Sporting CP virou o jogo contra o cancro da mama
28 Out, 2025
Clube mobilizou adeptos, atletas e criadores de conteúdo digital numa campanha integrada contra o cancro da mama
Outubro pintou-se de rosa em Alvalade, embora a esperança continue a tingir-se a verde. Ao longo de todo o mês de Outubro, o Sporting Clube de Portugal voltou a assumir a luta contra o cancro da mama como sua, numa campanha integrada com o lema “Vira o Jogo Contra o Cancro da Mama”. Das bancadas às bilheteiras, dos relvados ao quotidiano dos adeptos, o Clube reforçou a importância da prevenção e da solidariedade, mostrando que o desporto pode e deve ser um espaço de sensibilização e cuidado.
O lugar que simboliza todas as mulheres
Uma em cada oito mulheres será diagnosticada com cancro da mama ao longo da vida. Para lembrar essa estatística dura, mas também para partilhar histórias de superação, o Sporting CP criou o Lugar Rosa, uma cadeira da mesma cor, simbolicamente vazia, instalada no Estádio José Alvalade, no Pavilhão João Rocha e no Estádio Aurélio Pereira. A mensagem, simples: sem prevenção, muitos mais lugares ficarão por ocupar.
Representando todas as mulheres e famílias que lutam, lutaram ou vão lutar contra a doença, e que deixaram ecos de ausência e saudade nos lugares que antes frequentavam, o Lugar Rosa funcionou também como um apoio à prevenção, ao estudo e à investigação científica - já que, apesar de vazio, pôde ser “ocupado” pelos Sportinguistas através de donativos via MBWay solidário.

Com todos os fundos a reverter integralmente para associações de combate ao cancro da mama, Inês Sêco, coordenadora da Fundação Sporting, conversou com o Jornal Sporting para fazer um balanço (quase) final da campanha - que decorre até esta sexta-feira, dia 31 de Outubro.
“É uma causa com que todos nós nos identificamos. Qualquer um de nós tem uma amiga ou familiar que já passou ou está a enfrentar esta doença. A ideia do lugar rosa no Estádio José Alvalade, no Estádio Aurélio Pereira e no Pavilhão João Rocha leva essa mensagem de identificação acrescida da sensibilização à prevenção, para não deixarmos que o lugar fique permanentemente vazio”, começou por dizer, explicando o simbolismo por detrás da ideia.
Uma campanha que ultrapassou as bancadas
A iniciativa contou com muitas mais acções. Durante todo o mês, as bilheteiras solidárias dentro e fora do Estádio permitiram que os adeptos contribuíssem para a causa de forma simples e directa, reforçando o espírito solidário que caracteriza o Clube. Por outro lado, a Loja Verde recebeu uma instalação dedicada à campanha, despertando a atenção dos visitantes para a importância do diagnóstico precoce.
No interior do Estádio José Alvalade, a mensagem espalhou-se pelos espaços do quotidiano: panfletos informativos, pendurantes para o duche (o melhor lugar para a apalpação) e espelhos decorados com o passo-a-passo do auto-exame transformaram a rotina em lembretes visíveis de prevenção.
Também as celebrações dos nossos atletas ganharam novo significado. Em todas as modalidades, e vestidos de branco e cor-de-rosa, ao longo do e todo Outubro foram muitos os festejos de golo e de ponto que evocaram o gesto do auto-exame; uma forma forte de reforçar a mensagem junto do público, colocando os seus ídolos como vozes activas na luta.
“A Fundação Sporting tem o papel activo de dinamizar a área da Responsabilidade Social no Clube e é em campanhas como esta que faz sentido posicionarmo-nos como veículos de transformação social. Ao associarmos o Sporting CP, os nossos jogadores e atletas e o nosso alcance, conseguimos amplificar a mensagem de prevenção e apoio às vítimas de cancro da mama”, sublinhou Inês Seco, apontando ainda a forma como a campanha se posicionou como um veículo de “elo emocional entre o Clube e a sociedade”.
Ao apoiar uma causa que toca directamente a vida de milhares de famílias portuguesas, mostramos que somos mais do que uma equipa: estamos juntos nesta jogada. Reforçamos o sentido de pertença, convidando a sociedade a participar activamente numa missão que é de todos e consolidando a nossa identidade solidária. Em suma, a campanha é a prova viva de que a Fundação actua como o ramo social estratégico do Clube, utilizando o poder do futebol como uma ferramenta de inclusão e sensibilização”.
O poder da comunicação e da inspiração
O impacto da campanha foi reforçado com filme oficial “Vira o Jogo Contra o Cancro da Mama”, que reuniu atletas de diferentes modalidades num apelo conjunto, propositadamente agressivo, que uniu todo o universo Sporting no combate a este terrível flagelo.
A iniciativa chegou também às mãos - e às redes - de dezenas de influenciadores, através de um press kit personalizado que incluía a camisola cor-de-rosa e branca utilizada pelas diferentes equipas (e na qual se destaca um laço que muda de cor ao contacto com água ou suor), uma braçadeira rosa, panfletos e pendurantes. Sublinhando a ideia de que todos podermos “ser o capitão desta causa”, o envio multiplicou o alcance da mensagem, levando o Outubro Rosa Leonino para fora de Alvalade.
Entre os rostos que deram verdade, memória e profundidade à campanha esteve Joana Cruz, conhecida radialista e Sportinguista que venceu o cancro da mama e se sentou junto ao Lugar Rosa, dela e de outras tantas, para partilhar a sua história.
À sua, juntaram-se as partilhas inspiradoras de Carla, mãe que celebrou a superação ao lado dos filhos, e das gémeas Chuva, que fizeram de ambas a luta de uma das irmãs.
Virar o jogo é continuar a jogá-lo
Mais do que uma campanha de um mês, o Outubro Rosa no Sporting CP tornou-se um compromisso contínuo com a saúde, a prevenção e a solidariedade.
Através da Fundação Sporting, o Clube mostrou que o desporto pode servir de plataforma para causas de vida, e que cada pequeno gesto, como um donativo, um auto-exame ou uma partilha, pode fazer a diferença.
“A campanha está a decorrer até ao final do mês de Outubro, pelo que ainda não temos números apurados. Mas posso dizer que está a correr muito bem. O balanço que faço é extremamente positivo. Vestimos de novo esta causa porque acreditamos que o impacto do desporto vai muito além das quatro linhas. Este ano, investimos na inovação e na criação de conteúdo impactante, como ferramentas de prevenção, de forma a virarmos o jogo contra o cancro ao sensibilizar os nossos adeptos”, contou Inês Sêco.
“A adesão dos adeptos tem sido muito boa, e o feedback que recebemos amplamente positivo. Este sucesso deve-se também à colaboração e sinergia entre os vários departamentos do Clube, que demonstraram um empenho notável em torno desta missão”, finalizou a dirigente.
Reafirmando-se como uma instituição de responsabilidade social, o Sporting CP marcou mais um daqueles golos que mudam o rumo do jogo mais importante: o da vida. Um lugar rosa no meio de um mar verde é, mais do que um símbolo, um compromisso com o futuro. A luta, essa, prevalece. Em Outubro e sempre.
“A luta contra o cancro da mama, em particular, não é um evento isolado, mas sim parte de um compromisso contínuo do Clube e da Fundação. Embora o mês de Outubro seja dedicado à prevenção do cancro da mama, continuaremos, como agentes da mudança social, a usar esta grande plataforma do desporto para amplificar a mensagem e apoiar as instituições que trabalham diariamente connosco”, garantiu Inês.
A fechar a conversa, a Coordenadora da Fundação Sporting confessou ainda o impacto que a campanha teve em si, também enquanto mulher.
“Sinto-me inspirada todos os dias pelo impacto social que geramos, mas, obviamente, enquanto mulher, esta campanha teve um eco muito particular. O que que mais me marcou foi perceber a força de uma visão holística, que une pessoas, ideias e propósito: não só procurámos sensibilizar os nossos adeptos, como promovemos internamente sessões de formação sobre a importância da saúde mental na prevenção, abordando os sinais e hábitos que devemos adoptar”, partilhou, lembrando também a importância que o Sporting CP pode ter como espaço de conforto para quem luta contra uma doença tão dura.
“É igualmente importante ter presente o papel do Clube - muitas vezes invisível e imensurável - que é força, distracção e refúgio para quem está a lutar contra o cancro e para as suas famílias. Por isso, apelo para que estejamos atentos e que cuidemos uns dos outros. Porque ninguém deve lutar sozinho”.