa inerente ao ser humano, mas sim para falar de Sporting desassombradamente  e, sem vaidade alguma, para abrir o coração e emprestar o conhecimento que as passagens pelo Clube me deram, aliada à emotividade Leonina que é − será sempre o meu apanágio.

E porque fui buscar estes caracteres iniciais, perguntarão alguns de vocês?  Foi mesmo pelo simples facto de que ao pensar no que haveria de ser o tema desta semana para esta coluna de opinião, rebobinei o passado e recordei essa minha primeira coluna de opinião, que a enviei então para a redacção de coração cheio.

Sim, estava nervoso, recordo perfeitamente o momento, pese a passagem de uma década no calendário. Apesar de já anteriormente ter escrito para o Jornal mais espaçadamente no tempo, a responsabilidade de tentar agradar aos leitores semanalmente e sobretudo não me tornar fastidioso, era enorme.

E o que foi essa minha primeira coluna de opinião. Foi toda ela para reportar em poucas linhas a minha vivência do nosso Sporting. Do que vivi em menino em que fugia aos pais para ir para Alvalade ver tudo − literalmente tudo −, passando para a fase adulta em que tive o privilégio de não só ter sido dirigente do basquetebol (a minha paixão), do andebol e do futebol na área da formação, como ainda presidente durante oito anos do Núcleo do Sporting de Paço de Arcos. Foi, acreditem com emoção e com um sentimento de menino embevecido a quem deram uma prenda, que ao comprar o nosso Jornal, e o começar a folhear, parece que a página da minha coluna de opinião tinha íman e a li vezes sem conta.

É tão bom que o Sporting CP me continue a despertar esta paixão, e não o abandonar nas derrotas, sobretudo. Porque de conquistas − esta semana no futsal mais uma − temos uma história repleta.

Nestes dez anos, com uma interrupção que aceitei plenamente porque as pessoas que o presidem têm toda a legitimidade para escolher quem querem para seus colaboradores, aprendi muito e continuo a escrever com a mesma alegria. De Sporting e com a alma cheia. Nestes dez anos ganhei amigos, e perdi infelizmente outros que tanto gostava e que tanto me ensinaram. Conheci muitos Sportinguistas. Tenho até o privilégio de escrever estas linhas em ano de centenário do nosso Jornal. Tudo isto ainda me faz beliscar para confirmar se é verdade. 

Até quando escreverei, não sei por não conseguir prever o futuro. O que sei é que me dá um prazer tremendo este momento semanal em que chego até vós, seja em forma de papel ou na versão digital. E com outro texto, para a semana cá estou outra vez, como na música dos Supporting. Porque gosto. Porque amo o Sporting CP. E sobretudo porque, gostando uns mais outros menos dos meus escritos, estes dez anos enriqueceram-me muito como Sportinguista, e vocês são os "culpados".

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