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Opinião

Uma breve história de fair-play

Por Miguel Braga
19 maio, 2022

Editorial da edição n.º 3872 do Jornal Sporting

Aconteceu há quase dez anos e na altura foi notícia que correu mundo. Foi em Burlada, na região de Navarra, em Espanha, durante uma corrida de 3000 metros de corta-mato. Na parte final da prova, o atleta queniano Abel Mutai seguia na frente, destacado dos demais. Atrás de si, o espanhol Iván Fernández Anaya tentava acompanhar o passo. Na última recta, pensando que já tinha cortado a meta – quando na verdade ainda faltavam 10 metros – o queniano abrandou, parando e abrindo os braços em sinal de vitória. Iván Fernández Anaya poderia ter aproveitado o deslize, continuado a correr e, assim, vencer um atleta mais completo e mais forte – no seu currículo Mutai já tinha conquistado a medalha de ouro no Campeonato do Mundo de Juniores (2005), ouro também no Campeonato Africano (2012) e bronze nos Jogos Olímpicos de Londres (2012). Mas essa não foi a decisão do atleta espanhol.

"Eu não merecia ganhar", afirmou então Fernández Anaya. "Fiz o que tinha a fazer. Ele foi o vencedor legítimo. Criou uma distância que eu não poderia ter fechado se ele não tivesse cometido um erro. Assim que vi que ele estava a parar, eu sabia que não o ia ultrapassar". E assim foi. Fernández Anaya parou ao lado de Mutai e através de gestos explicou que o queniano tinha de continuar, tendo sempre o cuidado de ficar atrás dele. Curiosamente, o próprio treinador do atleta espanhol mostrou-se surpreendido com a decisão do seu pupilo, confessando que não teria tido a coragem para não ganhar. Já Fernández Anaya nunca se arrependeu: "Acho que ganhei mais nome fazendo o que fiz do que se tivesse vencido. E isso é muito importante, porque hoje, da forma que as coisas estão em todos os círculos, no futebol, na sociedade, na política, onde parece que vale tudo, um gesto de honestidade cai sempre bem."

Diz-se que a primeira referência à expressão “fair-play” pode ser encontrada na peça King John (1597) de William Shakespeare. Mas foi só a partir de 1800 que o fair-play ganhou razão de ser com o liberalismo burguês inglês e com o nascimento da chamada Indústria do Desporto. Quase 100 anos depois, foi Pierre de Coubertin que voltou a dar novo impulso a esta forma de estar na vida e na prática desportiva: "O mais importante na vida não é a vitória, mas a luta; o essencial não é ter vencido, mas ter lutado bem". Sobre a mesma temática, Jean D’Ormesson, membro do Comité Internacional do Fair-Play, afirmou: "A moral manifesta-se com mais sinceridade durante o jogo. (...) O fair-play permite-nos declarar que o desporto não se deve tornar numa manifestação de brutalidade. O fair-play ajuda o desporto a transformar-se num pilar da civilização. O desporto não é destruir, humilhar e quebrar o adversário; trata-se de jogar com o adversário para que ele possa empregar todas as suas habilidades humanas".

Num país onde há quem desvalorize o fair-play e defenda que vale tudo para ganhar, recordemos que o Desporto continua a ser um instrumento de excelência para acolher e dignificar os valores morais da sociedade.

Balanço

Por Pedro Almeida Cabral
19 maio, 2022

Fechado o campeonato e arrumada a classificação, é tempo de balanço para o futebol do Sporting Clube de Portugal. Ficam dois títulos nacionais em quatro possíveis, a Supertaça e a Taça da Liga. Conseguimos alcançar os oitavos-de-final da Champions, onde só havíamos chegado por uma outra vez. No campeonato, um firme segundo lugar, com 85 pontos, igualando os pontos da época passada, em que fomos campeões. Ainda assim, nesta época Rúben Amorim conseguiu chegar às 27 vitórias no campeonato, igualando o melhor registo, da época 2015/2016. Aliás, segundo a página PlaymakerStats, foi a época de sempre com mais vitórias do Sporting CP: 39 em 53 jogos, com aproveitamento de 74%. Sinais de uma temporada bem preparada, jogada com elevado nível competitivo e bem próxima de conquistar os títulos nacionais que faltaram.

Como salientou Rúben Amorim, o segundo lugar sabe a pouco. Sobretudo ao recordar alguns episódios insólitos (mas não inéditos) deste campeonato, como os mal ajuizados lances no clássico jogado contra o FC Porto em Fevereiro, que acabaram por influenciar decisivamente o desfecho da prova. Mas também deve ver-se o segundo lugar em perspectiva. Como já escrevi aqui, a última vez que jogámos como campeões e terminámos o campeonato seguinte em segundo lugar foi em 1971, há mais de 50 anos. Quer isto dizer que depois de conquistado o campeonato, tendemos a jogar pior, ficando invariavelmente longe do bicampeonato que nos foge há décadas. Não foi o que sucedeu agora. O que denota uma inversão assinalável da forma como jogamos quando somos campeões e que pode ser decisiva para alcançarmos novas conquistas.

Falar de números e estatísticas não pode fazer esquecer as nossas figuras do campeonato. Podia falar do imperial Coates, do crescimento de Gonçalo Inácio, do imprevisível Porro, da revelação Ugarte, do prometedor Daniel Bragança, do impetuoso Nuno Santos, ou da certeza de Edwards. Mas creio que Sarabia merece linhas à parte. Chegou emprestado, jogou motivado e encantou tudo e todos. Não é habitual um emprestado deixar tantas saudades em Alvalade. Mas também não é habitual um jogador a prazo jogar de forma tão entusiasta e empenhada. Daí que tenha merecido a sentida homenagem no último jogo da equipa.

No fim da época, fica a sensação de termos jogado melhor que na anterior. Fomos sempre merecedores de ter envergado o símbolo de campeão, o que não é pouco. Virá uma nova época e uma nova oportunidade de escrevermos a História que interessa: a nossa História.

Esta é para ti!

Por Juvenal Carvalho
19 maio, 2022

Hoje, e porque pelo menos 'vamos ter que levar contigo mais uma época', decidi aproveitar este espaço que o nosso Jornal me concede semana após semana, para usar todos os caracteres exclusivamente sobre ti.

Primeiro, desculpa o trato de "tu". Não nos conhecemos pessoalmente, nem como se diz naquele velho ditado, andámos sequer na escola juntos, mas crê que será com o máximo respeito entre alguém que já passou dos cinquenta, que sou eu, para um jovem de sucesso, e que sabe estar no desporto e na vida como poucos, que és tu.

Crê que desde que chegaste, e não tinha de ti particular conhecimento que não o de teres jogado no nosso eterno rival e treinado o Casa Pia e o Sporting de Braga, onde comecei a perceber que tinhas "coisas".

Aquando da tua apresentação − obrigado ao presidente Frederico Varandas e ao director desportivo Hugo Viana pela aposta − e com aquele "e se correr bem", numa fase em que encontraste o Sporting CP numa luta quase fratricida, − nós somos assim, mas quando toca a unir temos uma força tremenda, que comecei a achar que eras tu o tal. O tal que vinha para chegar, ver e vencer. Não foste unânime, ninguém o é nesta vida, e no desporto isso então não existe. Vieste até com a "espada" do valor da tua contratação e de teres vindo do "outro lado da segunda circular". Sabias bem para onde vinhas, e tens não só o mérito de arriscar na tua carreira, como a de acreditares intrinsecamente nas tuas capacidades.

Desde o início que me fascinaste. Começou essencialmente pela tua postura. Ouço cada abordagem tua aos jogos como se de um verdadeiro jogo se tratasse. Confesso-te que nunca antes o havia feito, tens um não sei quê de diferente. Também na comunicação és Enorme. Conseguiste fazer de nós felizes porque sabes ganhar e também perder. Os campeões, e tu és na plenitude tanto no futebol como na forma de estar na vida, são assim. Tens também uma enorme cultura de responsabilização. És um líder inato, daqueles que nasceu com esse dom, além de seres um estudioso do jogo como poucos. As tuas desculpas não são esfarrapadas porque nunca as usas. As tuas são feitas de trabalho e de transpiração, com o foco no “nós” sempre em detrimento do “eu”. O teu grupo de trabalho é um todo, uma muralha verdadeiramente inexpugnável, feita do tal #ondevaiumvãotodos. Ganhaste até ao momento quatro troféus, com o Campeonato Nacional 2020/2021 como a cereja no topo do bolo. Fizeste nesse momento felizes milhões de Sportinguistas espalhados pelo Mundo. A cada vitória, e tantas elas são, o teu foco é o treino seguinte. Sei que tudo isto para ti, sendo orgulho também é passado, nessa tua luta incessante por teres um Sporting CP maior a cada dia.

Também sabes que a Glória é efémera, e no futebol essa é por vezes colocada em causa a cada jogo. Já o disseste várias vezes, naquele teu jeito tão peculiar. Sabes os caminhos que pisas e eu − como tantos e tantos mais − acredito plenamente no teu sucesso. Na continuidade do teu sucesso.  Porque afinal nasceste com aquele dom de que são feitos os ganhadores. A "nota zero" que deste ao "teu" Sporting na conferência de imprensa da antevisão ao jogo com o Santa Clara, pela razão de não ter ganho o Campeonato Nacional desta época foi feita de exigência de quem quer ganhar sempre. Porque no teu íntimo sei que a tua avaliação ao teu grupo de trabalho é muito positiva. Afinal sabes que os teus meninos disputam cada bola como se fosse a última, e que fizeram até os mesmos pontos da época em que fomos campeões (85). Gosto da tua sapiência e acredito em ti até ao fim sem fazer futurologia. Adorava que fosses uma espécie de Arsène Wenger do Sporting, porque sou um especial fã da tua pessoa. Mas vou contigo no jogo a jogo que tu tantas vezes utilizas. Também eu sou mais um dos todos que vão contigo. E quero que saibas que não sou ingrato e estarei contigo sempre. Mas também sou irracional porque o amor pelo nosso Clube me tira do sério, e por vezes te faço críticas, gritando sozinho que devias mudar a táctica, que devias usar este jogador no lugar de outro, ou até mudares de táctica. Também eu sou um "treinador". Mas tu és o TREINADOR. E felizmente no "meu" Sporting Clube de Portugal. Desculpa este abuso do trato por tu. Desculpa aquele lado em que me armo em "treinador" e te critico, mas o que conta é o essencial. Sou um teu particular fã. Isso sou. Um dia quando, e se for possível, gostaria de ser como tu. Porque tu és diferente. És especial. És o meu "Special One". És o Rúben Amorim!

“THE LAST WALTZ”… MANDELA… e até já!!!

Por Tito Arantes Fontes
19 maio, 2022

Acabou a época futebolística. Para o SPORTING acabou. E para a esmagadora maioria dos adeptos de futebol nacional ela terminou mesmo. A festa do Jamor, coitada, para toda essa mole imensa de gente é, assim, “adiada” para a próxima época!

Tempo, pois, de fazer balanço da época que findou. O SPORTING conquistou nesta época de 2021/2022 dois títulos, dois troféus: a Supertaça e a Taça da Liga. Acresce ainda que lutou galhardamente nas meias-finais da Taça de Portugal. E no Campeonato Nacional classificou-se destacadamente em segundo lugar, que como se sabe dá acesso directo e por mérito próprio à Champions League! Ou seja, do ponto de vista desportivo foi uma época que demonstra bem a qualidade do trabalho feito e a continuação e consolidação do bom evoluir do futebol do SPORTING. E do ponto de vista económico temos de considerar cumpridos os objectivos de qualificação do Clube para a prova milionária. Ainda assim, confessamos e como dissemos nesta mesma coluna há já umas largas semanas, teríamos gostado mesmo muito de conquistar e comemorar o bicampeonato! E − como decorre do facto de termos idêntico número de pontos neste campeonato e comparativamente no último − estivemos perto… muito perto… e, por isso, outros tanto se encarniçaram, tanto se preocuparam… tanto nos atacaram!

É tempo também para olhar para a próxima temporada. Entramos agora no habitual frenesim das entradas e saídas de jogadores, das respectivas transferências, dos empréstimos dos mesmos… do nosso lado sabemos quem já contratámos (St. Juste), com quem já renovámos (Porro), a quem já promovemos (Rodrigo Ribeiro), a quem já emprestámos (TT), com quem queremos contar na próxima época (Coates e a imensa maioria do actual plantel do SPORTING!). Sabemos que continuaremos a ter e a manter uma equipa profissional muito competitiva, comprometida e empenhada! Uma equipa na qual depositamos muita esperança! Acrescida esperança! Mantemos − e ainda bem! − Rúben Amorim e a sua equipa técnica como treinadores do Clube. Temos, pois, tudo para atacar bem, muito bem mesmo, a nova época… com as nossas esperanças intactas na reconquista do campeonato! Venha ele! Mais cedo que tarde… venha lá o novo Campeonato Nacional!

Última nota, para enfatizar tema central no desporto que, sem dúvida nenhuma, é a luta contra o racismo e a xenofobia! O SPORTING dá manifestamente cartas e todo o tipo de lições nessa matéria! Basta lembrar o único presidente de etnia africana de qualquer um dos três grandes clubes portugueses: Manuel Nazareth nos idos anos 70 – há 50 anos, ainda antes do 25 de Abril − no SPORTING! E − por todos − basta também lembrar Nelson Mandela! Sócio de Mérito do SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!

Recordemos, a propósito, o que Nelson Mandela nos disse… e que tanta e tanta reflexão deve merecer:  “O desporto tem o poder de mudar o mundo… tem o poder de inspirar. Tem o poder de unir um povo como poucas outras coisas podem fazê-lo. Fala aos jovens numa linguagem que eles entendem. O desporto pode criar esperança onde antes só havia desespero. É mais poderoso do que os governos em romper as barreiras raciais.”

Estas palavras, estes sábios ensinamentos, estão gravados numa grande lápide que se encontra no átrio de entrada da sede do Comité Olímpico Português, na Ajuda, em Lisboa… e pena que de tantos que tanto falam sobre racismo nem uma só palavra sobre estes extraordinários ensinamentos tenha alguma vez surgido… elucidativo e demonstrador do vazio de ideias e de conhecimentos de tantos desses “oráculos de última hora”! Deviam ler, deviam reflectir, deviam actuar de acordo com Nelson Mandela! No caminho da paz, no verdadeiro caminho do desporto… do salutar desporto, da salutar competição!

VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!!!

P.s. A temporada acabou e este vosso escriba vai, finalmente e após quase quatro anos, aproveitar para também gozar umas semanas de férias. Esta coluna é, assim, suspensa já a partir da próxima semana. Voltarei… e, por isso, deixo aqui só um…  “até já, Leões!”.

Mais um triplo para o basquetebol

Por Miguel Braga
12 maio, 2022

Editorial da edição n.º 3871 do Jornal Sporting

Foi no último domingo, em Albufeira, que o Sporting CP conquistou mais uma Taça de Portugal  de basquetebol (a oitava no palmarés do Clube) ao vencer o SL Benfica por 79-75, num jogo que teve muita emoção até ao fim. Desde que a modalidade foi reactivada em 2019, o Clube já venceu um Campeonato Nacional, três Taças de Portugal, uma Taça Hugo dos Santos e uma Supertaça, traduzindo-se esta hegemonia em seis troféus conquistados em oito possíveis. “Temos uma camisola muito pesada e temos de a respeitar por todos os adeptos, que são a nossa força”, afirmou, no final, o capitão Diogo Ventura.

Na presente época, o Sporting CP é a única equipa que tem a possibilidade de vencer “tudo” em território nacional. Daí também a garantia deixada por António Paulo, treinador-adjunto da equipa: “Vamos saborear o momento, mas no próximo treino já vamos pensar na primeira ronda dos play-offs”. Este é o espírito dos conquistadores: nunca satisfeitos e com os olhos fixos no próximo objectivo.

Depois de no ano passado ter sido considerado o MVP das finais da Liga pela Federação Portuguesa de Basquetebol, Travante Williams voltou a ser eleito o homem do jogo e da competição: “Sinto-me muito bem e feliz com a equipa, são eles que me põem neste patamar. Boas energias, trabalhar duro e manter-nos insaciáveis”, são os desejos do jogador norte-americano. Que os seus desejos se concretizem é a vontade de todo e qualquer Leão.

No próximo fim-de-semana, realiza-se a derradeira jornada da Liga Portugal, em jogo marcado para sábado à noite frente ao CD Santa Clara. A equipa dos Açores surpreendeu os Leões de Rúben Amorim na primeira volta e por isso mesmo a equipa tem o objectivo claro da conquista dos três pontos. Se atingirmos essa meta, o Sporting CP conseguirá a proeza de repetir os mesmos pontos da época anterior em que nos sagrámos campeões nacionais − o que não deixa de ser um facto assinalável.

Com o segundo lugar e o acesso garantido à fase de grupos da Liga dos Campeões, será um dia de festa e o dia em que os Sócios e adeptos se despedem de Pablo Sarabia, o espanhol que chegou por empréstimo do PSG e que vai deixar saudades. Obrigado, Pablo – é o sentimento da nação Sportinguista. Por falar em agradecimentos: Zou Feddal chegou ao Sporting CP desconhecido de muitos, mas os Sportinguistas nunca irão esquecer um dos seus campeões, a sua garra e dedicação. A Feddal também o nosso sentido obrigado.

No passado fim-de-semana, o Clube assinalou mais um Dia do Leão (7 de Maio), cerimónia instituída em 2011. Um dia de homenagem às vítimas que perderam a vida na queda do varandim do antigo Estádio José Alvalade, antes de um Sporting CP vs. FC Porto, jogado precisamente a 7 de Maio de 1995. É um momento em que se recorda também o adepto que faleceu ao ser atingido por um very light, na final da Taça de Portugal, num Sporting CP vs. SL Benfica (18 de Maio de 1996), e a todos os que viveram e faleceram de Leão ao peito. “É de louvar o facto de o Clube recordar esta data pois o mais importante do Sporting CP são os Sócios”, afirmou Rui Vicente, um dos sobreviventes da queda. Sentimento partilhado por outro sobrevivente, António Dionísio: “É bom sentirmos o apoio do Clube e gosto que os Sócios não sejam esquecidos, não só aqueles que faleceram, mas também os que continuam cá”.

TriTaça

Por Pedro Almeida Cabral
12 maio, 2022

E vão três Taças de Portugal seguidas para o basquetebol do Sporting Clube de Portugal!

E vão três Taças de Portugal seguidas para o basquetebol do Sporting Clube de Portugal! Depois das Taças de 2020 e de 2021, ganhámos agora a de 2022. Sempre defrontando adversários diferentes. Primeiro, FC Porto, depois Imortal e, no passado domingo, o SL Benfica. Finalmente conseguimos o nosso primeiro trio de Taças de Portugal de basquetebol. De 1975 a 1980 ganhámos quatro em seis edições, mas sem alcançarmos o Tri. Algo que nos faltava. E que não falta mais. Desde 2019, quando a modalidade regressou ao Sporting CP, que temos coleccionado troféus. Este ano já tinham sido a Supertaça e a Taça Hugo dos Santos. Depois da glória maior do Campeonato Nacional do ano passado. Regresso melhor não poderia ser.

E esta vitória tem ainda mais valor pelas circunstâncias que a rodearam. É sabido que atravessámos no fatídico mês de Abril um período sem fulgor. Exibições menos conseguidas, jogo pouco intenso e derrotas perante adversários directos na corrida ao título de campeão. Obviamente que a paragem de Travante Williams fez a diferença. Mas a mestria do nosso treinador Luís Magalhães para nos recuperar também.

Foi assim que voltámos às vitórias e fizemos um percurso imaculado na competição. Primeiro, defrontámos a equipa da casa, o Imortal, que vencemos por 83-75. Os oito pontos de diferença podem ser enganadores. Pois o triunfo só ficou fechado no último período. Seguiu-se o sempre difícil FC Porto, derrotado por 66-58. Travante jogou e fez jogar com 17 pontos e cinco assistências.

A final contra o SL Benfica prometia tudo o que veio a dar. Intensidade, emoção e incerteza até ao fim. Jogávamos contra o passado recente: vínhamos de três derrotas seguidas contra os benfiquistas. O jogo foi seguindo equilibrado até que nos últimos cinco minutos ficámos para trás. Foi aí que mostrámos uma serenidade e uma frieza que valeram a Taça. Os dois triplos de António Monteiro e Travante, a articulação defensiva e o aproveitamento dos erros do adversário tornaram certa a Taça de Portugal ainda antes da buzina final. Ou talvez não tenha sido nada assim. E tenha sido mesmo, como disse Ivan Koustourkov, nosso treinador-adjunto, a vitória do carácter dos nossos jogadores, daquela força interior e vontade de honrar a verde e branca sem a qual o talento de pouco serve. Mais uma Taça de Portugal. Esperemos que não seja a última seguida. E que seja o que a equipa precisa para atacar a fase final do campeonato com os olhos fixos no bicampeonato.

Sucesso feito de trabalho competente

Por Juvenal Carvalho
12 maio, 2022

Quando falo do Sporting Clube de Portugal, falo sempre, e obviamente, pelo facto de sermos um clube eminentemente ganhador

Quando falo do Sporting Clube de Portugal, falo sempre, e obviamente, pelo facto de sermos um clube eminentemente ganhador, sabendo eu, como todos vós, que é impossível ganhar sempre. Os principais opositores também estão bem apetrechados e querem o mesmo que nós. O por vezes não se alcançar o sucesso não tem que ser obrigatoriamente sinónimo de trabalhar menos bem, antes pelo contrário. É uma frase feita, mas o único local em que o sucesso está antes do trabalho é no dicionário. E é com base no trabalho que está todo este sucesso, que tenho obviamente que falar do nosso basquetebol, que em Albufeira conquistou a sua terceira Taça de Portugal consecutiva − oitava do nosso historial − e o sexto troféu conseguido em duas épocas completas desta modalidade após o regresso 24 longos anos depois. Sob a orientação do professor Luís Magalhães, ganhar tem sido recorrente nesta modalidade. É claro que é de trabalho que falo. Que aliado a uma intrínseca competência de treinadores a jogadores, passando por dirigentes e restante staff, tudo isto é possível.  Ouvir o "capitão" Diogo Ventura no pós-jogo, e após três competições ganhas esta época, quando ainda falta disputar o play-off do título, foi apenas delicioso. O foco foi o grupo e o apoio dos Sportinguistas, que nunca abandonaram a equipa nos momentos menos bons. Sempre nós em detrimento do eu. Ninguém ganha por acaso, e decididamente no basquetebol não existem acasos, antes trabalho com base no sangue, suor e lágrimas... sendo estas invariavelmente feitas de êxitos.

E também nas que não conseguimos ganhar, falando somente nas de pavilhão, e reportando-me tão só ao último fim-de-semana, como é bom ver crescer a nossa equipa de andebol. Perdeu? Sim, é um facto. Perdeu com um opositor fortíssimo num simples detalhe. Mas que o caminho é este, que ninguém duvide. Estamos no caminho certo e o ganhar vai acontecer. Será inevitável. No início desta época, feita de transição e mudança de paradigma, poucos esperavam um Sporting a este nível. Que orgulho sinto no crescimento desta equipa. O sucesso é já ali.

Também no voleibol foi perdida a final do campeonato. Estivemos na decisão e perdemos só para o eterno rival, que tem sido o crónico vencedor. Esta modalidade começa a dar os primeiros passos na formação. Roma e Pavia não se fizeram num dia, um ditado tão antigo quanto verdadeiro no caso em apreço. Será a dar corpo ao projecto e a apostar, obviamente de forma assertiva no futuro, que para já o foco passe por reduzir no imediato o fosso, para depois atacarmos os títulos, e neste caso em ambos os sexos. Claro que é possível. Desistir é para os fracos e no nosso Clube isso não existe. Também no futsal, no hóquei em patins e no ténis de mesa, entre outras, começam a chegar os momentos de todas as decisões. Ganharemos em todas? Não faço futurologia, mas acredito também, e muito, no trabalho que tem sido desenvolvido. Somos os actuais campeões nacionais nas três. Porque não sonhar com a revalidação. Afinal, somos o enorme Sporting Clube de Portugal!

DIGNIDADE… e INDIGNIDADE!!!

Por Tito Arantes Fontes
12 maio, 2022

O SPORTING CP deu mais uma lição de dignidade no jogo do passado sábado

O SPORTING CP deu mais uma lição de dignidade no jogo do passado sábado. Fomos a Portimão para a partida da 33.ª Jornada do Campeonato Nacional de futebol. E soube-se pouco antes do jogo começar o desfecho do prélio que o outro candidato ao título disputava em Lisboa contra os nossos rivais de sempre. Já lá iremos a esse jogo. Agora, concentramo-nos no que é verdadeiramente importante… o jogo do SPORTING CP em Portimão! Começámos bem, marcámos cedo e parecia que tínhamos o jogo ganho, ou seja, a vitória na mão. Mas – numa daquelas coisas em que o futebol é pródigo… verdadeiros ensinamentos de vida! – ficámos, pouco depois e ainda na primeira parte, a perder como resultado de termos sofrido dois golos fortuitos (um livre com “azarenta carambola” na nossa entrada da área e um contra-ataque bem concretizado, após infantil erro e desatenção do nosso “querido” GI). A segunda parte iniciou-se com a mesma toada da primeira parte… ataque insistente do SPORTING CP, mas sem “rasgo, nem arte” para ultrapassar o último reduto portimonense. Rúben Amorim entendeu, então, lançar mão do nosso “mágico”… Sarabia de seu nome! Num ápice marcámos dois golos da autoria dele mesmo, Sarabia! Um jogador que muito gostaríamos de manter em Alvalade…, mas que sabemos ser sonho proibitivo! Ficará a nossa admiração e agradecimento a este grande internacional espanhol, que tanto “embelezou” o nosso Campeonato! No fim confirmámos a ideia… temos mesmo uma grande equipa! Digna e que soube honrar a sagrada camisola do SPORTING CP! Um jogo que – depois de se saber o resultado do “clássico” que tinha terminado pouco antes desta partida começar – podia ser entendido como “menor” e sem interesse. O SPORTING CP já estava com a sua classificação definida e inamovível. Ainda assim, quando se viu a perder, a equipa lutou, arreganhou-se e foi com querer e alma em busca da vitória! É assim, é também nestes jogos “indiferentes”, que se forjam campeões… que se criam hábitos de vitória, sempre e em qualquer lugar ou momento! Foi bonito de ver! E bonito de constatar! E de confirmar! Obrigado Rúben Amorim! Obrigado Equipa!

Entretanto, com início um par de horas antes, disputou-se o tal “clássico”… naturalmente não vi o jogo, já que não subscrevo determinados “canais”, desde logo por questões de “decoro” e “bom gosto”. Ainda assim, acabada essa partida, vi e analisei o golo que foi sofrido – e invalidado por intervenção do VAR − pelo novel vencedor do Campeonato Nacional. Esse golo é uma metáfora deste Campeonato! Um golo invalidado por uns “inacreditáveis” dois centímetros! Quem diria? Quem conseguiu mesmo ver – ainda para mais numa jogada em movimento − essa “microscópica distância”? Pois, o de sempre… hélas, João Pinheiro de seu nome! Desta feita era esse exímio examinador de lances, conhecido pelo seu “ar arguto” e “olho de lince”, quem estava no VAR! E que viu ele… pois, viu os tais dois centímetros que definem este Campeonato! Viu dois centímetros que ninguém consegue mesmo ver e garantir… desde logo porque a bola – no “frame” divulgado pela Cidade do Futebol / FPF − já tinha saído do pé do jogador que a lançou em profundidade. Mas João Pinheiro, já se sabe, já todos sabemos, vê mesmo bem… tão bem que no jogo do FCP com o SCP, no Dragão, também “viu” o Coates pisar o Taremi e não o Taremi a pisar o Coates… vai daí amarelo no Coates e o Taremi – representada que tinha sido a sua farsa! − virginalmente absolvido! É – tenhamos todos consciência disso – somos testemunhas de uma fantástica e simultaneamente sinistra evolução… o “olho de lince” evoluiu para “olho de Dragão”! E que bem João Pinheiro, o indiscutível “padrinho” do FCP neste Campeonato, desempenhou e desempenha este seu abominável papel!

Uma nota sobre o homicídio perpetrado nas imediações do Dragão nos festejos do título entre adeptos do FCP, nomeadamente no seio de elementos das suas claques organizadas. Uma indelével e gigante nódoa nesses festejos. Uma morte abominável. As imagens que circulam nos meios de comunicação social são elucidativas da barbárie e violência dos actos cometidos. E inenarrável foi também o silêncio e o veto que o clube vencedor do Campeonato Nacional destinou a este assunto. Como se ele não tivesse acontecido. Como se ele não fosse da sua conta. Como se não tivesse dele conhecimento. Como se não tivesse sido morto um adepto seu (eventualmente sócio, não sei). Como se esse homicídio não fosse o resultado de quezílias e de ódios profundos. Como se esses ódios não fossem alimentados e incentivados no seio das suas claques. Foram 48 horas – longas e ensurdecedoras − de silêncio do FCP sobre o tema. E – depois dessas 48h – lá veio um “comunicado oficial”… triste e envergonhado… a finalmente lamentar o sucedido… quase que por “mediática obrigação” e tão tarde, tão tarde… que vergonha! Indigno! O presidente desse clube bem pode querer beliscar o SPORTING CLUBE DE PORTUGAL e o seu Presidente…, mas tem um problema… é que não ofende, nem belisca quem quer! Isso só consentimos mesmo àqueles que respeitamos… e esse não é manifestamente o caso desse senhor! A verdade é que no Campeonato que importa na Vida – o Campeonato dos Princípios, dos Valores, da Honra e da Dignidade − somos mesmo Vencedores… e – quanto a esse senhor diz respeito − por goleada das antigas! E sem “frutas”!

Terminamos, por fim, com “chave de ouro”! O nosso basquetebol ganhou a Taça de Portugal pela terceira vez consecutiva! Depois de termos eliminado o tal de FCP nas meias-finais, fomos no domingo justos vencedores perante o “mala ciao”! Mais um troféu para o nosso Museu! E no andebol estivemos quase… equipa tão jovem e já a dar tantas cartas! Força SPORTING CP!

VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!!!

A Europa como palco

Por Miguel Braga
05 maio, 2022

Editorial da edição n.º 3870 do Jornal Sporting

Uma exibição segura e personalizada, expressa em 22 remates contra apenas três, garantiu a vitória do Sporting CP por 4-1 frente ao Gil Vicente FC e também o acesso directo à próxima fase de grupos da Liga dos Campeões. Uma resposta dentro de campo contra um adversário que não tinha perdido em casa dos outros rivais neste campeonato. E com uma meta do tamanho da Europa para conquistar, a equipa atingiu mais um objectivo para a época desportiva. Em território nacional, faltam apenas dois jogos e a missão mantém-se: conquistar os seis pontos em disputa.

Temos de recuar à primeira década deste século para encontrar semelhante registo Leonino na Europa, a presença consecutiva nesta fase da competição. Recordo que em Maio de 2021, o presidente Frederico Varandas traçou esta meta: “Na próxima época o Sporting CP vai estar muito competitivo com o objectivo de ir novamente à Champions League”. Assim tem sido.

A equipa de futsal do Sporting CP é vice-campeã da Europa ao atingir a quinta final em seis anos seguidos, depois de Nuno Dias ser o treinador com mais jogos na fase final da competição e João Matos o jogador com mais presenças. Desta vez, a equipa acabou por se deixar surpreender pelo FC Barcelona, no palco imponente da Arēna Rīga, na Letónia, por 4-0, num jogo onde a eficácia foi o factor que desequilibrou a balança. De regresso a Portugal, a equipa entra na fase final da época com títulos para conquistar. E com vontade de sentir o apoio incondicional dos nossos Sócios e adeptos.

Depois de vencerem na Europa e no Mundo, Auriol Dongmo e Patrícia Mamona foram condecoradas pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa. A primeira foi condecorada com o grau de Comendador da Ordem do Mérito, a segunda com o grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito, acumulando com o grau de Comendador que tinha recebido em 2016, depois de se sagrar pela primeira vez Campeã Europeia ao ar livre. O reconhecimento merecido de duas atletas de excepção do Desporto nacional.

Após 14 vitórias consecutivas e pela primeira vez em 2022, o Bicampeão Mundial Jorge Fonseca não conseguiu atingir a vitória no Campeonato da Europa, em Sófia, na Bulgária. Este percalço não afectará a preparação de Fonseca para os próximos combates, muito pelo contrário. Regressará ainda com mais força.

Destaque também, nas páginas deste Jornal Sporting, para o trabalho da equipa do Serviço de Conservação e Restauro do Museu do Clube. São eles que garantem a posteridade de tantas das nossas conquistas, nacionais, europeias ou mundiais. Não fosse o nosso propósito ser “um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa”.

Futebol Maior

Por Pedro Almeida Cabral
05 maio, 2022

Com uma esclarecedora vitória por 4-1 perante um Gil Vicente que luta por lugares europeus, conseguiu o Sporting Clube de Portugal assegurar o segundo lugar, carimbar o passaporte para a Liga dos Campeões e continuar a lutar, até ao fim, pela revalidação do título de campeão nacional. Meros três pontos, dirão uns. Mais que a nossa obrigação, dirão outros. Comentários desconhecedores, digo eu. E por razões bem simples de ver. É preciso recuar até ao nosso campeonato de 1970 para terminar o campeonato do ano seguinte em segundo lugar. Ou seja, nos cinco campeonatos conquistados em 1974, 1980, 1982, 2000 e 2002, terminámos no campeonato a seguir sempre em terceiro lugar. E, uma das vezes, a uma distância aflitiva do campeão, com mais de 20 pontos de diferença. A história ensina o que não podemos repetir. Neste caso, ensina-nos que temos sempre que defender o nosso estatuto de campeão até ao último segundo da última parte do último jogo da última jornada. Não foi o que fizemos no passado. É o que estamos a fazer agora.

Também não é uma curiosidade numérica que seja a segunda vez que vamos duas vezes seguidas à Champions League sem ter que disputar pré-eliminatórias. Só nas épocas de 2006/2007 e 2007/2008 o tínhamos conseguido. Aliás, desde 1992/1993, com a prova disputada no actual formato, em apenas oito vezes alcançámos qualificação directa para a Liga milionária. E duas dessas vezes pertencem, com todo o mérito, a Rúben Amorim, que também conseguiu, nesta edição, a qualificação para os oitavos-de-final, a segunda da nossa História. Não são, portanto, meras curiosidades. Mas sim sinais de uma escalada consistente e vencedora.

Ao que o jogo diz respeito, foi um jogo à Sporting, com ataque contínuo e produção ofensiva bastante. Não fosse a enorme exibição do guardião gilista, e os números da nossa vitória seriam outros. Para mim, e não é de agora, quando Nuno Santos está em campo com esta intensidade, é sempre com água na boca que o vejo pegar na bola. Lá foi ele, rasgando avenidas velozes, com o perigo à espreita em cada finta. Sofreu penálti, arrancou o 3-1 ao infeliz adversário que meteu a bola na própria baliza e, por duas vezes, devia ter marcado. Não só ele se destacou. Matheus Nunes, Palhinha, Porro e o inevitável Sarabia deram muito a uma das melhores exibições da época. É este futebol maior, que merece ser campeão e que faz jus à grandeza do Sporting CP. E é este futebol que queremos continuar a ver, nas próximas épocas, em Alvalade, nos estádios espalhados pelo país e por toda a Europa.

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